Hermínio Loureiro passou a reunir os votos de parte substancial de clubes e sociedades desportivas para se candidatar à presidência da Liga, desde que, na tarde de ontem, Valentim Loureiro anunciou que só aceitava o apoio quase unânime dos sócios para exercer o cargo de presidente da assembleia geral.
Nas poucas horas transcorridas sobre este anúncio, e ainda sem candidatos publicamente assumidos, uma outra parte dos sócios da Liga estava a trabalhar num cenário de candidatura de Miranda Calha às eleições do próximo dia 10 de Agosto.
À primeira vista, estaríamos a caminho de uma luta eleitoral entre dois ex-secretários de Estado, apimentada pelo facto de Hermínio ser do PSD e Calha do PS.
E de algum modo será nesse tabuleiro que alguns pretenderão jogar, juntando-lhe o sportinguismo de Hermínio e o benfiquismo de Calha.
Mas nem tudo o que parece é. E certo mesmo é que o cenário de candidatura de Hermínio vem de há muitos meses, foi acompanhado pelo próprio Valentim e inclui conversas com o actual secretário de Estado, Laurentino Dias, e como presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, por motivo da nova Lei de Bases do desporto e do futuro Regime Jurídico das federações.
O pontapé de saída para a elaboração das listas, que terão de ser entregues até 5 de Agosto, foi dado ontem pelo ainda presidente da Liga, Valentim Loureiro, que, após recolher o apoio da quase totalidade dos sócios, decidiu candidatar-se não à presidência executiva mas sim à da assembleia geral.
Curiosamente, Valentim Loureiro escolheu o mesmo modelo com que nas últimas eleições autárquicas marcou a agenda (incluindo a do seu próprio partido, o PSD) recandidatando-se à presidência da Câmara Municipal de Gondomar como independente, a mesma fórmula com que acaba de anunciar que encabeça a lista para a mesa da assembleia geral da Liga.
Quem conhece o trajecto do major sabe que ele não tem propriamente o perfil "corta fitas" que está associado a alguns presidentes de assembleias. De resto, até pela relação de amizade de ambos, Hermínio Loureiro colocou como premissa eleitoral não concorrer com Valentim Loureiro.
Esta posição do ex-secretário de Estado dos Desportos era conhecida há bastante tempo, concretamente desde meados de Fevereiro passado, quando ainda em plena efervescência do processo Apito Dourado, personalidades do mundo do futebol e da política principiaram a equacionar cenários reformadores.
Desde então, as conversas cruzadas nunca pararam e uma das últimas terá ocorrido no voo que levou alguns VIP portugueses a apoiar Portugal no desafio contra a Alemanha para a disputa do terceiro e quarto lugares do Mundial.
Ao que nos relataram testemunhas oculares, nesse voo, aproveitado por Marques Mendes para descansar das fadigas da luta político-partidária, Hermínio conversou longamente com Valentim.
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