segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Análise à Jornada do Fim de Semana

Sábado foi um dia que dediquei quase exclusivamente ao futebol.
Primeiro, assisti ao AAC/Paços.
Bom jogo, com emoção e bons golos, especialmente o primeiro do Gelson, a finalizar uma jogada de contra-ataque com um remate de primeira, forte e colocado e o último de Serjão, a concluir uma jogada colectiva de fino recorte - cruzamento de Luciano, cabeceamento de Zé Castro (ao pé coxinho), domínio e conclusão de Serjão.
A Briosa realizou, na segunda parte, provavelmente, a sua melhor exibição da época, destacando-se a segurança de Pedro Roma, a classe de Zé Castro, a vontade e a técnica de N´Doye e a codícia de Gelson.
Finda a partida, tempo de peregrinação a Leiria.
Aí chegados, um mar vermelho inundava o Magalhães Pessoa.
Dos perto de 17 mil pessoas presentes, arrisco dizer que seriam 16 mil benfiquistas.
Do meu ponto de vista, tive ocasião de assistir à melhor exibição do SLB em termos ofensivos esta época.
O SLB na primeira meia hora da partida construiu, seguramente, três ou quatro claras oportunidades de golo, sem que, contudo, tenha logrado concretizar qualquer uma delas, assumindo-se, neste particular, o falhanço de Nuno Gomes aos 5 minutos, como o mais clamoroso.
Face às resmas de ocasiões de golos desperdiçadas, logo previ o infortunado desfecho ou não fosse este um fado já muito visto para as bandas da Luz.
O caudal ofensivo do SLB constituía uma torrente que desaguava e esbarrava na inspiração de Costinha, uma vez mais!!!, na barra da baliza leiriense e na inépcia dos avançados vermelhos.
Á passagem da meia hora, o Leiria começou a sacudir a pressão e num lance, aparentemente, inofensivo, João Paulo fez o primeiro do jogo.
Culpas para Moretto, com a única atenuante de não ter visto a bola partir perante o aglomerado de pernas que à sua frente se perfilhavam.
Aliás, neste como no lance de Maciel no dealbar da segunda parte e como no lance do terceiro tento leonino, ficou bem patente um dos problemas técnicos que o guardião brasileiro tem de resolver rapidamente - joga demasiado junto à linha de baliza, certamente fruto do seu percurso futebolístico marcado por passagens por clubes de pequena dimensão, cujas defesas se posicionam de forma mais profunda.
Numa equipa como o SLB em que os defesas jogam com trinta metros nas costas, o guarda-redes tem que se posicionar quase como líbero, junto à linha limite da sua grande área.
Chegou o intervalo e face à qualidade do futebol apresentado pelo SLB na primeira parte, não havia vivalma naquele estádio que não acreditasse na "remontada" (como o Koeman no seu castelhano da Catalunha gosta de dizer).
Na segunda parte, mais do mesmo.
Pressão ofensiva do SLB, materializada na construção de mais umas quantas oportunidades de golo, cujo destino foi invariavelmente o mesmo da primeira parte.
Costinha que já se exibira em grande plano na primeira parte, ainda se aprimorou mais, realizando a sua segunda melhor performance da carreira - a melhor foi, sem dúvida, o ano passado na Luz.
A defesa ao remate de Robert e ao cabeceamento de Marcel são do outro mundo.
Com o SLB a empurrar o Leiria para o seu meio reduto, pensava-se que o golo não tardaria.
Puro engano!!!
Luisão regressou aos seus primeiros tempos em Portugal e com uma infantilidade que nem nos Infantis se perdoa, perdeu a bola a meio-campo e, ainda por cima, quando em desespero tentou impedir o golo leiriense, correu para o mesmo sítio onde já se achava Ricardo Rocha, deixando Fábio Felício completamente sozinho para fazer o golo.
Culpas para Moretto em mais um erro de falta de escola - defendeu para o único local para o qual um guarda-redes quando sacode uma bola não o pode fazer, a frente da área.
Com 2-0, o entusiasmo inicial esmoreceu.
Todavia, o golo de Manduca, numa bela execução técnica, reanimou os espíritos.
Volvidos que foram poucos minutos, contudo, novo golo do Leiria, num lance típico do final das partidas em que uma das equipas busca deseperadamente o tento do empate ou da vitória.
Globalmente, direi que o SLB realizou exibição ofensiva de muito bom nível, criando imensas chances de golo, à qual faltou o devido equilíbrio defensivo.
O Benfica entrou muito bem, com uma dinâmica forte, mas não conseguiu transformar em golos as oportunidades que criou. Com a ansiedade de recuperar, cometeu deslizes defensivos que se reflectiram no resultado.
Erros como os de Luisão e Moretto não são admissíveis em alta competição.
O SLB perdeu e bem e fundamentalmente por culpa própria.
Destaque para João Paulo, pois me parece que está a nascer em Leiria um trinco de enormíssima qualidade.
Não me parece que seja caso para alarmismos excessivos, até porque na primeira volta do campeonato já se havia desenhado idêntico cenário.
Foi precisamente nesta fase do campeonato que o SLB sofreu duas derrotas consecutivas, Gil Vicente e Sporting, sendo curioso que até os contornos das partidas não deixam de ser similares.
Antes como agora em Leiria, o SLB massacrou o Gil e acabou por perder por 0-2.
Antes como agora, o SLB jogou de forma paupérrima contra o Sporting que, em ambas as ocasiões, o levou de vencida.
Espero e desejo que tudo termine da mesma forma - uma vitória expressiva sobre o Penafiel (na primeira volta contra o Leiria).
Koeman deve, no entanto, reflectir sobre a sua abordagem aos jogos - não há nenhuma equipa que a mudar de estrutura de jogo para jogo consiga manter estabilidade e consistência colectivas. O rendimento da equipa está a ser vítima das permanentes alterações introduzidas por Koeman no onze.
Nota final para vos deixar um comentário do mais fino humor de um amigo sportinguista que era suposto nos acompanhar a Leiria e que acabou por não ir - "Só não sei porque fiquei em casa."
Quanto ao SCP/Nacional, como facilmente se depreende do sobredito, não vi o jogo, não me sentindo, como tal, capaz de emitir um juízo valorativo.
No que concerne à restante jornada, destaque para a vitória do Gil sobre o Setúbal, com exibição fantástica de Carlitos, para a exibição de J.V.P, qual Fénix renascida das cinzas, para o empate do Belém em Guimarães e para a vitória do Penafiel sobre o Marítimo, a segunda na competição.
Para hoje, serei um dos 7 milhões de adeptos do S.C.Braga.

3 comentários:

Anónimo disse...

Temos mais um leitor deste espaço, o que muito o valoriza.
Pena é que a Vermelhona, cujo estilo literário muito me agradava, tenha desaparecido.
Quanto ao jogo de Leiria, que, infelizmente, não fui ver ao vivo, o SLB até me parecia que se tratava de uma equipa treinada pelo falecido Peseiro.
Muito futebol de ataque, muitas oportunidades criadas, e uma autoestrada defensiva para os rápidos contra-ataques dos avançados leirienses.
O SLB apresentou-se como uma equipa completamente desequilibrada, com 4 defesas, dois médios e quatro avançados.
Daí não ter estranhado que ainda com o resultado em 0-0, o Leiria tenha logo disposto de uma oportunidade de golo, com um remate ao poste.
O Koeman, apesar de ter introduzido na equipa 5 novos jogadores que não tinham alinhado contra o SCP, manteve a mesma tática suícida, ou seja, apenas dois jogadores no meio campo para o superpovoado meio-campo leiriense.
Com a agravante que, dos 4 avançados do SLB, dois são jogadores novos, Robert e Marcel, um anda com a cabeça na Lua, Simão, e o quarto anda a ver se percebe se é ponta de lança ou se apoia o ponta de lança.
E, por outro lado, nenhum desses 4 avançados se empenha nas tarefas defensivas da equipa.
Não percebo, de facto, o que se está a passar no SLB.
Lembram-se, seguramente, do jogo com o Manchester, em que, com alguns titulares no estaleiro e sem os reforços de Inverno, o SLB arrancou uma exibição de garra e querer e entrou numa série vitoriosa de jogos.
Parecia que o Koeman - ou Go, man, como já se ouve dizer... - tinha acertado com o equilíbrio da equipa.
Mas depois vieram os reforços (?)de Inverno e foi o que se viu:
Uma equipa descaracterizada, sem organizador de jogo, com titularíssimos da equipa campeã relegados para o banco...
Voltamos, de facto, aos primeiros jogos do campeonato, mas agora com uma dupla agravante: o Goman já não está em período de adaptação e, por outro lado, a equipa incorporou já os reforços (?) de Inverno.
Acresce que começam a surgir os problemas de balneário que não existiam no início da época, o Simão já nem sabe a que clube pertence (Liverpool? Chelsea? Manchester United?), o Quim foi relegado para o banco, o Nuno Assis começou a "auto-produzir" nandrulona, o Micolli - herói dos primeiros reforços de Inverno - já não joga, ao Mandioca foi dado o estatuto de patrão da equipa....
Por tudo isto, não é líquido que o próximo jogo com o Penafiel venha a representar o ponto de partida para nova recuperação benfiquista, podendo, pelo contrário, vir a revelar-se mais um terrível amargo de boca...
Certo é que o SLB vai entrar nun ciclo terrível de jogos, que ou tudo lhe corre bem em todos eles - Nacional, Penafiel, Liverpool e Porto - mas mesmo em todos, ou então entra em completo colapso.

Anónimo disse...

Parece que este Blog está cada vez mais concorrido.
Vejo com agrado que surgiu um comentador sportinguista, como eu, dito de Verdete.
Já somos dois, então.
Também acho que o SCP tem, manifestamente, mais de 950.000 adeptos, mas também penso não ter sido intenção do meu amigo Vermelho afiançar que são apenas aqueles os adeptos sportinguistas.
7 milhões foi uma força de expressão que utilizou, apenas para realçar que todos os não portistas irão apoiar o Braga hoje à noite.
Força Braga.

Vermelho disse...

É com grande satisfação que constato que o número de convivas participantes no blog tem crescido vigorosamente.
Ainda que suspeite que alguns se desdobram em personagens múltiplos, o vigor e o ardor postos nas discussões são de enaltecer e estimular.
Prossigam que eu procurarei continuar a dar mote.