Ninguém parece muito preocupado com o estado a que chegou a Federação Portuguesa de Futebol. Estado de ilegalidade, caducidade e vacuidade. Gilberto Madaíl não tem condições para continuar na presidência mas há quem pareça interessado na sua recandidatura. A recandidatura de Madaíl, a acontecer, é uma ofensa a todos aqueles que querem ver mudanças substantivas no paradigma do futebol em Portugal. Porque um presidente não pode ser apenas avaliado pelo número de vitórias, empates e derrotas da Seleção; Porque um presidente deve ser avaliado pelas reformas que consegue realizar no sentido de potenciar o crescimento do futebol nacional, a partir do investimento no “jogador português”; Pela articulação destas duas razões, porque já ninguém sabe o que é “o futebol português”, e porque o presidente da FPF também não deve ser nem uma espécie de espantalho no meio do milheiral nem um boneco articulado nas mais diversas mãos, Madaíl está esgotado.
Bem se sabe que Madaíl, pela longevidade do seu consulado na FPF, conseguiu alguma proximidade efetiva no âmbito da UEFA e da FIFA. Mas também se sabe que, quando se trata de questões mais ponderosas, como a arbitragem ou outras “operações de risco”, como a que envolveu o falhado “empréstimo” de Mourinho a Portugal (ai, santa ingenuidade...), lá vai o eterno “pronto-socorro”, João Rodrigues, em “missão humanitária”...
Quanto aos decantados méritos da atribuição da organização do Euro’2004 a Portugal, a questão é genericamente colocada ao contrário. Em vez de elogios aos cabouqueiros da megalómana cavalgada, deveríamos todos (contribuintes portugueses) pedir responsabilidades a quem nos deixou tão pesada fatura, que ainda estamos a pagar. A menos que muitos não se importem de tirar do seu bolso montantes absurdos para pagar um pedaço (efemeramente continuado) de emoção.
Agora, montados na vertigem propagandeada pela própria FIFA como um dos argumentos mais fortes da candidatura ibérica para o Mundial’2018 – esse mesmo, o TGV... –, todos parecem dispostos a esperar pelo dia 2 de dezembro, o que significa esperar que Madaíl faça o seu “número” de “passe de mágica”.
Entretanto, ou paralelamente, há contas para aprovar. E sobre as contas da FPF talvez seja importante responsabilizar quem faz contratos como aquele realizado com Carlos Queiroz (e anteriormente Scolari), e perceber quem vai pagar a (outra) fatura, se o ex-selecionador ganhar a sua causa laboral e, também, no âmbito do TAS... É que não basta despedir, “lavar as mãos” e “reunir as tropas”. É preciso assumir as responsabilidades. E esta FPF, sem rei nem roque, está habituada a disfarçar fraturas com a técnica de, ciclicamente, trocar de selecionador. Não basta! A atual direção da FPF demonstrou, nos últimos tempos, a sua mais profunda incapacidade para lidar com os assuntos do futebol português.
Eo que acontecerá se, a curto-prazo, o Conselho de Justiça apresentar a demissão? E, nesse cenário, qual vai ser a posição do Conselho de Disciplina?! Não há adequação de estatutos à lei, o Estado está num impasse e a FPF em bolandas.
Pois: vamos jogar, amanhã, com a Dinamarca e o importante... é mesmo ganhar!
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