A propósito do artigo do DN que postei, cumpre dizer que nao me revejo na integra no seu teor.
Na verdade, postei-o por entender poder conter opiniões e dados interessantes para uma estimulante discussão sobre outra questão colateral, qual seja o interesse do género.
Não me parece que a discussao em torno do género masculino ou feminino seja grandemente relevante seja em que matéria for, antes pelo contrário poderá ser redutora.
Dizer-se que este ou aquele género apresenta maior produtividade laboral ou maior propensão para abordar este ou aquele assunto, representa uma generalização que como todas se mostra perigosa e desresponsabilizadora.
Não me parece que o enfoque sobre o papel da mulher na sociedade se deva fazer por referencia ao género, mas antes a mulheres em concreto, perspectivadas no exercício diário da sua profissão.
Embora persistam os constrangimentos que enformaram o papel das mulheres em comunidades profundamente patriarcais, certo é que se libertam, cada vez mais, das peias sociais que as agrilhoavam ao seio familiar.
Hoje por hoje, nos mais diversificados sectores, as mulheres assumem-se como gestoras do seu tempo e da sua carreira. Todavia, se esta generalização se pode e deve fazer, extravasá-la parece-me excessivo.
Para lá desta abstracçao generalista, estao as mulheres, as verdadeiras mulheres, as Marias do Mundo.
O portfolio das Marias é que importa reter e pensar, do mesmo modo que se devem analisar os Manéis do Mundo.
Falar-se em mulheres e homens contribui para apagar as Marias e os Manéis, ver a floresta e desprezar as árvores. E, claro está, adensar os mitos e olvidar os avanços, enfatizar a penumbra e ensombrar a luz.
Daqui á cultura do preconceito e da irresponsabilidade é um pequeno passo.
Acabem-se com as discussões sobre homens e mulheres, pois não fazem o minimo de sentido.
Aliás, esta discussao tende a inverter os seus termos.
O avanço demográfico das mulheres acarretará, necessariamente, a sua chamada ao desempenho, massivo, de funçoes de poder - veja-se, desde já, a realidade da Magistratura portuguesa.
Tal circunstancia inexorável fará crescer o humus necessário ao inverter das premissas - aí falar-se-á de quotas para homens, da discriminação laboral dos homens, da confinaçao dos homens a papéis socialmente desconsiderados, etc.
Mas, ainda aí, homens haverá no poder, isto é, a discussão do género será sempre inútil.
A discussao da competencia e da aptidão parece-me bem mais frutuosa, seja de Marias, seja de Manéis que falemos.
1 comentário:
Quem "anda no terreno", não pode deixar de sorrir quando vê afirmações do género das que são reproduzidas no artigo do DN citado, no sentido de que as mulheres, em geral, demonstram maior produtividade do que os homens.
Há magistradas de excepcional gabarito, com enorme produtividade e qualidade, e há igualmente magistrados de grande craveira, em ambos os vectores.
O que tenho constatado é que, a par daqueles, existem magistrados e magistradas que demonstram não terem qualidade para o exercício da função sem que essa falta de qualidade tenha qualquer relação com o sexo que representam.
Por isso muito me surpreende que alguém ligado ao foro possa vir do alto da sua tribuna dizer que as mulheres têm, em geral, mais produtividade que os homens.
Fica bem, pois, o post script do autor do blog em se demarcar de tal conteúdo, salientando o que de positivo representam as Marias e os Manéis deste Mundo...
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