FC Porto 1 – 0 Sporting
Estádio: Estádio do Dragão Espect.: 49709
Árbitros: Pedro Proença, Aux - Ricardo Santos,Tiago Trigo
FC Porto: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel e Fucile; Lucho, Paulo Assunção e Raul Meireles; Tarik, Lisandro e Quaresma.
Suplentes: Nuno, Stepanov, Cech, Bolatti, Leandro Lima, Mariano Gonzalez e Postiga.
Substituições
46' Tarik Sektioui por Hélder Postiga
66' Raul Meireles por Mariano Gonzalez
85' Lisandro Lopez por Bolatti
Sporting: Stojkovic; Abel, Tonel, Polga e Ronny; João Moutinho, Miguel Veloso, Romagnoli e Izmailov; Derlei e Liedson.
Suplentes: Tiago, Gladstone, Had, Farnerud, Pereirinha, Vukcevic e Yannick.
Substituições
63' Izmailov por Simon Vukcevic
76' Ronny por Bruno Pereirinha
76' Abel por Yannick Djaló
Eficácia.
Assim se resume a justeza de uma vitória.
Numa partida quase sempre pautada pelos equilíbrios, um erro e o seu subsequente aproveitamento ditaram o vencedor.
Jesualdo estruturou a sua equipa no habitual 4x3x3, sendo certo, todavia, que lhe introduziu uma nuance, que em muito determinou o desenvolvimento do processo ofensivo azul e branco.
Abdicou de um ponta de lança nato em detrimento da colocação de Lisandro nessa posição.
Mais uma vez, Jesualdo preferiu a hetero-determinação.
Através da colocação de Lisandro na zona central na cobertura zonal a Miguel Veloso, Jesualdo condicionou o primeiro momento de construção ofensiva leonina, reduzindo-o a uma expressão quase insignificante, mas, concomitantemente, perdeu profundidade atacante.
Com excepção de um ou outro lance de pura inspiração individual (vide lance de Tarik) e de uma ou outra situação de bola parada (vide lance de Quaresma), o Porto não conseguiu ligar o seu processo ofensivo.
A falta de uma referência central, esterilizou o momento atacante portista.
Paulo Bento manteve-se fiel ao seu esquema táctico de eleição, 4x4x2 em losango.
Se noutras ocasiões o Sporting logrou alcançar predomínio claro sobre o Porto na zona intermediária, fruto das basculações dos médios interiores e da liberdade de movimentos concedida ao pivot defensivo, neste jogo tal não sucedeu.
Não aconteceu, desde logo, porque Miguel Veloso viu a sua acção cerceada por Lisandro.
Depois, porque Abel e Ronny nunca deram profundidade ofensiva pelo flanco, assoberbados que estavam com a cobertura aos extremos portistas.
Por fim, porque Izmailov nunca se assumiu como um verdadeiro interior (procurou sempre a ala e nunca o espaço interior) para além da sua colocação à direita ter implicado a derivação de Moutinho para o vértice esquerdo do losango.
No vértice esquerdo, Moutinho não consegue expressar as suas melhores qualidades na interpretação do modelo táctico idealizado por Paulo Bento.
Uma das mais valias de Moutinho, quiçá a tacticamente mais relevante, são os seus movimentos laterais para as alas, os quais, pura e simplesmente, não aparecem à esquerda.
Izmailov é um ala e falha nos movimentos interiores que o losango exige.
Descaracterizou o losango e permitiu ao Porto equilibrar o jogo na zona central (3 unidades para igual número por parte do Sporting).
Assim, sem profundidade pelas alas e sem dinâmica por banda dos médios interiores, o Sporting não existiu ofensivamente.
Incapaz de emprestar velocidade à transição ofensiva, o Sporting nunca se acercou com perigo da baliza de Helton na primeira parte.
Ao intervalo, o 0-0 era o espelho fiel de uma partida pautada pela rigidez táctica e pelo “resultadismo”.
Para a 2ª parte, Jesualdo fez entrar Postiga para o lugar de Tarik.
Prescindiu de jogar em função do adversário e assumiu vontade de triunfar.
Contudo, esticou a manta e destapou os pés.
Com Miguel Veloso livre de marcação, o Sporting ganhou ascendente na partida.
Se na 1ª parte, o Sporting havia sido um zero ofensivamente, no dealbar da 2ª começou a aparecer com perigo na área portista e a dominar e controlar o jogo.
Seguia assim a partida sob o comando leonino, quando Stojkovic incorre num erro de principiante.
Atraso de Polga e o guarda-redes sérvio segura a bola com as mãos, concedendo um livre indirecto na sua área a favor do Porto.
No livre, o golo portista (realce para a rápida e brilhante decisão de Lucho ao optar por colocar a bola em Meireles).
Este erro de Stojkovic foi, aliás, reflexo de uma prestação claramente menos conseguida.
Sucessivas hesitações a jogar com os pés e péssimo controlo aéreo da sua área, nunca transmitindo segurança à equipa.
Em vantagem, o Porto optou por um recuo estratégico – desceu as suas linhas e entregou, em definitivo, a iniciativa de jogo ao Sporting.
Em desvantagem, Bento mexeu na equipa, introduzindo Pereirinha e Djalló para os lugares de Abel e Ronny.
Alterou o sistema táctico, passando a actuar num 3x5x2, em vista de uma maior agressividade ofensiva.
Tonel, Polga e Veloso, passaram a compor o trio defensivo, Moutinho, Pereirinha e Romagnoli o centro do meio-campo, Vukcevic (que antes havia substituído Izmailov) e Derlei as alas, ao passo que Liedson e Djalló se postaram no centro do ataque.
Contudo, o Sporting apenas logrou construir uma clara oportunidade de golo e mesmo esta fruto de uma fífia monumental de Helton (remate de Derlei à figura do brasileiro e que este deixou fugir para as suas costas).
É usual dizer-se em futebolês que este tipo de jogos se decide nos pormenores e este confirmou esse postulado.
Um erro, aproveitamento e vitória.
No Porto, destaque, acima de tudo, para o colectivo, ainda que Fucile tenha sobressaído um pouco dos demais pela constância do seu rendimento.
Uma nota para Quaresma, no sentido de enfatizar a sua importância no momento ofensivo portista, mas também para referir que denota uma certa regressão no seu processo de crescimento futebolístico iniciado com Adriaanse.
Demasiado individualista, perdeu-se no seu próprio reportório técnico, esquecendo a dimensão colectiva que deve presidir às suas acções.
No Sporting, realce para Ronny, uma verdadeira surpresa o equilíbrio defensivo da sua exibição.
Notas negativas para Stojkovic, Polga, estranhamente intranquilo e acumulando erros pouco habituais, e para Liedson, principalmente pela simulação em que incorreu.
Com a equipa a perder, Liedson simulou ter sido agredido e não satisfeito permaneceu no chão o tempo suficiente para que Abel fosse forçado a atirar a bola fora para que lhe fosse prestada a supostamente necessária assistência médica.
Veremos como procede a Comissão Disciplinar da Liga!
Quanto ao trabalho de Pedro Proença, dizer que se ajuizou correctamente a esmagadora maioria dos lances, mormente aquele que resultou no livre indirecto a favor do Porto, falhou no capítulo disciplinar.
Quaresma por entrada sobre Miguel Veloso e Pedro Emanuel por agressão a Derlei deveriam ter sido expulsos.
Por outro lado, Derlei, por acumulação de amarelos, deveria, igualmente, ter recebido ordem de exclusão.
Benfica 0-0 V. Guimarães
Estádio da Luz Espect.: 52464
Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal)
Benfica
Quim; Nélson, Katsouranis, Miguel Vítor e Léo; Petit, Nuno Assis, Rui Costa e Fábio Coentrão; Nuno Gomes e Cardozo
Suplentes: Butt, Luís Filipe, Miguelito, Andrés Díaz, Romeu Ribeiro, Bergessio e Adu
Substituições
70' Nuno Gomes por Romeu Ribeiro
72' Fábio Coentrão por Luís Filipe
81' Cardozo por Bergessio
V. Guimarães
Nilson; Sereno, Danilo, Geromel e Andrezinho; Flávio Meireles, João Alves e Fajardo; Carlitos, Mrdakovic e Alan
Suplentes: Nuno Santos, Luciano Amaral, Radanovic, Moreno, Desmarets, Ghilas e Felipe
Substituições
56' Alan por Ghilas
64' Carlitos por Desmarets
75' Danilo por Moreno
Na Luz, Camacho não logrou “Salir a gañar”.
José António Camacho, pelo seu carisma e personalidade, apresenta um estilo de liderança forte, decidido e afirmativo.
Camacho é, sobretudo, um homem pragmático, firme e objectivo, que cedo conseguiu criar empatia com os adeptos do Benfica.
Santos deixou uma herança pesada – uma equipa destroçada emocionalmente, com reduzidos níveis de auto-estima, fisicamente despedaçada e com um plantel condicionado ao 4x4x2 em losango.
O primeiro dos trabalhos de Camacho passa pela recuperação dos níveis de confiança dos seus jogadores.
Ontem, os jogadores do Benfica jogaram sobre brasas, sem um pingo de confiança (vide lance de Coentrão em que não assume o remate).
Ontem, ainda não se viram resultados visíveis da sua acção neste particular, mas estou certo que, em breve, tal sucederá, até porque se há campo em que Camacho é forte é, precisamente, o psicológico.
O segundo dos trabalhos de Camacho assenta na reabilitação física da equipa.
A paragem do campeonato motivada pelos compromissos da selecção nacional será o momento ideal para que tal aconteça.
Ontem, o Benfica foi sempre uma equipa “pesada” ou, como se diz em futebolês, uma equipa que “não andou”.
A partir dos 30 minutos iniciais, a equipa denotou sinais claros de falta de frescura física.
Last but not least, cabe a Camacho reconstruir o plantel.
Camacho é bastante tradicionalista em termos tácticos (e pouco brilhante, diga-se) – geralmente oscila entre o 4x2x3x1, o 4x3x3 ou o 4x4x2.
Ou seja, modelos que contemplam dois extremos, ao contrário do que sucedia com o sistema preconizado por Santos.
Ontem, à míngua de alternativas válidas, teve que recorrer a Coentrão e Assis!!!
Há que reconstruir o plantel, dotando-o de jogadores capazes de interpretar o esquema táctico ao gosto do treinador.
Ontem, o Benfica não ganhou ao Vitória, mas, pelo menos, já vivi uma alegria que Santos nunca seria capaz de me proporcionar – a aposta em Miguel Vítor e Romeu Ribeiro.
Também por isto, uns criam empatia e outros antipatia.