sexta-feira, junho 16, 2006

Antevisão do Portugal/Irão

Portugal defronta, amanhã, em Frankfurt o Irão no primeiro jogo relativo a um Campeonato do Mundo jogado em estádio coberto.
Uma novidade que o nosso amigo Samsalameh, hoje embarcado para a Alemanha, não deixará de apreciar e nos relatar numa próxima oportunidade.
Jogo de prognóstico difícil atento o carácter de final que assume para os iranianos.
Pese embora se mostrem desfalcados das suas maiores estrelas - Ali Daei, Karimi e Madavikhia têm reduzidas chances de alinhar - tudo farão para vencer por forma a alimentar o sonho de uma presença nos oitavos de final.
O carácter lutador dos iranianos será, certamente, o trunfo maior que apresentarão.
Cabe-nos igualá-los em vontade, em raça e em capacidade de luta, pois que a nossa superior qualidade técnica fará com certeza a diferença.
Na selecção portuguesa a principal dúvida reside na composição do duplo-pivot do meio-campo e na possibilidade de utilização de Cristiano Ronaldo.
Se em relação à primeira das interrogações o enigma parece ser de fácil resolução com a mais do que previsível chamada de Costinha e Petit ao onze titular, já em relação à condição de Ronaldo a dúvida adensa-se.
Ronaldo tem vindo a dar mostras de conviver mal com a pressão de sobressair no Mundial.
O seu nervosismo tem sido bem patente e tem condicionado de forma assaz relevante o seu rendimento desportivo.
Ronaldo não desconhece que uma presença pejada de fulgor no Mundial constituirá o trampolim que a sua carreira parece necessitar para uma afirmação plena no contexto do futebol à escala planetária.
Ronaldo não olvida que os holofotes dos media, nacionais e internacionais, incidem sobre si.
Ronaldo não esquece que toda uma nação espera de si os passes de mágica que transportarão Portugal para uma dimensão superior.
Ronaldo sabe que exibições de alto quilate o farão apetecível para a generalidade dos grandes clubes europeus, possibilitando-lhe arrecadar os muitos e muitos euros que uma transferência não deixará, por certo, de render.
Tudo isto tem sido demasiado para o "puto-maravilha".
Os alicerces da forteleza psicológica de Ronaldo têm dado sinais de ruptura, dos quais as exibições menos conseguidas nos jogos de preparação e na partida inaugural do Mundial são sintoma evidente.
A instabilidade emocional que tem demonstrado, o excessivo individualismo, o recurso a "truques" vários, circenses, mas inócuos do ponto de vista colectivo, são reflexo do estado de espírito do jogador madeirense.
Será Ronaldo, perante as supra enunciadas premissas, capaz de conferir dimensão competitiva e sentido colectivo ao seu futebol?
Parece-me que sim.
Mas para que tal desiderato seja alcandorado me parece fundamental que no próximo jogo seja remetido ao banco de suplentes.
Há que transmitir a Ronaldo que, actuando como o tem vindo a fazer, é pernicioso à equipa, constituindo um problema ao invés de participar na solução.
Há que baixar os níveis de ansiedade do jovem prodígio, retirar-lhe pressão e fazê-lo ver que apenas dando um sentido colectivo às suas prestações é útil.
E depois, nada melhor que um momento de pausa para reflectir sobre o seu comportamento recente. Um "banho" de humildade constituirá tónico para elevação dos seus níveis exibicionais.
Em momento de afirmação, urge atalhar caminho.
Ronaldo é um sobredotado, mas caso não inverta a lógica que tem presidido às suas exibições, o máximo a que pode aspirar é ser contratado pelo Victor Hugo Cardinali ou pelo Chen.
Em conclusão, direi que Portugal terá pela frente uma equipa que encarará o jogo como uma questão de vida ou de morte.
O Irão empenhar-se-á a fundo e os seus jogadores darão a vida se necessário for pelo sucesso.
Com limitações técnicas e tácticas evidentes, os iranianos farão da fé a sua pedra de toque.
Correrão como loucos, irão até ao limite das suas forças pela vitória.
Portugal terá que contrariar toda essa abnegação, equiparando-se em entrega e aportando ao jogo a sua superior valia técnica e a sua superior organização táctica.
Que será complicado não duvidemos, mas que temos argumentos mais do que suficientes para ultrapassar com êxito esta dura batalha não duvidemos igualmente.

4 comentários:

Vermelho disse...

amigo zex:
concordas ou não que o Ronaldo deve "descansar"?
Abraço

Anónimo disse...

Ronaldo não sabe lidar com a pressão dos "holofotes".
Contrariamente a jogadores como Figo - no seu tempo - e, agora, João Moutinho, ambos humildes, discretos e concentrados, Ronaldo perde o controlo quando as atenções incidem sobre ele.
Neste Mundial, espera-se muito de Ronaldo: Que se afirme, definitivamente, como a estrela da companhia, que faça jogadas mirabulantes, que marque golos decisivos, em suma, que surja como o grande substituto do Figo.
Tal pressão tem-no posto nervoso e a forma de reagir a isso, talvez como sintoma de um qualquer sindroma de inferioridade, é querer fazer tudo sózinho e partir para a agressividade.
A exposição a que tem sido alvo nas revistas cor-de-rosa e a visibilidade acrescida que lhe adveio fruto da sua relação com a belíssima Merche ainda mais têm contribuído para este estado de coisas.
No Manchester, ao lado de outras vedeteas e num País desconhecido, ainda se vai mantendo mais ou menos discreto.
Mas em Portugal - vide o Benfica Manchester - ou a jogar com a selecção, não sabe ter controlo sobre si próprio.
Por isso, acho que só lhe fazia bem voltar ao banco de suplentes, lugar onde, como se sabe, iniciava os jogos no Europeu.
Talvez a partir do que se está a passar com Ronaldo se perceba melhor porque é que o Scolari não levou o Quaresma ao Mundial.
Jogador de personalidade muito idêntica à do Ronaldo, certamente iria representar mais uma problema para o Scolari resolver: quereria armar-se em vedeta, não aceitaria ficar no banco, conflituaria com os jogadores mais velhos.
Uma selecção não pode ser só um aglomerado de bons jogadores mas, principalmente, uma equipa harmoniosa, onde todos se dêm bem e saibam o seu lugar, respeitem o treinador e trabalhem em prol do conjunto.
E com o grupo de jogadores que levou ao Mundial, Scolari tem garantido esse espírito.
Só Ronaldo tem mostrado alguma dificuldade em perceber tudo isso, mas Scolari está ainda a tempo de o ensinar.
E parece que é isso que vai fazr contra o Irão, colocando-o, de início, no banco, mas preservando a imagem do jogador ao fazer sair a notícia de que está com mialgia.
Mais uma vez andou bem, me parece, o treinador, o Snr. Administrador e o condómino Zex que me desculpem.
Para o seu lugar, eu daria uma oportunidade ao Boa Morte, pois que o Simulão não me convenceu no jogo que fez com Angola

Vermelho disse...

amigo meireles:
certamente que sim.
Um grande abraço e deixe-me dizer-lhe que é sempre um prazer contar com as prestações do amigo para abrilhantar ainda mais este nosso espaço.

Anónimo disse...

Como tantas outras, amigo Jorge Mínimo, como tantas outras.
Ainda o ano passado tivemos o caso "Maxi Lopez", que, dado como certo no Benfa, acabou na Barça.
Mais atrás, a curta metragem do "Ricardo", que foi para o SCP depois de garantido na Luz.
E já este ano, a novela "Katsouranis", o caso "Robert Pires", e vamos ver como termina o folhetim "Miguelito", que ainda agora está a ter o seu início.