Gordo e cheio de números, seria assim o cheque que qualquer equipa estaria tentada a passar ao FC Porto se Pepe adquirisse nacionalidade portuguesa. O jogador confessou estar a pensar nisso e três empresários habituados a lidar com o mercado sublinham que faz muito bem. Passaria a valer o dobro.
Nenhum dos três empresários ouvidos pelo "Jogo"tem dúvidas: se em cima da mesa de negociações estiver um Bilhete de Identidade português, o valor de mercado de Pepe dispara. Quase para o dobro.
Paulo Barbosa e Rui Neno coincidem nessa projecção, ainda que um e outro sublinhem a subjectividade do exercício. "Como não comunitário, na actual conjuntura, Pepe valerá entre seis a oito milhões de euros; com o estatuto de comunitário, poderá andar entre os 12 e os 14 milhões", diz Paulo Barbosa.
Estimativa semelhante à de Rui Neno: "Sete a oito milhões nas actuais circunstâncias; o dobro se seguir o caminho de Deco".
Sem especificar em milhões, Jorge Baidek considera que a cotação "subiria 20 a 30 por cento sobre o actual valor". Dito de outra forma, a simples aquisição de cidadania portuguesa transforma Pepe num autêntico negócio da China.
Paulo Barbosa justifica a diferença no cálculo com critérios "matemáticos".
As limitações impostas ao uso simultâneo de estrangeiros torna "mais apetecíveis" os jogadores que contornam essa circunstância. "Numa futura negociação, a nacionalidade portuguesa altera substancialmente as coisas e poderá mesmo ser determinante", resume.
Rui Neno acrescenta outro dado relevante. "Abre-se o mercado do Reino Unido, ao qual, como brasileiro, Pepe não estava em condições de aceder, porque lhe seria exigida uma percentagem de jogos pela selecção".
Por vontade de Baidek, esse requisito seria ultrapassado. "O Brasil tem inúmeros talentos, mas com o valor que ele tem demonstrado no FC Porto e que pode ganhar outra projecção na próxima Liga dos Campeões, a estrutura técnica brasileira deverá estar mais atenta".
Com o "coração dividido" entre o Brasil e Portugal, numa ponte que já dura há 18 anos, o antigo central do Belenenses, que ajudou Scolari a conquistar o título gaúcho no Grémio, também veria com bons olhos a internacionalização de Pepe com as cores portuguesas.
Deco abriu a porta e, quebrado o tabu, não parece haver motivo para a fechar.
Ora, se ao Bilhete de Identidade Pepe ainda for capaz de juntar o estatuto de internacional, o apetite de outros clubes aumentará. "Deco ganhou outra visibilidade com a Selecção", lembra Paulo Barbosa.
Baidek subscreve o argumento, misturando um ingrediente fatal: "Mesmo com a nacionalidade portuguesa, ele pode ser chamado para a selecção do Brasil".
Seria, presume-se, a combinação ideal para qualquer clube endinheirado - um comunitário com o selo de garantia do escrete. E, como diz Rui Neno, Pepe "pode jogar em qualquer campeonato" porque tem, diz, uma arma infalível: "A velocidade". Vertiginosa em campo; a caminho de o ser em qualquer mesa de negociações.
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