Portugal defrontará no seu primeiro jogo no Mundial a estreante Angola.
Jogo de prognóstico evidente dadas as abissais diferenças existentes entre as duas equipas.
Portugal, para além de ser vice-campeão europeu, possui um lote de jogadores de boa craveira técnica, com boa cultura táctica, com bons conhecimentos dos princípios básicos de jogo, com experiência internacional, com um modelo de jogo definido e estabilizado, com rotinas de jogo consolidadas e com fantasistas capazes de decidir por si o resultado de um jogo.
Angola possui um reduzido número de jogadores de boa craveira técnica (Figueiredo, Mendonça e pouco mais), a maioria dos jogadores não tem uma cultura táctica muito desenvolvida (com excepção de alguns que alinham em Portugal, todos os outros não têm), a maioria dos jogadores não domina os princípios básicos de jogo (com excepção de alguns que alinham em Portugal, todos os outros não dominam), a totalidade dos jogadores não dispõe de experiência internacional (com excepção dos 3 jogos realizados no CAN, os jogadores de Angola enfrentam a sua primeira grande competição internacional), a equipa foi sujeita a tantas alterações nos últimos anos, com a entrada a conta-gotas de jogadores “naturalizados”, que Angola não possui um modelo de jogo sequer estabilizado, nem muito menos rotinas de jogo consolidadas e não dispõe nos convocados de jogadores com capacidade bastante para por si só resolverem um jogo.
Por aqui se vê o Mundo que separa Portugal de Angola.
Portugal é uma selecção do 1º Mundo futebolístico, Angola do 3º Mundo.
Não há comparação possível entre o nível futebolístico dos jogadores portugueses e dos jogadores angolanos.
A maioria dos jogadores portugueses actua nas principais ligas europeias e nos mais proeminentes clubes do velho continente, ao passo que os angolanos ou actuam no seu País (v.g. Zé Kalanga e Lôco) ou na liga secundária portuguesa (v.g. Figueiredo e Mendonça) ou em ligas periféricas, como as asiáticas (v.g. André Macanga) ou nem sequer têm clube (v.g. João Ricardo).
O único jogador da selecção angolana que actua ao mais alto nível, Mantorras, sofreu uma lesão que lhe amputou a carreira. A sua utilização cingir-se-á aos “obrigatórios” 15/20 minutos.
Portugal apenas enfrentará problemas face a Angola se entrar em campo imbuído da convicção da vitória antecipada. Se pensar que o jogo já está ganho, então passará um mau bocado.
A selecção angolana é fraca, mas se Portugal facilitar, a superação acontecerá.
Se Portugal permitir a Angola pensar que pode ganhar o jogo, o que é muito fácil tornar-se-á, inevitavelmente, muito difícil.
Portugal terá, antes de mais, de lutar contra si próprio.
Penso que Portugal se apresentará no seu esquema habitual, independentemente dos jogadores que compuserem o onze – 4x2x1x3.
As dúvidas residem na possibilidade de utilização de Deco e na opção entre Costinha, Maniche e Petit.
De acordo com as mais recentes notícias, a utilização de Deco será uma realidade e a opção do meio-campo residirá em Costinha e Petit.
Penso que a equipa perderá dinâmica e ficará com excessiva tracção atrás.
Temo que o fosso criado entre o meio-campo e o ataque seja enorme, abissal mesmo.
A utilização de Ronaldo e Figo nas alas não merece discussão para Scolari, mas continuo crente que Figo deveria ser deslocado para o meio.
Estruturaria a equipa num meio-campo composto por Petit mais recuado, Deco numa segunda linha e Figo mais adiantado nas costas do ponta de lança.
Simão e Ronaldo fariam as alas e Pauleta seria o ponta de lança.
Angola jogará em 4x3x3 quando em posse de bola e 4x5x1 quando em acção defensiva, com os alas a recolherem ao seu meio-campo.
Transições rápidas e contra-ataques a explorar a velocidade de Mendonça e Zé Kalanga será, certamente, o plano de jogo angolano.
Concentração e solidez defensiva serão os restantes ingredientes da mistura que Oliveira Gonçalves pretende ganhadora ou, pelo menos, susceptível de garantir um precioso empate.
Se não entrarmos convencidos de que são favas contadas, pensando ter a partida ganha antes de a jogar, venceremos com facilidade.
Caso contrário, tudo se complicará.
1 comentário:
Exmº. Snr. Administrador:
Espanta-me que, na análise à equipa de Angola, se tenha esquecido de mencionar, sequer, o nome desse ícone benfiquista, que dá pelo nome de Mantorras e que a época passada (e mesmo esta) tantos pontos deu ao glorioso.
Assim como registo não fazer qualquer referência a esse outro grande avançado da equipa angolana, que também já jogou no Benfica e era bem amado dos benfiquistas - deve ser algo freudiano, esta paixão pelos jogadores de raça negra - de sua graça Akwá
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