Nada do que está a passar-se no futebol português, à revelia de princípios a que todo e qualquer desiderato desportivo deve subordinar-se, constitui motivo de admiração para quem minimamente se interessa pelo fenómeno.
Já se sabia que muitas situações estranhas emergiriam se o investimento feito pelo Benfica no reforço do seu quadro de profissionais tivesse retorno imediato, através de melhores resultados, de mais pontos e do acesso ao topo da classificação.
Já se sabia que o FC Porto, obstinado na conquista de outro 'penta', iria activar toda a sua oleada máquina de influências e arregimentar os aliados possíveis para manter desimpedido o caminho que eventualmente o conduzirá a esse desígnio supremo.
Só não se sabia que o Braga resistiria tanto tempo no primeiro lugar, proeza que lhe permitiu adquirir o estatuto de intérprete especialmente privilegiado nessa luta titânica entre águia e dragão. Mas era previsível que o FC Porto arrancasse célere à descoberta de conforto em ombro amigo assim que percebesse não dispor, sozinho, de argumentos suficientemente fortes para travar a ascensão do Benfica. Fê-lo, sem mais demoras, desfrutando de esperada e simpática disponibilidade por parte do presidente bracarense, o qual, sem que fosse necessário pedir-lhe, e a propósito de mero folclore, falou em «manobras estranhas e inqualificáveis que estão a ser urdidas nos corredores do poder tendo apenas um objectivo: parar o Sp. Braga». E empurrar o Benfica, deduzo...
Nenhuma surpresa até aqui, portanto. Apenas falta descobrir se Salvador tem a noção de estar a fazer de papel de embrulho: utiliza-se enquanto for preciso e depois... deita-se fora.
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