quarta-feira, agosto 29, 2007

Análise ao Copenhaga-Benfica


LIGA DOS CAMPEÕES - 3.ª PRÉ-ELIMINATÓRIA (2.ª MÃO)

FC COPENHAGA-BENFICA

Estádio: Parken, em Copenhaga
Hora: 19:45
Árbitro: Eric Braamhaar (Holanda)

FC COPENHAGA - Christiansen; Kvist, Gravgaard, Hangeland, Jensen; Silberbauer, Norregaard, Würtz, Hutchinson; Nordstrand e Allbäck.

Treinador: Stale Solbakken.

Suplentes: Coe, Wendt, Bertolt, Sionko e Ailton.

BENFICA - Quim; Nélson, Katsouranis, Miguel Vítor, Léo; Luís Filipe, Petit, Rui Costa, Di María; Nuno Gomes e Cardozo.

Treinador: José Antonio Camacho.

Suplentes: Butt, Miguelito, Fábio Coentrão, Nuno Assis, Romeu Ribeiro, Freddy Adu e Bergessio.


Hoje, em conversa com um amigo, estimado condómino deste espaço, discutíamos a situação do Benfica, mormente a recente substituição do treinador.
Advoguei as vantagens da solução Camacho.
O jogo desta noite confirmou a minha convicção.
E porquê?
Simples, basta comparar a partida desta noite com aquela disputada há cerca de um ano no mesmo palco.
O resultado foi distinto e foi-o como decorrência natural da acção de cada um dos treinadores.
Desde logo, ao nível do discurso.
Camacho revelou ambição e desejo de vencer.
Santos conformismo, pequenez e temor.
Depois e como consequência do discurso a praxis, isto é, a atitude da equipa face ao jogo.
Esta noite, demonstrou confiança, desejo veemente de fortuna e de glória, espírito de grupo e de conquista.
No ano passado, apatia e falta de iniciativa.
A par do discurso, a própria personalidade de cada um dos treinadores.
Camacho decide, participa, intervêm, dirige e empolga-se.
Santos é quase um ser inanimado, sempre carrancudo ou em bom português sempre com “aquela cara de quem todos lhe devem e não lhe paga”.
Claro está que a equipa reflecte e absorve estas diferentes abordagens ao jogo.
Encorpando o discurso e acompanhando a atitude, o modelo de jogo.
Camacho preferiu a auto-determinação, reforçando a auto-estima da equipa.
Santos a hetero-determinação, jogando em função do adversário, condicionando emocionalmente a equipa.
Como efeito do axioma discurso-atitude, o modo como a equipa encarou o encontro determinou e muito a forma como logrou obter um resultado prazenteiro.
Hoje, soube sofrer e transcender-se em nome da ambição de vencer.
Ontem, não ousou sequer querer ganhar e, por isso, limitou-se à fronteira das suas capacidades.
Por fim, algo frequentemente mal avaliado – o factor “Gastão”.
Camacho é um “pé-quente”.
Santos é um “pé-gelado” (Com Santos ao leme, estou seguro que, pelo menos, uma das oportunidade de que o Copenhaga beneficiou no primeiro quarto de hora de jogo teria resultado em golo).
Regressando à partida desta noite, dizer que o Benfica sem realizar uma exibição de grande monta, soube expressar o melhor das suas qualidades actuais e mesmo até excedê-las em alguns momentos da partida para triunfar.
Começou titubeante, varrido que foi pela avalanche ofensiva dinamarquesa.
O ímpeto inicial dos dinamarqueses empurrou o Benfica para a sua área.
Aí, houve que sofrer e a equipa fê-lo.
Cerrou fileiras em nome do ideal de vitória.
Conheceu o fado da fortuna?
Claro que sim, mas também evidenciou muita competência na defesa do seu extremo reduto.
Miguel Vítor foi um gigante, sempre bem acolitado por Katsouranis e por um surpreendentemente sólido Nelson.
Passada a tormenta, na sua primeira iniciativa atacante, o golo apaziguador, numa soberba penta execução – Rui Costa colocou em Cardozo, este em Nuno Gomes, que amorteceu para o remate imparável de Katsouranis.
Estava encontrado o trilho da qualificação.
O Benfica estabilizou, serenou, respirou fundo e, como tal, passou a controlar o jogo.
O Copenhaga atordoado por tão inesperado acontecimento, não mais recuperou a consciência.
Até final, alardeando um perfeito controlo emocional das expectativas, o Benfica dominou o curso da partida, não mais permitindo veleidades consistentes aos nórdicos.
A relevância deste encontro extravasava a simples vertente desportiva, estendendo-se do prestígio internacional aos tão decisivos soldos, leia-se, pelo menos 10 milhões de euros.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Benfica marca presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, consolidando fama internacional e acentuando a política de equilíbrio financeiro encetada pela administração da SAD.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Análise à 2ª Jornada da Liga Bwin

FC Porto 1 – 0 Sporting

Estádio: Estádio do Dragão Espect.: 49709
Árbitros: Pedro Proença, Aux - Ricardo Santos,Tiago Trigo

FC Porto: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel e Fucile; Lucho, Paulo Assunção e Raul Meireles; Tarik, Lisandro e Quaresma.

Suplentes: Nuno, Stepanov, Cech, Bolatti, Leandro Lima, Mariano Gonzalez e Postiga.

Substituições
46' Tarik Sektioui por Hélder Postiga
66' Raul Meireles por Mariano Gonzalez
85' Lisandro Lopez por Bolatti

Sporting: Stojkovic; Abel, Tonel, Polga e Ronny; João Moutinho, Miguel Veloso, Romagnoli e Izmailov; Derlei e Liedson.

Suplentes: Tiago, Gladstone, Had, Farnerud, Pereirinha, Vukcevic e Yannick.

Substituições
63' Izmailov por Simon Vukcevic
76' Ronny por Bruno Pereirinha
76' Abel por Yannick Djaló



Eficácia.
Assim se resume a justeza de uma vitória.
Numa partida quase sempre pautada pelos equilíbrios, um erro e o seu subsequente aproveitamento ditaram o vencedor.
Jesualdo estruturou a sua equipa no habitual 4x3x3, sendo certo, todavia, que lhe introduziu uma nuance, que em muito determinou o desenvolvimento do processo ofensivo azul e branco.
Abdicou de um ponta de lança nato em detrimento da colocação de Lisandro nessa posição.
Mais uma vez, Jesualdo preferiu a hetero-determinação.
Através da colocação de Lisandro na zona central na cobertura zonal a Miguel Veloso, Jesualdo condicionou o primeiro momento de construção ofensiva leonina, reduzindo-o a uma expressão quase insignificante, mas, concomitantemente, perdeu profundidade atacante.
Com excepção de um ou outro lance de pura inspiração individual (vide lance de Tarik) e de uma ou outra situação de bola parada (vide lance de Quaresma), o Porto não conseguiu ligar o seu processo ofensivo.
A falta de uma referência central, esterilizou o momento atacante portista.
Paulo Bento manteve-se fiel ao seu esquema táctico de eleição, 4x4x2 em losango.
Se noutras ocasiões o Sporting logrou alcançar predomínio claro sobre o Porto na zona intermediária, fruto das basculações dos médios interiores e da liberdade de movimentos concedida ao pivot defensivo, neste jogo tal não sucedeu.
Não aconteceu, desde logo, porque Miguel Veloso viu a sua acção cerceada por Lisandro.
Depois, porque Abel e Ronny nunca deram profundidade ofensiva pelo flanco, assoberbados que estavam com a cobertura aos extremos portistas.
Por fim, porque Izmailov nunca se assumiu como um verdadeiro interior (procurou sempre a ala e nunca o espaço interior) para além da sua colocação à direita ter implicado a derivação de Moutinho para o vértice esquerdo do losango.
No vértice esquerdo, Moutinho não consegue expressar as suas melhores qualidades na interpretação do modelo táctico idealizado por Paulo Bento.
Uma das mais valias de Moutinho, quiçá a tacticamente mais relevante, são os seus movimentos laterais para as alas, os quais, pura e simplesmente, não aparecem à esquerda.
Izmailov é um ala e falha nos movimentos interiores que o losango exige.
Descaracterizou o losango e permitiu ao Porto equilibrar o jogo na zona central (3 unidades para igual número por parte do Sporting).
Assim, sem profundidade pelas alas e sem dinâmica por banda dos médios interiores, o Sporting não existiu ofensivamente.
Incapaz de emprestar velocidade à transição ofensiva, o Sporting nunca se acercou com perigo da baliza de Helton na primeira parte.
Ao intervalo, o 0-0 era o espelho fiel de uma partida pautada pela rigidez táctica e pelo “resultadismo”.
Para a 2ª parte, Jesualdo fez entrar Postiga para o lugar de Tarik.
Prescindiu de jogar em função do adversário e assumiu vontade de triunfar.
Contudo, esticou a manta e destapou os pés.
Com Miguel Veloso livre de marcação, o Sporting ganhou ascendente na partida.
Se na 1ª parte, o Sporting havia sido um zero ofensivamente, no dealbar da 2ª começou a aparecer com perigo na área portista e a dominar e controlar o jogo.
Seguia assim a partida sob o comando leonino, quando Stojkovic incorre num erro de principiante.
Atraso de Polga e o guarda-redes sérvio segura a bola com as mãos, concedendo um livre indirecto na sua área a favor do Porto.
No livre, o golo portista (realce para a rápida e brilhante decisão de Lucho ao optar por colocar a bola em Meireles).
Este erro de Stojkovic foi, aliás, reflexo de uma prestação claramente menos conseguida.
Sucessivas hesitações a jogar com os pés e péssimo controlo aéreo da sua área, nunca transmitindo segurança à equipa.
Em vantagem, o Porto optou por um recuo estratégico – desceu as suas linhas e entregou, em definitivo, a iniciativa de jogo ao Sporting.
Em desvantagem, Bento mexeu na equipa, introduzindo Pereirinha e Djalló para os lugares de Abel e Ronny.
Alterou o sistema táctico, passando a actuar num 3x5x2, em vista de uma maior agressividade ofensiva.
Tonel, Polga e Veloso, passaram a compor o trio defensivo, Moutinho, Pereirinha e Romagnoli o centro do meio-campo, Vukcevic (que antes havia substituído Izmailov) e Derlei as alas, ao passo que Liedson e Djalló se postaram no centro do ataque.
Contudo, o Sporting apenas logrou construir uma clara oportunidade de golo e mesmo esta fruto de uma fífia monumental de Helton (remate de Derlei à figura do brasileiro e que este deixou fugir para as suas costas).
É usual dizer-se em futebolês que este tipo de jogos se decide nos pormenores e este confirmou esse postulado.
Um erro, aproveitamento e vitória.
No Porto, destaque, acima de tudo, para o colectivo, ainda que Fucile tenha sobressaído um pouco dos demais pela constância do seu rendimento.
Uma nota para Quaresma, no sentido de enfatizar a sua importância no momento ofensivo portista, mas também para referir que denota uma certa regressão no seu processo de crescimento futebolístico iniciado com Adriaanse.
Demasiado individualista, perdeu-se no seu próprio reportório técnico, esquecendo a dimensão colectiva que deve presidir às suas acções.
No Sporting, realce para Ronny, uma verdadeira surpresa o equilíbrio defensivo da sua exibição.
Notas negativas para Stojkovic, Polga, estranhamente intranquilo e acumulando erros pouco habituais, e para Liedson, principalmente pela simulação em que incorreu.
Com a equipa a perder, Liedson simulou ter sido agredido e não satisfeito permaneceu no chão o tempo suficiente para que Abel fosse forçado a atirar a bola fora para que lhe fosse prestada a supostamente necessária assistência médica.
Veremos como procede a Comissão Disciplinar da Liga!
Quanto ao trabalho de Pedro Proença, dizer que se ajuizou correctamente a esmagadora maioria dos lances, mormente aquele que resultou no livre indirecto a favor do Porto, falhou no capítulo disciplinar.
Quaresma por entrada sobre Miguel Veloso e Pedro Emanuel por agressão a Derlei deveriam ter sido expulsos.
Por outro lado, Derlei, por acumulação de amarelos, deveria, igualmente, ter recebido ordem de exclusão.

Benfica 0-0 V. Guimarães

Estádio da Luz Espect.: 52464
Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal)

Benfica

Quim; Nélson, Katsouranis, Miguel Vítor e Léo; Petit, Nuno Assis, Rui Costa e Fábio Coentrão; Nuno Gomes e Cardozo

Suplentes: Butt, Luís Filipe, Miguelito, Andrés Díaz, Romeu Ribeiro, Bergessio e Adu

Substituições
70' Nuno Gomes por Romeu Ribeiro
72' Fábio Coentrão por Luís Filipe
81' Cardozo por Bergessio

V. Guimarães

Nilson; Sereno, Danilo, Geromel e Andrezinho; Flávio Meireles, João Alves e Fajardo; Carlitos, Mrdakovic e Alan

Suplentes: Nuno Santos, Luciano Amaral, Radanovic, Moreno, Desmarets, Ghilas e Felipe

Substituições

56' Alan por Ghilas
64' Carlitos por Desmarets
75' Danilo por Moreno

Na Luz, Camacho não logrou “Salir a gañar”.
José António Camacho, pelo seu carisma e personalidade, apresenta um estilo de liderança forte, decidido e afirmativo.
Camacho é, sobretudo, um homem pragmático, firme e objectivo, que cedo conseguiu criar empatia com os adeptos do Benfica.
Santos deixou uma herança pesada – uma equipa destroçada emocionalmente, com reduzidos níveis de auto-estima, fisicamente despedaçada e com um plantel condicionado ao 4x4x2 em losango.
O primeiro dos trabalhos de Camacho passa pela recuperação dos níveis de confiança dos seus jogadores.
Ontem, os jogadores do Benfica jogaram sobre brasas, sem um pingo de confiança (vide lance de Coentrão em que não assume o remate).
Ontem, ainda não se viram resultados visíveis da sua acção neste particular, mas estou certo que, em breve, tal sucederá, até porque se há campo em que Camacho é forte é, precisamente, o psicológico.
O segundo dos trabalhos de Camacho assenta na reabilitação física da equipa.
A paragem do campeonato motivada pelos compromissos da selecção nacional será o momento ideal para que tal aconteça.
Ontem, o Benfica foi sempre uma equipa “pesada” ou, como se diz em futebolês, uma equipa que “não andou”.
A partir dos 30 minutos iniciais, a equipa denotou sinais claros de falta de frescura física.
Last but not least, cabe a Camacho reconstruir o plantel.
Camacho é bastante tradicionalista em termos tácticos (e pouco brilhante, diga-se) – geralmente oscila entre o 4x2x3x1, o 4x3x3 ou o 4x4x2.
Ou seja, modelos que contemplam dois extremos, ao contrário do que sucedia com o sistema preconizado por Santos.
Ontem, à míngua de alternativas válidas, teve que recorrer a Coentrão e Assis!!!
Há que reconstruir o plantel, dotando-o de jogadores capazes de interpretar o esquema táctico ao gosto do treinador.
Ontem, o Benfica não ganhou ao Vitória, mas, pelo menos, já vivi uma alegria que Santos nunca seria capaz de me proporcionar – a aposta em Miguel Vítor e Romeu Ribeiro.
Também por isto, uns criam empatia e outros antipatia.

domingo, agosto 19, 2007

Análise à 1ª Jornada da Liga Bwin

José Mourinho é reconhecidamente um dos melhores treinadores mundiais.
As razões do seu sucesso são várias – Conhecimento, método e organização, serão algumas das mais relevantes.
Todavia, tenho para mim que aquilo que mais o distingue é a sua capacidade de liderança.
Mourinho assume-se sempre como “primus inter partes” nos grupos que é chamado a dirigir.
Os seus êxitos são em muito tributários da sua invulgar aptidão para chefiar e agregar os jogadores sob o seu comando.
Uma governação forte aporta confiança e com segurança e uma auto-estima elevadas o rendimento desportivo emerge exponenciado.
As conquistas que alcançou no Porto resultaram, acima de tudo, da convicção, da firmeza de ânimo e do crédito que incutiu nos seus jogadores.
Sob a sua audaciosa direcção, jogadores houve que atingiram patamares de desempenho inimagináveis face ao seu anterior percurso.
É o toque de Midas de Mourinho.
Talvez, Nuno Valente seja o maior exemplo deste axioma.
Contudo, se Mourinho assim se distingue, outros há que se diferenciam pela inversa.
Podem ser mestres da táctica, conhecer ao mais ínfimo pormenor os segredos do treino ou quaisquer outras variáveis do ofício de treinador, mas não evidenciam habilitações para dirigir.
E, deste modo, naturalmente, sucumbem.
Uma liderança fraca induz níveis de confiança igualmente débeis.
Uma baixa auto-estima diminui o rendimento desportivo.
Infelizmente, é isto que hoje sucede com o Benfica.
Deficit de liderança.
A todos os níveis.
Dealba em Fernando Santos e termina em Luís Filipe Vieira.
Dotes de chefia é algo estranho à personalidade de Santos, o que já de si o fragiliza.
Se adicionarmos a contestação de que sempre foi alvo e a ausência de uma “rectaguarda” forte e impositiva, obtemos um “melting pot” altamente corrosivo.
Hoje como frente ao Copenhaga, mais do que quaisquer questões tácticas ou técnicas, o problema do Benfica foi de confiança.
Para ilustrar o efeito de Mourinho sobre os seus jogadores aludi a Nuno Valente.
No Leiria, os seus desempenhos situavam-se num plano pouco mais do que mediano.
No Porto, a sua bitola nunca desceu do bastante satisfatório.
Olhemos a actual equipa do Benfica e detenhamo-nos sobre Luís Filipe.
No Braga, a par de Bosingwa, terá sido o melhor lateral direito da Liga Bwin na época 2006-2007.
No Benfica, caminha para o obscurantismo.
Porquê?
Simplesmente, porque lhe falta convicção no seu valor.
Aumentou a exigência e, após dois falhanços em situações similares, desconfiou das suas qualidades.
E o que fez Santos?
Primeiro, criticou a sua exibição e elogiou o seu concorrente directo.
Depois, colocou-o a jogar numa posição na qual já não actuava há cerca de 3 anos e na qual as suas exibições motivaram a sua dispensa por Santos quando ao serviço do Sporting.
Por fim, estou certo, que o remeterá à penumbra do banco dos suplentes.
É isto uma prova de crença no valor do jogador?
Não, isto é “apenas” o que em futebolês se designa por “Queimar um jogador”!
Mourinho cria valor. Santos deprecia valor.
Santos é um homem acossado por plúrimos fantasmas e pelas suas próprias fragilidades. No início da época, escrevi que as grandes vantagens do Benfica seriam a manutenção dos seus principais jogadores e a consolidação de um sistema de jogo.
Pois bem, em poucos dias, a dupla Vieira e Santos tudo desbaratou.
Vieira vendeu e adquiriu a granel, ao passo que Santos regressou às hesitações tácticas do passado.
Em 2 jogos oficiais, depois de uma época e de uma pré-época a alinhar sobretudo em 4x4x2 losango, Santos já colocou a equipa a jogar em 4x3x3, em 4x2x4 e em 4x4x2 clássico (mesmo no decurso dos jogos).
Porquê?
Não compreendo.
E, ainda mais não entendo, quando Santos no momento em que dispunha de um dos melhores extremos do mundo optava pelo 4x4x2 em losango, derivando Simão para a posição 10, e na ocasião em que este saiu, a sua escolha navega por sistemas que contemplam extremos!
Ah! Adjuve-se que o plantel foi construído sob a matriz do 4x4x2 losango e que, como tal, com excepção de Coentrão, não dispõe de extremos puros!!!!
Não há equipa que resista a tantas e tamanhas derivas tácticas.
Supra referi que a ausência de liderança é extensível à direcção, mormente a Luís Filipe Vieira.
Vieira faz-me lembrar aquele boneco dos “Gatos” – Fala, fala, mas não o vejo a fazer nada.
Vende e contrata sem critério, não assume as suas responsabilidades junto do plantel e vai navegando à vista, que é como quem diz ao sabor dos impulsos irracionais da massa associativa.
Vieira é dominado por um desiderato – conservar a sua quota de popularidade junto dos sócios de forma a perpetuar-se no poder. Estou convicto que Vieira alimenta o sonho de se tornar no “Pinto da Costa do Benfica”!
E, para isso, nada melhor do que alimentar um conflito com Pinto da Costa.
Esta “guerra” permite-lhe expiar os seus insucessos, através da sua imputação ao “Demo”, mas também e simultaneamente granjear simpatias na massa associativa.
Como sabem, sempre critiquei Veiga e a sua gestão.
Não obstante, a saída de Veiga criou um vazio que urge preencher.
Vieira asseverou que o faria, mas, até hoje pouco ou nada se viu da sua acção.
Julgo que o espaço de Veiga está destinado a Rui Costa e que por isso permanece vago.
Concordo que Rui Costa seria o homem indicado para desempenhar tal função, mas a gestão de uma equipa de futebol como o Benfica não se compadece com hiatos como este.

Para finalizar, até porque este artigo já vai longo, dizer que o Sporting venceu e bem a Briosa (Briosa que vivência problemas de liderança idênticos aos do Benfica), Quaresma em dois golpes ímpares de talento derrotou o Braga, num jogo em que o empate seria o resultado mais ajustado e que o Leixões logrou empatar com inteira justeza com o Benfica.

p.s. para a semana, assim as condições o permitam, cá estarei para analisar a 2ª jornada da Liga Bwin.
Em Setembro, retomaremos a actividade diária.