quarta-feira, junho 21, 2006

Antevisão do Portugal/México

Portugal defronta hoje o México no mais fácil dos 3 jogos da 1ª fase do Mundial.
Mais fácil não pela valia do adversário, pois que essa é indubitavelmente superior à dos anteriores oponentes, mas pela circunstância de já se encontrar qualificado para os oitavos de final.
Tal como Scolari deixou entender, a Selecção Nacional mostra-se pouco preocupada em obter o primeiro lugar no seu grupo, preferindo dar ênfase a outros aspectos.
Desde logo, Scolari preferiu e bem sobrelevar a gestão do grupo procurando preservá-lo de eventuais castigos.
Concomitantemente, tal gestão permitirá dar alento e motivação aos menos utilizados, transmitindo-lhes a noção da sua importância no seio do grupo.
Depois, permite reforçar a união do grupo através da rotatividade imprimida.
Se conseguirmos vencer ou empatar com o México e, assim, alcançar o primeiro lugar no grupo, tudo bem, mas igualmente bem ficaremos se não lograrmos tal desiderato.
O mais importante, leia-se a qualificação, já conseguimos, agora há que ponderar outras variáveis tão ou mais relevantes do que a posição final no grupo.
Ser primeiro quando se cruza com Argentina ou Holanda parece-me irrelevante, ainda para mais quando se desconhece a equipa que defrontaremos nos oitavos de final.
Holanda e Argentina situam-se num patamar qualitativo demasiado idêntico para que assuma importância relevante defrontar uma ou outra.
A Argentina aparenta uma melhor condição, mas em jogos a eliminar tal convicção pode ser facilmente desmentida.
Aí o que conta é o momento, o instante. A maior ou menor inspiração do momento pode determinar o desfecho final.
Em relação à Holanda apresentamos vantagem histórica, mas, de igual modo, me parece ser este factor a desconsiderar.
A tradição não ganha jogos e confesso que sempre me fez alguma confusão a importância que se dá ao histórico dos confrontos entre equipas. Se disser respeito a uma mesma época desportiva percebo a relevância, mas se se reportar ao conjunto dos jogos realizados ao longo de várias épocas já não compreendo.
Tratando-se de uma competição a um só jogo, plúrimos factores e circunstâncias podem influir no resultado final.
Muitas vezes, a valia intrínseca das equipas não encontra correspondência na sua produção naquele específico jogo.
É evidente que quem dispõe dos melhores jogadores e em superior momento de forma tem mais condições para vencer, mas basta a verificação de um acontecimento imprevisto para que toda a lógica que a partida encerrava seja completamente modificada.
Uma expulsão, um fora de jogo mal assinalado ou um por assinalar, um golo que não é validado quando o deveria ser ou o inverso, uma lesão, etc. podem fazer alterar o curso de um jogo, retirando-lhe ou cerceando-lhe a lógica que lhe parecia imanente.
Destarte, ser primeiro ou segundo é para mim indiferente do ponto de vista do adversário a encontrar. Apenas poderá relevar ao nível dos índices de confiança e motivação.
Mas, ainda neste particular, resultando um eventual desaire da promoção de uma rotação, tais aspectos surgem claramente enfraquecidos aos olhos do grupo.
Perder com a "segunda equipa" não abalará os alicerces da confiança e da motivação dos "titulares".
Scolari já afirmou que irá proceder a 5 alterações, motivadas pela "icterícia" de alguns jogadores.
Seria desejável que não se ficasse por aqui. Pelo menos, Figo merecia descansar.
A gestão da condição física de Figo assume foros de importância decisiva para a equipa.
Sem Figo na pleinitude das suas capacidades, Portugal perde muita da sua capacidade de criação no último terço. E perde uma referência, com toda a importância que tal encerra para a equipa e para o próprio adversário.
Sendo o jogo com o México um mero pro forma, aconselhava a prudência que Figo não fosse sujeito a um desgaste inútil.
Veremos o que faz Scolari.
Mesmo alinhando com uma mescla de titulares e reservista, Portugal tem capacidade para derrotar um México que ainda não se encontrou e que se mostra privado da sua maior estrela.
Lavolpe de tanto mexer, ainda não conseguiu aportar rotinas à equipa.
O México vagueia ao sabor da maior ou menor inspiração de alguns dos seus jogadores, como Zinha e Omar Bravo.
Não apresenta um modelo de jogo consolidado ou consistente, vivendo do improviso.
A organização que Portugal não deixará de apresentar será suficiente para, pelo menos, não perder.
Aliás, ao México o empate basta para garantir a qualificação, pelo que abordará o jogo imbuído de uma atitude de maior expectativa, resguardando-se e espreitando a possibilidade de desferir contra-ataques rápidos.
Jogo previsivelmente equilibrado e muito jogado a meio-campo.

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