Ontem, lá fui em peregrinação à Catedral.
Lindo, fantástico, inolvidável, sublime, são os adjectivos que me perpassam a mente ao recordar a noite europeia de ontem.
Ultrapassadas as peripécias que rodearam a minha entrada, ao ver o estádio cheio, num imenso mar vermelho, vieram-me à memória as fantásticas noites, em que pela mão do meu pai, tive a oportunidade de assistir a muitas e gloriosas vitórias europeias, a maior das quais a meia-final com o Marselha com 140 mil pessoas na velha Luz.
Tal como tinha previsto, Koeman apresentou uma equipa marcadamente de contenção.
Uma vez mais, revelou-se um treinador temeroso, pouco crente nas capacidades da sua equipa.
Todavia, Benitez ainda se mostrou mais cauteloso, apostando num onze surpreendente, prescindindo de Gerrard (ao que se sabe lesionado), Hamann e Crouch.
O Liverpool demonstrou, claramente, desde o primeiro minuto de jogo, que procurava, apenas, empatar, para assim decidir a eliminatória em Anfield Road.
A partida acabou por ser marcada pelos receios dos treinadores.
Tratou-se de um jogo, essencialmente, táctico, sem grande brilho.
Na 1ª parte, o jogo decorreu sempre a meio-campo, com poucas ou nenhumas oportunidades de golo.
O Benfica dispôs de uma chance num livre à entrada da área, no final da primeira metade, muito mal cobrado por Simão, diga-se em abono da verdade, e o Liverpool dispôs de uma meia-oportunidade num lance em que Moretto largou, incompreensivelmente, a bola, valendo Andersson.
As duas equipas pareceram muito receosas uma da outra e a qualidade do futebol praticado ressentiu-se disso mesmo.
Primeira parte fraquinha, num jogo excessivamente táctico, sem brilho.
No Benfica, apenas Robert, com um punhado de boas incursões e passes, se destacou.
Pelo contrário, Alcides e Beto mostraram, se tal fosse necessário, que não têm valor para jogar no Benfica.
Alcides nunca ultrapassou a linha de meio-campo, nunca deu apoio ao extremo, não conseguiu efectuar um passe ou um cruzamento com nexo, enfim, somente conseguiu fechar o seu flanco, o que, face à inoperância ofensiva do Liverpool, não se mostrava difícil.
Beto, por seu turno, é um caso de clara inaptidão para a prática do futebol. Se o futebol se resumisse a vontade, garra e luta, Beto seria o seu expoente máximo, mas como assim não é, tudo se torna complicado.
Com a bola nos pés, Beto nunca soube que destino lhe dar, incorrendo em sucessivos passes transviados e, como tal, em consecutivas percas de bola. Mais do que isso, jogando num sector nevrálgico no que concerne à organização do futebol ofensivo da equipa, a sua inépcia resulta no cercear da capacidade ofensiva da equipa.
Intervalo com 0-0 e a esperança ainda presente.
No reinício da partida, uma desilusão - Beto continuava firme no seu posto.
Todo o estádio assobiava Beto quase desde o início e o jogador, já de si suficientemente tosco, revelava-se, cada vez mais, perturbado, incapaz de dar a mínima consistência ou nexo ao seu futebol. Infelizmente, Koeman permanecia impávido e sereno, desprezando o contributo de Karagounis.
Finalmente, aos 60 minutos, o técnico holândes lá se decidiu a fazer entrar Karagounis.
Acabou, nesse momento, a rigidez táctica e a magia surgiu.
Karagounis não é nenhum sobredotado, mas é um jogador de inegáveis qualidades técnicas, de boa visão de jogo, com capacidade de organização, de transporte de bola e com carradas de experiência.
O futebol do Benfica como que se transfigurou com a sua entrada, até porque permitiu a Manuel Fernandes recolocar-se na posição que lhe é própria (até aí esteve sempre perdido em campo, sem sentido de colocação no terreno).
Karagounis catapultou a equipa para o ataque e o Benfica começou a criar ocasiões de perigo e a ganhar livres perigosos nas imediações da área.
Esta é, aliás, uma das características do grego - como conduz a bola sempre colada ao pé e a protege muito bem com o corpo, os adversários na busca de o desarmarem, geralmente, incorrem em falta.
E seria na sequência de um desses lances que o Benfica chegaria ao Golo, num cabeceamento portentoso de Luisão.
Aí o estádio veio abaixo. Instalou-se a loucura nas bancadas e o ambiente criado foi de incomensurável euforia e de fervor clubista.
Logo após o golo, Koeman regressou aos temores iniciais e apressou-se a retirar Léo (só o melhor em campo) para colocar Ricardo Rocha em jogo.
Incompreensível.
Talvez não tenha sido por acaso que o Liverpool, que até então não havia conseguido executar qualquer incursão pelo flanco esquerdo do Benfica, alcançou dois cantos por aquela "banda".
Jogo globalmente fraco, mas que valeu pelo resultado e pelo ambiente no estádio.
Decidiu-se num lance de bola parada como é habitual em jogos deste género.
Numa análise individual direi que Moretto esteve nervoso, precipitado, com erros que poderiam ter-se revelado fatais, reclamando-se a titularidade de Quim o mais depressa possível, Alcides fez o que pode, fechando a preceito o seu corredor, Luisão e Andersson, impecáveis no centro da defesa, com a mais valia para Luisão de ter sido o autor do golo do triunfo, Leó, esteve insuperável, exibição fabulosa, pletórica de vontade, força, empenho, raça, às quais juntou a sua reconhecida capacidade técnica (não perdeu um lance de cabeça).
No meio-campo, Petit foi um gigante, jogando por si e por Manuel Fernandes e Beto, tendo, ainda, tempo para ser o principal municiador do ataque e para ser o mais rematador da equipa (aquele chapéu de meio-campo merecia melhor sorte), de Beto já disse tudo, não tem valor para jogar no Benfica, Manuel Fernandes andou perdido a maior parte do tempo, até à entrada de Karagounis, revelando, acima de tudo, uma vez mais, uma condição física e técnica muito deficientes.
Robert, enquanto teve pulmão, fez o seu melhor jogo pelo Benfica, sendo o principal construtor do futebol ofensivo do Benfica na primeira parte, Simão, foi uma sombra de si mesmo, apático, furtando-se ao mínimo choque, escondendo-se do jogo, incapaz de criar desequilíbrios.
Nuno Gomes esteve incansável numa missão de claro sacrifício, emparedado entre Hyppia e Carragher.
Karagounis, já o disse, foi o principal artífice da vitória, quer por aquilo que jogou quer pela revolução que a sua entrada provocou na equipa.
Nélson, no escasso tempo em que esteve em campo, limitou-se a defender.
Agora, Sr. Koeman, por favor, não invente no jogo da segunda mão...
11 comentários:
Pois ontem fui mais um que assistiu na Catedral da Luz à magia, à cor, ao vibrante calor que é ver, estar e sentir naquele estádio com 62.000 vozes (os outros 3.000 que faltam para completar o estádio, que diga-se, cheiinho que nem um ovo!!)a puxar desde o primeiro até ao último minuto pelo Glorioso.
O jogo resumiu-se a um "championship manager" do melhor que já vi, ambos os conjuntos alinharam com uma táctica 4-2-1-2-1, passando nos últimos 15 minutos do jogo a ter uma táctica 4-1-2-1-1, que deu melhores frutos ao Benfica.
No aspecto geral, pareceu-me um jogo fraco, o Liverpool fez-me lembrar uma vulgar equipa do meio da tabela da Superliga portuguesa que, quando jogam na Luz, pretendem empatar, gastar tempo em qualquer reposição de bola, na entrada das equipas médicas, nos livres, enfim...Foi este o campeão europeu da época passada!? Se o foi, não pareceu. Em relação ao SLB, acho que já é tempo de colocarem o menino Simão no banco um ou dois jogos para o homem pensar no que é que anda a fazer. Do Beto, meus senhores, não o critico, pois graças a este génio da bola estamos nos oitavos-de-final da maior das provas de futebol do Mundo (eu penso até que o homem só jogou assim para não ter ninguém a defendê-lo em Anfield Road, e aí...).
O Zex tá de mau humor, o coitadinho!? Agora deu-lhe para embirrar com os emigrantes que vibram com qualquer equipa portuguesa nas competições europeias, foi!? O Verdete, por seu turno, em vez de dar a mão à palmatória, não...vem ainda relembrar a época anterior. Sr. Verdete, lembre-se que Vossa Excelência numa só semana perdeu o campeonato e a Taça Uefa (não me diga que também aqui a culpa foi da arbitragem...).
Com os melhores cumprimentos da terra onde Maomé caminhou e onde se diz que o homem era do Salgueiros!!!
Menino Simão para o banco já e depressa
Amigo Zex vejo que segues o estilo do teu presidente, pois só por ironia podes apelidar o jornal "O Jogo" de isento.
Melhor seria denominá-lo de "Pravda".
Abraço
Vejo que o blog do meu amigo Vermelho está deveras movimentado.
Registo com agrado o regresso do Prof. Venceslau, que contribui, e muito, para o elevar do nível deste espaço.
De facto, nem o Prof. Manuel Machado o consegue alcançar, em erudição, embora desconfie que andaram ambos na mesma escola - sendo que o Manuel Machado deve ter ficado pelo 9º ano incompleto e o Prof. Venceslau se licenciou com distinção e ainda foi convidado para assistente (o que, delicadamente, recusou. Muito delicadamente, diria alguém que já aqui comentou alguma coisa).
Mas o motivo principal pelo qual escrevo estas linhas é para transmitir ao meu amigo Vermelho os meus sinceros parabéns pela vitória de ontem do benfica e dizer-lhe que me senti ontem contente, ao saber que isso o fazia, a ele, muito feliz.
Depois das derrotas contra o SCP, Leiria - a que ele assistiu, in locco - e Guimarães, merecia uma alegria imensa como, certamente, ontem sentiu.
Registo, também, a sua habitual lucidez e isenção na análise que fez ao jogo e às prestações dos vários jogadores do benfica, não deixando de criticar, e bem, a falta de perspicácia do treinador.
E, a propósito, ou muito me engano ou o Koeman será o Peseiro do SCP.
Bem hajam a todos.
Noite Europeia.
Mais uma vez, aconteceu uma noite europeia no estádio do SLB.
Ganhámos ao campeão europeu.
O que queriam mais?
Uma exibição de luxo?
Dar-lhes 4 ou 5?
Será possivel que ninguem tenha um pouco de serenidade na análise?
O Liverpool para além de Campeão Europeu em titulo tem um orçamento maior que os 18 clubes da superliga.
Tá tudo doido ? Deliram?
GANHÁMOS AO CAMPEÃO EUROPEU EM TITULO.Chega.Ponto Final.
Não ganhámos ao Maritimo por 1-0 nem ganhámos ao Paços do Prof José Mota.
GANHÁMOS AO CAMPEÃO EUROPEU EM TITULO.Naõ Jogámos bem?Ganhámos.Ponto Final.
É indispensável ser minimamente sério nestas análises.Mesmo não jogando muito, é um facto, GANHÁMOS AO CAMPEÃO EUROPEU EM TITULO. Ponto Final.
Eles (FC LIVERPOOL)não jogaram nada.Talvez.Ganhámos.Ponto Final.O LIverpool não é o Artemédia.Nem a Udinese.É o CAMPEÃO EUROPEU EM TITULO.E fomos nós que ganhamos ao intervalo.É melhor assim.Sempre vamos a Liverpool com uma pequena vantagem, que pode não chegar, porque não é uma equipe qualquer, mas somos nós que temos uma pq vantagem.
Por curiosidade das 7 vezes que ganhámos a 1ª Mão por 1-0, passámos seis vezes.Haja fé.
Por muito que lhes doa......
E é graças ao BENFICA que Portugal faz uns pontinhos no Ranking da UEFA este ano.
Somos Magnanimos.......
Eu vi logo que a Matulona não passava de um Travesti de 15 anos com vontade de ser engraçado.
Não tem piada nenhuma.
É como o Paulo Bento, que quer ser como o Mourinho, mas só consegue imitar (e mal)o Octávio.Feio, mal encarado e perdedor.
Um abraço
O senhor Zex e o Sr Verdete falam de noites europeias porquê?
Acaso os seus clubes jogaram ontem?
Jogam hoje?
O senhor Zex, comprende-se, foi campeão europeu á meia dúzia de anos,pela mão do Prof Mourinho e julga que ainda sabe o que significam esyas vitórias e noites europeias.
Quanto ao senhor Verdete, sendo Lagarto fala de quê?
Liga dos Campeões?
No novo estádio (alvalade XXI)ainda não se jogou lá nenhum jogo desta competição.
Meus amigos não devem falar daquilo que desconhecem.
Estamos noutra dimensão.Haja bom senso.
Um Abraço
A minha função neste espaço é de estimular a discussão, que, como se vê,segue acalorada.
Espero e desejo que se mantenha este estilo "Bancada Central".
A minha opinião surge expressa nos artigos que posto, cingindo-me ao papel de mero catalizador de discussões.
O resto é para vocês que o fazem como ninguém.
Obrigado, amigos e continuem.
Estou a divertir-me à brava.
Já agora não se esqueçam de participar no espaço Prof. Karamba.
Ó amigo Karalhounis eu já me defini há muito.
Quem impunha regras de discussão era a Pide.
Este espaço é livre e espero que assim o continue a ser.
Cada um fala do que lhe aprouver, como e quando quiser.
Nunca me servirei de um qualquer "lápis azul" para cortar a raiz ao pensamento de quem quer que seja.
Abraço.
Se calhar são os outros que gostam de Varapaus e não o prof. venceslau que me parece homem másculo.
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