Faço parte do lote daqueles que, a priori, não acreditavam que o Sp. Braga, já dentro da segunda volta da Liga, estaria em condições de lutar pela conquista do título. A verdade é que, por mérito próprio e não demérito alheio, os arsenalistas seguem na corrida. E só não ocupam, de momento, a liderança da tabela classificativa porque o Benfica conta com uma partida a mais.
Os minhotos, de forma sensacional, despacharam o Sporting fora e em casa e também levaram de vencida FC Porto e Benfica no seu reduto. Tiveram sorte em alguns desses duelos? Tiveram, mas isso não diminui, de forma alguma, a qualidade dos resultados conseguidos. Aliás, não conheço ninguém que ganhe com azar... A formação comandada por Domingos (que cheguei a pensar ser o principal candidato a ser despedido na Liga, após uma pré-época e arranque de temporada "aos soluços") está lá em cima porque, no local correcto (dentro do campo), tem sido melhor que a maioria. Pontualmente - e descontando o jogo a mais das águias - só não possui um registo mais forte que o Benfica, embora também não seja pior e tenha a seu favor o triunfo no confronto directo.
Pouco ou nada habituados a fazer figura de líderes, os bracarenses demoraram a assumir a candidatura ao triunfo final. O treinador, por exemplo, sempre que questionado sobre o tema, não escondia um sorriso traquina, mas fugia à pergunta, adiando uma posição lá mais para a frente.
De repente, Domingos mudou de postura e garantiu que, independentemente das sanções a este ou aquele jogador, a equipa estava preparada para tudo. E logo de seguida foi a vez do director desportivo (Carlos Freitas) se atirar, de peito aberto, a tudo e a todos. Por fim, até o presidente (António Salvador) veio a público denunciar uma campanha orquestrada para derrubar o seu clube, solicitando a união dos sócios e adeptos.
Volto a frisar que o Sp. Braga está a fazer uma temporada notável, mas todo este alarido, de um dia para o outro, só revela nervos. Muitos. E andar com a cabeça longe do essencial não é, seguramente, a melhor estratégia para o clube tentar o que nunca conseguiu. Os minhotos podem perfeitamente alcançar o título. E não serão as ausências de Mossoró (3 jogos) e Vandinho (3 meses) a impedir tal desiderato. Nem tão-pouco a venda de João Pereira, um dos "culpados" pela excelente campanha efectuada. Se a equipa revelar a solidez de quase toda a época, se não tiver receio de jogar "olhos nos jogos" com os opositores, com destaque para os embates com FC Porto e Benfica, o ceptro pode ser mesmo mais que uma miragem.
No entanto, se as forças de responsáveis e equipa se desviar do que realmente importa, se o futebol praticado estiver ao nível do que se viu recentemente nos quartos-de-final da Taça de Portugal (perante o Rio Ave)... chapéu. É que o desaire com os vila-condenses não teve nada a ver com as ausências de Vandinho e Mossoró. Essa explicação não serve.
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