terça-feira, maio 30, 2006

Entrevista de Paulo Bento à Antena 1

Pouco depois das 19 horas, Paulo Bento entrou no estúdio 8 da Antena 1, onde já se encontrava Medeiros Ferreira, comentador afecto ao Benfica do programa "Novos Artistas da Bola", coordenado pelo jornalista Tiago Alves, que desde o Porto, com o portista Miguel Guedes, orientou a conversa que se prolongaria por quase uma hora – o sportinguista Eduardo Barroso participou na conversa a partir do estúdio da Madeira.
Entre diferentes perspectivas do passado recente e da prestação do Sporting na última época, falou-se... do futuro.
A participação na Liga dos Campeões e a afirmação a nível internacional pretendida pela SAD mereceu o comentário de Paulo Bento. "Em primeiro lugar, estamos satisfeitos por estar outra vez na competição mais importante da UEFA.
Depois, os objectivos que temos nessa prova: devemos ter ambição, mas não desmedida, e devemos ter, também, os pés bem assentes no chão e ter consciência de que a não disputamos há seis anos, que há equipas de grande qualidade e com muita experiência a este nível competitivo e com objectivos muito maiores do que os nossos.
Sem saber que equipas vamos defrontar na fase de grupos, não faz sentido traçar objectivos, no abstracto.
Desde já, fica a certeza de que não vamos renunciar ao que quer que seja na Liga dos Campeões: ou seja, vamos para todos os jogos com o objectivo de ganhar, sabendo das dificuldades que vamos encontrar, pela qualidade que os adversários têm a este nível", considerou Paulo Bento.
"As pessoas vão ser mais exigentes”
O facto de ter reunido consenso entre os contendores pela presidência do Sporting, no recente processo eleitoral, não implica acréscimo de responsabilidade, no entender de Paulo Bento.
A legitimidade de expectativas mais elevadas por parte dos sportinguistas, porém, foi admitida. Mas a responsabilidade não assusta Paulo Bento. "Havia unanimidade em relação ao três candidatos à presidência do Sporting. A partir do momento que um deles ganhou essas eleições, e só depois de termos alcançado o segundo dos objectivos a que nos propusemos, foram acertadas as condições para a renovação do contrato. Não me parece que me traga mais responsabilidade o facto de colher essa unanimidade. O que me pode trazer maior responsabilidade é, depois de termos realizado este trabalho, as pessoas esperarem mais", concretizou.
A eventualidade de corresponder a exigências mais apuradas e de enfrentar ciclos menos felizes, porém, não apoquenta o técnico dos leões: "Essa questão também não me traz qualquer preocupação, e muito menos a eventualidade de perder dois ou três jogos seguidos.
Em primeiro lugar, porque penso não perder três jogos seguidos, mas se acontecer, tenho de estar preparado. Tenho consciência de que passámos por momentos difíceis esta época: estivemos três jogos sem ganhar, também, a seguir ao jogo com o FC Porto.
O pós-jogo de Braga também foi complicado, porque ficámos a dez pontos da frente e conseguimos arranjar motivação para dar a volta.
Assim como teremos de arranjar sempre motivação para enfrentar os momentos adversos e levar as pessoas a voltar a acreditar."
Paulo Bento perspectivou a política de contratações do Sporting para este defeso e apontou as posições que pretende ver reforçadas: "Queremos reforçar todos os sectores da equipa.
Na defesa, queremos um central, queremos dois médios e um ponta-de-lança."
O reencontro com campeões orientados na sua estreia como técnico foi confirmado por Paulo Bento, que eleva a quatro o número de jogadores que conduziu ao título: "Em relação à equipa de juniores do ano passado, que orientei, serão integrados o Miguel [Veloso] e o Yannick [Djaló], passando a quatro os jogadores campeões do escalão no plantel principal, com o Moutinho e o Nani.”
Momento marcante da época, na opinião do painel de comentadores do "Artistas da Bola" (da Antena 1), partilhada por Paulo Bento, a derrota em Braga revestiu-se de especial importância, como o técnico do Sporting fez questão de frisar. "O jogo de Braga foi complicado, até por situações que se passaram antes do jogo, na semana que o antecedeu, logo após o Natal e a passagem de ano. Em função disso mesmo, penso que o grupo se tornou mais forte.
Acredito que, se em vez de utilizarmos o Tomané, que fez uns grandes 45 minutos, tivéssemos chamado outros jogadores, o resultado até poderia ser diferente.
Do que tenho a certeza é que, se o tivéssemos feito, não ganharíamos depois dez jogos seguidos. Isso para mim foi o mais importante: o grupo convencer-se que tinha capacidade, que todos estávamos imbuídos do mesmo espírito e que podíamos ser mais fortes", enfatizou Paulo Bento.

3 comentários:

Anónimo disse...

Paulo Labião assume, aqui, uma postura séria.
Reconhece as limitações da equipa do SCP mas não deixa de revelar ambição.
Não promete o impossível, nomeadamente títulos, mas deixa claro que vai lutar por eles.
Parece-me um discurso sensato.
Outros treinadores, nomeadamente o Fernando Santos, e os dirigentes benfiquistas vêm garantir a conquista de troféus, afirmando que vão ser campeões nacionais e que querem ser campeões europeus.
Colocam a fasquia demasiado alto.
Iludem os adeptos.
Depois não estranhem que o benfica seja mais criticado, nomeadamente aqui no blog, que os outros clubes.

Vermelho disse...

amigo Carlos:
Sou adepto, mas não me iludo.
O discurso visa a motivação, a agregação da massa adepta.
Tão só.
São estratégias de comunicação.
Eu, pessoalmente, não aprecio.
Mas, compreendo as motivações e os objectivos.
O discurso de um e de outros não é, na sua substância, muito distinto.
Enquanto um é eufemista, os outros são hiperbólicos.
A mensagem a transmitir, como o teu post bem evidencia, é a mesma.
A forma é que é diversa.
A diferença é essa - igual conteúdo, distinta forma.
É a procura do mesmo fim caminhando por trilhos paralelos.
Agora, a crítica ao Benfica resulta, apenas, do anti-benfiquismo primário de muitos dos participantes neste blog.
Última nota: fico preocupado que penses que é impossível ao Sporting alcançar títulos - "Não promete o impossível, nomeadamente títulos".
Abraço.

Anónimo disse...

Amigo Vermelho:
Grato pelo comentário ao meu post.
Quanto à minha afirmação de que o Paulo Bento "não promete o impossível, nomeadamente títulos", o sentido com que utilizo tal expressão é óbvio que não tem o alcance que levou à tua preocupação.
O que eu quero dizer é que os títulos não se prometem, conquistam-se.
Prometer o impossível é proferir afirmações como "Vamos ser campeões de certeza absoluta", e isso o Paulo Labião não faz, para meu conforto.