Mais uma vitória épica.
Mais uma vez, mandámos os "bifes" para casa.
Mais uma vez, São Ricardo fez um milagre.
Vencemos bem, mas podíamos ter poupado tanto sofrimento.
Scolari e Eickson optaram pelas hipóteses mais conservadoras, demonstrando recear-se mutuamente.
Scolari escolheu Tiago em detrimento de Simão, construindo um onze que lhe dava mais garantias de equilíbrio.
Equilíbrio da própria equipa e em relação ao meio-campo inglês.
Erickson seguiu a mesma via. Abdicou de Crouch em favor da colocação de Heargreaves como quinta unidade do meio terreno.
Estruturadas assim as equipas, a partida não podia deixar de se pautar pelo equilíbrio.
Jogo de nervos próprio dos quartos de final de um Mundial.
A tensão que perpassou pelo jogo condicionou largamente a qualidade futebolística apresentada por ambas as equipas.
Ainda assim, Portugal demonstrou, sempre, mais vontade de assumir o jogo, ao passo que os ingleses adoptaram uma atitude de maior contenção.
Na primeira metade, nenhuma das equipas se aproximou com verdadeiro perigo da área contrária.
Portugal fez dois ou três remates com relativo perigo, os ingleses pouco mais de um.
Luta, muita luta, suor, muito suor, marcação, muita marcação, rigor, muito rigor, inspiração pouca, muito pouca.
Partida muito concentrada a meio-campo, com as unidades desequilibradoras de ambos os conjuntos a não sobressaírem.
Assim se chegou ao intervalo, com as equipas absolutamente empatadas quer ao nível do resultado quer ao nível da produção futebolística.
Na segunda metade, tudo se desenrolava de acordo com o mesmo guião quando Rooney, numa atitude tão irreflectida quanto censurável, viu o cartão vermelho.
Portugal ficou em superioridade numérica, mas por paradoxal que pareça foram os ingleses que mais beneficiaram.
Na verdade, em vantagem numérica, as debilidades da selecção nacional vieram à tona.
Os ingleses recuaram ainda mais no terreno, colocando duas linhas de quatro elementos junto à sua área, desta forma entregando as despesas da partida integralmente a Portugal.
Aí, as tradicionais dificuldades lusas em actuar em ataque organizado emergiram.
A excessiva concentração de jogadores ingleses na zona central, empurrou o futebol luso para a exploração das alas.
Todavia, a ausência de uma referência na área condenava ao insucesso as tentativas de penetração.
Portugal circulava bem a bola, encontrava espaços de penetração pelos flancos, mas os cruzamentos saíam invariavelmente para a cabeça dos centrais ingleses.
Esta é, provavelmente, a maior das fragilidades da nossa selecção - a inexistência de um ponta de lança de qualidade, que sirva de referência ofensiva.
A posse de bola era esmagadoramente portuguesa, mas o futebol ofensivo luso mostrava-se completamente estéril. Inexistiam espaços de penetração na zona central capazes de permitir as entradas de Maniche ou as diagonais do alas.
Scolari bem tentou encontrar alternativas à desinspiração de Pauleta.
Primeiro, Ronaldo, depois Postiga.
Nem um, nem outro se mostraram capazes de solucionar o problema.
Talvez tenha faltado alguma ousadia a Scolari para optar por um modelo de dois pontas de lança, por forma a aumentar a "presença" portuguesa na zona central da defensiva inglesa para, deste modo, permitir a criação de mais espaços para as entradas dos médios e para as diagonais dos alas.
A Inglaterra há muito que havia abdicado de atacar, procurando com lançamento longos para Crouch dar descanso à sua defesa e, simultaneamente, "arrancar" uma falta nas imediações da área que lhe possibilitasse a obtenção de um golo.
Aliás, diga-se que Crouch fez um trabalho admirável, conseguindo, sozinho, importunar a defesa portuguesa, segurando os dois centrais.
Na segunda parte, a partir da expulsão de Rooney, o modelo de jogo inglês assentou exclusivamente na contenção.
O seu futebol ofensivo, pura e simplesmente, não existiu.
Quando em posse da bola, os ingleses limitavam-se a lançamentos longos a solicitar os centímetros de Crouch, o qual procurava segurar a bola para as penetrações Aaron Lennon.
Lampard e Gerrard confinavam-se a missões defensivas.
Entre Crouch e os médios centros ingleses existia um abismo de 30 metros.
Apenas, as penetrações de Lennon causavam calafrios na defesa portuguesa e mesmo estas eram esporádicas.
Portugal porfiava mas sem sucesso e, assim, foi sem surpresa que o jogo foi para prolongamento.
No prolongamento a fisionomia da partida manteve-se inalterada, pelo que o recurso ao desempate por pontapés da marca de grande penalidade se revelou inevitável.
Aí, Ricardo foi, novamente, grande. Um gigante.
São Ricardo defendeu três penalidades e colocou Portugal nas meias-finais do Mundial.
Ricardo é a demonstração da importância dos níveis de confiança no desempenho.
Tal como disse Mourinho, o Ricardo da selecção é, claramente, superior ao Ricardo do Sporting.
Porquê? simplesmente, pela confiança.
A confiança ilimitada que Scolari nele depositou, dá-lhe a tranquilidade necessária à elevação do nível da sua competência.
O "Labreca" esteve genial, executando três "paradas" magníficas.
Vitória justa, sem contestação da equipa que mais fez para atingir o sucesso.
Destaque para as exibições de Carvalho e Meira, impecáveis durante todo o jogo, mas essencialmente para o colectivo.
O espírito de conquista, a garra e a vontade de vencer demonstradas por todos assumiram-se como a âncora do sucesso.
Aliás, a principal força desta equipa reside, precisamente, na atitude que revela em campo.
Para lá das individualidades, a força do colectivo tem sido a chave das vitórias.
A união do grupo e a sua robustez psicológica têm sido factores determinantes.
E justiça seja feita, estes são aspectos em que o trabalho de Scolari merece os mais rasgados encómios.
Agora só nos resta depenar o "galo" para chegar a Berlim.
10 comentários:
Ao ganhar o seu grupo de qualificação, Portugal fez os mínimos exigiveis para este Mundial.
Ao vencer a Holanda nos quartos de final, colocou-se entre as 8 melhores selecção do Mundo e atingiu o patamar do satisfatório.
Se perdesse com os ingleses, regressávamos a casa com a sensação do "dever cumprido".
Agora, ao triunfar sobre a Inglaterra, a Selecção Nacional, confirmou-se como uma das melhores equipas mundiais foi mais além do que toda a gente esperava.
Mesmo que não ganhe mais nenhum jogo, a prestação de Portugal neste Campeonato Mundial terá sido, já, brilhante.
O grande herói deste jogo foi, indubitavelemtne, Ricardo.
Provou de vez ser o melhor guarda-redes nacional e enterrou o fantasma Baía.
Não só pelos penalties defendidos, como também pela segurança demonstrada em todo o jogo.
Á semelhança, aliás, do que tinha sucedido nos outros quatro confrontos já disputados.`
É de lamentar, porém, não termos um ponta de lança à altura da restante equipa.
Pauleta, como se vaticinou, esteve muito mal.
Quando toda a equipa transpira confiança Pauleta mostra-se desinspirado, fora de forma, descrente...
Não dá para perceber.
Onde poderia chegar Portugal com um goleador na sua equipa como Henry ou Schevechenko...
Pela segunda vez neste blog concordo com Mr. Costa, pois acho que já é tempo de o Shocolari pôr o Nuno Gomes a ponta de lança.
Já se viu que o Pauleta é uma andorinha que ali anda. Por sua vez, o Postiga não sabe qual é o lugar dele na equipa!!!
Parabéns ao Shocolari e ao Ricardo, que mais uma vez mostraram que para além de se saber jogar bem futebol, é necessário ter-se um grupo na palma da mão, forte e unido. Talvez por que isso não existiu nos canários (e com muitos dos melhores jogadores do Mundo!!) é que eles foram de debandada para as Praias de Ipanema!!!
Concordo com a análise do Sr. Zelador quando diz que a prestação de Portugal, neste momento, deve ser considerada brilhante e seja qual for o resultado de 4ª feira, deve o povo estar agradecido de tanta alegria (e como faltava...) que a Selecção nos tem dado!
Finalmente, uma pergunta ao Sr. Vermelho: para quando o jantar do espaço Karamba com a habitual entrega dos Caméis Trophys!!!
amigo Samsalameh:
Para breve, para brever e sempre antes do final do mês.
Abraço.
amigo Costa:
Tem de mim o feedback que dou aos outros participantes.
Caso tenha existido alguma ocasião em que o deixei sem resposta, desde já lhe expresso o meu sincero pedido de desculpas.
Quanto ao post, trata-se de um lapso, mas a visão que expressa não deixa, igualmente, de ser verdadeira -É para breve e para beber.
Espero que esteja presente.
É um participantes mais activos deste blog e gostaria muito que estivesse presente para o poder conhecer pessoalmente.
Abraço.
Folgo em verificar que elementos como Zex dão a mão à palmatória. Fica-lhe bem.
Não concordo com nenhum dos amigos que pretende a inclusão de Nuno Golos. Sózinho no ataque não presta. Se Scolari o pretender colocar terá de ser em apoio a outro avançado. Aí, Nuno Golos é útil. Sózinho limita-se a passear e a pentear-se.
Segundo Rui Santos é mais que justa a nomeação do inglês...mas Rui Santos está de luto desde o início do Mundial.
Se contarmos o jogo sem os penaltys considero justa a nomeação de Heargreaves. Do lado dos tugas, julgo que o Ricardo Carvalho foi o melhor de todos (até parece que os pitons do Rooney tiveram algum impacto na forma de jogar do Caralho...ah desculpem-me...do Carvalho)!!!
O Rui Santos achou bem a nomeação da Heargraves como homem do jogo????
Ainda bem que não ouvi isso, porque provavelmente teria agora uma televisão a menos em casa.
Filho duma p****!
Vaidoso do C******!
C***** de m****!
Que eu saiba, o jogo terminou quando se acabaram de marcar os penalties e, indubitavelmente, foi Ricardo o principal responsável pelo resultado final.
Foi aquele que mais se destacou e é dele que fala toda a imprensa mundial.
Foi ele o homem do jogo.
Que um qualquer inglês chauvinista e ressaibiado entenda nomear o Heargraves como homem do jogo - era inglês o representante da FIFA que fez essa escolha - ainda se entende.
Agora que um comentador português o venha sufragar...
Sinceramente...
Que merdoso de gajo....
Condómino "Bodygard" Costa:
Com a devida vénia ao Snr. Administrador, permita que lhe diga que o evento será tanto maior quantos mais condóminos comparecerem.
Assim, está também nas suas mãos contribuir para a grandeza do evento.
Compareça...
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