quinta-feira, abril 29, 2010

Assim se vê a força do SLB!

Waka Waka – a música oficial do Mundial de 2010

Artigo de Opinião de Leonor Pinhão

Deixem lá jogar o Falcao! (ou «admito que levei uma palmada, mas até gostei…»)

O Sporting de Braga está a um ponto de garantir o apuramento para a fase de qualificação da Liga dos Campeões de 2010/2011 e o Benfica está a um ponto de conseguir ganhar o campeonato nacional de 2009/2010. Tudo isto a duas jornadas do fim da prova quando os exercícios de aritmética vão apertando, apertando… Se quisermos analisar o assunto através do cálculo das probabilidades, conclui-se que é tão difícil para o FC Porto chegar à Liga dos Campeões como é difícil para o Sporting de Braga chegar ao título. No entanto, tratando-se de futebol, tudo é possível. O próprio Domingos Paciência, competente treinador do superBraga, fez questão de recordar há poucos dias que se lembra muito bem de já ter visto o Desportivo da Corunha perder um título nacional espanhol no último minuto do último jogo.
E quem é que não se lembra de um fenómeno como aquele que deixou em lágrimas os nossos irmão galegos? Na temporada de 1993/1994, o Desportivo da Corunha liderou o campeonato de Espanha desde a 14.ª jornada até à penúltima ronda, entrou em campo para o derradeiro jogo, contra o Valência, com uma margem mínima de avanço sobre o Barcelona, segundo classificado, e não só não conseguiu ganhar aos valencianos, jogando em casa, como ainda teve de suportar o inferno de ver o seu avançado sérvio Djukic falhar uma grande penalidade nos momentos finais do jogo.
Longe vá o agouro, não é Domingos?
De qualquer modo, para quem tem vindo a assistir com imparcialidade ao corrente campeonato português poucas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Benfica, que jogou sempre mais e melhor futebol do que um Braga sensacional e que, por isso mesmo, merecerá ganhar a prova e nenhumas dúvidas restam sobre os méritos atribuíveis ao Sporting de Braga que, ao longo da época, foi sempre muito melhor e mais consistente equipa do que a equipa do FC Porto, com excepção daquela sua visita ao Estádio do Dragão onde sofreu um inexplicável ataque de nervos e de lassidão e acabou por sair goleado.
Assim sendo, o Sporting de Braga merece muito mais ir à Liga dos Campeões do que o FC Porto. Embora não precise da Liga dos Campeões porque é um clube que está a nadar em dinheiro, ao contrário do FC Porto que vem apresentando passivos que preocupam alguns dos seus associados mais ilustres que nem se coíbem de discutir o assunto pelos tribunais, discutindo, com a intermediação de um juiz, honorários e prémios dos administradores do seu emblema. Como todos sabemos, a Liga dos Campeões tem dois tipos de atractivos: o desportivo, pelo prestígio que confere, e o financeiro, pela riqueza que proporciona e que sempre constitui motivo de alegria.
Ao contrário do tesoureiro do FC Porto, o tesoureiro do Sporting de Braga está-se positivamente nas tintas para o dinheiro. Porque não precisa, como vem sendo provado há meses e com exemplos práticos. E vêm aí novas provas, para que não restem dúvidas sobre o assunto.
Já foi anunciado, em comunicado oficial, que «a Direcção do Sporting de Braga decidiu abrir as portas gratuitamente do Estádio Municipal, desta feita para a recepção ao Paços de Ferreira, no próximo domingo», tal como já tinha acontecido por ocasião da visita do Marítimo à cidade dos arcebispos, que produziu uma assistência de 30 mil espectadores, e por ocasião da visita do Olhanense ao mesmo estádio. Ou seja, o Sporting de Braga não vive da bilheteira, dá-se ao luxo de não vender ingressos, não precisa do dinheiro dos seus adeptos, não precisa sequer de ir à Liga dos Campeões.
Isto não é concorrência desleal. Isto é o triunfo de uma gestão económica que faz inveja a muita gente. A muito boa gente, evidentemente.
Apresença de Jesualdo Ferreira no banco no jogo com o Benfica esteve em dúvida. Em Setúbal, foi a primeira vez que o professor foi expulso em toda a sua carreira. E logo numa semana em que também foi a primeira vez em toda a sua carreira que Jorge Jesus afirmou preferir «festejar o título no relvado» do que saboreá-lo em casa a ouvir o relato de jogos de terceiros. Esta ausência de Jesualdo Ferreira encerraria em si uma grande incerteza e uma grande certeza.
A grande incerteza era saber-se quando é que o treinador que conduziu o FC Porto ao tetra se voltaria a sentar no banco do FC Porto no Estádio do Dragão.
A grande certeza seria esta: no domingo, Jesualdo Ferreira não estaria no relvado se, por acaso, Jorge Jesus conseguir mesmo festejar o título na casa do grande rival.
Há expulsões que vinham mesmo a calhar. Mas a Comissão Disciplinar da Liga não deixou. Jesualdo vai orientar o FC Porto desde o relvado. Digam lá que isto não é uma cambada de benfiquistas…

OS jornais continuam a atirar nomes de possíveis sucessores de Jesualdo Ferreira quando não é sequer certo que o professor não seja reconduzido na posição que vem ocupando. Acaba por se tornar um exercício interessante tentar descortinar o que pode vir a ser verdade e o que é, declaradamente, uma mentira impossível no que diz respeito ao perfil do eventual futuro treinador dos ex-campeões nacionais.
Enquanto o mistério André Villas Boas prossegue, outros treinadores há que estão completamente fora de hipótese de vir a suceder a Jesualdo Ferreira num futuro imediato. Aparentemente até reuniam grandes qualificações para o cargo mas desgraçaram todas as suas hipóteses com declarações insuportáveis de ouvir no Estádio do Dragão.
Nesta situação estão, por exemplo, Jorge Costa, autor da frase «o Benfica merece ganhar o campeonato» e Paulo Bento, autor da frase «o Benfica será um justo campeão». Francamente, isto é perder o perfil de rajada.

QUEM está com o perfil em alta para rumar brevemente para o FC Porto é o jovem Bruno Ribeiro, do Vitória de Setúbal, que disputou com Falcao o lance que originaria o cartão amarelo fatal. Ribeiro sente «por empatia, o desgosto de Radomel» e pede a sua despenalização em nome da verdade desportiva: «É verdade que levei uma palmada, mas admito que não foi intencional», tem vindo a repetir contristado. Vá lá, sempre é melhor dizer isto do que dizer qualquer coisa como: «… é verdade, levei uma palmada, mas até gostei…»
Curiosamente, o caso de Bruno Ribeiro tem, por portas travessas, paralelo com um outro que ocorreu na já distante época de 1992/1993, quando um repórter da RTP, em serviço no Estádio das Antas, levou uma palmada em directo. Melhor dito, levou uma série de palmadas em directo. O jornalista tecia sobre o relvado os comentários finais a um jogo entre o FC Porto e o Famalicão, que o Famalicão acabava de vencer por 1-0, quando um elemento não identificado do público, provavelmente um steward, entrou pelo campo dentro e despachou à palmada a equipa da reportagem da RTP. O espectáculo foi transmitido em directo, toda a gente viu, mas nem o jornalista da RTP nem a própria RTP se deram à valentia de apresentar queixa à Justiça.
Ficou tudo em família.
Por todo este histórico, resta aos benfiquistas unirem as suas vozes à voz de Bruno Ribeiro e clamar:
— Deixem lá jogar o Falcao!

Espaço Prof. Karamba

FC Porto - Benfica
Sporting - Naval
Sp. Braga - P. Ferreira
Académica - Nacional
Marítimo - V. Setúbal
Rio Ave - V. Guimarães
Belenenses - U. Leiria
Olhanense - Leixões

quarta-feira, abril 28, 2010

Benfica 2009/2010 | You Make Me S m i l e

Artigo de Opiniãom de João Querido Manha

Suprema ironia

Benfica e Sporting declaram apoio entusiástico à candidatura de um vice-presidente do FC Porto à liderança da Liga de Clubes, que o próprio FC Porto não subscreve. Se faltava alguma originalidade ao futebol português e aos seus fantásticos esquemas de organização e interdependências, o processo de avanço de Fernando Gomes para o lugar de Hermínio Loureiro ultrapassa toda a imaginação e, evidentemente, tem de colocar sérias reservas a quem realizar o mais singelo exercício de projeção do futuro.

A Liga de Clubes, tendo em andamento um processo de credibilização e fortalecimento, pode melhorar com um ex-administrador de uma SAD que fez tudo para a descredibilizar e enfraquecer ao longo dos últimos oito anos? Como é que pode?

Nos rodapés do nome de Fernando Gomes, um desportista de craveira com um conjunto significativo de velhos amigos em meios de comunicação, têm surgido os mais encaracolados encómios, incluindo o de ser o dirigente português que participou em mais jantares e workshops da UEFA ao longo deste século - não tendo, provavelmente por isso, subscrito a célebre petição pela verdade desportiva.

Em matéria de seriedade, Fernando Gomes não será melhor nem pior que os seus antecessores, antes de assumirem o cargo, constatação que diminui bastante esta qualidade, exceto num ponto: como bem considerou o imperador romano a respeito de Pompeia, à mulher de César não basta ser séria. E, realmente, Fernando Gomes seria credor de maior confiança se, no devido tempo, tivesse deixado de ser, voluntariamente, responsável pelas finanças de uma SAD condenada pela Liga que deseja agora dirigir e tivesse acompanhado a candidatura de uma separação nítida e inequívoca da direção do FC Porto. Mas não só não o fez, como ainda lhe falta explicar por que razão não recebe apoio público do seu líder e inspirador nos últimos 28 anos, o supremo mestre das ironias.

É frequente em Portugal dar-se mais valor a quem consegue cair em graça, do que a tantos que desgraçadamente nascem engraçados e insistem em ter razão antes de tempo. Provavelmente, o futebol português necessita de passar por mais esta provação, porque não conseguiu sublimar nenhum outro candidato credível, nem despertar o interesse a algum desses geniais gestores profissionais que demonstram tanta competência nas empresas protegidas pelo Estado. O que me leva a desconfiar que a Liga, apesar de suportada financeiramente por alguns baluartes do tecido financeiro e empresarial, vai continuar incapaz de se sobrepor à importância e aos interesses dos principais clubes, nomeadamente na negociação dos direitos de televisão.

Nesta semana em que, tal como Olegário Benquerença confessou num "tesourinho" televisivo, (quase) todos os portugueses admitem ser de Milão e italianos de gema, o genial Fernando Gomes está para a classe dirigente como o genial José Mourinho para a classe dos treinadores.
Fosse outro a usar a "tática dos dez atrás e um à pesca", não faltariam críticas e deboche sobre o tamanho do autocarro do Inter.
Fosse Adelino Caldeira ou Reinaldo Teles o dirigente do FC Porto candidato à presidência da Liga, estaria agora o país em estado cataléptico.

terça-feira, abril 27, 2010

Artigo de Opinião de Luís Mateus

Di María, porque não há Deus sem o Diabo!

Vejo-o a dar uns toques, de AllStar nos pés e suspensórios atirados sobre as pernas, bola sem cair no asfalto e sorriso a levantar o lábio junto ao canto da boca, como o vento sob um lençol a secar no arame. Aquele riso vem com um dedo esticado na direcção dos adversários e a outra mão sobre o estômago segurando a gargalhada para que não rebente em úlcera. Demasiado? Atira-se de corpo esticado em descanso, na horizontal, sobre os 90 graus da cadeira, lápis-com-ponta-de-borracha mordido no canto da boca e o olhar sobre o horizonte, a driblar papelinhos argentinos e festejos em azul-celeste.

Há sempre aqueles momentos na vida em que não queremos meias-medidas. Não gostamos de meios-termos. Nada de nins, só sim ou sopas. Nada de morno. Tem de escaldar ou queimar, de tão gelado. Ou ser picante como o raio, deixem-se de paladares insossos. Di María! Grita o speaker... É daqueles jogadores que se sustentam nos excessos, prego a fundo com travões de 11 anos, estrada encharcada e sem protecção nas bermas. É dos que inventam mil «oitos» numa recta só porque nada na vida tem de ser simples e, se for, deixa de ter piada. Gosto de jogadores que são assim, capazes de arriscar mais um ponto e vírgula numa frase de três linhas.

Também percebo os outros. Os que são tão bons quando são simples que seriam terrivelmente maus se quisessem complicar. Di María só resulta porque há Cardozo e Saviola e não mais dez como ele. Porque Aimar se faz de simplicidade e Carlos Martins de vontade. Hulk também precisa de Falcao, de um Meireles, de um Micael ou Guarín. De um Rodríguez. Já Liedson deveria ter a companhia de mais dez levezinhos neste Sporting. Ou nove e um Nani chico-esperto. Ou oito, Nani e o agora estupidamente mal-amado (ou quase) Izmailov.

Entendo a obsessão de qualquer argentino em ser Maradona ou Messi, o único que já não aspira a tal. Entendo que um passe-de-letra intensifique um golo de Cardozo e valha o risco só por si. Tal como percebo que Madjer tenha sido bem mais do que um golo de calcanhar ou Maradona, já que falámos nele, tenha acrescentado a cada momento mágico em Nápoles mais um inglês prostrado no Golo do Século. Di María é assim e, mesmo sendo assim, ninguém tem sido como ele. Está a pouco de ser coroado rei das assistências. E continua a ter falhas, defeitos, momentos em que nos queima com gelo sobre a pele e nos faz duvidar da verdade de Jacques de La Palice, seja ou não erro de interpretação. S`il n`était pas mort il serait en vie!

Um artista como Di María faz-nos valorizar também os que não o são. Os Ramires, os Amorins, os Pedros Mendes deste mundo. Deus não existia sem o Diabo! Mas há momentos que nunca esquecemos e procuramos lembrar entre cada tremoço e golo de cerveja, e esses são dos outros. O rapaz não inventou a letra nem reclamou a patente, mas poucos esquecerão o golo ao AEK ou o passe para Cardozo. Porque não faziam sentido e fizeram todo o sentido. Porque a verdade quase sempre é relativa e, no futebol, não há uma única absoluta. Porque o futebol pode decidir-se numa jogada, num único minuto em 90. E todos os outros 89 podiam ser usados para a Meia-Maratona. S`il n`était pas mort il serait en vie!!!!!!! Lapaliçada!

Tenham Cuidado, ele é Perigoso, ele é o Óscar Tacuara Cardozo

Artigo de Opinião de Luís Sobral

Cardozo é um daqueles jogadores que facilmente dividem opiniões.

E não estou a falar de adeptos e jornalistas. Mesmo entre os treinadores.

Por exemplo Quique. Por exemplo Jorge Jesus. O espanhol assim que teve alternativa, colocou o paraguaio no banco. O português deu-lhe sempre todo o apoio, mesmo quando Cardozo oscilou e pareceu incapaz até de fazer golos a partir de grandes penalidades. Por exemplo, para finalizar, o seleccionador paraguaio que já elegeu o benfiquista como referência de ataque no Mundial.

Cardozo fez três golos frente ao Olhanense e isso bastou para ultrapassar Falcao na corrida ao título de goleador da Liga. Mas provavelmente não chegará para colocar ponto final na discussão entre os que o adoram e os que lhe torcem o nariz. Porque Cardozo oferece poucas soluções quando é preciso correr e driblar, mas é espantoso sempre que a bola tomba para o pé esquerdo.

Bem servido, como este ano, o paraguaio arriscar-se-á sempre a chegar perto dos 30 golos na Liga. Pode não ser suficiente para fazer dele o melhor avançado do campeonato, mas torna indisfarçável a sua utilidade.

Ou seja, Cardozo é um jogador que se pode discutir, mas no final a sua titularidade é sempre indiscutível.

P.S.: Claro que o sucesso de Cardozo não apaga a grande época de Falcao, até por estar numa equipa com muito maiores dificuldades.

Simulação Grotesca

Artigo de Opinião de Bernardo Ribeiro

A forma espantosa como o Sp. Braga reagiu à pressão imposta pela vitória do Benfica é novamente digna do maior elogio. A equipa de Domingos, aconteça o que acontecer, deixou já marca indelével na Liga. Ir à Figueira dar 4-0 onde, por exemplo, os encarnados tiveram de recorrer a todas as forças para virar o resultado, diz muito da confiança e competência minhota. Isto em equipa onde faltavam ontem o capitão Vandinho, o criativo Mossoró e o líder Moisés. É quase impossível serem campeões, mas não deixarão de olhar de frente quem os venceu.

Com este resultado transfere-se para o Dragão a decisão do título. Pode não ser ali, é um facto, mas o Benfica dificilmente quererá adiar para a última ronda a consumação de uma vitória que os encarnados esperavam ter ontem saboreado. Com o ódio que vem sendo destilado por ambas as partes, em constantes agressões verbais entre presidentes e físicas entre adeptos, o melhor que se pode desejar, sem fazer qualquer futurologia em relação ao resultado, é que tudo corra bem. É importante que os defensores das duas cores se lembrem que o futebol não é mais do que um jogo e que agressões e pedras a voar podem um dia causar tragédias que ninguém com mais do que um neurónio pretenderá.

Se a polémica do túnel da luz já apimentava o clássico, a carga dramática trazida pela decisão do título só poderá lançar ainda mais achas para a fogueira. Pedro Henriques em Setúbal deu um jeitinho e afastou do clássico o melhor ponta-de-lança a jogar em Portugal. Mais indignação no Dragão. Fernando Gomes, candidato a presidente da Liga com apoio de todos os quadrantes, podia começar já a pacificar...

Se a vitória no futebol ainda não chegou, ontem foi dia de festa rija para os que seguem o futsal. O Benfica conquistou a UEFA Cup frente aos antes imbatíveis espanhóis do Interviú. Um marco na história da modalidade e que serviu de aperitivo para os adeptos encarnados. Falta... a outra.

Artigo de Opinião de Luís Seara Cardoso

A festa foi adiada? O Benfica até fez e bem a sua parte. Parte da parte foi Cardozo, com três golos no bornal, frente a um impotente Olhanense, registo suscetível de o guindar ao triunfo na lista dos melhores finalizadores da Liga. O Sporting de Braga também venceu? Venceu e bem, bem se pode dizer que é a segunda equipa mais competente do Campeonato.

A festa foi adiada? "Preferimos ser campeões no campo", avançou Jorge Jesus. Avançou e bem. Antes no campo do que no sofá. É bem mais genuíno, é bem mais divertido. Por falar em Jorge Jesus, grande responsável, tecnicamente, pela temporada vermelha, jamais pensei estar na barricada oposta. Então não é que os nossos filhos têm um embate de râguebi aprazado da final-four, no escalão de Sub-18, na defesa do Belenenses e do Direito? Claro que vou torcer pelo Belenenses. Por direito (e dever) de paternidade..., e claro gostaria de ter Jorge Jesus a assistir ao meu lado ao jogo.

A festa foi adiada? Num sensacional clube como o Benfica, não é só o futebol de onze que propicia grandes alegrias. No transato domingo, garantido foi o título europeu de Futsal. Brilhante? Brilhante e comovente. Uma bela equipa foi empurrada para a vitória por um público entusiástico. Houve lugar, muito legitimamente, a festejo rijo e participado

A festa foi adiada? Não por muito tempo. O benficómetro está ao rubro. Já falta pouco para que os novos campeões sejam consagrados. A presente temporada vai ter um vencedor justo. Trata-se da melhor equipa da competição. A que melhor ataca, a que melhor defende. A que melhor joga, a que melhor deslumbra. O Benfica fez uma época carregada de charme competitivo, merece sem reservas o charme das faixas.

segunda-feira, abril 26, 2010

Video de Opinião de Pedro Ribeiro

O Regresso...

Artigo de Opinião de Luís Pedro Sousa

Só uma verdadeira hecatombe tirará o título nacional àquela que foi, indiscutivelmente, a melhor equipa da Liga

1. Já só uma hecatombe afastará o Benfica do título nacional. Seria preciso que os encarnados perdessem no Dragão e em casa com o Rio Ave e o Sp. Braga vencesse os três encontros que lhe faltam disputar para que a Liga não tivesse o merecido vencedor. O Benfica será campeão com inteiro mérito. Tem o melhor ataque, a defesa mais coesa e é o conjunto que mais e melhor espetáculo proporcionou. Enquanto o Sporting continuou a não investir e o FC Porto não soube colmatar as saídas de Lucho González e Lisandro López, o Benfica organizou-se, escolheu um treinador competente e dotou o plantel de elementos de inequívoca qualidade. Para alcançar o título, os responsáveis do clube da Luz não caíram na tentação de se desfazerem das peças de maior fiabilidade nem no logro de negociarem prematuramente jovens com grande margem progressão, como David Luiz e Di María. Construiu-se uma defesa compacta, um meio-campo que teve em Javi García a nova âncora e um tridente argentino de luxo, composto por Aimar, Di María e Saviola, capaz de resolver jogos ou de fazer de Cardozo um ponta-de-lança de eleição.

2. A goleada imposta ontem ao Olhanense, perante um público que voltou a não resistir ao encanto do futebol benfiquista e encheu de novo a Luz, foi apenas mais uma das várias que aconteceram na temporada em curso. A vitória eloquente da última noite teve vários heróis – Aimar, Di María e Cardozo, etc.. – mas também um réu. Delson cometeu uma grande penalidade escusada ainda os espetadores se estavam a sentar nas bancadas. Um punhado de minutos volvidos, carregou de forma tão disparatada como inexplicável Di María e averbou o segundo cartão amarelo, entregando literalmente a equipa de Jorge Costa, ainda antes do primeiro quarto de hora. A perder por 1-0 e reduzidos a 10 elementos, a formação algarvia, que ainda luta pela permanência, ficou sem qualquer hipótese de discutir o jogo. No calor da luta, face à pressão dos pontos ou perante a necessidade de mostrar serviço cometem-se muitos erros. Estes dois em tão curto período são, no mínimo, lamentáveis.

3.O jogador do Benfica que mais lucrou com a incompetência de Delson foi, sem dúvida, Oscar Cardozo. O hat-trick do paraguaio colocou-o de novo no topo da Bota de Ouro de Record, com mais 1 golo do que Falcão, autor de um bis na deslocação do FC Porto a Setúbal. Dispondo ainda da vantagem de o colombiano não poder disputar o clássico, já que cumpre uma partida de castigo, Cardozo tem uma oportunidade soberana de colocar a cereja no topo do bolo com que os benfiquistas se vão deliciar no final da época. Mas, se não tivesse falhado 4 penáltis e um número quase assustador de oportunidades de golo com que o trio argentino o brindou, o paraguaio viveria hoje sem a necessidade de permanecer no relvado em notória inferioridade física.

4. Em Portugal, a Liga está praticamente decidida, ao contrário do que acontece nos principias campeonatos da Europa. Vamos ter jogos de rara emoção. Espanha, Ingleterra e Itália prometem-nos fins-de-semana intensos, como há anos não víamos. Uma verdadeira bênção para quem gosta de futebol!

Artigo de Opinião de Bernardo Ribeiro

Ainda não foi desta que o Benfica festejou o título de Campeão Nacional. Mas acabou por aterrar na Luz o título europeu de futsal, bem mais inesperado, após uma vitória histórica sobre os espanhóis do Interviu. Ontem não foi o dia da águia? Não sei não...

Espaço Prof. Karamba - Classificação Geral

1º Lugar: Jimmy Jump - 745 pontos

2º Lugar: Vermelho Sempre
- 735 pontos

3º Lugar: JC - 680 pontos

4º Lugar: Kaiserlicheagle - 665 pontos

5º Lugar: Vermelho - 630 pontos

6º Lugar: Fura-Redes - 520 pontos

7º Lugar: Sócio - 510 pontos

8º Lugar: Cuto - 495 pontos

9º Lugar: J. Lobo - 490 pontos

10º Lugar: Gui - 475 pontos

11º Lugar: Samsalameh - 405 pontos

12º Lugar: Chico - 245 pontos

13º Lugar: Vermelho Nunca - 225 pontos

14º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos

15º Lugar: Luís Rosário - 55 pontos

16º Lugar: Lion Heart - 50 pontos

17º Lugar: Pachulico - 35 pontos

domingo, abril 25, 2010

Artigo de Opinião de Luís Avelãs

Mais um jogo, mais uma vitória, nova demonstração de poder. O Benfica despachou o Olhanense (5-0) sem ter de se esforçar muito. Um penálti de Delson logo de entrada fez com que os mais de 60 mil adeptos encarnados nem tivessem tempo para roer as unhas. E mesmo os mais cépticos, ainda antes dos 10 minutos, já estavam igualmente convencidos que a missão do dia seria cumprida sem sobressaltos, pois o brasileiro que cometeu a grande penalidade recolheu ao balneário (segundo amarelo), pouco depois, por "varrer" Di Maria.

Se já se esperava que os algarvios precisassem de alguma sorte para pontuar na Luz, depois de sofrer um golo praticamente no lance inaugural e de ficar em desvantagem numérica logo de seguida... nada havia a fazer. As águias limitaram-se a confirmar a esperada superioridade, marcaram 5 golos (podiam ter feito mais), somaram os 3 pontos em causa e ficaram à porta do título. Rigorosamente à entrada, que é como quem diz a 1 único ponto de distância, caso o Sp. Braga some os 9 que ainda tem para disputar.

Referi aqui, após o triunfo caseiro diante do Sporting, que muito dificilmente o Benfica não conquistaria o título. O sucesso em Coimbra, na semana passada, funcionou como o princípio da festa que, este sábado, se tornou mais evidente com o anfiteatro encarnado devidamente composto para acompanhar mais um passo rumo à certificação matemática do objectivo. Agora, resta saber quando terá lugar a comemoração efectiva, sem esperança pontual para o único rival que, nesta altura, ainda sonha roubar o ceptro aos encarnados.

O Sp. Braga, já o afirmei vezes sem conta, tem assinado um campeonato verdadeiramente sensacional. Só não vai ser campeão porque teve a tremenda infelicidade de engatar a sua melhor prestação de sempre quando o Benfica construiu uma das equipas mais competitivas dos últimos anos e, mais importante, revelou uma consistência futebolística que há muito não se via. Mais que olhar para os pontos, convém ter presente que as águias, a 2 jogos do termo da Liga, somam apenas quatro partidas sem vencer e uma única derrota (precisamente diante dos arsenalistas). É obra!

Se o Benfica tivesse vacilado num dos últimos compromissos, acredito que os minhotos seriam capazes de reunir forças suficientes para levar a decisão até ao "sprint" final. Contudo, a cada vitória encarnada, e mesmo com os pupilos de Domingos a fazer o que lhes compete, nota-se que a fé diminui. E penso que, este domingo, na Figueira da Foz, essa falta de esperança pode ser um adversário adicional para a equipa bracarense. De resto, diga-se em abono da verdade, também é preciso contar com a Naval que, não há muito, chegou a estar a bater, no Bento Pessoa, o Benfica por 2-0...

PS - O FC Porto está a rubricar uma ponta final de época muito interessante. E se a vitória no Bonfim não constitui surpresa (é um resultado tradicional), merece destaque a forma incisiva como a equipa, desde o primeiro minuto, se bateu de forma a ganhar o jogo e, dessa forma, manter a pressão sobre o Sp. Braga no que à luta pelo segundo lugar diz respeito. É uma pena que antes de receber o Benfica, os dragões não possam ambicionar a mais que a presença na Liga dos Campeões. E, já agora, é de lamentar também que uma das figuras da prova, o goleador Falcão, não possa alinhar no clássico para continuar o duelo particular com Cardozo no que se refere ao título de melhor marcador. Um amarelo que até se entende (deu uma chapada em Bruno Ribeiro) deixa-o "offside". Não se entende é como os dois setubalenses envolvidos no lance conseguiram escapar sem um cartão que fosse quando, basicamente, bateram forte no opositor...

Campeões Europeus!!!

SLBenfica 5 Olhanense 0 Mais um Passo...

sábado, abril 24, 2010

Artigo de Opinião de Ricardo Araújo Pereira

Surpresa! Porto afastado do título!

RECORDAR é viver:

«Ao fim da 2.ª jornada da I Liga, podem tirar-se já algumas conclusões. Uma: que o FC Porto é, dos três grandes, a equipa mais consistente. (…) Outra: que, perante equipas mesmo inferiores à sua no papel, o Benfica de Jorge Jesus não vai lá. (...) Aimar, Saviola e Di María não são, como já o vêm demonstrando há muito, jogadores (digamos assim) de campeonato.»

António Tavares-Teles, 25 de Agosto de 2009.

«(…) parece que (…) vira o disco e toca o mesmo: o FC Porto continua a ser o grande favorito a dominar a nova época que aí vem, a nível interno.»

Miguel Sousa Tavares, 21 de Julho de 2009.

«Eu sei que ainda é cedo para tirar conclusões, e não é meu timbre embandeirar em arco, mas gosto da nova equipa do FC Porto. Quer-me parecer que temos uma equipa muito lutadora, e na boa tradição das velhas equipas portistas, com jogadores que dão tudo o que podem e que se esfarrapam para conseguirem ganhar cada bola, cada duelo. (…) pelo que me foi dado ver, chegou mais um lote de jogadores com essas características. Teremos, pois, nesta nova época, uma equipa de combate, com diversas alternativas (…)»

Rui Moreira, A Bola, 31 de Julho de 2009.

«O Porto conseguiu três vitórias e (…) a equipa dá sinais de ter amadurecido e começa-se a esquecer Lucho e Lisandro».

Rui Moreira, 9 de Outubro de 2010.

«Ao contrário do que alguns dão a entender, o grande adversário do FC Porto no campeonato é o Braga e não o Benfica»

Pinto da Costa, Outubro de 2009.

«(…) o facto de o Porto estar mais forte, ter tantas opções e parecer mais à vontade fora de casa é muito animador (…).»

Rui Moreira, 11 de Dezembro de 2010.

«Nós vamos a partir de hoje aqui solenemente dizer-lhe, interpretando o pensar dos treinadores aqui presentes, dos jogadores aqui presentes, que nós queremos este ano dedicar a vitória do campeonato a si. A si, que vai ser campeão.»

Pinto da Costa, dirigindo-se a uma fotografia de José Maria Pedroto, e interpretando vários pensares, 7 de Janeiro de 2010.

«Caiu bem a promessa de Pinto da Costa de oferecer este campeonato a Pedroto.»

Miguel Sousa Tavares, 12 de Janeiro de 2010.

«Todos os anos têm-me dado gozo ganhar, mas este ano vai dar ainda mais. Confesso que esta época vai dar-me claramente mais gozo ganhar.»

Jesualdo Ferreira, 13 de Fevereiro de 2010.

«Somos Porto e vamos continuar a ganhar.»

Nuno Espírito Santo, 20 de Fevereiro de 2010. Oito dias antes de ganhar 3 do Sporting, 17 dias antes de ganhar 5 do Arsenal e um mês antes de ganhar 3 do Benfica.

«(…) o autoproclamado maior candidato ao título deste ano (…)»

Miguel Sousa Tavares, 16 de Dezembro de 2009. Referindo-se, surpreendentemente, ao Benfica.

«Na sequência das negociações encetadas, a Futebol Clube do Porto — Futebol, SAD vem comunicar (…) ter finalmente chegado a um princípio de acordo com o Cruzeiro Esporte Clube, para a aquisição dos direitos de inscrição desportiva do jogador Kleber.»

Comunicado oficial do Porto, 29 de Janeiro de 2010.

«Hulk (…) não sabe jogar de costas para a área (…). Além disso, parece ter entendido mal os recados do treinador e o mais que dele se viu foi que se entreteve a adornar as jogadas, a tentar 'quaresmices' e a simular faltas.»

Rui Moreira, 25 de Setembro de 2009. Cerca de três meses antes de Hulk passar a ser o melhor jogador do mundo, depois de galardoado com a expulsão na Luz.

«Gostei de ver Hulk sentado no banco. (…) talvez lhe devessem ter explicado que fora preterido por causa dos seus tiques e individualismo, das suas inócuas simulações. Talvez assim tivesse optado por uma outra atitude, logo que surgisse a oportunidade de jogar. Em vez disso, e como tem sido costume, Hulk foi de pequena utilidade quando entrou.»

Rui Moreira, 27 de Novembro de 2009. 23 dias antes de Hulk passar a ser absolutamente indispensável e decisivo na equipa do Porto.

«Uma desilusão. (…) Desconcentrado, desconsolado, conflituoso.»

«(…) esperava-se (…) que criasse embaraços à defesa benfiquista.»

«(…) a inspiração jamais foi a desejada, sendo que, aqui e ali, até abusou do individualismo.»

A Bola, O Jogo e Record, respectivamente, apreciam a prestação de Hulk no dia em que foi castigado e passou a ser uma espécie de mistura entre Ronaldo e Messi, mas para melhor. 21 de Dezembro de 2010.

«Sempre achei e sempre o disse que, em minha opinião, as equipas verdadeiramente vencedoras não perdem tempo a discutir árbitros nem a queixar-se de arbitragens.»

Miguel Sousa Tavares, 3 de Novembro de 2009.

« (…) atentem no golo que todos concordam ter sido mal anulado ao FC Porto (…)»

Miguel Sousa Tavares, 3 de Novembro de 2009.

«O que valeu ao Benfica em Olhão foi (…) um fiscal de linha desatento à posição de Nuno Gomes no golo do empate e um árbitro atento ao facto de domingo haver um Benfica-Porto, quando se encaminhou para Cardozo, depois de expulsar Djalmir, e pelo caminho mudou o vermelho a Cardozo para amarelo.»

Miguel Sousa Tavares, 15 de Dezembro de 2009.

«(…) antes haviam sido anulados dois golos ao FC Porto, um dos quais duvidoso e o outro claramente mal anulado (…); havia sido validado o primeiro golo do Leiria, também em posição duvidosa, mas com diferente critério de apreciação».

Miguel Sousa Tavares, 19 de Janeiro de 2010.

«Façam o choradinho que quiserem, esta é a minha opinião: futebol assim, com (…) árbitros que protegem o anti-jogo e os sarrafeiros, não vale a pena esperar por público nas bancadas.»

Miguel Sousa Tavares, 16 de Fevereiro de 2010.

«Segundo 'A Bola', o Benfica ganhou no Funchal 'à campeão'. (…) sinceramente, não sei se o teria conseguido sem o que me pareceram dois erros de arbitragem em dois minutos (…).»

Miguel Sousa Tavares, 16 de Março de 2010.

«(…) já lá vão quatro golos limpinhos anulados ao Falcão.»

Miguel Sousa Tavares, 16 de Março de 2010.

P.S. Mesmo correndo o risco de, em termos humorísticos, não conseguir fazer melhor do que os intervenientes anteriores, gostaria de acrescentar o seguinte: ao que parece, Jesualdo Ferreira obteve grandes vitórias no Porto, foi importantíssimo na história do clube, mas este ano demonstrou que o seu tempo no Dragão chegou ao fim. Já Pinto da Costa obteve grandes vitórias no Porto, foi importantíssimo na história do clube, e este ano demonstrou que o seu tempo no Dragão ainda agora está a começar. O anúncio da sua recandidatura à presidência deve, por isso, ser saudado com entusiasmo. Por um lado, permite-lhe acabar de cumprir o castigo de dois anos de suspensão por tentativa de corrupção, que seria uma pena não levar até ao fim na posse das funções nas quais foi castigado; por outro, é evidente que o máximo responsável por ter apetrechado o plantel do Porto com Prediger, Guarín, Tomás Costa ou Valeri, e o plantel do Braga com Luís Aguiar, Alan e Renteria, é o portista mais bem colocado para liderar o clube nos próximos anos. Além disso, o Porto ainda pode fazer história nesta época: a manter o terceiro lugar, é a primeira vez que um tetracampeão acaba o campeonato atrás do Braga. A boa gestão dá muitas alegrias.

quinta-feira, abril 22, 2010

Benfica - Skills 2009/2010

Artigo de Opinião de Leonor Pinhão

Ou é de inveja ou é de mágoa

Há canções que ficam no ouvido. Acontece quando a letra embala na música, ou vice-versa. Há canções que são como uma espécie de casamento feliz de tão bem que ficam juntas as palavras e a melodia. E, por isso mesmo, nos fazem sorrir. Por exemplo, fazem-nos sorrir, e muito, os versos daquele hino da nossa colectividade:

«Benfica, eu sou do coração.
Benfica, até debaixo de água…»

Custa até compreender como é que o departamento de marketing do Benfica nunca comercializou guarda-chuvas vermelhos com a inscrição da frase maravilhosa «Benfica, até debaixo de água» para as tardes e para as noites de chuva no Estádio da Luz. Também é verdade que os tempos são outros. Não que tenha deixado de chover, mas o estádio é agora inteiramente coberto e não cai pinga sobre o público.

Há versos felizes e «Benfica, até debaixo de água», sendo um deles, empresta toda uma dimensão superior à já referida obra musical. Aparentemente é um absurdo, uma imagem disparatada, excessiva e com maior pendor meteorológico do que futebolístico. Depois, continuando a escutar a canção logo se entende a sua razão de ser.

É uma simples questão de rima brilhantemente resolvida pelo autor. Ora oiçamo-la:

«Benfica, eu sou do coração.
Benfica, até debaixo de água!
Quem fala mal do clube campeão,
Ou é de inveja ou é de mágoa.»

Devo confessar que esta canção não me sai do ouvido. Sendo já muito antiga parece que foi escrita de propósito para a corrente temporada de 2009/2010, ainda que o Benfica não seja campeão, embora para lá caminhe. E caminha com muita oposição, como se viu no domingo à tarde. E não por força da chuva, porque no jogo com a Académica o céu apresentou-se sempre azul e não foi «debaixo de água» que o Benfica teve de jogar.

Explicando melhor:

Entenda-se o verso «Benfica, até debaixo de água» como uma metáfora sobre as dificuldades que se nos apresentam pela frente e a que soubemos, sabemos e saberemos dar a melhor e a única resposta, isto é, vencê-las. Debaixo de água, neste campeonato, jogou o Benfica contra o FC Porto, em Dezembro, na Luz e a vitória surgiu com naturalidade, clareza e limpeza.

Já em Coimbra, em terreno seco, o Benfica teve de se haver com uma Académica que joga um bonito futebol, o que é bom para o espectáculo, mas teve de se haver, principalmente, com uma arbitragem à antiga portuguesa que, isso sim, constituiu um autêntico dilúvio, felizmente sem consequências práticas. O primeiro golo da Briosa, precedido de mão do seu autor, e aquele livre perigoso marcado contra o Benfica, já em tempo de descontos, castigando uma falta que Maxi Pereira não cometeu foram, de facto, duas valentes cargas de água.

De facto, temos aqui um problema poético. É que se «água» rima como «mágoa», como na canção, francamente, Xistra há-de rimar com o quê?

Com administra, com sinistra, com listra? Listra, sinónimo de lista e de risca… Mas pouco sentido faz uma rima destas e a canção perdia muito em beleza e em embalo. Quem se lembraria de interpretar uma canção com a palavra listra? Só a Carmen Miranda que imortalizou uma coisa parecida num samba de enredo que ficou para a história. Este:

«Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí
Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia: Sossega leão! Sossega leão!»


Impecável, não é?

por falar em canções… Aproxima-se Junho e com Junho chegam os Santos Populares. Cá vai, portanto, uma Marcha de Lisboa, das antigas, das boas:

«Vai de coração ao alto nesta lua
E a marcha segue contente!
As pedrinhas da calçada cá da rua
Nem sentem passar a gente.»

Vem esta canção também a propósito de um facto recente e muito curioso. A Polícia de Segurança Pública e o DIAP fizeram uma busca nas sedes das claques do Sporting antes do jogo com o Vitória de Setúbal. Mas o que vem para o caso é que, em Alvalade, para além de diverso material apreendido, e que em nada difere do material muitíssimo bem apreendido noutras rusgas a outras claques, os cerca de cem agentes policiais confiscaram, de acordo com a informação oficial, «um balde grande com pedras da calçada».

Lamentavelmente, a PSP e o DIAP não especificaram as dimensões de grandeza do «balde grande». Admitamos, porém, que é maior do que um baldo pequeno e mais pequeno do que um contentor.

Adiante…

Nestas ocasiões ninguém sabe muito bem que destino dão as forças da autoridade aos materiais apreendidos. Também não é assunto que desperte grande interesse ou curiosidade, quer por parte do público, quer por parte da comunicação social.

No entanto, no que diz respeito ao «balde grande com pedras da calçada» seria da maior conveniência, em nome da verdade desportiva, que a PSP e o DIAP fizessem o grande favor de o enviar para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol que tão prontamente atribuiu o título nacional de juniores ao Sporting ao não duvidar, por um momento sequer, que o festival de pedrada que manchou o último derby dos jovens rivais teve origem única e exclusivamente do lado da calçada benfiquista.

E que assim possa o título ganho na secretaria ser honestamente reconfirmado depois de uma análise mineralógica do volume de calhau apreendido pela polícia às claques do Sporting. Porque, de certeza absoluta, que é o mesmíssimo calhau que voou pelos ares no tal jogo decisivo do último campeonato nacional de juniores.

Poderá também a polícia dividir o número de pedras da calçada apreendidas pelo número de conselheiros do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol e fazê-las chegar à sede do referido organismo em baldes individuais, mais pequenos e convenientemente acomodados em papel de embrulho.

Sempre ficavam todos com uma recordação. E com uma melodia no ouvido:

«Vai de coração ao alto nesta lua
E a marcha segue contente!»

E segue mesmo, a marcha segue contente! Tenham lá paciência!

Espaço Prof. Karamba

Benfica - Olhanense
Nacional - P. Ferreira
Leixões - Académica
V. Guimarães - Belenenses
Rio Ave - Marítimo
Naval - Sp. Braga
V. Setúbal - FC Porto
U. Leiria - Sporting

quarta-feira, abril 21, 2010

O Túnel da Luz...

Hilariante

Artigo de Opinião de Luís Aguilar

Nestas coisas do futebol ainda há quem consiga deitar por terra as teorias de que os jogos se ganham nos túneis, nas secretarias e nas conferências de imprensa. Ainda há jogadores com a capacidade de mostrar que a qualidade individual e colectiva é mais importante do que as queixas, os mind games e o maldizer. É certo que, em Portugal, não são muitos. Mas existem. Aparecem de vez em quando e silenciam a ignorância, nem que seja por breves momentos.

Pablo Aimar é um desses artistas. A esta hora muitos adeptos leoninos ainda devem estar a pensar que o mago argentino nunca deveria ter entrado em campo no último dérbi. A magia do seu futebol virou um jogo onde os leões até começaram melhor do que as águias. Contudo, quem tem a arte do seu lado – e pode utilizá-la – arrisca-se a trocar a angústia das oportunidades perdidas pelo sorriso da vitória.

Esse foi o pormenor que decidiu o clássico da Luz e deixou o Benfica definitivamente apontado ao título. Os encarnados puderam usar o seu artista de cristal. O elemento frágil, que se parte facilmente, mas que se for manuseado com cuidado, dá sempre mais brilho e classe à mesa de jantar. Jamais convidaria Aimar para me ajudar nas mudanças lá de casa, mas era capaz de ficar a vê-lo uma tarde inteira a dar toques na bola por entre a mobília da sala ou os electrodomésticos da cozinha.

Este pode não ser o El Mago que durante anos deliciou o Valência e a selecção argentina. Com as lesões e complicações, não aparece com tanta frequência como o futebol gostava e precisava. Mas cinco minutos bons dele dão-me muito mais prazer do que uma eternidade de donos da bola a “vomitar” sumaríssimos e teorias de clubite crónica. Mesmo que não possa pedir a Aimar para me ajudar a carregar os móveis para o novo apartamento.

Não podia estar mais de acordo

Queiroz não tem melhor lateral-direito

Com Bosingwa afastado do Mundial, as opções para o lugar de lateral-direito não abundam. Paulo Ferreira não convence totalmente no Chelsea, Miguel e João Pereira estão a desiludir no Valencia e no Sporting. Mas... há um suplente no Benfica cada vez mais útil, consistente e até decisivo. Ruben Amorim vem justificando amplamente a chamada para a África do Sul - Luís Pedro Sousa.

Artigo de Opinião de Luís Freitas Lobo

A 'armadilha' que faz o jogo voar

A cada jogo, a autoridade benfiquista parece voar para a baliza, mas este seu idolatrado poder ofensivo tem, em campo, subterfúgios estratégicos mais profundos. Por princípio, ele não está especialmente vocacionado para o chamado ataque continuado.
Por isso, perante equipas em bloco baixo, fazendo campo pequeno perto da sua área, com duas linhas de pressão, a equipa mais do que insistir em tentar derrubar esse muro, tem outro comportamento posicional: recua no terreno. Ou seja, baixa um pouco as suas linhas, meio-campo e ataque, e, com isso, alicia (chama) o adversário, vendo mais espaço livre à sua frente, a subir as suas linhas (defensivas).
É uma armadilha que busca criar espaços para colocar em prática os seus movimentos de construção ofensiva de trás para a frente, buscando os tais espaços nas costas dos defesas adversários onde surgem, depois, vindos de trás, os seus médios, extremos ou laterais.
Conclusão: muitas vezes um recuo estratégico é a melhor forma de preparar um ataque. O Benfica explica isso muito bem.
Foi assim que mudou o jogo frente ao Sporting. Princípios que nascem do treino e dependem da leitura certa do jogo.
Para sua melhor aplicação, beneficia da maior parte das defesas adversárias não serem tecnicamente muito evoluídas, pois a forma de combater esta armadilha era serem capazes de circular a bola por trás, através da sua linha defensiva, e, assim, forçar as linhas benfiquistas a subir novamente (obrigando-as outra vez a jogar em espaços curto). Mas não.
Vendo mais espaço, as equipas sobem e querem pôr a bola o mais rápido possível longe da área. É quando o Benfica a recupera e, com a transição feita em segurança (sem ser muito rápida) lança o ataque que, subitamente, pelo avanço do adversário (mesmo que ténue) descobre espaço nas suas costas para entrar desde trás (então já em velocidade) como tanto gosta.
É uma estratégia que exige grande inteligência de jogo e, por isso, depende muito dos seus jogadores mais dotados (e rotinados) tactica-tecnicamente nesses princípios. Por isso, quando falta Aimar ou Saviola este jogar ressente-se. Sente a falta de quem o entende e interpreta melhor.
Jesus justificou a aposta de Eder Luís frente ao Sporting devido ao melhor «posicionamento defensivo» e «movimentos semelhantes» aos de Saviola. No estilo, até parece.
Na aplicação dos princípios referidos, já não. Nessa altura, a equipa, sempre com Cardozo referência de apoio, necessita de outro tipo de avançado que, mesmo incapaz de repetir os movimentos avanço-recuo de Saviola, consiga, para além de dar mais presença no ataque continuado em que poderá entrar, ler os tais espaços nas costas da defesa adversária quando eles aparecerem. Esse homem é Weldon. Viu-se contra a Académica.
O bom futebol táctico é muito feito de armadilhas. Este Benfica prova-o. Congemina os seus ataques mais perigosos começando por fazer recuar as suas linhas.
Engana o adversário e, num ápice, esse presente envenenado termina com uma bola no fundo da baliza.

Mais Escutas do Apito Dourado...

segunda-feira, abril 19, 2010

Arte Peculiar...

Artigo de Opinião de António Magalhães

Com uns dias de atraso, Weldon chegou à titularidade no Benfica. Depois de ter sido preparado para ser lançado no dérbi, acabou por aparecer em Coimbra onde foi decisivo com a marcação de dois golos. É um matador. Rápido e com instinto. Não toca muitas vezes na bola, mas está no sítio onde é preciso dar o último toque.

A equipa de Jesus voltou a fazer um bom jogo. Entrou forte e teve nos seus grandes desequilibradores (Aimar e Di María) as peças chave para chegar à vitória.

O Benfica está no trilho do título e a sua conquista é mera questão de tempo. Pode ser aliás já no próximo fim-de-semana se o Benfica vencer o seu jogo e o Sp. Braga não ganhar.

Se isso acontecer, há um "inconveniente": é que o Benfica será campeão em casa na verdadeira aceção da palavra. Ou seja, os jogadores estarão em casa pois jogam na véspera do Sp. Braga. Ora tais circunstâncias reitram algum élã ao momento.

Bom, mas se assim não for a festa poderá acontecer na jornada seguinte no Dragão, desejo que já foi expresso por um dos vice-presidentes das águias, Rui Gomes da Silva.

Seja onde e quando for, trata-se, repito, de uma questão de tempo.

Recordar é Viver

Brutal!

Artigo de Opinião de Luís Avelãs

O Benfica, mesmo com sofrimento nos derradeiros instantes, venceu a Académica (3-2) e, se já não estava longe, agora encontra-se a um pequeno passo de conquistar o título. É certo que a matemática ainda não encerrou as contas (as águias precisam de mais 4 pontos, acreditando que o Sp. Braga somará os 9 disponíveis até ao final da competição), mas já ninguém equaciona outro desfecho que não o sucesso encarnado. Aliás, a euforia que adeptos e futebolistas (David Luiz está a tornar-se um caso sério de popularidade junto dos sócios e simpatizantes) demonstraram no Cidade de Coimbra assinalou, em traços gerais, o inicio oficioso das comemorações.

Sem Saviola e com Cardozo visivelmente em dificuldades, o Benfica voltou a contar com a inspiração de Weldon (tem queda para as partidas na zona Centro, conforme já se tinha visto na Figueira da Foz) e a criatividade de Di Maria para resolver um problema que, pese o golo madrugador, durou até ao derradeiro apito de Carlos Xistra.

Cientes da necessidade de somar, quanto antes, os pontos que faltam para carimbar o título, os benfiquistas entraram com tudo em Coimbra. E mercê dessa atitude dominadora, marcaram logo aos 3 minutos. E nem quando viram a Académica restabelecer a igualdade, os pupilos de Jorge Jesus abanaram. A confiança é, nesta altura, um dos grandes trunfos da formação da Luz que, basicamente, consegue fazer sempre o suficiente para dobrar os obstáculos que lhe surgem pela frente.

No sábado, quando receber o Olhanense, o Benfica continuará - mesmo em caso de triunfo - a não poder festejar, em definitivo, o título. Mas, se à conquista da nona vitória consecutiva na prova se juntar, no domingo, um qualquer deslize do Sp. Braga na deslocação ao reduto da Naval... então a conversa terá mesmo um ponto final.

Ser campeão no sofá não será, seguramente, o maior desejo do conjunto encarnado. Contudo, acredito que todos os responsáveis benfiquistas gostariam de viajar ao Dragão já com a questão do título resolvida. É que se não for assim, é provável que os ânimos aqueçam no Porto, não só porque os azuis e brancos ainda deverão estar na corrida pelo segundo lugar (que dificilmente alcançarão...), mas porque a "guerra das palavras" entre os eternos rivais tem andado animada. E como os dirigentes não percebem que são eles, com os seus discursos repletos de recados, quem inflama as hostes mais sugestionáveis... o jogo pode ter pouco futebol, mas muitas estórias.

Espaço Prof. Karamba - Classificação Geral

1º Lugar: Jimmy Jump - 710 pontos

2º Lugar: Vermelho Sempre
- 700 pontos

3º Lugar: Kaiserlicheagle e JC - 625 pontos

4º Lugar: Vermelho - 605 pontos

5º Lugar: Fura-Redes - 520 pontos

6º Lugar: J. Lobo - 490 pontos

7º Lugar: Sócio - 470 pontos

8º Lugar: Cuto - 465 pontos

9º Lugar: Gui - 450 pontos

10º Lugar: Samsalameh - 405 pontos

11º Lugar: Chico - 245 pontos

12º Lugar: Vermelho Nunca - 225 pontos

13º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos

14º Lugar: Luís Rosário - 55 pontos

15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos

16º Lugar: Pachulico - 35 pontos

domingo, abril 18, 2010

Artigo de Opinião de Luís Sobral

Weldon repetiu em Coimbra o que conseguira na Figueira da Foz, perante a Naval: assinou dois golos.

O brasileiro que Jorge Jesus pediu nem tem jogado muito, o que se explica por causa da qualidade da concorrência e por uma ou outra lesão. Mas quando lhe pedem uma ajuda, ele não deixa a equipa ficar mal.

No campeonato só foi duas vezes titular, o seu estatuto é o de bom suplente. Mas foi precisamente quando Jesus o colocou de início que Weldon deu nas vistas. Os tais dois golos à Naval, mais dois este domingo.

O outro que leva nesta Liga foi conseguido logo na primeira jornada, frente ao Marítimo. Factor comum: todos foram importantes para a equipa. Outro facto: quatro deles foram obtidos de cabeça, uma qualidade que estava longe de ser a mais referida na ficha de Weldon.

Com cinco golos em 323 minutos, Weldon é o quarto futebolista que menos tempo precisa para facturar, na Liga.

AAC 2 SLBenfica 3 Wel(l)don(e) ou Está Descoberto o Novo Mantorras!





sábado, abril 17, 2010

Artigo de Opinião de Ricardo Araújo Pereira

O Porto está bem colocado para ganhar a taça dos túneis

Acho que o castigo a Vandinho é injusto, tendencioso e vergonhoso
Rui Moreira, 19 de Fevereiro de 2010

Vivemos (…) num país onde há gente com decência, competência e bom senso, como agora se comprova. (…) Infelizmente, a justiça chega tarde e a más horas
Rui Moreira

A justiça desportiva tem particularidades que podem escapar aos leigos, mas é fácil de entender pelos juristas — e pelos comerciantes, contanto que usem gravata. Aos olhos de um ignorante, uma decisão iníqua não pode, em princípio, ser mantida por gente com decência, competência e bom senso, mas um especialista em justiça desportiva sabe que o mesmo castigo pode ser infame quando decidido pela Comissão Disciplinar da Liga e justo quando confirmado pelo Conselho de Justiça da Federação. Aos outros, só lhes resta procurar compreender uma ciência que, aparentemente, não está ao seu alcance. Que se passou, então, entre aquele dia de Fevereiro em que Rui Moreira considerou injusto, tendencioso e vergonhoso o castigo de Vandinho e o dia de Março em que lhe pareceu que as pessoas que o confirmaram eram decentes, competentes e assisadas? É fácil: passaram quatro jornadas e o Porto continuava a oito pontos do Braga.

Vinte e três dias antes das agressões dos bons pais de família no túnel da Luz, Rui Moreira comunicava aos leitores d'A BOLA quanto gostava de ver Hulk sentado no banco. Segundo Rui Moreira, que certamente acompanha os jogos do Porto com mais atenção do que eu, Hulk era um jogador individualista, dado a tiques e simulações inócuas, e era costume o seu contributo à equipa ser de pequena utilidade. No entanto, menos de um mês depois, Hulk passou de suplente inútil a titular genial que só não carregava sozinho a equipa rumo ao penta porque a Liga não deixava. Que se passou, então, entre aquele dia de Novembro em que Rui Moreira defendeu que Hulk devia jogar menos e o dia de Dezembro em que ele começou a lamentar que ele não pudesse jogar mais? É fácil: o Porto perdeu e ficou a quatro pontos do Benfica.

Assim se vê a gratidão das pessoas: Rui Moreira queria ver Hulk no banco. A Liga, cumprindo um regulamento aprovado com o voto favorável do Porto, mandou-o para a bancada. Em lugar de agradecer a fineza, Rui Moreira protesta até hoje. São feitios.

Depois de ter visto a entrada de João Moutinho sobre Ramires e a patada de Miguel Veloso nas costas de Kardec, Costinha foi à conferência de imprensa dizer que o Luisão tinha sido um bocadinho bruto. Este é o mesmo Costinha cuja delicadeza em campo todos recordamos com saudade. O mesmo que, no jogo de estreia no campeonato português, pelo Porto, foi expulso (curiosamente, em Alvalade) ainda na primeira parte. Imagine o leitor que Keith Richards, o guitarrista dos Rolling Stones, convocava uma conferência de imprensa para dizer aos jornalistas que estava indignado com a quantidade de drogas que esta juventude consome. Era mais ou menos equivalente.

Há uns meses, José Eduardo Bettencourt disse que os sportinguistas ainda iriam ter saudades de Paulo Bento. Só não avisou que também ainda iriam ter saudades de Pedro Barbosa, Sá Pinto e Soares Franco. Por este andar, qualquer dia ainda suspiram pelo Jorge Gonçalves.

Valeu a pena o investimento feito pelo Porto: o plantel mais caro do futebol português está bem colocado para, esta época, ganhar uma taça ao Chaves. Trata-se, recordo, do troféu que ficará conhecido como «a taça dos túneis», porque foi no túnel de Braga que Cardozo foi castigado por não agredir ninguém, e por isso falhou o jogo em que o Benfica seria eliminado frente ao Guimarães. Perdemos uma boa oportunidade de organizar uma vigília, foi o que foi.

quinta-feira, abril 15, 2010

Artigo de Opinião de Seara Cardoso

Foi sempre assim. O Benfica, cada vez que averba um resultado menos positivo, encarrega-se de reverter a situação no embate subsequente. Desta feita, o Sporting pagou o desaire de Liverpool. Foi um triunfo sem mácula, justificado por uma segunda metade que deu a conhecer um conjunto mais forte e consistente que o antagonista.

O Benfica vai ser campeão nacional? Não é crível que a quatro rondas do termo da competição deixe escapar a oportunidade. Acresce que não é igualmente crível que o Sporting de Braga, a segunda melhor equipa do ano, faça o pleno até ao termo da mais importante prova doméstica.

O Benfica vai ser um justo campeão? Seguramente. Tem a melhor defesa, tem o melhor ataque. Só? Tem também mais classe, tem também mais sedução. O Benfica, versão 2009/2010, remete para os melhores "Benficas" de sempre. Este Benfica, como dantes outros "Benficas", só pode ser um Benfica campeão.

O Benfica pode prosseguir na senda vitoriosa? Assim se espera. O próximo defeso, com toda a certeza, vai ser marcado por múltiplas investidas milionárias ao quadro de jogadores do clube. Vários são os executantes que fariam as delícias de muitas das melhores formações europeias.Ainda que possa transferir uma ou outra unidade, o Benfica já deve estar preparado para não deixar que o seu plantel sofra uma sangria suscetível de lhe diminuir a grande qualidade evidenciada esta época.

O Benfica ainda vai melhorar? É de admitir que sim. Uma equipa (Liverpool provou-o) não se constrói num só ano. Com Jesus, este só pode ser o ano primeiro de um plural ganhador. Em Portugal e na Europa.

Artigo de Opinião de Miguel Góis

Uma das virtudes do último dérbi foi ter devolvido alguma justiça à tabela classificativa. É comummente aceite que o facto de este Benfica estar só a 23 pontos do Sporting não espelhava de forma conveniente a diferença entre as duas equipas. Corrigida a injustiça, foi então altura de ver também as diferenças entre os clubes no pós-jogo. Em primeiro lugar, surgiu João Moutinho que, alguns minutos depois de fazer uma entrada por trás sobre Ramires merecedora de cartão vermelho, veio queixar-se do facto de Luisão ter feito uma entrada por trás sobre Liedson merecedora de cartão vermelho, quase tão violenta quanto a entrada por trás de Miguel Veloso sobre Alan Kardec merecedora de cartão vermelho - só não o lesionou, porque felizmente acertou no piton do Bruno Alves que o Kardec tem embutido nas costas, desde a final da Taça da Liga.

De seguida, apareceu o diretor para o futebol do Sporting. (Para quem não sabe, de entre os vários poderes e responsabilidades do presidente do Sporting não se encontra a nomeação do diretor para o futebol. Se não, vejamos: primeiro, a Juve Leo nomeou Sá Pinto; mais recentemente, o empresário Jorge Mendes nomeou Costinha. Em rigor, já calhou a quase toda a gente essa tarefa, menos ao seu presidente. Há que rever esses estatutos.) Depois de se queixar da arbitragem, proclamou um blackout à moda do Porto. Percebe-se agora por que é que o Sporting se autointitula um clube diferente. Mais nenhum clube grande em Portugal copia o modelo de gestão e comunicação de um outro clube grande. Ou seja, o Sporting é diferente porque é igual ao FC Porto.

Seja como for, ouve-se agora dizer por todo o lado que esta época do Sporting é para esquecer, mas não posso estar de acordo com isso. Pelo menos, eu vou-me lembrar dela para sempre.

Artigo de Opinião de Luís Óscar

O Benfica venceu o Sporting por 2-0 e "assegurou" a conquista do título 2009/2010. Quando faltam 4 jogos (12 pontos) não é crível que, mesmo fazendo o Sp. Braga o pleno até final, as águias - só perderam um jogo na Liga e desde o dia 12 de dezembro (14.ª jornada) só cederam 2 pontos (em Setúbal) - desperdicem 6 pontos. Está feito.

Depois de sofrerem durante toda a 1.ª parte, os encarnados conseguiram dar a volta ao jogo e somar os 3 pontos que mantêm o Sp. Braga a confortável distância. Difícil foi os leões engolirem a derrota. O cúmulo da azia ficou expresso na forma como Costinha se dirigiu aos jornalistas no final e pela ausência de Carlos Carvalhal na conferência de imprensa.

Mas foi a mensagem do diretor do futebol leonino que mais desiludiu, depois de o treinador ter repetido o discurso das derrotas ("parabéns aos jogadores", "estamos sempre a evoluir" e por aí adiante). Costinha abriu a boca para explicar a derrota do Sporting com o facto de João Ferreira não ter expulso Luisão no início da 2.ª parte, quando o capitão dos encarnados teve uma entrada sobre Liedson que justificava plenamente o cartão vermelho. Certo. Mas desde quando é que o facto de continuarem 11 contra 11 prejudica uma equipa? E quantas vezes o Sporting não conseguiu vencer adversários com menos um? Jogando mais do que o Benfica, marcou algum golo na 1.ª parte?

No dia em que o Benfica assegurou o título, Costinha foi à sala de imprensa dar parabéns aos jogadores do Sporting... que perderam por 2-0. Não havia necessidade.

Artigo de Opinião de Leonor Pinhão

O que é que eles ainda queriam mais?

A Costinha só faltou mesmo dizer, para justificar a derrota e os 26 pontos de atraso, que enquanto há clubes que têm Túneis outros clubes há que têm Tóneis

Na época corrente, visitando o Estádio da Luz na condição de treinador da equipa visitante, Carlos Carvalhal fez muito melhor com o Marítimo, na primeira jornada do campeonato, do que fez com o Sporting na vigésima sexta jornada da prova. No comando da equipa da Madeira, Carvalhal saiu da Luz com um empate a uma bola e com um ponto, já no comando do Sporting saiu da Luz com uma derrota e com zero pontos.

E quem viu com atenção os dois jogos há-de reconhecer que o Marítimo, ao longo dos 90 minutos, jogou bem melhor e foi muito mais perigoso do que o Sporting, ao longo dos 90 minutos. O problema do Sporting, portanto, não é do treinador.

Assim não parece entender a Direcção do clube de Alvalade que, objectivamente, entregou a carta de despedimento a Carvalhal a seis jornadas do fim do campeonato e assim não parece entender Costinha, o team manager do Sporting que, na noite de terça-feira, despediu Carlos Carvalhal da conferência de imprensa no final do jogo, sentando-se ele próprio, muito austero, no lugar onde era suposto sentar-se o treinador, para se dirigir aos jornalistas em formato de grande indignação.

Não duvidem, Costinha promete.

Promete deixar a sua marca pessoal na organização e direcção do futebol do Sporting e já muitas vezes o temos visto a atirar-se como um valente para a frente de todas as situações e de todos os holofotes, sempre em defesa da questão colectiva do Sporting e, muito principalmente, em defesa da questão individual que é a sua.

Obedecendo à filosofia do presidente do clube, Costinha foi contratado para implementar em Alvalade os métodos que fizeram do FC Porto um emblema de sucesso. Por um lado, tem a sua lógica. Ninguém de bom senso se lembraria de contratar Costinha para implementar no Sporting os métodos que fizeram, por exemplo, do Barcelona, do Manchester United, do Milan e do Bayern Munique emblemas de sucesso.

No fundo, é uma questão de discussão de métodos aplicáveis e, sem dúvida, que os métodos do FC Porto serão impecavelmente ministrados por Costinha ao Sporting. No final do derby que deixou o Sporting a 26 pontos históricos do Benfica, Costinha, simulando que estava a falar para os jornalistas, falou directamente aos adeptos do Sporting e aos seus patrões queixando-se do árbitro que não expulsou Luisão. Depois abandonou a sala de imprensa em passo apressado e digno para que os adeptos do Sporting vissem como lhe fica a matar o fato e o cargo que ocupa e que, sobretudo, vissem bem o bem que ele defende sozinho os interesses de todos.

Só lhe faltou mesmo dizer, para justificar a derrota, que enquanto há clubes que têm Túneis outros clubes há que têm Tóneis.

Mas isto, se calhar, também era exigir demais a Costinha tão estreante nestas andanças. Mas ele vai lá com o tempo, se lhe derem tempo.

Basicamente, para Costinha o Sporting perdeu por 2-0 porque o árbitro deixou Luisão em campo depois de uma entrada sobre Liedson. Se é verdade que foi o único momento do jogo em que se deu conta de que Liedson estava em campo, também é verdade que, no mês passado, outro árbitro de outro jogo, a final da Taça da Liga, deixou Bruno Alves em campo o jogo todo apesar de Bruno Alves ter feito muito mais e muito pior do que Luisão. Mas mesmo assim, onze contra onze e um mau árbitro pelo meio, os onze do Benfica conseguiram ganhar por 3-0 aos onze do FC Porto.

Coisa que anteontem os onze jogadores do Sporting não conseguiram fazer aos onze do Benfica.

O Sporting gostaria de ter jogado grande parte da segunda parte com mais um jogador do que os donos da casa e assim sendo, está cientificamente provado, o resultado ter-lhe-ia sido favorável. Quem sabe se até uma goleada não seria de admitir?

Fez mal Jorge Jesus em não te respondido ao discurso de Costinha, indo directo ao assunto. Qualquer coisa assim:

— O Sporting não tem razão para se queixar porque já jogou toda a primeira parte contra dez e mesmo assim não fez um remate direito à nossa baliza.

Ao que os jornalistas, em coro, muito espantados retorquiriam:

— Contra dez?!

— Sim, filhos, porque o Éder Luís, enfim, ter lá estado ou não estar teria sido exactamente a mesma coisa. O que é que eles ainda queriam mais?

E acabava-se logo ali a conversa.

FC Porto e Desportivo de Chaves são os finalistas da Taça de Portugal. É uma final inédita, dizem os historiadores que nestas coisas nunca se enganam. O palco da decisão vai ser, uma vez mais, o Estádio Nacional, em Lisboa. É sempre uma festa a final da Taça. E quando as equipas em despique não são de Lisboa, a festa é ainda maior porque a cidade enche-se de forasteiros que juntam o futebol ao fim-de-semana e deliciam-se com as belezas naturais e com as ofertas culturais da capital.

Este ano vai ser assim. E se é muito provável que, do lado do FC Porto, ainda venha alguém altamente qualificado lamentar, em nome da luta anti-centralismo, os 600 quilómetros da viagem, já pelo lado do Desportivo de Chaves se pode adivinhar um enorme entusiasmo com os 930 quilómetros em perspectiva.

Defrontando um adversário de um escalão secundário, o FC Porto é, com toda a naturalidade, o grande favorito da ocasião. E, sem desrespeito pelo Desportivo de Chaves, ninguém admite que os futuros-ex-campeões deixem escapar a única oportunidade que têm para conquistar uma prova oficial em 2009/2010.

Mas se a Taça do consolo vai, quase de certeza, para o FC Porto, a festa a sério vai ser feita pela multidão flaviense que há-de vir até Lisboa porque, sem dúvida, chegar ao Jamor já foi um belíssimo feito para o penúltimo classificado da II Divisão, mais modernamente baptizada de Liga Vitalis.

A previsível vitória do FC Porto sobre o Desportivo de Chaves na final da Taça de Portugal traz consigo a inevitabilidade de um emocionante arranque da próxima temporada, a abrir por meados de Agosto com um Benfica-FC Porto na decisão da Supertaça, no Estádio do Algarve, como é da tradição.

Lá virá, outra vez, a contagem dos quilómetros e a respectiva lamentação. Esta é uma certeza. Lá virá, outra vez, o resto. Esta é uma aposta.

Carlos Queiroz vai anunciar, na semana entre a última jornada do campeonato e a final da Taça, a sua lista de convocados para o Mundial da África do Sul. Dizem as más línguas que o Benfica se arrisca a não ter jogadores seus na selecção portuguesa. A situação é precisamente a inversa. A selecção é que se arrisca a não ter jogadores do Benfica se Quim, Rúben Amorim, Fábio Coentrão e Carlos Martins ficarem de fora do grupo escolhido por Carlos Queiroz.

Respeitando as mais do que justas ambições dos jogadores referidos e, por antecipação, em espírito solidário com a sua tristeza no caso de serem preteridos, sinceramente não vejo nisso um problema para o Benfica. Será antes um problema para a selecção. E os adeptos benfiquistas terão sempre com que se entreter durante o Mundial, seguindo Ramires e Luisão no escrete, Pablo Aimar e Angelito Di María ao serviço da Argentina, Maxi Pereira ao serviço do Uruguai e Óscar Cardozo na linha avançada do Paraguai.

Já é muita gente nossa. E muito boa gente.

Espaço Prof. Karamba

FC Porto - V. Guimarães
Sporting - V. Setúbal
Nacional - U. Leiria
Sp. Braga - Leixões
Académica - Benfica
P. Ferreira - Naval
Belenenses - Rio Ave
Olhanense - Marítimo

Artigo de Opinião de Vítor Serpa

O vício de dizer mal do árbitro

O Benfica - Sporting não fez, apenas, parar Portugal. Porque o derby tem uma dimensão que vai além do próprio país, chegando a essa Pátria maior da língua portuguesa, que felizmente continua espalhada pelos cinco cantos do Mundo.

Foi positiva a imagem projectada do futebol português. Um espectáculo vibrante, discutido de princípio ao fim, com duas equipas entregues apaixonadamente ao jogo e, é preciso que se diga, também muito por culpa de um Sporting que, apesar de demasiado longe da liderança, por culpa de uma época atípica e - espera-se - a não repetir, não perdeu um pingo de dignidade competitiva e por isso tantos e tão complicados problemas colocou ao seu adversário e rival.

Não faltou, sequer, uma boa arbitragem. Bem sei que é contra a corrente dizer bem de um árbitro de futebol, principalmente, quando se trata do árbitro de um Benfica-Sporting. Portugal, talvez por culpa de alguns comentadores de futebol televisivo, viciou-se na maledicência dos árbitros. É um escape. Há jogos menores, exibições medíocres, erros clamorosos de todos, mas são os árbitros que pagam sozinhos a exuberância e, não raras vezes, a incontinência das análises que o futebol permite e promove.

O jogo teve lances no limiar do cartão vermelho? É verdade que sim, mas João Ferreira foi inteligente e, sobretudo, foi coerente nas análises. O que permitiu a uns, permitiu a outros e, quanto a nós, bem. O jogo teve lances duros, agressivos, mas não violentos e se João Ferreira tivesse optado por uma arbitragem intransigente estaria agora a ser criticado por ter dado cabo de um belo espectáculo.

quarta-feira, abril 14, 2010

Artigo de Opinião de Luís Freitas Lobo

É como, de repente, se antecipasse ao tempo.
Como fica diferente o futebol sempre que o jogo (e a bola) anda perto de quem melhor o entende. O inverso, claro, também sucede. Antecipar a jogada, lendo o espaço e decidir a acção no mesmo instante.
Quando um jogador destes aparece num jogo em que o bater do coração (acelerado e nervoso) da equipa ouvia-se desde a bancada, é como colocar um pacemaker na frequência táctico-cardíaca de todo o onze. Nessa atmosfera, a aparição de Rúben Amorim, sempre sensível a ler espaços, tocou o sistema nervoso da equipa. Com o atrevimento discreto que desenha todas as suas jogadas, descobriu por onde furar a primeira linha defensiva leonina e, subitamente, abriu uma clareira num jogo tacticamente amordaçado. Se, depois disso, a bola chega ao sítio eleito, a mensagem de bom futebol cumpriu o seu destino. É assim tão simples.

O Benfica encontrou a chave do jogo nas botas de um herói discreto, na repetição de um gesto táctico-técnico que ele já tinha desenhado na Choupana. Um jogador que entende o mecanismo colectivo em qualquer posição é, neste cenário de amarras tácticas, quase sempre decisivo. Entender todo o jogo, serenamente. Diferente de estar em todo o jogo, ansiosamente. Uma boa forma de distinguir Rúben Amorim e Carlos Martins e sua capacidade de transportar e transmitir mensagens. Um mundo onde também coexistem guerreiros puros, como David Luiz, outra forma de ansiedade, a de estar em todo o lado. Às vezes, vendo-o jogar, penso que a única coisa que o pode impedir de se tornar mesmo num dos melhores defesas-centrais do mundo é ele, no jogo, não se satisfazer em ser apenas isso. Quer ser muito mais, subir no terreno, levar a bola, atacar e nisso, muitas vezes, perde o seu ponto de origem. Tem, porém, sempre uma bússola que lhe indica, veloz, o caminho de regresso.

Quando um treinador sente a falta de um dos seus habituais titulares, o mais natural é procurar, no plantel, o jogador mais parecido com ele para, desta forma, reproduzir os mesmos princípios de jogo. Jesus terá visto isso em Eder Luis.
É um erro de casting, porém, imaginá-lo a fazer os movimentos de Saviola.
Rotinado em movimentos do 4x4x2 clássico, não tem dentro dele esses movimentos de avanço e recuo (antes tem os de flectir ou dar largura).
Por isso, sentiu-se, noutro habitat, a mesma importância de ter (ou não ter) o jogador que antecipa o tempo e espaço.
Porque a inteligência de jogo (que quando existe de verdade dentro de um jogador vai com ele para qualquer lugar ou sistema) sempre encontra uma saída.
Quando entrou Aimar, entrou o poder hipnótico que salta os limites tácticos.

Acertar com os lugares e os movimentos é, em campo, obra dos jogadores, mas começa, primeiro, por nascer do pensamento do treinador. Nessa lógica, Rúben Amorim e Aimar, cada qual no seu lugar e estilo, anteciparam-se ao tempo. Rescreveram o jogo a partir da ordem táctica e da serenidade criativa. Não sejamos, pois, muito exigentes. Conformemo-nos com a perfeição.

Artigo de Opinião de António Magalhães

1. Benfica ganhou bem. Na parte em que foi superior (a segunda) fez aquilo que o Sporting não foi capaz na parte em que dominou (a primeira): golos.

2. A entrada de Aimar foi fundamental para virar o jogo. O argentino sabe como ninguém mexer-se no espaço entre linhas e com o seu talento abanou a estrutura defensiva do Sporting que estava bem "cimentada" no eixo central com Mendes e Veloso. A rapidez e a visão de Aimar beneficiaram também da inferioridade física de Pedro Mendes, que acusou um toque no final da primeira parte.

3. A inclusão de Eder Luiz no onze do Benfica foi uma má aposta. Revelou falta de entrosamento, deixando a entender que a opção não deveria ser aquela, mas sim a que Jesus trabalhou durante a semana (Weldon), arrependendo-se (?) da sua utilização no dia do jogo.

4. Carvalhal foi mais conservador e apesar da moral alta e dos 5 golos ao Rio Ave, fez o leão jogar com tração atrás. Por isso Saleiro ficou no banco. Percebeu-se que o treinador do Sporting tinha preparado muito bem a equipa para um jogo em que a prioridade era controlar o Benfica. Apesar do domínio exercido, faltou o resto. Se o leão sabia como parar o Benfica, a verdade é que não se viu que soubesse como atacá-lo.

5. Tudo mudou na segunda parte com a entrada de Aimar e uma atitude diferente do Benfica. Com mais (e melhores) armas para atacar a baliza adversária, cedo se percebeu que o golo era uma questão de tempo. A justificar a débacle leonina podem juntar-se um destes dois factores que carece de confirmação: a falta de meios para se mostrar mais ambicioso (só quando sofreu um golo Carvalhal mexeu na equipa) ou o colapso físico da equipa (inexplicável após 12 dias sem competição)

Video de Opinião de Pedro Ribeiro e José de Pina

Artigo de Opinião de Luís Avelãs

Ao bater o Sporting, por 2-0, na Luz, o Benfica sentenciou o Campeonato. Eu sei que ainda estão 12 pontos em disputa, que em caso de igualdade o título pertencerá ao Sp. Braga, que os minhotos têm um calendário acessível e que, no futebol, surpresas impensáveis acontecem com inusitada regularidade. Ainda assim, assumo, ao ultrapassar o eterno rival - ainda por cima após a goleada em Liverpool e consequente afastamento da Liga Europa -, as águias colocaram um ponto final nas dúvidas.

Com este último triunfo (o sétimo consecutivo na Liga), o Benfica pode, inclusivamente, perder no Dragão que, nem por isso, deixará de ser campeão. A matemática diz-nos que, para fazer a festa, os encarnados necessitam de 7 pontos. E isto dando de barato que os minhotos somarão por triunfos os seus embates até ao final da época. Por outras palavras, os benfiquistas precisam apenas de ganhar os dois jogos em casa (Olhanense e Rio Ave) e não perder, na próxima ronda, em Coimbra. Será um missão sem sobressaltos? Talvez não, mas está longe de ser muito complicada. Ainda por cima é fácil prever que, na cidade do Mondego, o Benfica vai alinhar "em casa". As bancadas serão escassas para albergar os simpatizantes do clube da Luz que, mais do que nunca, querem apoiar a equipa no derradeiro "sprint".Mas, vamos ao jogo. E há que começar por dizer que, na primeira parte, foi o Sporting quem esteve melhor, saindo com muito perigo nas acções de contra-ataque. Quanto ao Benfica não são necessárias muitas palavras para definir a sua prestação. A equipa esteve estranhamente apática, confusa, desinspirada, incapaz de levar perigo efectivo à baliza dos leões. Basicamente deu a ideia de estar a ressacar do embate de Liverpool. Se não foram os piores 45 minutos da época dos encarnados... foram dos piores!

Na segunda metade, com Aimar em campo, o jogo foi outro. Contudo, não foi só a acção do argentino que mexeu com a partida. Jesus, com toda a certeza, deve ter "puxado as orelhas" aos atletas e estes, como tem sido normal esta época - nomeadamente nos desafios em casa -, foram para cima do adversário. O Sporting, ao invés, desapareceu do jogo e nunca mais incomodou seriamente o sector recuado dos encarnados que, como consequência do domínio registado, acabaram por conseguir "furar" a resistência leonina. Cardozo, já em débil condição física, fez o golito da ordem e Aimar, aproveitando um buraco na defesa alheia, matou o encontro.

Em resumo, mesmo dando de avanço 45 minutos, o Benfica mostrou que, na actualidade, é bem mais forte que o vizinho do outro lado da Segunda Circular. Dito de outra forma: confirmou que é a formação mais homogénea da prova, razão pela qual, repito, vai mesmo conquistar o título, pese a réplica sensacional do Sp. Braga, a assinar uma temporada histórica.

PS - Costinha continua a esforçar-se para mostrar que, agora, em Alvalade há uma política diferente. E dá para ver, de facto, coisas novas. É pena é serem negativas. A ideia de substituir Carlos Carvalhal na conferência de imprensa para dizer que está cansado de ver o Sporting prejudicado foi... absurda. É verdade que o árbitro podia ter ido mais longe, no arranque da segunda parte, quando Luisão "varreu" Liedson a meio-campo. Se em vez do amarelo, João Ferreira tivesse mostrado vermelho, ninguém poderia ficar admirado. Mas, entendendo o desagrado leonino pela interpretação (e critério) do juiz, é desonesto pretender resumir o jogo (como João Moutinho tentou fazer no "flash interview") ou o trabalho do árbitro a um único lance.

Costinha - que, a par dos dirigentes, devia centrar o seu trabalho em tentar que o Sporting não volte, na próxima época, a ser um clube completamente à deriva e que possa estar, a 4 rondas do fim, a 26 pontos (!) do líder - ficou indignado com a jogada de Luisão mas, por outro lado, ignorou que João Ferreira podia ter marcado penálti, no final da primeira parte, quando Carriço viu a bola rematada por Carlos Martins bater no seu braço e também não viu Grimi, na etapa complementar, tocar na perna de Cardozo na área de rigor.

Creio que o árbitro ajuizou bem os lances atrás referidos, considerando não ter havido intenção de fazer falta por parte dos jogadores leoninos, mas se tivesse tido interpretação diferente... seria escandaloso?

É humano ver os intervenientes do futebol (ou de outras modalidades) ter uma visão distorcida dos jogos por causa do seu envolvimento directo mas, por vezes, essa tendência natural acaba por ser exagerada e algo ridícula. Foi o que sucedeu a Costinha desta vez...

terça-feira, abril 13, 2010

Artigo de Opinião de Luís Sobral

Fazer de Fábio Coentrão lateral esquerdo deveria ser a última aposta de um benfiquista no início da temporada.

Aliás, o mais provável destino para o jovem esquerdino era o empréstimo, mais um.

Jesus olhou para ele e descobriu um lateral esquerdo.

Apesar de ter demonstrado em Liverpool que a confiança nas qualidades defensivas do português tem limites, a verdade é que esta opção do treinador do Benfica foi excelente.

Arriscada, inesperada e digna de elogios.

Jesus viu em Coentrão o que ninguém tinha visto.

Esta noite, com o Sporting, o esquerdino voltou a demonstrar que é um talento confiável.

Sim, mergulha de mais na grande área (e às vezes fora dela). Mas esse é um vício que partilha com muitos outros jogadores do campeonato português e que o tempo corrigirá.

P.S.: Há um ano, Cardozo era um jogador nem sempre aproveitado por Quique Flores. Quando pensamos nos melhores jogadores do Benfica esta temporada reparamos que a maioria já estava na Luz: David Luiz, Luisão, Di Maria, até Fábio Coentrão. Faltava era aproveitá-los.

SLBenfica 2 Sporting 0 Tenham Cuidado, ele é Perigoso, ele é o Óscar Tacuara Cardozo ou Obrigado, Pablito


Espaço Prof. Karamba - Classificação Geral

1º Lugar: Jimmy Jump - 680 pontos

2º Lugar: Vermelho Sempre
- 670 pontos

3º Lugar: Kaiserlicheagle - 605 pontos

4º Lugar: JC - 600 pontos

5º Lugar: Vermelho - 590 pontos

6º Lugar: Fura-Redes - 520 pontos

7º Lugar: J. Lobo - 490 pontos

8º Lugar: Sócio, Gui - 450 pontos

9º Lugar: Cuto - 435 pontos

10º Lugar: Samsalameh - 405 pontos

11º Lugar: Chico - 245 pontos

12º Lugar: Vermelho Nunca - 225 pontos

13º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos

14º Lugar: Luís Rosário - 55 pontos

15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos

16º Lugar: Pachulico - 35 pontos

segunda-feira, abril 12, 2010

Mais um para Queirós Ignorar

Artigo de Opinião de Paulo Renato Soares

Não, este não é um post sobre a EDP ou sobre os milhões de euros que esta paga aos gestores. Podia ser, pois podia, mas não é. Para quê perder tempo com minudências? Vai daí, esta "Factura da Luz" atende às dúvidas sobre quem vai pagar (e por quanto) a derrota do Benfica em Anfield.

Depois do falhanço do "mestre das tácticas" -- sim, os mestres também falham, principalmente quando, não o sendo, metem na cabeça que são --, depois do falhanço do "mestre da táctica", dizia, logo o rectângulo do ludopédio se agitou. Os milhões de adeptos do Liverpool em Portugal (talvez entre os 4 e os 5 milhões) rejubilaram. Está vingada, e logo por 4-1, a frustração que medra por aí desde Agosto do ano passado.

Sucede que a vida continua. Júlio César continuará a ser uma bizarria do "mestre das tácticas", enquanto que a táctica de Anfield ficará para a história como um exercício "A la Quique Flores" -- por vezes bonitinho, outras incompreensível, quase sempre ineficaz.

O grande tema centra-se agora inevitavelmente nos "reflexos", nos "efeitos psicológicos" e até no "desgaste físico" provocados pelo atropelamento em Inglaterra. Este blog preenche já a cruzinha do totobola: 1, de caras, no Benfica-Sporting de terça-feira. Donde, é fácil perceber quem vai pagar a factura. Resta saber por quantos, mas a adivinhação por aqui não chega tão longe.

Artigo de Opinião de Luís Pedro Sousa

Antes de se iniciar a época, Luís Filipe Vieira esteve meses a fio a falar do Apito Dourado. Cada Casa do Benfica que visitava, cada entrevista que concedia, o presidente do Benfica não perdia a oportunidade de insinuar que o FC Porto ganhava campeonatos devido a influências na arbitragem.

Agora, em situação de claro desconforto, é Pinto da Costa quem adota estratégia semelhante. Não há aparição pública que não aproveite para utilizar os casos dos túneis como argumento para justificar a momentânea supremacia do principal rival.

Se em épocas anteriores o valor do plantel do FC Porto era inegavelmente superior ao do Benfica, tudo se inverteu desde o último verão. Pinto da Costa preferiu negociar Lucho González e Lisandro López por bom dinheiro. Luís Filipe Vieira, por seu turno, optou por investir em Javi García, Ramires e Saviola e deu tempo para que David Luiz e Di María ganhassem outra maturidade.

Acarreira mal sucedida do FC Porto deve-se à gestão de Pinto da Costa e não a qualquer outro fator mais ou menos obscuro. Desta feita, o presidente portista não conseguiu que a equipa superasse a saída de elementos fundamentais. Outrora, Jesualdo Ferreira, já tinha inventado Fernando, espremido Rolando ao máximo e tapado um ou outro buraco com soluções de eficácia duvidosa oriundas do mercado argentino. Esta época, o Benfica reforçou o plantel e a estrutura que o dirige, a receita portista esgotou-se e não houve hipótese de repetir as façanhas do passado.

Já antes da decisão sobre os incidentes de qualquer túnel deste país, o FC Porto estava claramente aquém do nível competitivo, exibicional e de produção relativamente a anos anteriores. Pinto da Costa sabe disso mas não quer admiti-lo.

Artigo de Opinião de Bernardo Ribeiro

O Benfica vai exercer a opção por Jorge Jesus, segurando-o pelo menos por mais um ano. É o corolário lógico do excelente trabalho desempenhado pelo técnico na Luz, onde os pontos altos são a conquista da Taça da Liga, a caminhada até aos quartos-de-final da Liga Europa e a liderança da Liga quando faltam apenas quatro jornadas para o final. É uma boa notícia para todos os benfiquistas, especialmente para Luís Filipe Vieira e Rui Costa, que desde que o técnico assinou pelo empresário Jorge Mendes que temem a chegada de uma proposta irresistível para o homem que colocou as águias a jogar o melhor futebol encarnado nos últimos anos.

Para segurar Jesus, Vieira teve de abrir os cordões à bolsa e envolver de forma permanente o treinador na preparação da próxima época. O presidente perdeu margem para fazer negócios nas costas de toda a gente e aparecer com jogadores à revelia da estrutura do futebol. Por muito que lhe custe perder protagonismo – como se percebeu em recente entrevista televisiva, onde decidiu amesquinhar Rui Costa sem razão aparente – os benfiquistas têm hoje a noção de que o que mudou na Luz foi quem treinava e não quem presidia. Foi Jesus quem colocou a equipa a jogar à bola, a ganhar como não se via desde 2004, devolvendo o tempo dos sonhos à catedral.

A eliminação em Liverpool acabou por ajudar à resolução de um caso que poderia ser mais bicudo se Jesus tivesse conseguido manter o Benfica na Liga Europa. Colocaria o mundo de olhos postos na Luz e a queda de um gigante como a equipa de Benítez poderia levar mesmo à fuga lá para fora. Agora, agarrem-no se puderem.

Artigo de Opinião de Sandra Lucas Simões

orge Jesus arriscou em Liverpool e perdeu. A derrota deve ter-lhe custado mais que a qualquer outro. Há noites em que se tomam decisões infelizes, como a que o levou a mudar quase todas as posições na defesa.

Cedo o treinador do Benfica percebeu que dificilmente conseguiria sair de Liverpool com um bilhete para as meias-finais da Liga Europa. Benítez não brincou em serviço, estudou o adversário e vingou a derrota dos reds há quatro anos, num jogo de inspiração de Miccoli e Simão mas também de más decisões (e pouco estudo) do treinador espanhol.

O Benfica não teve "armas" para afastar o Liverpool e o sonho acabou ali mas não se pode colocar em causa a competência de Jesus por causa de um mau jogo frente a um adversário mais forte.

Jesus tem agora um papel ainda de maior responsabilidade: o de recuperar a equipa de um desaire que não envergonha. O dérbi é já terça-feira e uma eventual derrota, aí sim, pode causar estragos.

Artigo de Opinião de Manuel Queiroz

A eliminação do Benfica da Liga Europa foi dura. A equipa de Jorge Jesus perdeu uma boa oportunidade de voltar a uma final europeia e de a ganhar. Só faltava que fosse agora Quique Flores, o seu antigo treinador, a levantar o troféu com o Atlético de Madrid. Já se viram ironias destas no futebol...

Há para aí muitas criticas a Jorge Jesus pelas suas opções na defesa em Anfield - Ruben Amorim à direita, David Luiz à esquerda, Sidnei e Luisão no meio. Jorge Jesus sabe melhor do que ninguém quais eram as melhores opções, porque ele é que tem todos os elementos para tomar as decisões, como é obrigatório dizer nestas ocasiões.

Mas não deixa de ser estranho que Sidnei, que nunca mereceu a confiança do treinador, fosse o escolhido para jogar num dos encontros mais importantes da época. Ou que Fábio Coentrão seja anunciado pelo treinador como próximo defesa-esquerdo da Selecção Nacional e depois fique no banco nestes encontros.

Mas os treinadores têm estes raciocínios, como teve Jesualdo Ferreira com a colocação de Nuno André Coelho a titular no Arsenal-FC Porto. Ou, tantas vezes, Guarin.

Jorge Jesus costuma ser mais previsível mas também não o conhecemos muito nestas situações, pois não?