Seguiu-se a vigília do Sport Lisboa e PJ
Menos de 24 horas depois da vigília pela verdade desportiva encabeçada por Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, e por Fernando Madureira, presidente dos Super Dragões, a brigada de crimes económicos da Polícia Judiciária iniciou, de forma bem mais discreta, uma vigília por uma outra verdade qualquer nos gabinetes da SAD portista, nas instalações do Estádio do Dragão.
De acordo com as primeiras informações sobre as referidas buscas, esta operação foi executada a pedido da Interpol e da polícia belga, isto é, da Bélgica, e os agentes portugueses que a efectuaram pertencem aos quadros da PJ da cidade do Porto. Será, portanto, relativamente difícil para os lamentáveis ideólogos da teoria dos «túneis» e das «toupeiras» acusar o Benfica de estar por trás de mais esta manobra conspirativa para impedir o FC Porto de se sagrar pela quinta vez consecutiva campeão nacional.
A não ser que a conspiração tenha atingido um nível internacional, o que já parece grande exagero. Mas, mesmo assim, nunca fiando…
Na tarde de terça-feira, à mesma hora que o Benfica, no Estádio da Luz, jogava bom futebol e despachava os alemães do Hertha com uma goleada limpa, o presidente da Associação Comercial do Porto, em boa ainda que diminuta companhia, manifestava-se à porta da Liga de Clubes contra a Comissão Disciplinar da Liga em função da «injustiça» dos castigos a Hulk e a Sapunaru. «O que estão a fazer ao FC Porto é indigno», concluiu Rui Moreira. E, neste ponto, tem muita razão. A começar por ele próprio, se quiser reflectir melhor sobre o assunto.
Tal como muitos que sempre se recusaram a escrever ou a falar objectivamente sobre o conteúdo das escutas do processo Apito Dourado, optando pela fácil e pouco corajosa solução «técnica» de considerar as mesmas escutas ilegais, os mesmos, e outros mais, vêm agora considerar que a suspensão dos dois jogadores do FC Porto é uma grande injustiça porque, tecnicamente, os funcionários das empresas de segurança não são «agentes desportivos», portanto podem levar pancada à vontade como, no passado, já levaram jornalistas e outros miseráveis afins.
É de facto indigno do FC Porto ter pessoal que, desta maneira, o pretende estar a defender, lavando com uma esponja notórios pecadilhos e óbvios pecados que já nem constituem escândalo, antes fazem parte do anedotário nacional.
Passa-se no FC Porto um problema que, com o andar do tempo, teria inevitavelmente de surgir.
Trata-se, porque ninguém vai para novo, da questão da sucessão de Pinto da Costa. Acrescente-se a este facto outro facto importante: o presidente do FC Porto foi sujeito a uma levíssima pena disciplinar, uma suspensão, que, no entanto, o impede de entrar em acção através dos jornais e das televisões com o ênfase e o sentido de oportunidade que sempre o caracterizaram.
Órfãos dos discurso presidencial, logo se perfilaram os seus pretensos substitutos para preencher o vazio, dar uma satisfação aos caríssimos ouvintes e marcar pontos na corrida que, mais cedo ou mais tarde, se avizinhará.
E é nisto que estamos.
Quanto à Liga, pois continua a trabalhar em prol do Benfica a todo o vapor.
Basta atentar no calendário das provas nacionais desenhado na sua sede, palco de vigílias, para se concluir como é manobra de mais uma «toupeira» vermelhusca o facto de o Benfica ter de jogar a final da Taça da Liga com o FC Porto dois dias depois de jogar com o Marselha a primeira-eliminatória dos oitavos-de-final da Liga Europa.
De acordo com os jornais, os organizadores da vigília à porta da Liga convocaram também, por via postal e electrónica, os adeptos do Sporting de Braga a comparecer a manifestação de revolta e desagrado pelo facto de andar o Benfica a ser levado ao colo.
Aparentemente, os adeptos do Sporting de Braga não compareceram. Viu-se um cachecol do Beira-Mar e uns quantos adeptos do Boavista, um histórico do futebol português que foi relegado para divisões secundárias na sequência do processo Apito Dourado em benefício directo do Benfica, como entra pelos olhos dentro. Aliás, sempre que os sócios e adeptos do Boavista dizem - e dizem-no tantas vezes - que foram «os bodes expiatórios» do Apito Dourado, é, precisamente, ao Benfica que se estão a referir porque é pelo Benfica e no lugar do Benfica que estão a expiar culpas.
Voltemos aos adeptos do Sporting de Braga que não compareceram à vigília. Fizeram bem.
Em primeiro lugar, porque, por mais que terceiros tentem, o seu emblema não é sucursal de ninguém.
Em segundo lugar porque ainda devem estar indignados com o tom paternalista dos elogios que a exibição da sua equipa no Dragão mereceu do aliviadíssimo treinador do FC Porto - «o Braga provou aqui a razão de ser líder» - e mesmo de adeptos do FC Porto, como Manuela Aguiar que até imaginou «o que seria este FC Porto a jogar numa Liga a sério contra equipas que jogassem de igual para igual como o Braga fez».
Isto não se diz de ninguém.
Contam os jornais que o Chelsea abandonou Lisboa de mãos a abanar. Os ingleses vieram à Luz para negociar a transferência de Angel Di María e não terão tido sucesso. Talvez tenha sido apenas um primeiro passo falhado porque não é de prever que o Chelsea, que José Mourinho transformou num dos grandes da Europa, desista facilmente do jovem extremo argentino.
Também o Manchester United já se mostrou interessado no jogador. E o Manchester City também, para não ficar atrás. É normal. Para muitos especialistas, o futebol inglês, por ser limpo e directo, seria o palco ideal para o talentoso jogador. Já para os benfiquistas que são especialistas em futebol internacional e que viram, em duas épocas seguidas, como Di María joga sempre incrivelmente bem contra o Hertha de Berlim, o melhor campeonato para o argentino brilhar seria o campeonato alemão.
Mas para os benfiquistas, que não são nem querem ser especialistas em assuntos externos, o palco ideal para Di María só pode continuar ser o do Estádio da Luz.
E, de um ponto de vista egoísta, têm toda a razão.
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