Disputa-se hoje mais uma eliminatória da Taça de Portugal.
Actualmente, esta competição, a segunda na hierarquia de importância do futebol português, mostra-se desvalorizada.
Os clubes de primeiro plano do futebol luso muito contribuíram para o actual estado de coisas.
A desconsideração a que votaram as partidas da Taça, ao nível do discurso e da praxis, conduziu à degradação da imagem de tão vetusta competição.
O aproveitamento dos jogos da Taça para dar minutos aos jogadores menos utilizados, para cumprir castigos pré-anunciados e a desvalorização do insucesso são factores que encaminharam a Taça de Portugal para a penumbra competitiva.
A Taça é encarada com enfado, como se de uma mera obrigação se tratasse.
Apenas nas fases mais avançadas da competição e face aos insucessos desportivos noutras disputas, os clubes lhe conferem a devida e merecida relevância.
Bem sei que nunca granejou a mesma relevância da Taça do Rei ou da Taça de Inglaterra, mas o cenário mostra-se, hoje, francamente degradado.
Suscita-me esta questão a abordagem de uma outra mais ampla, qual seja a alteração dos quadros competitivos.
A anunciada redução do número de equipas nas Ligas profissionais foi, sem dúvida, um primeiro passo nesse sentido.
Aliás, acaso não houvesse sido legislativamente ordenada, certamente que o seria economicamente, atento o depauperado estado das finanças da maioria dos clubes portugueses.
Mas, cingirmo-nos a tal medida parece-me redutor.
A redução de equipas fará com que a 1ª Liga venha a ser disputada por 16 equipas na próxima época, ou seja, criar-se-á um vazio competitivo em quatro semanas.
Dir-me-ão que tal empobrecerá, ainda mais, os clubes, privando-os de receitas.
Nada de mais correcto, caso se permaneça no imobilismo.
De há muito que propugno a criação da Taça da Liga, à semelhança do que sucede na generalidade dos países europeus.
O advento de tal competição preenche o assinalado vazio, com vantagens evidentes, quer ao nível da competitividade, quer consequentemente ao nível do interesse suscitado e, como tal, dos proventos a obter.
Julgo, aliás, que se deveria ir mais longe.
A 1ª Liga deveria ser disputada, apenas, por 14 clubes, pois os campeonatos nacionais mostram-se sobredimensionados.
Tal permitiria reforçar a competitividade, aumentar o interesse pela competição, incrementando receitas, abrir espaço para outras competições e para a reformulação das já existentes.
Mais permitiria uma menor sobrecarga competitiva dos clubes envolvidos nas competições europeias, para além da existência de mais datas para a preparação da selecção nacional.
Por outro lado, a Taça de Portugal deveria ser reformulada.
Os clubes da 1ª Liga apurados para a disputa de competições europeias deveriam entrar na competição apenas nos oitavos de final.
Independentemente do resultado do sorteio, o clube de divisão inferior deveria, sempre, jogar na condição de visitado.
Os quartos e meia final deveriam ser disputados a duas mãos.
Os jogos deveriam ser marcados para o fim de semana, o que, actualmente, não sucede, nem pode acontecer face à míngua de datas disponíveis.
A 2ª Liga deveria ser disputada em duas zonas, Norte e Sul, com oito equipas cada.
Existira uma primeira triagem na qual as equipas de cada zona jogariam entre si, a duas voltas.
Apurar-se-iam as quatro primeiras de cada zona para a discussão, a duas voltas, da subida de divisão e as quatro últimas de cada zona para disputarem a permanência.
Decresceriam as despesas e aumentariam as receitas, estou certo.
Espero e desejo que esta questão seja, pelo menos, equacionada na revisão da lei do sistema desportivo.
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