segunda-feira, abril 09, 2007

Análise ao Beira-Mar/Benfica

O Benfica empatou em Aveiro e hipotecou de forma quase definitiva as suas aspirações ao título.
Resultado justo.
Justo porque se o Benfica foi sempre mais dominador, teve mais posse de bola, criou mais e melhores ocasiões de golo, o Beira-Mar mostrou-se sempre competente a defender e a aproveitar as oportunidades de golo que se lhe surgiram.
E justo, também, porque as equipas se equivaleram nos erros e no seu aproveitamento.
Dois erros crassos e infantis para cada equipa resultaram em outros tantos golos.
Paco Soler havia dito que os primeiros 20/25 minutos de jogo seriam decisivos para o desfecho da partida e não se enganou.
O Benfica iniciou o encontro imprimindo uma intensidade fortíssima, que empurrou o Beira-Mar para a sua área.
Procurava obter um golo no dealbar da partida que lhe oferecesse a tranquilidade de quem pode especular com o resultado.
E esse golo surgiu.
Simão colocou a bola na área e Nuno Gomes fez o golo.
Contudo, o árbitro auxiliar assinalou mal um fora de jogo inexistente.
Assim, a vantagem que permitiria ao Benfica gerir a sua condição física não aconteceu e a equipa foi perdendo “gás”.
Todavia, até aos 20 minutos, o Benfica sufocou o Beira-Mar.
Neste período, mais dois erros do árbitro auxiliar inviabilizaram os propósitos finalizadores dos encarnados.
Depois dos 20 minutos, o Benfica foi baixando o ritmo e foi acumulando dificuldades nas transições.
O Benfica perdia fluidez nas transições e o Beira-Mar começava a respirar.
Aos , num lance em que os problemas do Benfica na transição defensiva emergiram a nú, Ratinho, após um falhanço (mais um) inacreditável de Anderson, inaugurou o marcador.
Na primeira vez que logrou articular o seu processo ofensivo através de uma transição rápida pelo flanco esquerdo, o Beira-Mar aproveitou um erro inadmissível da defesa encarnada para fazer o 1-0.
Se o Benfica já dava sinais de impaciência e de intranquilidade, com o golo a sintomatologia agravou-se.
Acentuou-se e a equipa perdeu a pouca consistência que vinha revelando.
A racionalidade deu lugar à emotividade e, como tal, a desorganização e a sofreguidão apoderaram-se da equipa do Benfica.
A ordem desapareceu do processo ofensivo benfiquista e, quando assim é, as dificuldades avolumam-se.
Daí para a frente, imperou o coração na busca da igualdade.
Muita posse de bola, muita circulação, mas também imensos problemas na ligação defesa/ataque.
Em claro deficit físico, os jogadores do Benfica revelavam-se incapazes de imprimir mudanças de velocidade, o que retirava ofensividade ao momento atacante.
Transportar a bola até às imediações da área não era problema para o Benfica, mas ultrapassar a barreira defensiva aveirense era uma tormenta.
O Beira-Mar postado sobre a sua área, defendendo com 10 elementos atrás da linha da bola, não conhecia problemas de maior para conjurar as iniciativas atacantes dos encarnados.
Desenhando as suas movimentações ofensivas a um ritmo demasiado uniforme e baixo, o Benfica mostrava-se presa fácil para os cagaréus.
Fernando Santos foi mexendo na equipa, primeiro fazendo entrar o inevitável Rui Costa, depois o inenarrável e acabado Derlei e por fim na sua mais acertada decisão Mantorras.
Mantorras é sinónimo de alegria, de confusão, de rebuliço, de excentricidade, enfim, de mudança.
E, mais uma vez, assim foi.
Mantorras entrou e mexeu com o jogo.
Trouxe vivacidade e a igualdade aos 82 minutos de jogo.
Os centrais aveirenses falharam uma intercepção simples, a bola sobrou para Miccoli e deste, após um ressalto, para Mantorras, cujo remate, depois de embater em Devic, bateu Eduardo.
Um lance em que, estou certo, que se fosse outro o protagonistas não teria sido golo.
O remate de Mantorras foi carregadinho de “alma”, de crença, de “vontade de ser feliz.”
O Benfica chegava à mais do que merecida igualdade, pois que, para além de ter dominado e controlado a partida, havia já criado algumas chances de golo, tais como, um remate de Miccoli, aos 52 minutos, um remate de Simão, aos 74 minutos, e um remate de Rui Costa, aos 79 minutos.
A igualdade a 8 minutos do final abria perspectivas de ainda ser possível reverter o resultado.
Todavia, aos 87 minutos, Delibasic, aproveitando outro erro grave da defesa encarnada, recolocou os aveirenses em vantagem.
Quim, Nélson e Katsouranis, cada um na sua tarefa e a seu tempo, falharam e permitiram a Delibasic fazer o 2-1.
Com 3 minutos para terminar a partida, parecia que o Beira-Mar tinha assegurado a vitória.
Contudo, um outro erro infantil da defesa do Beira-Mar aportou justiça ao marcador.
Ricardo, sem necessidade ou explicação, derrubou Simão quando este seguia com a bola controlada é certo, mas em direcção à linha de fundo.
Simão, chamado à cobrança da grande penalidade, restabeleceu a igualdade e apontou o seu 11º golo na competição.
O Benfica obteve um empate que se não o coloca já fora da rota do título, pelo menos, complica-lhe e muito o caminho.

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