segunda-feira, janeiro 30, 2006

Análise ao derby

Um problema de atitude.
Foi este, quanto a mim, o principal problema que afectou o desempenho do SLB no derby de Sábado.
Os jogadores do SLB deixaram-se inebriar pelos recentes sucessos alcançados e, pura e simplesmente, não jogaram.
O SLB entrou em campo vencedor, esquecendo-se que os jogos só se vencem no final e se se fizer alguma coisa para isso.
As camisolas, os adeptos e os exitos alcançados não jogam, não ganham jogos, apenas constituem factores adjuvantes do sucesso. O suor, o querer, a raça, a força, o rigor e o empenho são essenciais.
O SLB foi vítima da sua própria euforia.
Perante o favoritismo granjeado, o momento de forma de que cada uma das equipas, o estádio cheio, a juventude da equipa do SCP, os jogadores do SLB convenceram-se que, mais cedo ou mais tarde, o jogo se resolveria por si.
Aliás, o golo obtido na primeira parte e nas circunstancias em que o foi - completamente facilitado por uma ingenuidade colossal de Custódio, ainda mais, contribui para acentuar tal estado de espírito.
Puro engano.
Subestimaram o adversário, baixaram os níveis de concentração, de agressividade e de empenho e o SCP aproveitou.
Exemplo fiel disto mesmo foi a circunstancia de Petit apenas ter feito uma falta á Petit já no final da partida.
Com uma defesa de papel, onde Alcides pontificou no acumular de erros crassos, um meio-campo macio e sem dinamica e um ataque pouco mais do que inoperante, logo, inofensivo, o SLB foi presa fácil para o SCP.
Não retirando mérito ao SCP, parece-me que o jogo ficou, inelutavelmente, marcado pela ausencia de atitude competitiva do SLB.
Pelo contrário, o SCP encarou o jogo como se de uma verdadeira final se tratasse.
Níveis de atenção, concentração, agressividade, empenho e dedicação sempre num patamar elevado, o que conjugado com a qualidade técnica da maioria dos seus jogadores redundou no exito alcançado.
A defesa do SCP, o seu sector mais débil, nunca foi posta á prova e, assim, sobressaíram as suas virtudes e empalideceram-se os seus defeitos.
O meio-campo do SCP, arrumado em losango, jogou sempre em superior numérica, pelo que sobrou sempre um elemento livre para construir os lances ofensivos e, de igual forma, mais uma unidade para pressionar quando em acção defensiva.
Esta foi, sem dúvida, uma das chaves tácticas da partida - a superioridade númerica do meio terreno leonino.
É usual, face ao esquema táctico que apresenta, que o SLB jogue em inferioridade númerica no miolo.
Contudo, tal facto é, por norma, superado pela entrega dos elementos que compõem o meio-campo do SLB e pela pressão alta que a equipa executa.
Ora, como no Sábado não houve nem entrega, nem pressão, as dificuldades aumentaram e a defesa viu-se exposta aos ataques leoninos.
E ficou exposta na pior das circunstancias para qualquer defesa - tendo de "levar" com os avançados de frente, em progressão, com a bola dominada.
Por fim, o ataque do SCP, com um Liedson em processo de renovação e, como tal, super motivado para realizar exibição capaz de lhe dar margem negocial bastante para poder subir as suas exigencias, apresentou uma mobilidade estonteante que colocou, constantemente, em cheque a defesa benfiquista.
Liedson foi, indubitavelmente, a estrela maior de uma equipa que fez do sentido colectivo, do espirito competitivo, da entrega, do rigor, da paixão e da raça, as suas mais valias.
Rodando o angulo de análise, dir-se-á que o trabalho do árbitro pautou-se pela mediania, tendo tido, inclusive, influencia no resultado final.
Na verdade, o penalty não assinalado, no início da segunda parte, a favor do SLB, por falta de Tonel sobre Nuno Gomes, veio a revelar-se fatal no decurso da partida.
Com efeito, tivesse o árbitro assinalado a grande penalidade e tendo esta sido transformada em golo, o resultado passaria para 2-0.
Tenho para mim que tal constituiria revés psicológico suficiente para que o jogo terminasse nesse instante.
No mais, esteve relativamente bem, sendo que no lance do terceiro golo leonino fiquei com algumas dúvidas quanto á posição de Liedson no momento do passe de Sá Pinto.
Em suma, vitória justa da única equipa que fez por a merecer.

3 comentários:

Unknown disse...

Concordo com a análise feita ao derby, o que me leva a fazer a seguinte interrogação:
Como se explica que uma equipa que quer ser campeã, no jogo mais importante, perante uma casa cheia de adeptos, entre desconcentrada e desmotivada em campo?
E, mais grave que isso, não comece a esboçar uma reacção quando se apercebe que o jogo só tem um sentido e que está a ser completamente humilhada pelo SCP?
Como se compreende que não reaja ao golo do empate?
Tenho para mim que a explicação está na falta de sintonia entre o treinador e a equipa.
A saída de Quim da baliza e a titularidade dada a MAnduca poderá explicar tal falta de sintonia.
Não me espanta que esteja instalado no balneário do benfica prolemas entre os jogadores os do ano passado e os deste ano, por o Koeman dar prevalência a estes últimos em detimento do "grupo campeão".
É que não deve ser fácil aceitar que o Quim, campeão nacional e guardaredes de selecção, seja tirado da baliza por um qualquer Moreto que como curriculo tem uma passagem pelo Salgueiros e alguns jogos à frente do Setúbal.
E que Manduca esteja erigido à posição de estratega da equipa, quando não passa de um razoável extremo esquerdo.
Por outro lado, não nos esqueçamos dos problemas em formar a equipa que o Koeman manifestou no início do campeonato, com constantes invenções na disposição dos jogadores em campo.
Parece-me que, ganhada alguma confiança(e alguma sobranceria, diga-se), o Koeman resolveu inventar de novo, com a colocação do Manduca como nº 10, a teimosia em por o Alcides a jogar a defesa direito, e a constante aposta nesse "génio" do futebol que é o Beto.
Se tais alterações vão passando quando as equipas se chamam Académica, Gil Vicente, e outros, mostram as suas debilidades quando uma equipa de igual estatuto lhe surge pela frente.
Sem esquecer que já contra a Académica o benfica sentiu sérias dificuldades na construção do seu jogo, que só a inoperância atacante da Académica e a ineficácia defensiva do Hugo Alcântara fez com que o resultado tivesse sido o injusto 3-0.

Unknown disse...

O artigo publicado no site do simão - ver www.record.pt - parece vir dar razão ao meu anterior comentário, sobre a existência de problemas no balneário do SLB.
As cenas de pancadaria nos treinos também abonam a minha tese.

Vermelho disse...

Não afasto a possibilidade de teres razão. Mas, tenho para mim, que cabe ao Koeman resolver de uma vez por todas eventuais problemas.