José Mourinho é reconhecidamente um dos melhores treinadores mundiais.
As razões do seu sucesso são várias – Conhecimento, método e organização, serão algumas das mais relevantes.
Todavia, tenho para mim que aquilo que mais o distingue é a sua capacidade de liderança.
Mourinho assume-se sempre como “primus inter partes” nos grupos que é chamado a dirigir.
Os seus êxitos são em muito tributários da sua invulgar aptidão para chefiar e agregar os jogadores sob o seu comando.
Uma governação forte aporta confiança e com segurança e uma auto-estima elevadas o rendimento desportivo emerge exponenciado.
As conquistas que alcançou no Porto resultaram, acima de tudo, da convicção, da firmeza de ânimo e do crédito que incutiu nos seus jogadores.
Sob a sua audaciosa direcção, jogadores houve que atingiram patamares de desempenho inimagináveis face ao seu anterior percurso.
É o toque de Midas de Mourinho.
Talvez, Nuno Valente seja o maior exemplo deste axioma.
Contudo, se Mourinho assim se distingue, outros há que se diferenciam pela inversa.
Podem ser mestres da táctica, conhecer ao mais ínfimo pormenor os segredos do treino ou quaisquer outras variáveis do ofício de treinador, mas não evidenciam habilitações para dirigir.
E, deste modo, naturalmente, sucumbem.
Uma liderança fraca induz níveis de confiança igualmente débeis.
Uma baixa auto-estima diminui o rendimento desportivo.
Infelizmente, é isto que hoje sucede com o Benfica.
Deficit de liderança.
A todos os níveis.
Dealba em Fernando Santos e termina em Luís Filipe Vieira.
Dotes de chefia é algo estranho à personalidade de Santos, o que já de si o fragiliza.
Se adicionarmos a contestação de que sempre foi alvo e a ausência de uma “rectaguarda” forte e impositiva, obtemos um “melting pot” altamente corrosivo.
Hoje como frente ao Copenhaga, mais do que quaisquer questões tácticas ou técnicas, o problema do Benfica foi de confiança.
Para ilustrar o efeito de Mourinho sobre os seus jogadores aludi a Nuno Valente.
No Leiria, os seus desempenhos situavam-se num plano pouco mais do que mediano.
No Porto, a sua bitola nunca desceu do bastante satisfatório.
Olhemos a actual equipa do Benfica e detenhamo-nos sobre Luís Filipe.
No Braga, a par de Bosingwa, terá sido o melhor lateral direito da Liga Bwin na época 2006-2007.
No Benfica, caminha para o obscurantismo.
Porquê?
Simplesmente, porque lhe falta convicção no seu valor.
Aumentou a exigência e, após dois falhanços em situações similares, desconfiou das suas qualidades.
E o que fez Santos?
Primeiro, criticou a sua exibição e elogiou o seu concorrente directo.
Depois, colocou-o a jogar numa posição na qual já não actuava há cerca de 3 anos e na qual as suas exibições motivaram a sua dispensa por Santos quando ao serviço do Sporting.
Por fim, estou certo, que o remeterá à penumbra do banco dos suplentes.
É isto uma prova de crença no valor do jogador?
Não, isto é “apenas” o que em futebolês se designa por “Queimar um jogador”!
Mourinho cria valor. Santos deprecia valor.
Santos é um homem acossado por plúrimos fantasmas e pelas suas próprias fragilidades. No início da época, escrevi que as grandes vantagens do Benfica seriam a manutenção dos seus principais jogadores e a consolidação de um sistema de jogo.
Pois bem, em poucos dias, a dupla Vieira e Santos tudo desbaratou.
Vieira vendeu e adquiriu a granel, ao passo que Santos regressou às hesitações tácticas do passado.
Em 2 jogos oficiais, depois de uma época e de uma pré-época a alinhar sobretudo em 4x4x2 losango, Santos já colocou a equipa a jogar em 4x3x3, em 4x2x4 e em 4x4x2 clássico (mesmo no decurso dos jogos).
Porquê?
Não compreendo.
E, ainda mais não entendo, quando Santos no momento em que dispunha de um dos melhores extremos do mundo optava pelo 4x4x2 em losango, derivando Simão para a posição 10, e na ocasião em que este saiu, a sua escolha navega por sistemas que contemplam extremos!
Ah! Adjuve-se que o plantel foi construído sob a matriz do 4x4x2 losango e que, como tal, com excepção de Coentrão, não dispõe de extremos puros!!!!
Não há equipa que resista a tantas e tamanhas derivas tácticas.
Supra referi que a ausência de liderança é extensível à direcção, mormente a Luís Filipe Vieira.
Vieira faz-me lembrar aquele boneco dos “Gatos” – Fala, fala, mas não o vejo a fazer nada.
Vende e contrata sem critério, não assume as suas responsabilidades junto do plantel e vai navegando à vista, que é como quem diz ao sabor dos impulsos irracionais da massa associativa.
Vieira é dominado por um desiderato – conservar a sua quota de popularidade junto dos sócios de forma a perpetuar-se no poder. Estou convicto que Vieira alimenta o sonho de se tornar no “Pinto da Costa do Benfica”!
E, para isso, nada melhor do que alimentar um conflito com Pinto da Costa.
Esta “guerra” permite-lhe expiar os seus insucessos, através da sua imputação ao “Demo”, mas também e simultaneamente granjear simpatias na massa associativa.
Como sabem, sempre critiquei Veiga e a sua gestão.
Não obstante, a saída de Veiga criou um vazio que urge preencher.
Vieira asseverou que o faria, mas, até hoje pouco ou nada se viu da sua acção.
Julgo que o espaço de Veiga está destinado a Rui Costa e que por isso permanece vago.
Concordo que Rui Costa seria o homem indicado para desempenhar tal função, mas a gestão de uma equipa de futebol como o Benfica não se compadece com hiatos como este.
Para finalizar, até porque este artigo já vai longo, dizer que o Sporting venceu e bem a Briosa (Briosa que vivência problemas de liderança idênticos aos do Benfica), Quaresma em dois golpes ímpares de talento derrotou o Braga, num jogo em que o empate seria o resultado mais ajustado e que o Leixões logrou empatar com inteira justeza com o Benfica.
p.s. para a semana, assim as condições o permitam, cá estarei para analisar a 2ª jornada da Liga Bwin.
Em Setembro, retomaremos a actividade diária.
1 comentário:
Caro Sr. Administrador:
Apesar de me encontrar a banhos na belíssima praia da Costa Nova, não resisti a dar uma olhada ao que se passava no blog. É a grande vantagem de trazer o laptop para férias!
Ao ler o título do seu post pensei que iria falar sobre o que se passou nesta jornada. Nada mais enganador! Trata-se somente de um desabafo seu, sobre os males que aparentemente assolam o seu Benfica. Como deve calcular, esse não é um tema que me interesse. A única coisa que me fará estar atento é, se o chulo do Imbecil irá pedir indemnização ao Benfica, como fez com o Sporting, ou se mais uma vez não quer receber nada pela rescisão do contrato.
Em relação à primeira jornada, vitórias justas do Sporting e do FC Porto, também empate justo do Benfica frente a um Leixões que efectuou uma boa exibição. Destaque especial para os belos golos do Quaresma (2º) e do Derlei, que me parece a anos-luz da sua prestação na Superliga do ano passado.
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