Portugal defronta, hoje, a sua besta negra nas meias-finais do Mundial.
Depois da eliminação do Euro-2000, a sede de vingança é imensa.
Os protagonistas nem são muito diferentes, mais do lado francês do que do português, mas ainda assim a matriz essencial das duas equipas mantém-se inalterada.
Do lado francês, para além do modelo e do sistema de jogo, os jogadores são, na sua esmagadora maioria, os mesmos.
Do lado português, o modelo e o sistema de jogo conservou-se imutável, ao passo que os seus interpretes são um pouco diferentes.
Naquele fim de tarde, a fortuna bafejou os franceses, agora esperamos que tudo seja diferente.
Aos olhos do Mundo, será um duelo Figo-Zidane.
Dois jogadores emblemáticos da sua geração.
Mas, a partida de hoje será bem mais do que um mero duelo entre duas figuras ímpares do futebol mundial.
A França apresenta a equipa com a média de idades mais avançada de toda a competição.
Um conjunto que, como tal, alinha junto há vários anos.
Os automatismos, principalmente os ofensivos, estão há muito consolidados.
O fio de jogo acha-se padronizado.
O modelo e o sistema de jogo mostram-se firmemente estabilizados.
Estas são as grandes virtudes colectivas da França.
Por outro lado, alguma veterania, a par de algumas debilidades defensivas emergem como as maiores fragilidades do conjunto gaulês.
Com efeito, a idade avançada de alguns dos jogadores franceses poderá revelar-se decisiva no desfecho da partida.
Se a experiência acumulada, mormente em grandes competições, não deixará de se assumir como importante, menos verdade não será que o desgaste resultante de 5 jogos num curto espaço de tempo poderá fazer mossa.
Aliás, o ritmo lento, pausado imprimido pelos brasileiros no seu duelo com os franceses constituiu uma das causas próximas do insucesso verificado.
Jogar contra a França a baixo ritmo permite aos jogadores franceses expressar o melhor das suas qualidades.
Pressionar alto, de forma intensa, imprimir um ritmo alto à partida não deixará de entropecer a máquina gaulesa.
As dificuldades francesas face a Suiça e Coreia, duas equipas que pressionaram alto, são de tal exemplo fiel.
Portugal para vencer não pode deixar de explorar a menor saúde física francesa.
Depois, Barthez.
Barthez nunca foi um grande guarda-redes, sendo que actualmente com a sua provecta idade está ainda pior.
Coupet é de longe superior.
Fraco no jogo aéreo, falho de elasticidade, lento e com falhas de concentração, por vezes, comprometedoras, assume-se como o elo mais fraco da equipa francesa.
Abidal, muito inexperiente, revela lacunas posicionais que poderão ser exploradas pelos alas portugueses.
Não deixando de ser rápido, Abidal, quando integra a manobra ofensiva da equipa, demora a reposicionar-se, para além de fechar com pouca eficiência as zonas interiores.
Thuram e Gallas, apesar da sua indiscutível qualidade, foram sujeitos, ao longo das suas carreiras, a muitas oscilações posicionais que lhes diminuíram as rotinas posicionais enquanto centrais.
Thuram jogou mais como lateral direito do que como central e Gallas não raras vezes é desviado para os flancos.
Tal acarretou um menor conhecimento das funções que ora são chamados a desempenhar.
Mas, se estes se assumem como os aspectos mais débeis da equipa gaulesa, as diagonais de Henry da esquerda para o centro, a velocidade de Ribery, o jogo entre linhas de Vieira e a magia de Zidane são os seus trunfos maiores.
Na verdade, quando Henry arranca da esquerda para o centro com a bola controlada e em velocidade é demolidor.
Há que impedi-lo de receber a bola nessa zona do campo. Há que o convidar a um jogo mais posicional entre os centrais.
Henry entre os centrais vê o seu potencial reduzido para metade.
Ribery é a nova coqueluche do futebol francês. Rápido e incisivo, é muito perigoso a "rasgar" a sua ala.
Vieira, com a colocação de Makelele à frente dos centrais, tem tido maior liberdade para se incorporar em acções ofensivas. A sua amplitude de movimentos é incomensuravelmente maior.
E tem-na aproveitado muito bem.
O seu jogo entre linhas tem sido letal.
As suas penetrações pela zona central, beneficiando dos movimentos basculantes de Henry para as alas, têm sido mortíferas.
De Zidane já tudo se disse. Dos seus pés tudo se pode esperar, ainda para mais quando aparenta estar a desfrutar e muito do jogo, como se viu frente ao Brasil.
Contra tudo isto Portugal terá que lutar.
Mas, convém não ignorar as mais valias lusas.
O espírito de grupo e de conquista, a magia de Deco, Figo e Ronaldo, o jogo entre linhas de Maniche e Deco, a segurança de Carvalho e Meira, as penetrações de Miguel e a confiança de Ricardo.
Aliás, num aspecto estamos já a vencer, qual seja os "mind games".
Os franceses não aprenderam com os erros ingleses e enveredaram pelo mesmo caminho, oferecendo a Scolari o "inimigo externo" sempre tão desejado para aglutinar o grupo.
O chauvinismo francês falou mais forte.
A pressão sobre o árbitro que perpassou pelo discurso dos jogadores estou certo que não surtirá os efeitos desejados, antes contribuindo para unir ainda mais a nossa selecção.
Desvalorizar, intimidar, condicionar e menorizar foi o que os franceses pretenderam.
Não o conseguirão, pois que se há aspecto em que este grupo de jogadores já provou ser forte é, precisamente, na sua robustez psicológica.
Agora só nos resta depená-los.
Vamos a eles, até os comemos.
18 comentários:
O menu do jantar para logo é:
Coq au Vin.
Bom apetite.
Receoso, mas com esperança.
Amigos:
que seja coq au vin.
Abraço.
Prefiro frango de cabidela.
Pode ser pito assado...
Confesso que temia mais os ingleses do que temo os franceses.
Se virmos bem, a França teve um início de Campeonato muito mau, na sequência, aliás, do que já tinha sucedido no Euro 2004.
Apurou-se com extrema dificuldade -creio que foi por goal-avarage - e, nos oitavos de final, jogou com a Espanha.
A quem ganhou, é certo, mas a Espanha é já habitualmente uma equipa que fica pelo caminho nas fases finais dos campeonatos.
Depois eliminou o Brasil.
Mas este Brasil esteve muito fraquinho e só chegou onde chegou porque teve um grupo muito fácil e um adversário ingénuo nos oitavos de final - o Gana - que, apesar disso, dominou completamente o Brasil e só não ganhou a eliminatória por tremendo desacerto na hora da finalização.
Temos, pois, perante nós uma França envelhecida, cansada e cujos jogadores já não terão a motivação de outros tempos.
Duvido que os franceses, num tipo de jogo combativo como foi aquele que Portugal fez contra a Inglaterra e a Holanda, consigam responder da mesma forma.
Como bem salienta o Snr. Administrador, os franceses são muito bons tecnicamente mas a jogar em pressão alta - coisa que o Brasil não fez - não conseguirão explanar o seu virtuosismo técnico.
Quem terá pernas para travar o Cristiano Ronaldo?
Quem conseguirá marcar o Deco?
Quem segurará um Miguel embalado pelo seu corredor?
É certo que foi esta mesma selecção, praticamente com todos os mesmos jogadores, que nos ganhou há seis anos no Euro 2000, mas nessa ocasião estava no explendor da sua força e Portugal não tinha uma equipa tão coesa como tem agora - nem uma defesa tão boa.
Não creio, por isso, que, com mais seis anos em cima e com uma motivação seguramente menor, estes mesmos jogadores franceses consigam travar a nossa ambiciosa selecção, que terá hoje o jogo da sua vida.
Tenho fé, pois, que logo vivamos uma imensa alegria.
amigos:
aqui republico um post originalmente publicado num artigo de ontem sobre a hipotética saída do Mantorras, dado que trata de matéria mais abrangente (para contextualização vide o aludido post):
"amigo carlos:
fiquei sinceramente sensibilizado com o teor do teu post.
Peço-te desculpas pelo teor de alguns post´s que têm aparecido aqui nos últimos tempos (não são escritos meus, mas como administrador sempre os posso apagar, o que não fiz).
O uso gratuito de vernáculo é a forma mais reles de expressão e espero que seja definitivamente irradicado deste espaço.
Doravante, quando surgir um post que contenha obscenidades gratuitas, o seu autor será convidado a retirá-lo, sendo certo que caso o não faça, fá-lo-ei eu.
O "Carlinhos" merece essa consideração de todos nós e em especial de mim.
Afinal, somos todos civilizados e pessoas de bom senso.
Abraço.
p.s. poderá acontecer que não esteja on-line, caso em que o post, infelizmente, permanecerá (afinal, sempre tenho que trabalhar).
Assim, peço a todos quantos participam neste blog que se abstenham de tais comportamentos.
Abraço.
"
Amigo Vermelho, estou totalmente de acordo consigo. Eu mesmo me excedo várias vezes, mas nunca nos termos a que estavámos a chegar recentemente. Concordo com o uso da "censura" e concordo que seja o amigo o responsável pela "qualidade" dos posts.
Um abraço
Temos um Grande Administrador.
Não tem nada que pedir desculpas, pois é a última pessoa responsável pelo teor dos comentários que aqui são publicados.
Não quero que se sinta obrigado a retirar os posts com vernáculo.
Penso que a mensagem terá passado e acho que o exagero dos últimos dias terá terminado.
Bem haja, de qualquer modo, pela sua pronta resposta.
PS: Que é feito do Zex? Terá ido à Alemanha ver o Portugal-França?
amigo carlos:
boa pergunta, onde será que está o zex?
amigo costa:
Neste blog não há protegidos.
As decisões devem ser tomadas após a devida ponderação e levando em linha de conta todos, mas todos sublinho, os contributos.
O seu foi, como calcula, equacionado, a par dos restantes, para a tomada da decisão que consta do meu anterior post.
Foram já diversas as vezes em que o elogiei, pelo que não percebo a razão de ser do seu comentário.
Aliás, deixe-me que lhe diga que já dei umas boas casquinadas com o seu primeiro post do dia.
Abraço.
amigo zex:
longe de mim qualquer pretensão censória.
Apenas se pretende expurgar o uso gratuito do vernáculo, que nada, mas mesmo nada, acrescenta às discussões.
abraço.
Claro que o senhor Ex deve estar a dirigir-se a mim, quando refere que agrada a alguns participantes a censura. Mas como pode comprovar eu coloquei aspas quando referi censura, coisa que você, como habitual instigador, não o fez. Nunca fui censurado pelo administrador, concordo é que tornar este espaço uma montra de asneiradas é que exige um travão. Nunca me referia ao conteúdo dos posts, mas sim à forma bacoca como se estavam a disparar palavrões.
Amigo Zex, não sei se está a par, e daí talvez esteja, pois assim se justificam as suas prolongadas ausências deste espaço, está quase a estrear o 2º Salão Erótico de Lisboa!
Amigo Mínimo: acha que Zex será um bom guia no Salão? Talvez fosse a oportunidade para o conhecer...
Também conto estar presente em tal evento.
Confirmo...mas confirmo que não faço ideia.
Sim,se fizer jus à sua raça...
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