Artigo de Opinião do Condómino AMV

PORQUE NÃO GANHOU CRISTIANO RONALDO O PRÉMIO FIFA E UEFA?

Todos os vencedores dos prémios FIFA jogam em clubes espanhóis ou italianos e, ou têm nacionalidade espanhola, italiana ou brasileira, salvo raríssimas excepções. Curiosamente todos os brasileiros que ganharam estes prémios jogavam em clubes espanhóis ou italianos, salvo o Ronaldo em 1996 que representou o PSV e o Barcelona.
Em relação ao prémio europeu (Bola de Ouro), há também uma esmagadora maioria de premiados que jogam em clubes espanhóis ou italianos, sendo que as nacionalidades já são um bocadinho mais diversificadas, embora espanhóis e italianos estejam em maioria.
No que diz respeito aos brasileiros todos os vencedores jogam em clubes espanhóis ou italianos (Nunca, é mesmo necessário os brasileiros virem para a Europa para serem reconhecidos).
O Cristiano Ronaldo tem o azar de ser português e jogar num clube inglês , porque senão vejamos:

Qual é o interesse de Manchester United fazer mais pressão para o Cristiano Ronaldo ser eleito? Ainda se fosse um jogador inglês, acredito que teriam exercido muito mais pressão, do que eventualmente terão feito.
Os proveitos de um “investimento” no Cristiano Ronaldo seriam muito inferiores ao de um em Frank Lampard, por exemplo.
Nessa situação capitalizava-se o clube e o país, o investimento tinha lucro.
Sendo o Cristiano Ronaldo, haveria algum lucro mas nunca o mesmo se fosse o Lampard, e como consequência os trunfos que o Manchester United terá serão poupados, para futuras situações, mais rentáveis.

Não há qualquer dúvida que Cristiano Ronaldo é um génio, é um fora de série, é, ao fim ao cabo, o melhor jogador do mundo na actualidade.
É um prazer ver o Cristiano Ronaldo jogar, porque tem uma variedade de fintas praticamente infindável, é rapidíssimo a correr e a executar, é bem constituído fisicamente (se o Dominguez tivesse aquele corpo, certamente teria sido muito melhor jogador do que foi), ataca os defesas, (não são os defesas que o atacam) e, acima de tudo, não tem medo de rematar e de assumir a responsabilidade.
Ao contrário da esmagadora maioria dos jogadores portugueses que prefere “esconder-se” e fugir às responsabilidades (neste momento só me recordo de dois jogadores que não têm medo de falhar e de assumir responsabilidades, o Ricardo Quaresma e o Maniche).

Seguidamente há a questão da imagem de Portugal e do seu futebol.
Comecemos pelos meios de comunicação social, mais concretamente a imprensa escrita. Que tipo de “lobbyng” poderá fazer um jornal como A Bola ou o Record?
Meios que vivem quase exclusivamente do boato e do rumor?
Meios que têm orientações editoriais clubisticas?
Isto não é a imagem de uma informação credível.
O jornalista desportivo português, prefere dizer bem ou inventar qualquer coisa de um clube , desde que na próxima digressão possa viajar e comer sem pagar, às custas desses clubes.
Depois somos sujeitos a reportagens como: “Fomos ás compras com Luisão”
Que tipo de influência pode mover um jornal com este conteúdo, cujo “target” é o povo português, que, na sua maioria é pouco culto e que gosta deste tipo de reportagens? Nenhuma!

A Federação Portuguesa de Futebol.
Que tipo de influência poderá ter um ente como o sr Madaíl?
Um ente que é rei no “politicamente correcto”, que anda a reboque do governo (nem que para isso tenha que fazer constantes voltas de 180 graus) que não é conhecido na UEFA nem na FIFA (os suecos colocaram na UEFA, por exemplo, um presidente e a nível futebolístico são inferiores a Portugal!!), um ente que aguarda pacientemente por um “tacho” na UEFA e, acima de tudo, um ente que não tem a coragem de assumir posições públicas quando é necessário.
Por exemplo, quando do triste episódio protagonizado por Scolari ante a Sérvia, Madaíl devia ter vindo logo defender o “seu” treinador, nestas alturas tem que se tomar logo uma posição de defesa “invente-se” o que se “inventar”.
A justificação arranjada à posteriori: “defender o minino” é patética, bem como o comunicado dos jogadores que se seguiu aos incidentes é miserável.
Que poder, que tipo de “lobby” um presidente destes pode levar a cabo, junto dos responsáveis pela FIFA e da UEFA, de personalidades conhecidas ou de alguns jornalistas? Nenhum!!

Portugal é um país pequeno, pobre e sub-desenvolvido, não havendo recursos para a actividade do “lobbyng”, no orçamento da FPF poderia haver uma rubrica chamada “lobbyng”, função essa a ser desempenhada pelas Relações Públicas, mas não, os Relações Públicas ambicionam, garantir uma boa reforma, borlas e estar presentes em beberetes.
Esta actividade quer queiramos quer não, pode alterar a decisão em muitas circunstâncias.
Nos EUA há profissionais do “lobbyng”, há pessoas que têm nos seus cartões de apresentação “lobber”, mas isso no nosso país é interpretado como suborno (esta interpretação é válida só para alguns), sem lobbyng, não há votos em Cristiano Ronaldo.

A expressão que o futebol português tem por esse mundo fora, que é quase nula (embora nos últimos anos, frutos das boas campanhas da selecção, já seja mais conhecido).
A recordação que ainda existe do futebol português é a da selecção de Saltillo, que perdeu 3-1 com Marrocos, dos jogadores pequeninos que em tempos abundavam na selecção e dos maus resultados da mesma quando era necessário não fraquejar.
Uma imagem destas leva décadas a mudar (embora já se tenha começado a mudar).

Por último algumas considerações sobre os jogadores que competiam com o Cristiano Ronaldo.

1 - Káká a maioria dos jogos que vi com este jogador são os resumos os jogos da Champions e os jogos do Brasil. Não me vou alargar relativamente ás exibições no cálcio. Ao serviço da selecção do Brasil tivemos um mundial (2006) onde toda selecção se arrastou.
Tivemos a Champions: a sorte do Káká foi o Milan ter ganho 4-2 em Old Trafford, e este ter “aberto o livro” nesse jogo.. e mais, o Cristiano Ronaldo não ter jogado nada nesse jogo, aí o prémio maior ficou “entregue”.!

O Cristiano Ronaldo marca muitos golos por jogo, num polo oposto está Káká que não os marca na quantidade do português, vejamos a exibição de há pouco, na Luz. Káká não me parece que seja tão decisivo como o Cristiano Ronaldo, mas... o Káká é brasileiro (existe ainda o mito do futebol brasileiro) e joga num clube italiano

2 - Leo Messi ficar à frente do Cristiano Ronaldo, como no prémio da FIFA, só pode ser uma piada de muito mau gosto, feita à custa do “lobby” espanhol. Como é que um jogador bom (não muito bom), que faz anualmente 2/3 da época, que se lesiona com frequência, pode ser colocado á frente do Cristiano Ronaldo? É preciso que Portugal seja mesmo muito pequenininho!