por José Manuel Delgado:
"Depois de Pepe, no FC Porto-Sporting, ontem foi Motta a meter descaradamente a mão à bola sem que o árbitro tivesse assinalado a devida penalização. Cada vez mais se torna urgente a introdução de meios vídeo na arbitragem. Assim não dá.
AFINAL, a história da bola na mão ou da mão na bola não conhece fronteiras.
Olegário não viu a mão de Pepe, Stephen Bennet omitiu a mão de Motta e quem fica a perder, no fundo, é a credibilidade do futebol.
Não questionando a boa-fé dos árbitros, entra pelos olhos que é urgente a introdução de meios auxiliares para um melhor desempenho.
Aliás, erros colossais como o do árbitro inglês no jogo de ontem na Luz até podem ajudar a fazer cair as muralhas que os atrasos de vida do International Board ergueram e impedem que o século XXI chegue ao desporto-rei."
Concordo, genericamente, com a introdução de alterações às regras permitindo o recurso a imagens de video auxiliares do árbitro na decisão.
Coadjuvantes, tão só. Meio por excelência de decisão, não.
A decisão terá de continuar a ser humana, sendo o recurso ao video excepcional.
Compreende-se que razões de continuidade do jogo assim o imponham.
Penso que a solução adoptada pelo ATP Tour deverá servir de ponto de partida.
No Ténis, os jogadores passaram a dispôr de um número limitado de ocasiões, três, em que podem requerer o recurso a imagens video.
No Futebol, poder-se-ia adoptar medida semelhante, mitigada por um princípio de verdade e justiça nas competições desportivas, conferindo ao árbitro, em caso de dúvida insolúvel entre os membros da equipa de arbitragem, a possibilidade de, oficiosamente, solicitar, sem limite, o visionamento de imagens do lance.
Todavia, em qualquer caso, exceptuando a faculdade atribuída às equipas intervenientes de o requererem, com as limitações supra expostas, o recurso a imagens de video cingir-se-ia às situações de dúvida insanável do trio de arbitragem.
Perante um determinado lance, o árbitro consultaria os seus auxiliares e, apenas, caso não existisse consenso na apreciação da jogada, seria lícito o recurso ao video.
Penso que o primado da decisão humana é inalienável.
É evidente que a introdução de semelhante alteração nas regras, iria criar dois mundos - o das competições profissionais, nas quais o recurso ao video seria admissível e possível, e o das competições não profissionais em que tal recurso, embora normativamente admissível, não se mostraria possível.
Não me parece, contudo, que esta clivagem seja motivo bastante para que não se pondere a introdução de meios audio-visuais auxiliares das decisões arbitrais.
1 comentário:
A estes dois lances citados no artigo, poderíamos aditar o do passado sábado, do Manduca, durante o Belenenses-Benfica.
Em qualquer um destes três lances, as faltas cometida pelos respectivos jogadores (mão na bola)foram de tal forma evidentes que me parece que não deveriam ter sido utlizadas pelo DR. José Delgado como exemplos da necessidade de recurso a meios de video auxiliares.
Em qualquer uma destes situações, o árbitro viu, nitidamente, os jogadores a cortarem a bola com a mão e só não marcou os respectivos livres porque não quis.
Não creio, pois, que, nestes casos, a introdução de meios auxiliares de video resolvessem coisa alguma.
Creio, aliás, que os erros de arbitragem fazem parte do futebol, e são um daqueles factores aleatórios que dão emoção ao jogo e servem para alimentar as discussões semanais que se seguem a cada jornada.
Introduzir meios auxiliares de video nos jogos de futebol creio que lhe retirava esta componente de alguma imprevisibilidade que resulta dos erros de arbitragem.
O problema surge quando os erros não são inocentes mas intencionais.
De forma a reduzir este tipo de situações, parecia-me boa solução aplicar efectivos castigos aos árbitros a posteriori, através do visionamento das imagens, quando as suas decisões revelassem manifesta inépcia - como foi o caso das três situações acima aludidas.
O que não é feito actualmente, vá-se lá porquê.
Creio, aliás, que antes de se discutir este tipo de medidas de carácter técnico, se devia, antes de mais, retirar a arbitragem da Liga de Clubes, profissionalizar os árbitros e perceber como é que um carroceiro como o Luis Guilherme pode ser presidente dos árbitros.
Depois disso, ver então, como passaria a funcionar a arbitragem e só depois partir, se necessáro, para outro tipo de medidas.
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