terça-feira, junho 20, 2006

Entrevista de Nani a "O Jogo"

O JOGO A primeira temporada como futebolista sénior correspondeu às suas expectativas, ou superou-as?
NANI Sempre acreditei nas minhas capacidades, mas devo confessar que nunca esperei jogar com tanta frequência. Contudo, depois da entrada do mister Paulo Bento para o comando da equipa, as coisas mudaram, passei a ser mais utilizado, e a minha confiança também aumentou.
P E foi dos mais utilizados do plantel, tendo participado em 29 jogos, num total de 1767 minutos. Isso é mais um motivo de satisfação?
R Fico muito orgulhoso. É uma felicidade enorme isso ter acontecido. No início da época, tinha um objectivo, que passava por jogar na equipa principal, mas agora penso de outra maneira. Quero ganhar títulos e evoluir ao máximo enquanto jogador.
P A transição do futebol juvenil para o patamar profissional foi muito complicada?
R Eu tinha a noção de que seria um processo difícil, mas garanto que, quando surgiram as oportunidades, não tive medo. Eu via os jogos dos seniores na televisão e pensava: “Eu posso jogar ali.” Por isso, quando me foram dadas hipóteses de jogar, nunca tive medo do desafio.
P Paulo Bento foi seu técnico nos juniores, mas o facto de também existirem no plantel colegas que conhecia bem, casos do João Moutinho e do André Marques, facilitou a sua integração?
R Também ajudou, mas a minha integração foi fácil, pois todos os colegas me ajudaram muito. Falavam comigo, diziam-me para estar à vontade, e o facto de eu começar a jogar com regularidade também me deu outro à-vontade e maior tranquilidade – e os próprios colegas sentiram isso.
P Passou do anonimato para a ribalta, e agora toda a gente fala de si. Isso modificou a sua maneira de ser?
R Tenho a noção de que falam muito sobre mim, mas não ligo. Às vezes, as pessoas é que falam comigo na rua, abordam-me, mas é tudo normal. No trabalho é que é importante eu mostrar a minha evolução, e é nisso que procuro concentrar-me.
P Nesta sua primeira época como sénior, Paulo Bento utilizou-o mais como interior esquerdo. É nessas funções que se sente bem?
R Quando comecei a jogar, foi como apoio aos atacantes, mas sinto-me bem a actuar como extremo, ou na posição em que joguei mais esta temporada. Aquilo que eu quero é ter a bola em meu poder e progredir com ela. O resto não me faz qualquer diferença.
P Um dos seus principais atributos é o remate, o que lhe rendeu cinco golos na última época. É, de facto, uma das armas mais fortes do seu futebol?
R [sorriso confiante] Penso que, na próxima temporada, vou marcar mais golos. A minha confiança será outra e isso poderá render-me mais golos. Vou marcar de pé direito e de pé esquerdo. Eu não faço distinção. Vou treinar muito esse aspecto, pois sei que posso ser ainda melhor.
P O que é que aprendeu na sua primeira experiência enquanto profissional de futebol?
R Estou mais maduro e, por consequência, entendo melhor o jogo. Já tenho a noção de quando é que devo acelerar ou pausar o ritmo da partida. Nesse sentido, foi muito importante o apoio que os meus colegas me deram, pois ensinaram-me bastante. Esse era um dos meus grandes problemas, não sabia controlar os impulsos, era muito precipitado.
P Existe a ideia de que, por vezes, abusa das iniciativas individuais. Concorda com esta leitura, ou tem uma ideia diferente?
R Eu não ligo ao que as pessoas possam pensar, até porque cada um tem as suas ideias. Se, por vezes, parto para os lances individuais é porque penso que isso é o melhor para mim e para a equipa. Admito que, às vezes, posso exagerar, mas, quando o faço, tenho a ideia de que estou à procura do melhor para a equipa. Os próprios colegas incentivam-me a fazê-lo, para ir para cima dos adversários, pois reconhecem as minhas qualidades.
P Muito se disse que a juventude reinante no plantel do Sporting poderá ter condicionado a equipa em determinados momentos. Concorda?
R Houve uma altura em que as coisas não estavam a correr-nos bem, em termos colectivos, e falou-se de vários factores. A nossa equipa podia ter muitos jogadores novos, mas mostrámos que não era esse o problema e demos a volta à situação. Afinal, fomos o conjunto com maior número de triunfos consecutivos na Liga.
P Ainda assim, a derrota no jogo com o FC Porto, em Alvalade, impossibilitou que chegassem ao título...
R Estávamos muito confiantes em conseguir algo mais do que o segundo lugar, e isso implicava vencer a Liga ou a Taça de Portugal. Ficámos tristes por perder com o FC Porto, mas não baixámos a cabeça, pois sabíamos que ainda havia objectivos por alcançar. E conseguimos o apuramento directo para a Liga dos Campeões, o que é muito importante para o clube. Agora quero ser campeão no Sporting, é um sonho que persigo e gostava de o concretizar já na próxima época. Uma fez que cumpri o sonho de jogar na equipa principal, agora falta-me este.
P Paulo Bento já o conhecia dos juniores. Isso facilitou o seu progresso na equipa principal do Sporting?
R Foi muito importante, pois passei a trabalhar com um treinador que já sabia perfeitamente aquilo que eu lhe podia dar e, quando me pedia o que quer que fosse, sabia que eu faria tudo para corresponder.
P Quais são as principais virtudes de Paulo Bento?
R Como treinador e pessoa, é cinco estrelas. O facto de ter sido jogador permite-lhe entender melhor os atletas, e isso é muito importante para nós. Sabe aquilo que nos deve dizer, sabe ouvir-nos, dá-nos conselhos. Gosto muito dele.
P Como é o Nani fora dos relvados?
R Sou sobretudo uma pessoa divertida. Gosto de me divertir com os meus amigos, eles até me costumam dizer que nem pareço um jogador de futebol profissional, pois estou sempre na brincadeira. Já no Sporting sou assim, estou sempre na palhaçada com os meus colegas. Gosto de me rir.
P E é viciado em jogos da Playstation...
R Pois sou, sobretudo no “Pro Evolution Soccer 4”, um jogo de futebol. Costumamos jogar bastante nos estágios, fazemos mesmo alguns torneios, que normalmente são ganhos pelo Miguel Garcia. Ele é craque. Depois há uns duelos interessantes entre mim e o João Moutinho. Costumo jogar sempre com o Barcelona, mas os nossos confrontos são equilibrados.
P Ainda estuda ou deixou a escola para segundo plano?
R Na verdade, parei no 8.º ano, pois as exigências competitivas começaram a ser muitas e tudo se complicou, mas tenho o objectivo de voltar a estudar, para completar, no mínimo, o 12.º ano.
O JOGO Tem muitas saudades dos tempos em que jogava no Real Sport Clube, em Massamá?
NANI Muitas, mesmo. No meu último ano, como juvenil, tínhamos uma grande equipa, com um grande treinador. Acabámos por subir ao campeonato nacional e eu fui o melhor marcador da prova.
P Nesses tempos, dava os primeiros pontapés na bola com o Manuel Fernandes [Benfica] e o Vaz Tê [Bolton]. Eram as "feras" lá do bairro?
R Tínhamos uma equipa onde jogávamos eu, o Manuel Fernandes e o Sabino, que também jogou no Sporting. “Limpávamos” tudo, mesmo contra os jogadores mais velhos. Uma vez, disputámos um torneio, e o Vaz Tê juntou-se a nós. Só perdemos na final e frente a uma equipa que já tínhamos goleado. Perdemos 6-5, eu marquei os cinco golos, mas, mesmo assim, disseram que eu tinha enterrado a malta. Grande lata [risos]… Bons tempos. Hoje, lembro-me muito desse período, mas ficou a nossa relação, com eles e com o Tuga, que há pouco tempo assinou pelo Guimarães. É um grande jogador.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns, condómino Mínimo, imagino os impropérios que terá de ouvir do Zex sempre que lhe ganha um jogo.
Eu é mais Call of Duty 2 na Net.