Análise ao Getafe-Benfica

Estádio: Coliseum Alfonso Pérez

Árbitro: Victor Kassai (HUN)

Equipas:

GETAFE – Abbondanzieri; Contra, De la Red, Tena e Licht; Cotelo (Cortés, 74), Celestini, Casquero e Gavilán (Juanfran, 79); Albin e Kepa Blanco (Signorino, 68).

BENFICA - Quim; Nélson, Edcarlos (Sepsi, 73), Katsouranis e Léo; Petit; Maxi Pereira (Di Maria, 58), Rui Costa e Cristian Rodriguez; Nuno Gomes (Mantorras, 65) e Makukula.

Ao intervalo: 0-0

Marcadores: 1-0, Albin (78);

Acção disciplinar: cartão amarelo a Katsouranis, Abbondanzieri, Maxi, Cotelo, EdCarlos, Licht, Léo.

Fim da partida: 1-0



O Benfica perdeu por 1-0 com o Getafe e foi eliminado da Taça Uefa.
Com inteira justiça.
Quer hoje, quer na semana passada, o Getafe foi melhor, muito melhor mesmo.
Ontem como hoje, foi tacticamente irrepreensível e, quando assim acontece, está lançado o código postal do êxito.
Soube ler o adversário, explorar os seus defeitos e minorar as suas virtudes, e soube ler o jogo e as suas incidências, resguardou-se, fez posse e circulação de bola quando as circunstâncias o ditaram, mas ousou e desenhou rápidas transições quando a conjuntura o permitiu.
O Benfica nunca percebeu, verdadeiramente, nem o adversário, nem os acontecimentos.
Andou sempre atrás do facto.
Em Lisboa, Cardozo fez soçobrar a estratégia.
A reacção colectiva foi de um estoicismo digno de nota, mas insuficiente.
Em Getafe, a debilidade emocional e física da equipa arruinou qualquer pretensão de sucesso que pudesse acalentar.
Hoje por hoje, o Benfica é uma equipa destroçada.
Tacticamente, inexiste um sistema e um modelo de jogo, minimamente, consolidados.
Fisicamente, a exaustão é evidente.
Emocionalmente, a depressão ressuma vítrea.
E a responsabilidade é, inequivocamente, colectiva.
Luís Filipe Vieira lidera, destacado, o imenso rol daqueles que devem responder pela paupérrima temporada que o Benfica tem realizado.
Mas, não é o único. Será, talvez, o pai de todos os fracassos.
São seus filhos, Fernando Santos, Veiga e Camacho.
Fernando Santos na medida em que não soube preparar a equipa para as exigências.
A calamidade que foi a pré-época está à vista de todos.
A péssima condição física da equipa é consequência de uma pré-época mal planeada.
Entregar a preparação física da equipa a um indivíduo cujas maiores referências na área passavam e passam pela sua condição de descendente de um "famoso" cinesioterapeuta só podia redundar no actual estado de coisas.
Fernando Santos enquanto se demitiu de intervir tecnicamente sobre os elementos que deviam integrar o plantel e a equipa técnica.
Fernando Santos pois que caucionou uma política de aquisições a granel e sem critério e que desaguou nas lacunas, qualitativas e quantitativas, que ora se evidenciam.
Veiga conquanto se assumiu como o principal mentor deste plantel.
As principais aquisições foram obra sua!
E de algum "scouting jornalístico", bem sei.
Camacho porque, em 7 meses, extreminou um modelo de jogo e um sistema táctico que, ao fim de um ano, se consolidavam e apenas erigiu, em sua substituição, o caos e a anarquia.
Jogo directo ou iniciativas individuais foram as marcas nucleares do consulado Camacho.
De Agosto a Março, Camacho mostrou-se incapaz de conceber e executar uma ideia colectiva para a equipa.
Fernando Albino de Sousa Chalana é o menos culpado.
Hoje, precipitou-se e o seu arrojo incauto conduziu a equipa à derrota.
Contudo, esse foi o menor dos males.
Disse que esperava de Fernando Albino de Sousa Chalana labor, sorte e inovação táctica.
Se duas das minhas pretensões foram satisfeitas, já a fortuna não disse presente, pois que, de outra forma, o remate de Makukula apenas conheceria as redes de Pato Abbondazieri como destino.
Devolveu a identidade táctica à equipa ao estruturá-la no 4x4x2 losango, que, face aos jogadores disponíveis, se revela como o sistema que mais se mostra conforme as características dos jogadores que integram o plantel do Benfica.
A equipa reagiu bem às alterações introduzidas e partiu para uns 15 minutos iniciais de bom nível.
Acontece que o lastro físico não dá para mais e à medida que os minutos foram correndo, o Benfica foi perdendo competência na execução da estratégia desenhada.
E o Getafe, numa leitura perfeita das circunstâncias, assumiu, sem dificuldade, o controlo absoluto da partida.
Vendo a discussão da eliminatória a desaparecer, Fernando Albino de Sousa Chalana cometeu o tal pecado capital a que aludia.
Foi no engodo do desespero e entregou a equipa à morte.
Desguarneceu de tal modo o meio-campo defensivo e a defesa que abriu uma auto-estrada na qual os jogadores do Getafe não conheciam embaraço.
E, assim, surgiu, sem surpresa, o golo da vitória dos espanhóis.
A Taça Uefa está perdida, mas espero que a exasperação não se apodere da equipa e dos dirigentes.
É que, caso contrário, um resultado negativo na Madeira pode significar a perca desta e da próxima época!
Temo que um resultado negativo na Madeira possa conduzir os dirigentes do Benfica para o abismo do populismo e do imediatismo, fazendo aportar à Luz um qualquer bruxo tido por providencial!