terça-feira, dezembro 20, 2005

Balanço e Antevisão

Antes das férias natalícias, urge realizar um portfolio de breves esquiços do que tem sido a pré-campanha das eleições presidenciais.
O balanço geral mostra-se fraco.
Ao nível do esclarecimento, a pré-campanha tem sido, aliás como as demais, sofrível.
Os candidatos ou descentralizam a questão e discutem programas de governo, ignorando o papel consitucional do PR, ou apresentam declarações genéricas de intenções, vagas e/ou vazias de conteúdo, ou escudam-se em silencios mais ou menos comprometedores, sendo neste ponto o candidato Cavaco Silva o mais eloquente.
Nesta pré-campanha marcada, inevitavelmente, pela crise do País, os candidatos, embora sabedores que pouco poderão influenciar a governação, tem-se visto forçados a corresponder ás expectativas geradas na opinião pública e cada um à sua medida e imagem, procura capitalizar o sentimento de insatisfação reinante, discorrendo sobre as soluções para vencer os problemas.
Ora, não sendo esse o papel constitucional do PR, a discussão resulta, inexoravelmente, inquinada.
Ainda assim, a perfomance dos candidatos apresenta cambiantes curiosas.
Cavaco na sua postura de homem providencial, tem alternado entre o silencio, o enfatizar do divisionismo á esquerda e o acentuar da preocupação dos restantes candidatos consigo.
Cavaco, com o seu conceito de cooperação estratégica, tem sido aquele que confere uma visão mais presidencialista ao nosso modelo constitucional. Cavaco, na busca de arrebatar a desilusão social, promete ser mais do que um mero árbitro, apresentando-se como um verdadeiro chefe de governo que irá conduzir os destinos do País do alto do seu magistério presidencial.
Soares é Soares, hoje mais do que nunca o "bochechas".
A sua bonomia, a sua afabilidade, a facilidade de contacto mediático, ainda fazem de Soares um animal político.
No discurso, todavia, já se notam os efeitos da idade.
Alegre é, quanto a mim, a maior desilusão da pré-campanha.
Surgiu pujante na apresentação da sua candidatura, mas assim que começou a falar, revelou toda a pobreza do seu discurso e das suas ideias.
Alegre desperdiçou parte substancial do capital de simpatia que havia granjeado e caminha, a passos largos, para o definhamento final da sua candidatura.
Aliás, as suas últimas intervenções, vitimizando-se, só contribuem, ainda mais, para tal destino.
Prevejo que terá, inclusive, dificuldades em atingir os votos necessários para obter a subvenção estatal.
Jerónimo tem procurado o aggiornamento do discurso e denota uma preocupação de estadista moderado surpreendente.
Louçã é Louçã, o Portas da esquerda.
Por fim, quanto ao debate de hoje, antevejo um Soares a quebrar todas as regras estabelecidas, interrompendo Cavaco a cada oportunidade, por forma a procurar embaraçar e desmontar o discurso mecanico de Cavaco. Soares vai recordar os tempos de governação cavaquista e a coabitação dificil que com ele teve, acentuar as fragilidades culturais e sociais de Cavaco, para concluir pela ausencia de perfil para desempenhar as funções de PR.
Cavavo estará fiel a si próprio, reservado, calculista e tentando dizer o mínimo possível.

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