Análise ao Benfica 0-0 Nacional

Depois da vitória em Guimarães, poucos esperavam que a partida de ontem se cifrasse num nulo.
Nulo em todos os sentidos da palavra e em todos os aspectos do jogo!
Frivolidade que não reflecte apenas o resultado final, mas acima de tudo a qualidade do futebol exibido pela equipa!
Ontem, mais parecia uma daquelas orquestras de coreto em que cada um toca individualmente, sem pauta ou partitura!
Para empatar, o Nacional nem necessitou de se superar – bastou-lhe ser uma equipa de futebol!
Planeamento, estratégia e organização foram os predicados maiores do conjunto insular.
Ou seja, tudo aquilo que o Benfica não foi capaz de revelar!
O Benfica foi uma mera soma de individualidades, sem estrutura ou sentido colectivo.
De um lado, uma equipa com princípios e ideias, do outro uma apenas com fé!
Fé num qualquer homem providencial, que tarde ou cedo resolveria.
Todavia, o senhor inspiração permaneceu ignoto e, assim, sem solução restou o Benfica.
De um lado, uma equipa proletária, que fez da solidariedade a sua matriz essencial, do outro uma sobretudo aburguesada, sem chama e sem atitude.
Como já se observou em pretéritas ocasiões, quando diletante o Benfica não triunfa!
A vontade de vencer deve ter ficado em Guimarães…
O Benfica nunca deu a sensação de estar verdadeiramente perto do êxito.
Nem sequer por alturas do blitzkrieg final (pouco consistente diga-se).
A equipa viveu de fogachos individuais de tal forma descontínuos e desgarrados que nunca permitiram descortinar uma supremacia ou um propósito vencedor para lá de qualquer dúvida!
Sem Rui Costa, os problemas da transição ofensiva agudizaram-se.
E soluções apenas uma que acaba por não o ser – o jogo directo!
Quim refulgiu, as mais das vezes, não só como o primeiro, mas como o principal impulsionador do momento ofensivo benfiquista!
Claro está que assim não foi complicado aos defensores do Nacional resolverem os escassos problemas criados.
De frente para a bola, bastou-lhes manter o posicionamento para cercearem as iniciativas encarnadas!
Sempre em esforço e sem confiança, os movimentos ofensivos do Benfica foram quase sempre estéreis.
Confirmou-se a exaustão do modelo de Camacho.
Espera-se e deseja-se que apresente algo de diferente, sob pena de assistirmos à repetição ad nauseaum da triste pantomina de ontem à noite.