Vitória justa.
Dois factos emergiram:
- Aumento da competitividade interna;
- Fim do "mito" da imprescindibilidade de alguns jogadores;
Portugal apresentou as 5 alterações esperadas, sem que o nível exibicional apresentado haja decrescido, antes pelo contrário.
Primeira parte de muito bom nível, com a equipa das quinas a entrar dominadora e a materializar o caudal de jogo ofensivo produzido.
Portugal entrou de supetão, pressionando alto, não deixando os mexicanos respirar.
Logo aos 4 minutos, após uma brilhante jogada colectiva, Maniche fez o 1-0.
Se Portugal tinha entrado com "ganas", a partir desse momento conjugou essa vontade com a tranquilidade necessária.
Portugal continuou a controlar a partida, desenhando lances de bom recorte técnico.
O México, como que atordoado, apenas esboçava uma tímida reacção, mais assente na raça do que numa estratégia de jogo consistente.
Muito querer, muita vontade, mas também muito incapacidade para sair da teia urdida pelos portugueses.
Com excepção de lances de bola parada, mormente ao nível do jogo aéreo, o México mostrava-se incapaz de penetrar no último terço defensivo luso.
As suas investidas eram, por norma, cerceadas logo à entrada do meio-campo defensivo português.
Com naturalidade, na sequência da marcação de uma grande penalidade, Simão fez o 2-0.
Aí, Portugal deu o jogo por vencido e baixou claramente o ritmo de jogo, o nível da sua pressão e recuou as suas linhas.
Sem surpresa, face ao recuo das linhas lusas e ao decréscimo da pressão, o México começou, paulatinamente, a assenhorear-se das rédeas da partida.
Igualmente sem grande surpresa, na sequência de um canto, o México reduziu para 2-1.
As debilidades da defensiva lusa no jogo aéreo emergiram a nu. Os defensores lusos raramente ganharam um lance aéreo nas imediações da sua área.
Portugal, ainda assim, terminava a primeira parte por cima, sendo a percentagem de posse de bola esmagadoramente favorável aos lusitanos.
Na segunda parte, tudo se alterou.
No dealbar da segunda metade, o México desperdiçou uma grande penalidade e pouco tempo depois viu-se reduzido a dez elementos.
Se a equipa nacional dava já nota de ter o jogo por ganho, tal estado de espírito ainda mais se acentuou face a tais incidências.
Por outro lado, alguns jogadores apresentavam sinais de cansaço.
Tudo conjugado, Portugal procurou deixar "correr o marfim".
Mas, se há aspecto do jogo que esta equipa domina de forma menos capaz é, precisamente, o processo defensivo.
Deste modo, aquilo que parecia fácil e absolutamente controlado, tornou-se, subitamente, difícil e descontrolado.
Os mexicanos, em risco de perderem a qualificação, fizeram das tripas coração e assumiram, por completo, o domínio e o controlo do jogo.
Todavia, a inépcia mexicana e a fortuna lusa impediram os aztecas de materializarem em golos o volume de jogo produzido.
Destaque para as exibições de Simão Sabrosa e de Maniche, verdadeiros dínamos do futebol de ataque português.
Petit e Tiago no meio-campo aportaram à equipa agressividade e consistência nas transições defensivas e ofensivas.
A utilização simultânea de Petit, Tiago e Maniche permitiu à equipa pressionar mais alto e, assim, conquistar mais bolas no último terço defensivo mexicano.
Confesso que não percebi o desgaste inútil a que Figo foi sujeito.
Destaque pela negativa para as exibições de Caneira, excessivamente nervoso e inseguro, protagonista de algumas perdas de bola incompreensíveis e de algumas falhas posicionais incomuns, e de Postiga, que passou completamente ao lado do jogo.
Vitória merecida da melhor equipa em campo.
Tal como disse supra, a qualidade da exibição aumentou a competitividade interna na luta pela titularidade.
Os habituais suplentes transmitiram uma mensagem clara a Scolari e aos restantes elementos do grupo. A mínima distracção, leia-se menor produção, fará perigar o estatuto de titular.
A vitória sobre a mais forte equipa do grupo elevou os indíces de motivação e de confiança de todo o grupo, mas, acima de tudo, elevou o patamar de exigência.
Quem facilitar sai, pois tem substituto à altura.
O Euro/2004 e a partida inaugural com Angola alcandoraram certos jogadores ao estatuto de imprescindíveis, unidades sem as quais Portugal não alcançaria o sucesso.
O jogo de ontem desmentiu tal dogma.
Contra o adversário claramente mais valioso que Portugal foi chamado a defrontar neste Mundial, as ausências de Costinha, Deco, Cristiano Ronaldo e Pauleta não constituíram empecilho à vitória.
Em abono da verdade, sem aqueles elementos, Portugal produziu, na primeira parte, os melhores momentos de futebol desta sua participação no Mundial.
A valia de tais jogadores é indesmentível, mas a daqueles que os podem substituir não é menor.
Com excepção para Deco, um caso singular no contexto da selecção nacional, todos os outros ausentes podem ser substituídos por outros elementos, sem que a equipa disso se ressinta e mesmo nalguns casos com ganhos de eficácia evidentes.
Ontem, Portugal mais do que um jogo, ganhou um grupo.
O acréscimo de competitividade interna fará, certamente, elevar a entrega e a dedicação de todo o grupo, com inegáveis ganhos de produtividade para a equipa.
9 comentários:
amigo Costa:
Eu sou só um, calma, p.f.
Está a ser elaborada.
Abraço.
Acho que Portugal fez uma boa primeira parte, mas o México merecia o empate pela resposta dada no segundo tempo.
Melhores em campo:Simulão e Ricardo.
Pior em campo:Helder Bostiga, uma verdadeira bosta.
Brilhante mesmo foi a falta inexistente e o correspondente cartão amarelo sacado pelo Simulão já na 2ª parte a um jogador do México, a fazer verdadeiro jus ao seu nome!!
Condómino Jorge Mínimo:
Importa ainda salientar que o dito jogador é internacional sueco, que jogou no Mónaco e no Estrasburgo, e que, contrariamente ao que sucede no Benfica, não andou a ser falado nos jornais durante mais de um mês.
Aliás, só hoje, dia em que assinou pelo SCP, é que se ouviu pela primeira vez falar da sua contratação.
Diferentes políticas com diferentes resultados...
amigo Mínimo:
Sei sim senhor e será alvo de post.
Abraço.
Quero também salientar que esmagámos o benfica em futebol de praia no último fim de semana. Na nossa equipa joga o Carlos Xavier, e mais alguns craques da selecção nacional de futebol de praia.
amigo Carlos:
Não se tratam de diferentes políticas, mas sim de diferentes interesses jornalísticos.
Basta ver o inusitado número reduzido de notícias sobre o defeso que têm sido produzidas, explicado pelo interesse despertado pelo Mundial.
Em ano em que não se realiza uma grande competição internacional em que Portugal participe, as notícias sobre as movimentações do mercado são constantes, diárias.
Este ano há Mundial, a prestação de Portugal empolga as massas e, como tal, existe assunto vendável e assim já não é preciso especular.
Não me digam que o mercado português está parado à espera do final do Mundial. Eu não acredito, até porque nem os grandes dispõem de dinheiro para comprar nos principais mercados onde se encontram a generalidade dos jogadores presentes no Mundial.
Como bem sabes as notícias que surgem sobre possíveis aquisições do Benfica são motivadas mais por especulação jornalística do que por "fugas de informação".
Na maioria das vezes não correspondem a qualquer interesse real.
O Benfica é vítima da sua própria grandeza, sendo por tal razão que surgem notícias diárias sobre possíveis contratações.
O anúncio de uma possível transferência para o Benfica vende jornais, por isso há que criar factos que alimentam as capas dos periódicos.
No que concerne ao Farnerud o que sei dele é mais fruto da prática de anos sucessivos de CM e, agora, FM, ou seja, é mais um conhecimento virtual do que real.
Normalmente, as características dos jogadores nesse jogo não diferem muito da realidade, mas...
Naqueles jogos sempre foi referenciado como uma jovem promessa sueca, tendo o seu potencial vindo a decrescer com o passar dos anos.
Pelo profile naqueles jogos, tratar-se-á de um jogador versátil, possuidor de boa técnica e capaz de jogar em qualquer posição do meio-campo.
Foi para França ainda menor e por aí ficou até à sua transferência para o Sporting.
Jogou no Mónaco, foi emprestado ao Strasbourg, regressou ao Mónaco e foi novamente cedido ao Strasbourg.
Com a descida do Strasbourg ficou livre e chega agora ao Sporting.
Abraço.
Amigo Vermelho:
Concordo consigo quanto ao interesse jornalístico na divulgação de pseudo-contratações de jogadores para os três grandes.
Mas o que tem sucedido este ano quanto às pretensas aquisições do D'Alessandro e do Kastsouranis não se tratam de meras especulações jornalisticas.
São jogadores que o Benfica tentou efectivamente contratar e que não conseguiu, não tendo sabido ou querido manter sigilosas as "demarches" que ia fazendo.
Tratam-se, me parece, de verdadeiros casos de "fuga de informação", à semelhança do que aconteceu no ano passado com outros jogadores.
A ideia que me fica é que o anúncio nos jornais das investidas do Benfica servem os interesses dos próprios responsáveis benfiquistas, que assim pretendem manter os seus adeptos na ilusão de que estão a fazer grandes aquisições e assim mostrar serviço.
Á semelhança do nosso triste Governo, que anuncia grandes negócios que depois não se realizam.
Ao contrario, o SCP conseguiu negociar e contratar o Farnerud sem que o seu nome viesse alguma vez à baila.
Em tempos, também o SCP não conseguia ou não queria manter em segredo o nome dos jogadores que pretendia contratar, e os jornais também se deliciavam a anunciar os nomes de jogadores dados como certos no SCP, que depois se vinham a revelar contratações falhadas.
Mas, de há uns tempos a esta parte, e à semelhança do que acontece com o FCP já há muitos anos, os nomes dos jogadores efectivamente alvo de investida do SCP só surgem na ribalta quando se consuma a sua contratação.
Foi esta diferente política que quis salientar.
Benfica apresenta Katsouranis às 18 horas
Enviar um comentário