terça-feira, abril 21, 2009

Livro de Reclamações - Apito Dourado - Capitulo I

1 - Inicio, hoje, um conjunto de artigos subordinados ao tema "Apito Dourado".
Agora que não sobejam já processos em segredo de justiça e que a generalidade dos autos decorrentes das certidões extraídas do processo principal foram já objecto de julgamento e decisão, emerge margem legal para que me possa debruçar sobre a intervenção judicial que abalou (ou talvez não) os alicerces do sistema vigente no futebol português.
Prometi uma reflexão sobre o sistema e fá-la-ei, mas pareceu-me assisado dealbar o portfolio de breves esquiços sobre os meandros do futebol nacional por uma abordagem ao processo que o revelou aos espíritos mais incautos.

2 - Tudo começou com uma denúncia na qual se participavam alegadas práticas corruptivas da verdade desportiva protagonizadas pelo Gondomar na pessoa do seu Presidente de então José Luís Oliveira.
Este foi um facto, propositadamente, ignorado pelos media.
E foi-o por uma simples razão: A sua elucidação pública teria permitido desmistificar um dos maiores embustes criados em torno do processo "Apito Dourado", a saber a tese da cabala contra o Norte, mormente contra o Porto e o seu Presidente.

3 - Por que razão foram os telemóveis pertença de Valentim Loureiro, Pinto de Sousa e Pinto da Costa, entre outros, alvo de intercepção e gravação de conversações e comunicações telefónicas não os de Luís Filipe Vieira, José Veiga, Dias da Cunha ou Carlos Freitas?
A resposta encontra-se, precisamente, na génese do processo!
Por forma a investigar a conduta delituosa de José Luís Oliveira foi um seu telemóvel colocado sob escuta.
Destas intercepções resultou a recolha de um acervo probatório importante, no qual avultaram as conversas entabuladas com Valentim Loureiro e Pinto de Sousa.
Quer um, quer outro, no mercadejar dos cargos que ocupavam, auxiliaram José Luís Oliveira no seu propósito criminoso.
Deste modo, promoveu o Ministério Público junto do Juiz de Instrução a intercepção e gravação das conversações e comunicações telefónicas realizadas de e para os telemóveis de Valentim Loureiro e Pinto de Sousa.
Destas intercepções resultou a abertura da caixa de pandora que estendeu o objecto do inquérito à 1ª Liga!
Na verdade, da escuta dos telemóveis de Valentim Loureiro e Pinto de Sousa dimanaram conversas estabelecidas entre estes indivíduos e Pinto da Costa, versando condutas atentatórias da integridade da competição.
Comunicações telefónicas de e para aqueles telemóveis, ou seja, telefonemas recebidos de Pinto da Costa e efectuados para Pinto da Costa!
Claro está que não restava qualquer outra possibilidade processual que não fosse
a promoção pelo Ministério Público junto do Juiz de Instrução da intercepção e gravação das conversações e comunicações telefónicas realizadas de e para o telemóvel de Pinto da Costa!
Não foi qualquer sanha prossecutória a inspirar a colocação sob escuta do telemóvel de Pinto da Costa!
Foi a dinâmica do próprio processo!
Foram os indícios recolhidos no inquérito que assim o ditaram!

4 - Mas, então por que não foram os telemóveis de Luís Filipe Vieira, José Veiga, Dias da Cunha ou Carlos Freitas, por exemplo, alvo de semelhante diligência?
Porque não travaram conversas telefónicas com Valentim Loureiro e Pinto de Sousa, versando condutas atentatórias da integridade da competição.

5 - Dir-me-ão que existe uma intercepção na qual Valentim Loureiro entra em contacto com Luís Filipe Vieira.
É verdade!
Sucede que desta conversa não provieram quaisquer indícios da comissão de ilícitos criminais!
Valentim Loureiro questionou Luís Filipe Vieira sobre qual o árbitro que mais lhe agradava para dirigir o Benfica-Belenenses das meias-finais da Taça de Portugal.
Descontextualizado este cavaquear, para além de, obviamente, roçar a obscenidade, poderia pronunciar um propósito de visar a lisura da competição.
Acontece que esta era uma prática, ainda que censurável, institucionalizada no futebol português no que aos jogos da Taça de Portugal dizia respeito.
O então Presidente do Belenenses foi alvo de um auscultação similar!
Acresce que não há qualquer referência, ainda que vaga ou longínqua, a uma peita ou à sua promessa.
Por fim, adjuve-se que o contacto telefónico é realizado por Valentim Loureiro, pese embora a partida respeitasse a uma competição sob a égide da FPF, pelo singelo, mas assaz revelador pormenor de Pinto de Sousa não ter o número do posto telefónico móvel de Luís Filipe Vieira!

14 comentários:

Jimmy Jump disse...

Muito interessante amigo Vermelho.
Muito interessante mesmo.
Ficarei serenamente a aguardar a publicação dos restantes capítulos.
Já agora, em quantos capítulos dividiste o enredo?
Aquele abraço.

Jimmy Jump disse...

O inacreditável aconteceu uma vez mais no futebol nacional.
Paulo Bento que foi expulso no jogo transacto dos lagartos, mandando amiúde o "homem do apito" para o "caralho" e "para a puta que o pariu" enquanto se dirigia para os balneários, poderá sentar-se no banco “com tranquilidade” e assim orientar a sua equipa contra o Estrela da Amadora.
As suas palavras no flash interview puseram uma vez mais a nu a pusilanimidade, a impunidade e a irresponsabilidade em que o futebol português jaza.

Vermelho disse...

Amigo Jimmy:
Uma série deles, até que se esgote o meu conhecimento sobre o tema.
Aquele abraço.

p.s. quanto ao PB, pronunciar-me-ei no artigo que redigirei hoje.

Jimmy Jump disse...

Amigo Vermelho, então e o Pepe que encorpou os espíritos ancestrais dos centrais do FCP, esquecendo-se que tais espíritos eram desavergonhados e amnistiados, e ele não.
O rapaz passou-se.

Falando do Pepe, não sei se sabes, mas o Carlos “Asneiróz” anda – de algum tempo para cá – armado em Rui Alves (presidente do Nacional).
Depois de outra prospecção pelo mercado brasuca partirá agora para a contratação dos gémeos do Man United, Rafael e Fábio Silva, defesas direito e esquerdo respectivamente.
Todavia estas contratações quedar-se-ão em stand by por tempo indeterminado, isto porque os gémeos só irão jogar por Portugal quando e se esgotarem as hipóteses de virem a envergar a camisola do Brasil.
Se isto não é deprimente...

Vermelho disse...

Amigo Jimmy:
Sabia das diligências de Queirós para aproveitar a ascendência lusa dos gémeos brasileiros do Manchester.
Obsceno!
Pepe portou-se como um selvagem insano!
Veremos se Queirós também o irá castigar como fez a Pereirinha por tentar imitar Cruyiff...

p.s. viste o fabuloso Liverpool-Arsenal de ontem?

Jimmy Jump disse...

Infelizmente não.
Pelo que li hoje foi mais um jogo de loucos Made in England que paralelamente conta a história de um pequeno Czar se tornou grandioso. 4 golos??

Jimmy Jump disse...

Amigo Vermelho, não esperes tanto de Queirós.

Vermelho disse...

Amigo Jimmy:
Claro que não!
O teu sobrinho, apesar de adepto do Liverpool, vibrou e muito com os 4 golos do seu "sósia".
Grande jogo, com tudo o que uma partida de futebol deve ter: emoção, golos e excelentes execuções técnicas.

Jimmy Jump disse...

Estive agora a ver o resumo no Youtube com comentários absolutamente deliciosos – “it´s a hat- trik, from Rússia with Love”; Riera, Torres, teasing, ohhh! He pull it back again!! 3-3!!” ou ainda a finalizar, “Premier League classic! For the second time on a week, Liverpool was envolved in a game wich ends 4-4!”
Fabuloso.
Isto sim é de ver e chorar por mais!

Amigo Vermelho, dizer ainda que comemora-se por estes dias a despedida de solteiro - quiçá - mais sui generis a que a história terá assistido.
Aproveito, para mandar daqui, um abraço àquele que era na altura o noivo.

Jimmy Jump disse...

...e obviamente, envio também um abraço aos restantes envolvidos.

Vermelho disse...

Amigo Jimmy:
É verdade!
Grande fim de semana!
Uma despedida sui generis é o mínimo que se pode dizer...

antes morto que vermelho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
antes morto que vermelho disse...

"voces, metem nojo!"

MigasMan disse...

Qualquer dia este blog passa a chamar-se o quê? redjump? Vermelho & Filho? Até Cavu tem vergonha de participar neste enlevo benfiquista.
Deixem-me voltar a ter tempo para andar por aqui, e já vos volto a cantar das boas.

Aqueles abraços