quarta-feira, novembro 30, 2005

Humor Político I - Gato Fedorento

VOTA NO NOSSO PAINEL: Ainda não tinham passado 48 horas sobre a divulgação dos resultados eleitorais, e já a imprensa começava a apontar caminhos para José Sócrates.
Deve ser muito irritante conseguir a incrível meta de dois milhões e meio de votos e, ainda assim, ter que ouvir dicas de gente que nem sequer conseguiu ser eleita chefe de turma na secundária.Por isso, é que o sistema eleitoral português deixa muito a desejar.
Não se devia votar em partidos. Devíamos votar em painéis de personalidades. Os benefícios são por demais evidentes. Se observarmos com atenção, há indivíduos que, quando faziam parte de painéis de personalidades, eram referências nas suas áreas. A partir do momento em que foram para ministros, de repente percebemos que não passam de patetas sem uma única ideia.
Há ainda outra vantagem de peso: se as coisas correrem mal, não é obrigatório apresentar-se a demissão. Nunca ouvi um elemento de um painel dizer: “Aqui há uns tempos, previ a subida da inflação e isso não se verificou. Por isso, queria aqui pedir a minha demissão do cargo de personalidade”.
Destaco em particular o esmero do DN, que decidiu puxar para a capa vinte personalidades da sociedade civil (mas que querem deixar de ser, nomedamente através de um convite para ser ministro), cada uma delas com ideias bastante definidas sobre as medidas que o novo governo deverá tomar.
Olhando para as suas fotografias, constata-se que, das vinte personalidades, treze usam óculos e sete exibem algum tipo de pilosidade no rosto - dois bigodes simples, dois bigodes com pêra, e três barbas.
Isto é bom para que se perceba, de uma vez por todas, que pessoas imberbes e com boa vista nunca hão-de ser especialistas em nada.
Se os óculos comprovam as milhares de páginas lidas e relidas, a pilosidade atesta a seriedade do carácter.
Contudo, fica aqui o alerta para os mais ambiciosos. A convivência destes dois elementos – óculos e pilosidade - é desaconselhável, uma vez que pode provocar aquilo a que os neurologistas chamam “overdose de prestígio”.
Aconteceu poucas vezes, mas posso dizer-vos que não é uma coisa agradável de assistir (sobretudo, para pessoas que não podem ver sangue).

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