Os 'mind games' do 'clássico'
Por josé manuel delgado
NUMA época em que o Benfica tem vivido praticamente em regime de euforia generalizada — boas exibições e goleadas suplantaram os percalços e nunca retiraram ânimo à afición — quis o destino que o clássico de ontem apanhasse os encarnados fragilizados por uma má prestação em Olhão e ainda por castigos e lesões, circunstâncias que levaram a uma radical inversão do ónus do favoritismo. Quando, se a normalidade reinasse (triunfo no Algarve, disponibilidade durante a semana de Ramires e David Luiz e possibilidade de utilização de Aimar, Di María e Fábio Coentrão), o factor casa catapultaria a equipa de Jorge Jesus para uma vantagem teórica prévia, acabou por verificar-se que a exigência passou a estar focada no labor dos portistas, que nos últimos dois meses mostraram um constante crescendo de forma. Foi esta situação que o Benfica manejou, ao longo da semana, melhor do que o FC Porto, passando para o exterior a ideia de que só através de muita abnegação podia chegar a um resultado positivo, frente a um opositor na plenitude dos recursos.
A apenas um ponto dos encarnados, foi curioso verificar como uma equipa com o traquejo do FC Porto acusou a responsabilidade de ser favorita, entrando de pernas pesadas e até algum conformismo, sendo este sentido especialmente na recta final quando os pupilos de Jorge Jesus jogaram com o relógio, impondo um ritmo tão lento quanto possível e os tetracampeões nacionais não tiveram, então, alma até Almeida.
Ao longo da semana Jesus disse que não contava com Ramires e Aimar; do Dragão vieram respostas sintomaticamente curiosas, que aludiam a um bluff . Afinal, Ramires jogou preso por arames (que rebentaram) e Aimar nem isso. Noutras épocas, nunca o FC Porto se mostraria preocupado com quem jogava ou deixava de jogar pelo adversário. E foi aí que o Benfica começou a ganhar o jogo.
Benfica passou o maior teste
Por santos neves
NA raça! E não só... Desta vez, o Benfica passou o teste. Depois das derrotas em Atenas e Braga, e do empate consentido ao Olhanense, último classificado – mais o KO na Taça de Portugal sofrido na Luz –, o Benfica, numa hora H, passou, convincentemente, teste de superior grau de dificuldade. Aliás, o máximo grau neste momento. Porque perante o FC Porto tetracampeão. Mas também, muitíssimo!, por o Benfica se apresentar fragilizado: à global quebra de rendimento desde o início de Novembro somava as ausências de Di María e Pablo Aimar, de Fábio Coentrão e de Ruben Amorim, mais as dúvidas sobre o estado de Ramires só uma semana após aparatosa lesão. Quiçá acima de tudo – e em condições assim bem adversas –, foi grande teste ao que muito tem falhado no Benfica desde há largos anos e vinha dando sinais de ressurgir: então a capacidade mental, o carácter competitivo nos momentos M? Exactamente aí onde o FC Porto nos habituou a ser... fortíssimo (não ontem). O Benfica teve raça e... qualidade, sendo a melhor equipa em toda a 1.ª parte – e soube manter coesa concentração na meia hora em que o FC Porto quis reagir a sério. Ah!, Jesus apostou, enfim!, no menino Urreta...
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