É difícil, muito difícil, mas não impossível.
O primeiro objectivo mostra-se, plenamente, alcançado – não sofrer golos em casa.
Uma vantagem foi obtida.
Aliás, penso que irá condicionar a abordagem que as equipas farão ao jogo.
O Barcelona, fruto da igualdade verificada na Luz, sabedor da mais valia que constitui o contra-ataque encarnado, não entrará de peito feito, receoso das rápidas transições ofensivas do Benfica.
A sua abordagem ao jogo não assentará num turbilhão ofensivo inicial, antes preferirá resguardar-se no dealbar da partida.
A sua linha defensiva irá, por certo, “descer” 10 a 15 metros no terreno, jogando sobre o meio do seu meio-campo, por forma a precaver-se dos ataques rápidos do Benfica.
O Benfica, por seu turno, não poderá cingir-se a uma abordagem de contenção defensiva.
Terá que, na construção do onze a apresentar e na estratégia a adoptar, equilibrar segurança defensiva com sagacidade e atrevimento ofensivo.
Não poderá cercear a sua vocação ofensiva em nome da defesa das suas redes.
O Benfica terá que potenciar a ansiedade barcelonista, face ao estatuto de claro favorito e à circunstância de nos últimos três jogos não ter logrado concretizar qualquer golo de bola corrida.
Não poderá dispensar Karagounis do onze inicial, sob pena da distância entre o meio-campo e os avançados condenar, desde logo, ao insucesso as tentativas de desferir contra golpes.
A chamada de Karagounis trará capacidade de transporte de bola, contribuindo para a diminuição do espaço entre as linhas média e atacante.
Apostar num tridente de médios de contenção, composto por Beto, Petit e Manuel Fernandes, empurrará a equipa para o seu meio reduto, pela incapacidade de reter a bola, de a circular e de a conduzir até zonas mais avançadas.
Optar pelos três apenas se e quando se prescinda de um ala, cabendo a um dos médios fechar o corredor.
Seria a opção menos arriscada, mais conservadora.
Mas, a menos indicada.
Há que pressionar o Barça na sua primeira zona de construção, ou seja, na sua defensiva, por forma a condicionar a saída de bola catalã e a permitir a recuperação da bola em zona mais subida do terreno.
Temo que Koeman não altere a estrutura que tem vindo a apresentar nos jogos da Champions - quatro defesas, três médios de contenção, dois alas e um ponta de lança, ou seja, Moretto, Rocha, Luisão, Anderson e Leó, Petit, Beto e Manuel Fernandes, Simão, Giovanni e Miccoli.
Penso que seria preferível optar por um onze composto por Moretto, Rocha, Luisão, Anderson e Leó, Petit, Manuel Fernandes e Karagounis, Simão, Giovanni e Miccoli.
Seria uma equipa mais técnica, com maior profundidade, com outra capacidade de chegar à baliza adversária.
A troca de Karagounis por Beto aportaria à equipa leitura de jogo, profundidade, capacidade de condução e retenção da bola, para além de experiência internacional.
Na aparência tornar-se-ia uma equipa mais macia, menos competente na recuperação da bola, mas se pensarmos no festival de bolas recuperadas e logo entregues ao adversário protagonizado por Beto na esmagadora maioria dos jogos em que alinhou, aquela ideia inicial logo se desvanece.
Mais e melhor posse de bola, tranquilizando a equipa, retirando-lhe pressão, permitindo-lhe pensar e descansar, são mais valias que a introdução de Karagounis no onze representaria.
Contenção defensiva e eficácia na finalização será o modelo de jogo – máxima segurança e concentração a defender, máxima eficácia a concretizar.
Rijkaard avisado que está após o jogo da 1ª mão, certamente, que irá colocar Ronaldinho no centro e Eto´o na esquerda, por forma a permitir uma maior liberdade ao brasileiro, através da sua “fuga” à marcação agrilhoante de Rocha (aliás, na segunda parte, do jogo da Luz foi precisamente isso que aconteceu).
A colocação de Anderson, coadjuvado por Petit, na marcação a Ronaldinho poderá ser o antídoto para esta troca.
A marcação a exercer pelo Benfica deveria ser zonal, embora pense que Koeman irá, no mínimo, marcar individualmente Deco e Ronaldinho, utilizando uma espécie de “box and one, neste caso two” à boa maneira do basquetebol.
Uma zona pressionante alicerçada na basculação dos médios e defesas no sentido das movimentações com e sem bola.
Deverá o Benfica impedir os lançamento longos de Deco, Iniesta e Van Bommel, retirando profundidade ao futebol blau grana.
Deverá o Benfica não permitir o jogo entre linhas dos médios blau granas, os quais exploram os espaços vazios com enorme a-propósito em penetrações com e sem bola.
Deverá a zona defensiva e intermediária bascular no sentido da bola e dos movimentos sem bola de Ronaldinho, Giuly, Deco e Eto´o.
Procurar a superioridade numérica, o 2 contra 1, especialmente sobre Ronaldinho.
O lateral do lado oposto ao da bola deverá fechar dentro, sendo compensado no corredor pelo ala ou por um dos médios, por forma a garantir a desejada superioridade na zona central.
Compensações zonais a meio-campo.
Exploração do espaço nas costas da defensiva barcelonista, através de penetrações com bola e de movimentos verticais e diagonais sem bola.
Velocidade nas transições.
Exploração do jogo entre linhas, atráves de diagonais dos laterais e alas e dos movimentos verticais dos médios centrais.
Construção ofensiva, primordialmente, pelas alas, alicerçada em passes curtos e tabelas laterais.
Rápidas trocas de flancos.
Garra e vontade de vencer.
Sorte, muita sorte.
O Barça executará uma pressão alta muito forte e a forma como o Benfica conseguir contornar essa dificuldade será determinante.
O carrossel ofensivo protagonizado por Deco e Ronaldinho é terrível, anulá-lo será outro dos pontos chave da partida.
Cercear espaços a Eto´o e concentração máxima nas bolas paradas assumem-se como outros factores não despiciendos.
Evitar incorrer em faltas nas imediações da área mostra-se, igualmente, essencial.
Apresentando a atitude dos jogos com Manchester e Liverpool, jogando no máximo da concentração e nos limites da entrega, o Benfica pode surpreender.
Espero e desejo que se repita o jogo da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1961, que os catalães denominaram de "partido de los palos".
Haja fé!!!
2 comentários:
Em resumo:
Sorte, muita sorte!....
Não consigo dizer nada.
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