Dois jogos, duas vitórias de indiscutível equidade e a conquista do Torneio de Amesterdão.
Duas partidas que confirmaram as excelente indicações que a equipa havia dado nos precedentes confrontos.
A consolidação do processo de crescimento é inegável.
Pressão alta, bloco compacto e subido em termos defensivos e criatividade e intensidade no processo ofensivo emergiram como os aspectos mais robustecidos.
E uma perfeita leitura daquilo que o jogo exige, acrescento.
Contra o Sunderland, o Benfica soube gerir o ritmo da partida para se impor com naturalidade, evidenciando uma indesmentível supremacia.
Contra o Ajax, houve que sofrer, aumentar a intensidade e apostar na velocidade das transições, especialmente a ofensiva, para suplantar um adversário sempre buliçoso.
O encontro com os holandeses terá constituído mesmo o teste mais complicado que o Benfica enfrentou nesta pré-temporada.
Desde logo, porque o Benfica se viu confrontado com necessidade de alterar o seu modelo de jogo para uma matriz de muito maior contenção e que passou pela entrega da iniciativa de jogo ao adversário.
Depois, porque se tratou da primeira vez em que a equipa actuou na condição de visitante, o que colocou à prova o seu vigor emocional.
Por fim, pela qualidade técnica e pela velocidade de execução da generalidade dos jogadores do Ajax.
E a tudo isto, o Benfica soube responder com competência.
É verdade que começou titubeante e algo sufocado pela intensa pressão inicial dos holandeses.
Todavia, não é menos correcto que bastaram 8 minutos e um golo para a equipa serenar, se organizar e assumir o controlo da partida.
Pese embora o domínio holandês, o Benfica soube administrar as incidências da partida e dirigi-la do modo que mais lhe convinha.
Ancorado numa circulação de bola criteriosa e quase sempre assertiva, o Benfica foi tecendo uma ardilosa teia que manietou, por completo, qualquer veleidade que o Ajax pudesse cogitar.
Simultaneamente, foi arquitectando rápidos movimentos ofensivos, num crescendo de perigosidade para as redes holandesas.
Ilustração perfeita deste paradigma aconteceu, à passagem da meia hora, num contra-ataque exemplar, iniciado por Ramires, continuado por Carlos Martins, Nuno Gomes e Saviola, antes de chegar a Di Maria, que marcou a dois tempos.
Uma vantagem que reflectia o império do Benfica sobre a partida, mas que seria diminuída antes do intervalo, num potente remate à entrada da área de Donald.
Diz-se que a história não se repete, mas o início da segunda parte desmentiu este axioma.
Após o intervalo, o Benfica reproduziu não só o padecimento inicial do primeiro tempo, como também o golo e com este a tranquilidade e o controlo subsequente do encontro.
Construiu umas quantas ocasiões para ampliar a vantagem, mas pecou e muito na finalização.
Seguiram-se as inevitáveis substituições, a natural exaustão física e a progressiva degradação do ritmo e da qualidade do jogo.
Assim, não estranhou que a este decréscimo de consistência tivesse correspondido uma reacção final do Ajax, traduzida num golo de Rommedahl.
Nada que tivesse consequências no desfecho final da partida e do torneio.
Um a Um
Moretto - No carrossel que são as suas exibições, assinou um desempenho seguro e de qualidade.
Moreira - À imagem da equipa.
Começou algo nervoso e inseguro, mas foi agregando a confiança necessária à construção de uma prestação com alguns toques de brilhantismo.
Provou ser o melhor dos 3 guarda-redes do plantel.
Maxi Pereira - A regularidade e a intensidade de sempre.
Começou a época como acabou a transacta.
Assinou um belo golo frente ao Sunderland.
Luisão - Regressado à competição, foi considerado o melhor jogador do torneio.
Não me pareceu merecedor de tal distinção, tais as oscilações de rendimento que evidenciou.
Talvez fruto da sua deficiente condição física, alternou o melhor com o pior.
David Luiz - Retornou à sua posição de raiz e rubricou duas excelentes prestações.
Rápido e com excelente leitura de jogo, ainda teve tempo para fazer um golo.
Miguel Vítor - Pouco tempo em campo frente aos ingleses, num desempenho na linha dos demais.
Shaffer - Desfez as eventuais dúvidas que pudessem existir, conquistando a titularidade a Spesi.
Se defensivamente sofreu um pouco, ofensivamente ofereceu ao seu flanco muita profundidade.
Evidenciou-se pela velocidade e pela qualidade dos cruzamentos.
Javi Garcia - Demonstrou atributos para a posição 6 - Leitura de jogo, posicionamento irrepreensível, capacidade física, simplicidade de processos e critério no passe.
Duas exibições prometedoras.
Ramires - Das alcunhas que se lhe conhecem, Queniano será a que melhor caracteriza os seus desempenhos em Amesterdão - pulmão para dar e vender e capacidade de explosão.
Promete vir a ser o pêndulo da equipa.
Ruben Amorim - Com outra capacidade física, os seus desempenhos subiram em qualidade.
Clarividente ajudou a organizar o processo ofensivo e fisicamente disponível assumiu-se como trave mestra da pressão alta.
Carlos Martins - Talvez tenha assinado os seus melhores desempenhos ao serviço do Benfica.
Jogando na posição 10, conseguiu emprestar fluidez e criatividade ao processo ofensivo.
Di Maria - O melhor nos dois jogos.
Rápido, imprevisível e codicioso, vê-se que está a crescer.
Fábio Coentrão - Mais duas prestações na linha de qualidade das restantes nesta pré-temporada.
Conquistou o seu lugar no plantel.
Aimar - Restituído ao seu lugar natural, perfumou o processo ofensivo encarnado com pormenores da inegável classe que possui.
Saviola - Mais duas prestações na linha de qualidade das restantes nesta pré-temporada.
Cardozo - Mais duas prestações na linha de qualidade das restantes nesta pré-temporada.
Nuno Gomes - Esforçado, conheceu o seu melhor momento na visão de jogo que revelou no lance do segundo golo encarnado.
Weldon - Escassa utilização para uma apreciação.
4 comentários:
Não concordo muito com a tua apreciação ao Javi Garcia: pode ser pela falta de ritmo e entrosamento mas parece-me q, e ressalvo nesta altura, que lhe faltam metros quer para a frente quer para trás. Se nas transições/oscilações ofensivas não se espere muito dele em termos posicionais (apenas um primeiro passe simples e com critério) já defensivamente é uma posição fulcral e pareceu-me, especialmente no jogo de ontem, que o sue posicionamento não e´o + correcto deixando muito espaço entre as suas costas e os centrais - veja-se o 1º golo do Ajax e uma jogada no inicio da 2ª parte concluida com um remate do Emanuelson na marca de penalidade. A corrigir...mas num SLB claramente superior ao das ultimas épocas, com um Ramires a prometer muitas coisas boas!
Abraço
Amigo Pachulico:
Quem falha no 1º golo é Luisão.
Aliás, o Javi Garcia teve que o compensar muitas vezes.
Aquele abraço.
"Depois, porque se tratou da primeira vez em que a equipa actuou na condição de visitante, o que colocou à prova o seu vigor emocional."
Gosto especialmente desta parte do artigo do administrador. Estádio estava às moscas, mas o vigor emocional foi colocado à prova.
Enfim...ração habitual.
Amigo Vermelho, discordo em absoluto quando dizes que o Moretto teve um desempenho seguro e de qualidade.
Exemplo disso é a defesa (das poucas a que foi chamado a intervir), a um remate enrolado de um jogador do Sunderland é certo, mas que dispensava certamente que se debruçasse no relvado antes da bola lá chegar para posteriormente já sem apoio sacudi-la para a frente.
Moretto é isto: desconcentrado e sem técnica.
Já devia ter saído há muito.
Dizer que subscrevo as restantes análises individuais e da performance da equipa.
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