domingo, janeiro 31, 2010
Mais um golo para Queirós continuar a ignorar...
"Makulula continua imparável, na Liga turca. Neste domingo o internacional português apontou o 15º golo da temporada, garantindo a vitória do Kayserispor no reduto do Gaziantepspor (0-1), equipa orientada por José Couceiro.
O golo de Makukula foi apontado no início do segundo tempo (49m). O jogador que pertence aos quadros do Benfica é o melhor marcador da Liga turca, e tem quase o dobro dos golos do segundo classificado. De referir ainda que nenhum dos tentos foi de grande penalidade."
Artigo de Opinião de Sérgio Krithinas
O verdadeiro craque estava nas bancadas
Razão tem Jorge Jesus, que não se cansa de elogiar os adeptos. Ontem, os mais de 50 mil que estiveram na Luz funcionaram como um craque que empurrou a equipa para o triunfo sobre o Guimarães, mesmo quando algumas pedras foram surgindo no caminho. A massa humana que embala este Benfica é algo que dá aos encarnados uma confiança extrema, atemoriza os adversários e condiciona algumas decisões das equipas de arbitragem. A equipa de Jorge Jesus - com todo o mérito - sabe aproveitar a embalagem do Inferno da Luz e não treme em situações de grande pressão, o que acontecia depois da vitória do líder Braga sobre o Sporting. Basta ver o que aconteceu na época passada perante o mesmo adversário para se perceber as diferenças: um ambiente parecido acabou por ser mais um adversário da equipa orientada por Quique Flores, que saiu derrotada por 1-0 e disse definitivamente adeus ao título.
Com o 3-1 de ontem, o Benfica respondeu da melhor forma aos triunfos de Sporting de Braga e FC Porto, mantendo-se na pole position pela conquista do título nacional, uma luta agora reduzida a estes três emblemas. A 13 jornadas do final, a equipa da Luz continua a parecer a mais forte candidata a vencer esta maratona, tanto mais que os dois adversários directos se irão defrontar dentro de três jornadas. Mas a linha que separa o sucesso do fracasso no futebol é demasiado ténue para que alguém possa cantar vitória antes de tempo.
O Guimarães, diga-se a verdade, foi das equipas mais competentes que defrontaram o Benfica esta época - os resultados dos três jogos anteriores entre os dois clubes (uma vitória para cada lado e um empate) provam-no. Paulo Sérgio não trouxe o 3x5x2 previsto por Jorge Jesus e manteve-se fiel ao seu habitual 4x3x3, com Targino e Desmarets bem abertos nas alas. Nos primeiros minutos, o esquema até resultou, reduzindo os ataques do Benfica aos sempre perigosos lances de bola parada.
O golo de Aimar, obtido praticamente no primeiro lance de perigo criado pelos encarnados e com muita felicidade (a bola ressaltou em Moreno e isolou o argentino), levou os minhotos a mostrarem todo o seu carácter. Não tiveram medo e justificaram o empate, apontado por Nuno Assis, cujas boas exibições frente ao Benfica começam a tornar-se um clássico. A equipa da casa manteve-se naturalmente por cima do jogo e só não chegou ao intervalo em vantagem devido ao desacerto de Cardozo, que continua a jogar bem para a equipa mas parece ter entrado em conflito com as balizas contrárias.
Aimar, que andava arredado das boas exibições, voltou a espalhar classe no maltratado relvado da Luz, aliando um toque de bola único a uma agressividade que raramente lhe é vista. Mas o grande motor do triunfo dos encarnados foi Carlos Martins, surpreendentemente titular devido a uma pequena lesão de Ramires, que apontou dois belos golos que decidiram tudo nos primeiros minutos da segunda parte. Depois, e em mais uma demonstração de instabilidade, o médio fez-se expulsar, deixando a equipa a jogar com 10 nos últimos 20 minutos. O Vitória tentou, cruzou, rematou, mas foi o Benfica que perdeu mais algumas chances para trazer as goleadas de volta ao Estádio da Luz. Não foi preciso: a formação orientada por Jorge Jesus chega ao fim de Janeiro com mais dois golos apontados do que a equipa de Quique Flores em toda a temporada passada. É obra.
Razão tem Jorge Jesus, que não se cansa de elogiar os adeptos. Ontem, os mais de 50 mil que estiveram na Luz funcionaram como um craque que empurrou a equipa para o triunfo sobre o Guimarães, mesmo quando algumas pedras foram surgindo no caminho. A massa humana que embala este Benfica é algo que dá aos encarnados uma confiança extrema, atemoriza os adversários e condiciona algumas decisões das equipas de arbitragem. A equipa de Jorge Jesus - com todo o mérito - sabe aproveitar a embalagem do Inferno da Luz e não treme em situações de grande pressão, o que acontecia depois da vitória do líder Braga sobre o Sporting. Basta ver o que aconteceu na época passada perante o mesmo adversário para se perceber as diferenças: um ambiente parecido acabou por ser mais um adversário da equipa orientada por Quique Flores, que saiu derrotada por 1-0 e disse definitivamente adeus ao título.
Com o 3-1 de ontem, o Benfica respondeu da melhor forma aos triunfos de Sporting de Braga e FC Porto, mantendo-se na pole position pela conquista do título nacional, uma luta agora reduzida a estes três emblemas. A 13 jornadas do final, a equipa da Luz continua a parecer a mais forte candidata a vencer esta maratona, tanto mais que os dois adversários directos se irão defrontar dentro de três jornadas. Mas a linha que separa o sucesso do fracasso no futebol é demasiado ténue para que alguém possa cantar vitória antes de tempo.
O Guimarães, diga-se a verdade, foi das equipas mais competentes que defrontaram o Benfica esta época - os resultados dos três jogos anteriores entre os dois clubes (uma vitória para cada lado e um empate) provam-no. Paulo Sérgio não trouxe o 3x5x2 previsto por Jorge Jesus e manteve-se fiel ao seu habitual 4x3x3, com Targino e Desmarets bem abertos nas alas. Nos primeiros minutos, o esquema até resultou, reduzindo os ataques do Benfica aos sempre perigosos lances de bola parada.
O golo de Aimar, obtido praticamente no primeiro lance de perigo criado pelos encarnados e com muita felicidade (a bola ressaltou em Moreno e isolou o argentino), levou os minhotos a mostrarem todo o seu carácter. Não tiveram medo e justificaram o empate, apontado por Nuno Assis, cujas boas exibições frente ao Benfica começam a tornar-se um clássico. A equipa da casa manteve-se naturalmente por cima do jogo e só não chegou ao intervalo em vantagem devido ao desacerto de Cardozo, que continua a jogar bem para a equipa mas parece ter entrado em conflito com as balizas contrárias.
Aimar, que andava arredado das boas exibições, voltou a espalhar classe no maltratado relvado da Luz, aliando um toque de bola único a uma agressividade que raramente lhe é vista. Mas o grande motor do triunfo dos encarnados foi Carlos Martins, surpreendentemente titular devido a uma pequena lesão de Ramires, que apontou dois belos golos que decidiram tudo nos primeiros minutos da segunda parte. Depois, e em mais uma demonstração de instabilidade, o médio fez-se expulsar, deixando a equipa a jogar com 10 nos últimos 20 minutos. O Vitória tentou, cruzou, rematou, mas foi o Benfica que perdeu mais algumas chances para trazer as goleadas de volta ao Estádio da Luz. Não foi preciso: a formação orientada por Jorge Jesus chega ao fim de Janeiro com mais dois golos apontados do que a equipa de Quique Flores em toda a temporada passada. É obra.
sábado, janeiro 30, 2010
Artigo de Opinião de Ricardo Araújo Pereira
A geografia do desespero
IMAGINE o leitor que um ataque semelhante ao que atingiu esta semana o autocarro portista tinha sucedido no Porto. Não faltaria certamente quem garantisse que o Porto era mais perigoso que Palermo. E com razão, porque de facto o ataque é infame e perigoso. Mas agora imagine que o Benfica tinha ido jogar a Seroa, uma freguesia do concelho de Paços de Ferreira que fica a cerca de 30 quilómetros do Porto. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente eram atingidos por pedras. Algum benfiquista teria a desonestidade intelectual de afirmar que o sucedido indicava que o Porto estava cada vez mais parecido com Palermo? Talvez. Infelizmente, há gente desonesta em todo o lado. Mas, com franqueza, parece-me improvável. No entanto, o Porto foi jogar ao Estoril, uma freguesia do concelho de Cascais que fica a cerca de 30 quilómetros de Lisboa. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente foram atingidos por pedras. Quem terá cometido o crime? Um estorilista? Um benfiquista? Um sportinguista? Um portista que reprova o que ouviu nas escutas (que diabo, há-de haver um)? Ou o jornalista do JN que foi atropelado por aquele mesmo veículo? Enfim, os suspeitos serão muitos, mas uma coisa é certa: a culpa é da cidade de Lisboa. Cascais continua a ser Cascais. Oeiras, que separa Cascais de Lisboa, continua a ser Oeiras. Mas ou o presidente da câmara de Lisboa começa a preocupar-se com a criminalidade de Cascais ou a capital fica muito parecida com Palermo.
Neste momento, vale tudo. Os jogadores do Porto agridem gente no túnel? A culpa é do Benfica. Alguém atira pedras aos carros em Cascais? A culpa é de Lisboa. O país inteiro ouve o presidente do Porto a combinar encontros com árbitros? A culpa é do país inteiro, que não tem nada que ir ouvir. Se o meu clube vendesse os seus melhores jogadores, fosse à Argentina abastecer-se de refugo e estivesse arredado dos primeiros lugares, eu também estaria interessado em reflectir sobre autocarros, teorizar acerca de túneis, meditar profundamente nas rivalidades doentias entre cidades. Todos os temas seriam bons, desde que não me falassem de futebol.
Tenho pensado muito em Vale e Azevedo, o ex-presidente do Benfica injustamente preso só porque foi apanhado a cometer ilegalidades. Um escândalo, aquela prisão. Sabem quem é que também prendia pessoas? A PIDE. Além de escutar pessoas, como agora vergonhosamente se escutou Pinto da Costa, também prendia. Vale e Azevedo e Pinto da Costa são, portanto, vítimas da polícia política do Estado Novo. Tantos anos a homenagear antifascistas e nunca ninguém se lembrou destes dois mártires. Até esta semana. A justiça chega tarde mas chega, felizmente.
Segundo a Rádio Renascença, o Porto acaba de contratar Kléber por 8,5 milhões de euros. Da forma de pagamento não se sabe muito, mas uma coisa é certa: o passe do jogador não será pago em petróleo. Kléber é conhecido no Brasil como o novo Animal por ter problemas de comportamento semelhantes aos do encantador Edmundo. Na época 2008/2009 foi o jogador do campeonato brasileiro que viu mais vezes o cartão vermelho: seis. A sua especialidade é pisar adversários, mas também os pontapeia e acotovela com categoria. Ou muito me engano ou vai ser mais uma vítima de infames provocações.
IMAGINE o leitor que um ataque semelhante ao que atingiu esta semana o autocarro portista tinha sucedido no Porto. Não faltaria certamente quem garantisse que o Porto era mais perigoso que Palermo. E com razão, porque de facto o ataque é infame e perigoso. Mas agora imagine que o Benfica tinha ido jogar a Seroa, uma freguesia do concelho de Paços de Ferreira que fica a cerca de 30 quilómetros do Porto. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente eram atingidos por pedras. Algum benfiquista teria a desonestidade intelectual de afirmar que o sucedido indicava que o Porto estava cada vez mais parecido com Palermo? Talvez. Infelizmente, há gente desonesta em todo o lado. Mas, com franqueza, parece-me improvável. No entanto, o Porto foi jogar ao Estoril, uma freguesia do concelho de Cascais que fica a cerca de 30 quilómetros de Lisboa. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente foram atingidos por pedras. Quem terá cometido o crime? Um estorilista? Um benfiquista? Um sportinguista? Um portista que reprova o que ouviu nas escutas (que diabo, há-de haver um)? Ou o jornalista do JN que foi atropelado por aquele mesmo veículo? Enfim, os suspeitos serão muitos, mas uma coisa é certa: a culpa é da cidade de Lisboa. Cascais continua a ser Cascais. Oeiras, que separa Cascais de Lisboa, continua a ser Oeiras. Mas ou o presidente da câmara de Lisboa começa a preocupar-se com a criminalidade de Cascais ou a capital fica muito parecida com Palermo.
Neste momento, vale tudo. Os jogadores do Porto agridem gente no túnel? A culpa é do Benfica. Alguém atira pedras aos carros em Cascais? A culpa é de Lisboa. O país inteiro ouve o presidente do Porto a combinar encontros com árbitros? A culpa é do país inteiro, que não tem nada que ir ouvir. Se o meu clube vendesse os seus melhores jogadores, fosse à Argentina abastecer-se de refugo e estivesse arredado dos primeiros lugares, eu também estaria interessado em reflectir sobre autocarros, teorizar acerca de túneis, meditar profundamente nas rivalidades doentias entre cidades. Todos os temas seriam bons, desde que não me falassem de futebol.
Tenho pensado muito em Vale e Azevedo, o ex-presidente do Benfica injustamente preso só porque foi apanhado a cometer ilegalidades. Um escândalo, aquela prisão. Sabem quem é que também prendia pessoas? A PIDE. Além de escutar pessoas, como agora vergonhosamente se escutou Pinto da Costa, também prendia. Vale e Azevedo e Pinto da Costa são, portanto, vítimas da polícia política do Estado Novo. Tantos anos a homenagear antifascistas e nunca ninguém se lembrou destes dois mártires. Até esta semana. A justiça chega tarde mas chega, felizmente.
Segundo a Rádio Renascença, o Porto acaba de contratar Kléber por 8,5 milhões de euros. Da forma de pagamento não se sabe muito, mas uma coisa é certa: o passe do jogador não será pago em petróleo. Kléber é conhecido no Brasil como o novo Animal por ter problemas de comportamento semelhantes aos do encantador Edmundo. Na época 2008/2009 foi o jogador do campeonato brasileiro que viu mais vezes o cartão vermelho: seis. A sua especialidade é pisar adversários, mas também os pontapeia e acotovela com categoria. Ou muito me engano ou vai ser mais uma vítima de infames provocações.
sexta-feira, janeiro 29, 2010
Uma das denúncias que conseguiram branquear
"Entre as polémicas protagonizadas por D'Onofrio no nosso país, o destaque vai provavelmente para a acusação de corrupção e suborno subscrita por outro belga, o jogador Cadorin.
Em 1986, o avançado do Portimonense revelou que D'Onofrio lhe prometera 500 contos e uma transferência para o FC Porto ou um clube da Itália ou da Suíça se Cadorin provocasse um penálti no início do jogo Portimonense-FC Porto."
quinta-feira, janeiro 28, 2010
Artigo de Opinião de Miguel Góis
Amiguinhos
Antes de mais, peço antecipadamente desculpa pelo tipo de linguagem que utilizarei nesta coluna. É que passei os últimos dias a ouvir as escutas do Apito Dourado no YouTube, e agora estou com alguma dificuldade em, portanto - como dizer? -, coiso e tal sobre o dito cujo, no que diz respeito, claro está, àquela problemática. Como se vê, fiquei viciado. Por um lado, parecem cenas retiradas de um filme de espionagem passado durante a guerra fria, mas se tanto os espiões ingleses como os russos não tivessem conseguido completar a quarta classe. Só por nítida falta de talento dos intervenientes é que se explica, aliás, que o significado do que está a ser dito nas escutas seja muito mais claro do que muitas conferências de imprensa ao longo da história do futebol português. Respeito para Octávio Machado.
De qualquer forma, tem sido muito comentado o facto de ler a transcrição das escutas ser muito diferente de as ouvir - tudo porque as gravações permitem perceber o tom autoritário e paternalista de uns intervenientes, e o tom justificativo e subserviente de outros. É, por essa razão, irónico que a absolvição de Pinto da Costa tenha surgido pelas mãos de uma juíza - são as mulheres que têm mais tendência para se queixarem no seio conjugal, não do que é dito, mas do tom com que é dito.
Mas como até das situações mais escabrosas surgem ideias luminosas, ocorreu-me a seguinte hipótese enquanto ouvia a escuta do Pinto da Costa a dar indicações sobre o caminho até sua casa: porque não aproveitar esta gravação para lançar no mercado um GPS com a voz do presidente do FC Porto, especialmente dirigido ao segmento dos árbitros de futebol? "Sempre em frente!" De futuro, poupar-se-ia muito em telefonemas dispendiosos e desnecessários.
Antes de mais, peço antecipadamente desculpa pelo tipo de linguagem que utilizarei nesta coluna. É que passei os últimos dias a ouvir as escutas do Apito Dourado no YouTube, e agora estou com alguma dificuldade em, portanto - como dizer? -, coiso e tal sobre o dito cujo, no que diz respeito, claro está, àquela problemática. Como se vê, fiquei viciado. Por um lado, parecem cenas retiradas de um filme de espionagem passado durante a guerra fria, mas se tanto os espiões ingleses como os russos não tivessem conseguido completar a quarta classe. Só por nítida falta de talento dos intervenientes é que se explica, aliás, que o significado do que está a ser dito nas escutas seja muito mais claro do que muitas conferências de imprensa ao longo da história do futebol português. Respeito para Octávio Machado.
De qualquer forma, tem sido muito comentado o facto de ler a transcrição das escutas ser muito diferente de as ouvir - tudo porque as gravações permitem perceber o tom autoritário e paternalista de uns intervenientes, e o tom justificativo e subserviente de outros. É, por essa razão, irónico que a absolvição de Pinto da Costa tenha surgido pelas mãos de uma juíza - são as mulheres que têm mais tendência para se queixarem no seio conjugal, não do que é dito, mas do tom com que é dito.
Mas como até das situações mais escabrosas surgem ideias luminosas, ocorreu-me a seguinte hipótese enquanto ouvia a escuta do Pinto da Costa a dar indicações sobre o caminho até sua casa: porque não aproveitar esta gravação para lançar no mercado um GPS com a voz do presidente do FC Porto, especialmente dirigido ao segmento dos árbitros de futebol? "Sempre em frente!" De futuro, poupar-se-ia muito em telefonemas dispendiosos e desnecessários.
Artigo de Opinião de Santos Neves
Começa o sim ou sopas...
TODOS a postos. Aí está o tiro de partida para diabólico mês em que FC Porto, Sporting e Benfica andarão no frenesi de sucessivos e altamente desgastantes sprints à cata de Campeonato Nacional, Taça de Portugal (nesta, não o Benfica), Taça da Liga e Europa. Num mês, 9 jogos para Sporting, 8 para FC Porto e Benfica. Incluindo confrontos de gigantes em bota fora das Taças lusitanas (FC Porto-Sporting e Sporting-Benfica) e fechando com Sporting-FC Porto para o campeonato (curioso: o Sporting está em todas...; será mesmo o seu tudo ou nada para ainda se redimir de confrangedora meia temporada!). Eis um mês de várias decisões; e até no que não ficará decidido (campeão nacional, segunda hipótese de acesso aos milhões e ao prestígio da Champions, entrada na Liga Europa como proeza ou muito escasso consolo) veremos quem suportou melhor ou pior altíssimo ritmo em enfiada de testes, também anímicos, ganhando avanço ou recuando... Sim, sem tempo para respirar, 5 semanas de gritos!
Então e o Sp. Braga, sensacional líder do campeonato, firme como as belíssimas rochas que emolduram o seu estádio? Face às duras refregas que esperam os três gigantes (Sp. Braga sem Europa e Taça da Liga), oportunidade de ouro para mais se vincar na frente do campeonato. Apetece dizer que tem tudo na sua mão. Por aí, pouco menos que sim ou sopas. A equipa que, na 1.ª volta, se deu ao exuberante luxo de derrotar Sporting, FC Porto e Benfica (!!!) vai agora enfrentar a ânsia/premente necessidade de desforra dos não adormecidos Golias. Já amanhã, Sporting em Braga; na 3.ª semana de Fevereiro, Sp. Braga no Dragão... – directíssima discussão por acesso ao título. Vamos por partes: OK, o Sporting já não tem na mira ser campeão esta época, mas anda com ganas de ressuscitar e fazer mossas em quem lhe aparecer pela frente (boa questão: que Sporting amanhã em Braga?; a dar o litro, ou não tanto assim, já concentrado no próximo meio de semana, quando visitará o FC Porto em dita final antecipada da Taça de Portugal?). Mais importante para o Sp. Braga: que resposta a si próprio, num confronto que, nesse sentido, iniciará o tal sim ou sopas?
Nacional-FC Porto, ambos querendo reagir contra quebra de rendimento. Flagrante no Nacional: 3 derrotas nas últimas 4 jornadas tiraram-lhe o 4.º lugar (regresso do treinador Manuel Machado poderá ser doping psicológico, inclusive face à perda do tão importante Rúben Micael para este adversário?). O FC Porto anda engasgadinho...; e não terá Bruno Alves, Raul Meireles, Hulk, Sapuranu, veremos se Fernando. Com 3 ou 4 baixas de peso, outro sim ou sopas à ambição de ser pentacampeão.
Benfica-V.Guimarães: potencialmente mais quente do que a classificação indica. Ressaca da Ta- ça de Portugal (Vitória tomba-gigante na Luz!) e até da Taça da Liga (empate em Guimarães). Amigos, amigos (os clubes), muito acesa discussão no campo. Não há duas sem três, ou à terceira é de vez?
ESCUTAS... Pois é, divulgá-las foi infringir a lei... (o costume...; ou como o dito segredo de Justiça é das maiores anedotas em Portugal!). Pois é, o que nelas se ouve é mesmo verídico, deplorável e... objectiva confirmação do que há muito se sabe serem certos bastidores do futebol português. É por estas e por outras que sempre escrevi ter a Justiça desportiva de actuar, independentemente de tribunais civis. Actuou e bem. É obrigação do desporto assumir específicos códigos de ética, estando a violação deles sujeita a também específica acção disciplinar. Defender não punição de árbitro e dirigente que se encontram em casa deste (tratando-se ou não de "o sr. engenheiro máximo", ou do "gerente de caixa") dois dias antes de um arbitrar jogo com equipa do outro... não é só defender o indefensável, pura e simplesmente brada aos céus!
TÚNEIS... Já escrevi e repito: têm velha e bem escura história no nosso futebol, com claríssima res- ponsabilidade de quase todos os dirigentes. Também nos ditos seguranças civis que lá colocam. E tudo o resto é blá-blá-blá...
TODOS a postos. Aí está o tiro de partida para diabólico mês em que FC Porto, Sporting e Benfica andarão no frenesi de sucessivos e altamente desgastantes sprints à cata de Campeonato Nacional, Taça de Portugal (nesta, não o Benfica), Taça da Liga e Europa. Num mês, 9 jogos para Sporting, 8 para FC Porto e Benfica. Incluindo confrontos de gigantes em bota fora das Taças lusitanas (FC Porto-Sporting e Sporting-Benfica) e fechando com Sporting-FC Porto para o campeonato (curioso: o Sporting está em todas...; será mesmo o seu tudo ou nada para ainda se redimir de confrangedora meia temporada!). Eis um mês de várias decisões; e até no que não ficará decidido (campeão nacional, segunda hipótese de acesso aos milhões e ao prestígio da Champions, entrada na Liga Europa como proeza ou muito escasso consolo) veremos quem suportou melhor ou pior altíssimo ritmo em enfiada de testes, também anímicos, ganhando avanço ou recuando... Sim, sem tempo para respirar, 5 semanas de gritos!
Então e o Sp. Braga, sensacional líder do campeonato, firme como as belíssimas rochas que emolduram o seu estádio? Face às duras refregas que esperam os três gigantes (Sp. Braga sem Europa e Taça da Liga), oportunidade de ouro para mais se vincar na frente do campeonato. Apetece dizer que tem tudo na sua mão. Por aí, pouco menos que sim ou sopas. A equipa que, na 1.ª volta, se deu ao exuberante luxo de derrotar Sporting, FC Porto e Benfica (!!!) vai agora enfrentar a ânsia/premente necessidade de desforra dos não adormecidos Golias. Já amanhã, Sporting em Braga; na 3.ª semana de Fevereiro, Sp. Braga no Dragão... – directíssima discussão por acesso ao título. Vamos por partes: OK, o Sporting já não tem na mira ser campeão esta época, mas anda com ganas de ressuscitar e fazer mossas em quem lhe aparecer pela frente (boa questão: que Sporting amanhã em Braga?; a dar o litro, ou não tanto assim, já concentrado no próximo meio de semana, quando visitará o FC Porto em dita final antecipada da Taça de Portugal?). Mais importante para o Sp. Braga: que resposta a si próprio, num confronto que, nesse sentido, iniciará o tal sim ou sopas?
Nacional-FC Porto, ambos querendo reagir contra quebra de rendimento. Flagrante no Nacional: 3 derrotas nas últimas 4 jornadas tiraram-lhe o 4.º lugar (regresso do treinador Manuel Machado poderá ser doping psicológico, inclusive face à perda do tão importante Rúben Micael para este adversário?). O FC Porto anda engasgadinho...; e não terá Bruno Alves, Raul Meireles, Hulk, Sapuranu, veremos se Fernando. Com 3 ou 4 baixas de peso, outro sim ou sopas à ambição de ser pentacampeão.
Benfica-V.Guimarães: potencialmente mais quente do que a classificação indica. Ressaca da Ta- ça de Portugal (Vitória tomba-gigante na Luz!) e até da Taça da Liga (empate em Guimarães). Amigos, amigos (os clubes), muito acesa discussão no campo. Não há duas sem três, ou à terceira é de vez?
ESCUTAS... Pois é, divulgá-las foi infringir a lei... (o costume...; ou como o dito segredo de Justiça é das maiores anedotas em Portugal!). Pois é, o que nelas se ouve é mesmo verídico, deplorável e... objectiva confirmação do que há muito se sabe serem certos bastidores do futebol português. É por estas e por outras que sempre escrevi ter a Justiça desportiva de actuar, independentemente de tribunais civis. Actuou e bem. É obrigação do desporto assumir específicos códigos de ética, estando a violação deles sujeita a também específica acção disciplinar. Defender não punição de árbitro e dirigente que se encontram em casa deste (tratando-se ou não de "o sr. engenheiro máximo", ou do "gerente de caixa") dois dias antes de um arbitrar jogo com equipa do outro... não é só defender o indefensável, pura e simplesmente brada aos céus!
TÚNEIS... Já escrevi e repito: têm velha e bem escura história no nosso futebol, com claríssima res- ponsabilidade de quase todos os dirigentes. Também nos ditos seguranças civis que lá colocam. E tudo o resto é blá-blá-blá...
Artigo de Opinião de Leonor Pinhão
O jogo contra a pobreza moral
NÃO, não é verdade que o Apito Dourado tenha resultado em nada, como vem sendo defendido por muita gente, uns sentindo grande alívio por não haver condenações em tribunal, outros, mais ingenuamente, por se espantarem com esse mesmo facto.
O Apito Dourado resultou num grande desvendar público de uma realidade peculiar e, só isso, é um factor de progresso porque uma sociedade informada reúne meios de análise que a tornam mais apta a pensar e a agir e, por essa mesma razão, está uns bons passos à frente de uma sociedade ignorante que, por deficiência de saber, acalenta no seu seio a perpetuação dos sistemas vigentes, por mais lamentáveis e contrários aos interesses comuns que sejam.
Voltando ao futebol, como experiência sociológica, é curioso observar como muitos a quem a ideia de perpetuação do sistema agrada profundamente, porque se sentem confortáveis todos os dias e campeões todos os anos, fazem questão de afirmar com grande firmeza que nunca tomaram conhecimento das particularidades do processo Apito Dourado, que nunca leram as transcrições das escutas na imprensa e que, mais recentemente, se recusam a ouvir a respectiva banda sonora disponível on-line, facto que consideram um escândalo.
Note-se que não consideram escandaloso o conteúdo das escutas. Consideram escandaloso a sua disponibilização áudio que as torna acessíveis ao país inteiro e até às crianças em idade escolar através dos computadorzinhos Magalhães.
Os argumentos avançados por estes cidadãos que se recusam a tomar conhecimento são sempre de alta índole «moral». Ou é porque é feio escutar conversas alheias, ou é porque, em nome do bom funcionamento da Justiça, as escutas não são «válidas», ou é porque não se deve perseguir ninguém, ou é porque é muito mais cómodo não ter de ter opinião porque nunca se sabe como é que estas coisas vão acabar um dia.
No entanto, no jogo contra esta moral, o mundo avança. É essa a boa notícia.
Não haverá grandes dúvidas de que o Apito Dourado serve como instrumento dissuasor de práticas que terão sido correntes num passado muito recente. É de duvidar que, no presente ou no futuro, algum árbitro se atreva a deslocar--se a casa de um presidente de um clube para pedir conselhos matrimoniais para o seu próprio pai, ou que algum árbitro receba benefícios em forma de «fruta de dormir» ou de «café com leite», ou que algum presidente dos árbitros conferencie com presidentes de clubes sobre as promoções e as despromoções dos seus rapazes.
O mundo avança devagarinho, mas avança. E avança sempre com novos protagonistas. E com novidades que substituam as antiguidades.
Mas há esperança.
É de duvidar, por exemplo, que sem a existência do processo Apito Dourado, os três jogadores do Leixões que foram contactados por um empresário com intuitos ilícitos nas vésperas do jogo com o Benfica, tivessem alguma vez a coragem de denunciar o facto ao seu treinador.
Não porque esses três jogadores do Leixões se prestassem alegremente e sem rebates de consciência à tramóia, mas porque, antes de haver um Apito Dourado e a respectiva exposição pública das práticas investigadas, e a vergonha resultante, é bem provável que os ditos jogadores pensassem que mais lhes valia estar calados, sossegadinhos, não fossem arranjar sarilhos para si próprios e não fossem pôr em risco as suas carreiras profissionais, sabendo eles muito bem que «as coisas são como são» e não vale a pena lutar.
Só que as coisas já não são como eram, depois do Apito Dourado.
E, por isso, os três jogadores do Leixões optaram pela decência e informaram o seu treinador que optou pela coragem e informou o seu presidente que optou pelo bom senso e informou o presidente do clube que, segundo o empresário, fez a oferta. E, por fim, o presidente do Sporting de Braga, em nome de quem o dito empresário terá oferecido 50 mil euros aos jogadores do Leixões para ganharem ao Benfica, optou pela única solução que lhe restava. E fez uma queixa-crime no Ministério Público contra o empresário que «usou o nome desta Instituição numa suposta tentativa de aliciamento», conforme se pode ler no comunicado emitido pelo Sporting de Braga.
Não digam que o Apito Dourado foi um tiro de pólvora seca.
Foi antes o início do grande jogo contra a pobreza moral.
Finalmente, a propósito do Jogo Contra a Pobreza que aconteceu, sob o alto patrocínio da Organização das Nações Unidas, na última segunda-feira, no Estádio da Luz… como se sabe, a ONU é uma organização centralista pejada de benfiquistas fanáticos dos cinco continentes, é uma espécie de braço internacional do Ministério Público português e da Polícia Judiciária portuguesa, e de todas essas organizações fundamentalistas, que perseguem por pura inveja os «engenheiros-chefes», os «chefes da caixa» e os «absolutamente geniais» do nosso querido futebol.
Só assim se explica que tenha sido o Benfica o clube escolhido e convidado para organizar o espectáculo, naquilo que foi uma acintosa demonstração do seu alto crédito enquanto instituição de dimensão mundial e centralista, ora aí está.
Como se não bastasse a provocação, o jogo até teve árbitros!
Teve um árbitro estrangeiro, o praticamente desconhecido italiano Pierluigi Collina, e alguns árbitros portugueses, que se foram revezando na função de dirigir a partida de beneficência. Os árbitros portugueses conseguiram chegar ao Estádio da Luz ao seguirem, diligentemente, as instruções de trânsito que lhes foram sussurradas pelo GPS da Benfica TV que é precisamente o mesmo GPS do secretário-geral da ONU, o senhor Ban Ki-moon que é de nacionalidade sul-coreana.
Enfim, ONU, Benfica e um… sul-coreano, como não podia deixar de ser. Para a tramóia ficar completa só podia mesmo ser um tipo do «sul» porque a guerra, como salta aos olhos, é contra os grandes timoneiros do alegado «norte».
Portanto, estão tramados, e muito bem tramados, os árbitros portugueses que se atreveram a aceitar o convite da centralista ONU, através do nome de código Águia Vitória, para se apresentarem no Estádio da Luz para um jogo em que «o resultado não tinha importância nenhuma», curiosa expressão que já ouvimos em qualquer lado. Estão tramados os árbitros portugueses porque o impoluto anticentralismo jamais lhes perdoará o pecaminoso convívio da noite de segunda-feira. E hão-de ver como isto é verdade.
Prepare-se, também, o senhor Vítor Pereira, presidente da organização dos árbitros portugueses, para passar um mau bocado. Não sabe ele que «manda quem pode e obedece quem tem juízo», esse grande ditame que fez jurisprudência nas duas últimas décadas e meia dentro e fora das quatro linhas? Então, que raio foi ele também fazer ao Estádio da Luz? Ainda por cima viu o jogo sentado, bem sentado numa cadeira estofada, e não «de cócoras» como lhe «fica bem», apesar de tudo.
São coisas bastante difíceis de explicar aos leigos na matéria.
Mas, falando agora daqueles que são os verdadeiros absolutamente geniais do futebol, os jogadores, houve uma explicação que ficou muito bem dada na noite de segunda-feira no relvado da Luz. Trata-se de Fernando Chalana.
Durante anos, tive grande dificuldade em explicar a benfiquistas mais jovens, que nunca o viram jogar, como Chalana foi único e absolutamente genial. Compreenda-se que se o seu poder de drible era indescritível, e era, torna-se obviamente impossível de descrever. Daí que alguns benfiquistas mais novos, que conheço desde o berço, achassem que tudo não passava de um grande exagero meu.
Agradeço, portanto, a Luís Figo a grande ajuda prestada nesta causa. Quando Fernando Chalana entrou em campo no Jogo Contra a Pobreza, Luís Figo recebeu o «pequeno genial» — expressão inventada pelo jornalista Neves de Sousa — com um sorriso largo e erguendo as mãos ao céu, saudou-o numa série de vénias de veneração e de inspiração muçulmana. «Chalana foi o meu ídolo», disse Figo, que já foi o melhor do mundo, no final do jogo.
«Cambada de mouros», terão dito os apaniguados do anticentralismo.
«Estão a ver? Estão a ver?», disse eu a alguns benfiquistas mais jovens.
Foi uma grande explicação.
NÃO, não é verdade que o Apito Dourado tenha resultado em nada, como vem sendo defendido por muita gente, uns sentindo grande alívio por não haver condenações em tribunal, outros, mais ingenuamente, por se espantarem com esse mesmo facto.
O Apito Dourado resultou num grande desvendar público de uma realidade peculiar e, só isso, é um factor de progresso porque uma sociedade informada reúne meios de análise que a tornam mais apta a pensar e a agir e, por essa mesma razão, está uns bons passos à frente de uma sociedade ignorante que, por deficiência de saber, acalenta no seu seio a perpetuação dos sistemas vigentes, por mais lamentáveis e contrários aos interesses comuns que sejam.
Voltando ao futebol, como experiência sociológica, é curioso observar como muitos a quem a ideia de perpetuação do sistema agrada profundamente, porque se sentem confortáveis todos os dias e campeões todos os anos, fazem questão de afirmar com grande firmeza que nunca tomaram conhecimento das particularidades do processo Apito Dourado, que nunca leram as transcrições das escutas na imprensa e que, mais recentemente, se recusam a ouvir a respectiva banda sonora disponível on-line, facto que consideram um escândalo.
Note-se que não consideram escandaloso o conteúdo das escutas. Consideram escandaloso a sua disponibilização áudio que as torna acessíveis ao país inteiro e até às crianças em idade escolar através dos computadorzinhos Magalhães.
Os argumentos avançados por estes cidadãos que se recusam a tomar conhecimento são sempre de alta índole «moral». Ou é porque é feio escutar conversas alheias, ou é porque, em nome do bom funcionamento da Justiça, as escutas não são «válidas», ou é porque não se deve perseguir ninguém, ou é porque é muito mais cómodo não ter de ter opinião porque nunca se sabe como é que estas coisas vão acabar um dia.
No entanto, no jogo contra esta moral, o mundo avança. É essa a boa notícia.
Não haverá grandes dúvidas de que o Apito Dourado serve como instrumento dissuasor de práticas que terão sido correntes num passado muito recente. É de duvidar que, no presente ou no futuro, algum árbitro se atreva a deslocar--se a casa de um presidente de um clube para pedir conselhos matrimoniais para o seu próprio pai, ou que algum árbitro receba benefícios em forma de «fruta de dormir» ou de «café com leite», ou que algum presidente dos árbitros conferencie com presidentes de clubes sobre as promoções e as despromoções dos seus rapazes.
O mundo avança devagarinho, mas avança. E avança sempre com novos protagonistas. E com novidades que substituam as antiguidades.
Mas há esperança.
É de duvidar, por exemplo, que sem a existência do processo Apito Dourado, os três jogadores do Leixões que foram contactados por um empresário com intuitos ilícitos nas vésperas do jogo com o Benfica, tivessem alguma vez a coragem de denunciar o facto ao seu treinador.
Não porque esses três jogadores do Leixões se prestassem alegremente e sem rebates de consciência à tramóia, mas porque, antes de haver um Apito Dourado e a respectiva exposição pública das práticas investigadas, e a vergonha resultante, é bem provável que os ditos jogadores pensassem que mais lhes valia estar calados, sossegadinhos, não fossem arranjar sarilhos para si próprios e não fossem pôr em risco as suas carreiras profissionais, sabendo eles muito bem que «as coisas são como são» e não vale a pena lutar.
Só que as coisas já não são como eram, depois do Apito Dourado.
E, por isso, os três jogadores do Leixões optaram pela decência e informaram o seu treinador que optou pela coragem e informou o seu presidente que optou pelo bom senso e informou o presidente do clube que, segundo o empresário, fez a oferta. E, por fim, o presidente do Sporting de Braga, em nome de quem o dito empresário terá oferecido 50 mil euros aos jogadores do Leixões para ganharem ao Benfica, optou pela única solução que lhe restava. E fez uma queixa-crime no Ministério Público contra o empresário que «usou o nome desta Instituição numa suposta tentativa de aliciamento», conforme se pode ler no comunicado emitido pelo Sporting de Braga.
Não digam que o Apito Dourado foi um tiro de pólvora seca.
Foi antes o início do grande jogo contra a pobreza moral.
Finalmente, a propósito do Jogo Contra a Pobreza que aconteceu, sob o alto patrocínio da Organização das Nações Unidas, na última segunda-feira, no Estádio da Luz… como se sabe, a ONU é uma organização centralista pejada de benfiquistas fanáticos dos cinco continentes, é uma espécie de braço internacional do Ministério Público português e da Polícia Judiciária portuguesa, e de todas essas organizações fundamentalistas, que perseguem por pura inveja os «engenheiros-chefes», os «chefes da caixa» e os «absolutamente geniais» do nosso querido futebol.
Só assim se explica que tenha sido o Benfica o clube escolhido e convidado para organizar o espectáculo, naquilo que foi uma acintosa demonstração do seu alto crédito enquanto instituição de dimensão mundial e centralista, ora aí está.
Como se não bastasse a provocação, o jogo até teve árbitros!
Teve um árbitro estrangeiro, o praticamente desconhecido italiano Pierluigi Collina, e alguns árbitros portugueses, que se foram revezando na função de dirigir a partida de beneficência. Os árbitros portugueses conseguiram chegar ao Estádio da Luz ao seguirem, diligentemente, as instruções de trânsito que lhes foram sussurradas pelo GPS da Benfica TV que é precisamente o mesmo GPS do secretário-geral da ONU, o senhor Ban Ki-moon que é de nacionalidade sul-coreana.
Enfim, ONU, Benfica e um… sul-coreano, como não podia deixar de ser. Para a tramóia ficar completa só podia mesmo ser um tipo do «sul» porque a guerra, como salta aos olhos, é contra os grandes timoneiros do alegado «norte».
Portanto, estão tramados, e muito bem tramados, os árbitros portugueses que se atreveram a aceitar o convite da centralista ONU, através do nome de código Águia Vitória, para se apresentarem no Estádio da Luz para um jogo em que «o resultado não tinha importância nenhuma», curiosa expressão que já ouvimos em qualquer lado. Estão tramados os árbitros portugueses porque o impoluto anticentralismo jamais lhes perdoará o pecaminoso convívio da noite de segunda-feira. E hão-de ver como isto é verdade.
Prepare-se, também, o senhor Vítor Pereira, presidente da organização dos árbitros portugueses, para passar um mau bocado. Não sabe ele que «manda quem pode e obedece quem tem juízo», esse grande ditame que fez jurisprudência nas duas últimas décadas e meia dentro e fora das quatro linhas? Então, que raio foi ele também fazer ao Estádio da Luz? Ainda por cima viu o jogo sentado, bem sentado numa cadeira estofada, e não «de cócoras» como lhe «fica bem», apesar de tudo.
São coisas bastante difíceis de explicar aos leigos na matéria.
Mas, falando agora daqueles que são os verdadeiros absolutamente geniais do futebol, os jogadores, houve uma explicação que ficou muito bem dada na noite de segunda-feira no relvado da Luz. Trata-se de Fernando Chalana.
Durante anos, tive grande dificuldade em explicar a benfiquistas mais jovens, que nunca o viram jogar, como Chalana foi único e absolutamente genial. Compreenda-se que se o seu poder de drible era indescritível, e era, torna-se obviamente impossível de descrever. Daí que alguns benfiquistas mais novos, que conheço desde o berço, achassem que tudo não passava de um grande exagero meu.
Agradeço, portanto, a Luís Figo a grande ajuda prestada nesta causa. Quando Fernando Chalana entrou em campo no Jogo Contra a Pobreza, Luís Figo recebeu o «pequeno genial» — expressão inventada pelo jornalista Neves de Sousa — com um sorriso largo e erguendo as mãos ao céu, saudou-o numa série de vénias de veneração e de inspiração muçulmana. «Chalana foi o meu ídolo», disse Figo, que já foi o melhor do mundo, no final do jogo.
«Cambada de mouros», terão dito os apaniguados do anticentralismo.
«Estão a ver? Estão a ver?», disse eu a alguns benfiquistas mais jovens.
Foi uma grande explicação.
Espaço Prof. Karamba
Benfica - V. Guimarães
Nacional - FC Porto
Sp. Braga - Sporting
Leixões - Marítimo
P. Ferreira - Académica
Naval - Belenenses
V. Setúbal - Rio Ave
U. Leiria - Olhanense
Nacional - FC Porto
Sp. Braga - Sporting
Leixões - Marítimo
P. Ferreira - Académica
Naval - Belenenses
V. Setúbal - Rio Ave
U. Leiria - Olhanense
quarta-feira, janeiro 27, 2010
terça-feira, janeiro 26, 2010
Artigo de Opinião de Luís Avelãs
Depois do país ter sido varrido por uma onda de escutas - em torno do futebol, mas também noutros quadrantes - agora parece que estamos na era dos vídeos. Se tudo isto não fosse demasiado absurdo, se calhar até dava vontade de rir. Bom, pelo menos dá para o Youtube ganhar mais uns clientes!
Confesso não ter a mínima paciência para perder tempo com sons ou imagens que, independentemente do conteúdo, acabam invariavelmente por não fazer prova de nada. Eu sei que existem leis e que estas, num estado de direito, devem ser respeitadas mas, assumo sem rodeios, não concordo com regulamentações que, de forma resumida, parecem talhadas para proteger quem erra. Sempre pensei que a justiça existia para punir os prevaricadores e/ou ressarcir quem é prejudicado. Hoje, não tenho tanta certeza.
Para mim, a lei mais justa que existe em todo o mundo é a do bom-senso. Essa, aqui ou em qualquer parte do planeta, é a que mais nos ajuda a enquadrar tudo o que se passa à nossa volta. E nestes casos de "Apitos" e cenas "hardcore" nos trajectos relvado-balneário, só por clubite exacerbada é que alguém pode considerar que, por causa da lei X ou Y, o material existente deve ser ignorado. Como se fosse possível "apagar" algo que é real...
Deixemos o futebol de lado. Imagine que as autoridades, andando a investigar um sujeito sobre quem recaem suspeitas de algo, acaba por apanhar uma conversa dessa pessoa com alguém que confessa ter cometido um crime. Será normal ignorar essa informação só porque o objecto da investigação era outro? Ou porque a lei diz que sons ou imagens, recolhidos de determinada forma, não podem ser aceites? É óbvio que não! O bom-senso exige que, sem prejuízo da investigação inicial, as autoridades não se esqueçam daquilo que apuraram. É isso que todos nós, cidadãos de um país dito normal, desejamos. "Caça às bruxas" é um disparate, mas fingir que as coisas não acontecem e assobiar para o lado... é mais do que errado, é deprimente!
Voltando ao futebol. Para mim, sons ou imagens que confirmem práticas irregulares por parte de dirigentes, técnicos, jogadores ou árbitros devem ser utilizadas para castigar quem errou. E isso deveria ser válido quando em causa estão FC Porto e Benfica ou o último classificado de um qualquer campeonato regional. A justiça tem de ser apenas uma e aplicada a todos da mesma forma.
Confesso não ter a mínima paciência para perder tempo com sons ou imagens que, independentemente do conteúdo, acabam invariavelmente por não fazer prova de nada. Eu sei que existem leis e que estas, num estado de direito, devem ser respeitadas mas, assumo sem rodeios, não concordo com regulamentações que, de forma resumida, parecem talhadas para proteger quem erra. Sempre pensei que a justiça existia para punir os prevaricadores e/ou ressarcir quem é prejudicado. Hoje, não tenho tanta certeza.
Para mim, a lei mais justa que existe em todo o mundo é a do bom-senso. Essa, aqui ou em qualquer parte do planeta, é a que mais nos ajuda a enquadrar tudo o que se passa à nossa volta. E nestes casos de "Apitos" e cenas "hardcore" nos trajectos relvado-balneário, só por clubite exacerbada é que alguém pode considerar que, por causa da lei X ou Y, o material existente deve ser ignorado. Como se fosse possível "apagar" algo que é real...
Deixemos o futebol de lado. Imagine que as autoridades, andando a investigar um sujeito sobre quem recaem suspeitas de algo, acaba por apanhar uma conversa dessa pessoa com alguém que confessa ter cometido um crime. Será normal ignorar essa informação só porque o objecto da investigação era outro? Ou porque a lei diz que sons ou imagens, recolhidos de determinada forma, não podem ser aceites? É óbvio que não! O bom-senso exige que, sem prejuízo da investigação inicial, as autoridades não se esqueçam daquilo que apuraram. É isso que todos nós, cidadãos de um país dito normal, desejamos. "Caça às bruxas" é um disparate, mas fingir que as coisas não acontecem e assobiar para o lado... é mais do que errado, é deprimente!
Voltando ao futebol. Para mim, sons ou imagens que confirmem práticas irregulares por parte de dirigentes, técnicos, jogadores ou árbitros devem ser utilizadas para castigar quem errou. E isso deveria ser válido quando em causa estão FC Porto e Benfica ou o último classificado de um qualquer campeonato regional. A justiça tem de ser apenas uma e aplicada a todos da mesma forma.
segunda-feira, janeiro 25, 2010
O jogo contra a pobreza teria sido o Momento Ideal...
para pacificar a relação do SLBenfica com João Vieira Pinto.
Lastimo, profundamente, que Miguel e Manuel Fernandes tenham sido convidados e se tenham "esquecido" daquele que foi uma das maiores vítimas do genocida Azevedo.
Azevedo escorraçou-o ignobilmente e já é tempo de o resgatar!
Já é tempo do "Menino de Ouro" regressar a casa!
Lastimo, profundamente, que Miguel e Manuel Fernandes tenham sido convidados e se tenham "esquecido" daquele que foi uma das maiores vítimas do genocida Azevedo.
Azevedo escorraçou-o ignobilmente e já é tempo de o resgatar!
Já é tempo do "Menino de Ouro" regressar a casa!
Afinal quem é Ricardo Sá Pinto?!
"O Ricardo Sá Pinto reagiu em defesa própria, após ameaças à sua integridade física e à sua imagem. Houve falta de consideração pelo clube, falta de solidariedade pela equipa e desrespeito à minha pessoa."
Artigo de Opinião de António Magalhães
Ficou a saber-se que Helton, Fucile e Rodríguez vão escapar (para já) a um eventual castigo porque as imagens do túnel não podem ser usadas para o efeito caso não sejam sustentadas por um relatório oficial. Antigamente não era assim, agora é e tudo fica a dever-se à nova lei geral do combate à violência. A notícia cria uma onda de indignação por motivos naturalmente compreensíveis. Espera-se que desta vez a ré não seja a Comissão Disciplinar que, obviamente, não é responsável pela elaboração de uma lei geral. Mas neste país nunca se sabe até onde vai a ignorância e a maldade.
É uma vergonha o que se passa nos túneis dos estádios, mas é muito próprio do português malandro e cobardolas que faz tudo pela calada, protegido pelas sombras do poder e pela influência de quem serve.
A cegueira do clubismo e os ódios de estimação alimentam esta gente e estas cenas com a agravante de se virar, posteriormente, contra quem tem a responsabilidade de apurar os factos, ajuizar com rigor, decidir com imparcialidade e julgar com fundamento. Ora perante o jogo sujo que se (não) vê, é preciso ter prova segura para que não haja dúvidas na decisão. É por isso natural que o processo do túnel da Luz demore o tempo que tem de demorar, estando, aliás, ainda dentro do prazo de mês e meio inicialmente previsto.
A pressa é sempre inimiga de uma boa decisão e sabe-se como no campo de uma batalha jurídica muitas vezes ganha-se à custa de erros processuais. Num país que paga 7,5 milhões de euros por leis mal feitas - como o "Expresso" titulava em manchete na última edição -, tenho para mim que a justiça desportiva, nos dias que correm, até é exemplar.
É uma vergonha o que se passa nos túneis dos estádios, mas é muito próprio do português malandro e cobardolas que faz tudo pela calada, protegido pelas sombras do poder e pela influência de quem serve.
A cegueira do clubismo e os ódios de estimação alimentam esta gente e estas cenas com a agravante de se virar, posteriormente, contra quem tem a responsabilidade de apurar os factos, ajuizar com rigor, decidir com imparcialidade e julgar com fundamento. Ora perante o jogo sujo que se (não) vê, é preciso ter prova segura para que não haja dúvidas na decisão. É por isso natural que o processo do túnel da Luz demore o tempo que tem de demorar, estando, aliás, ainda dentro do prazo de mês e meio inicialmente previsto.
A pressa é sempre inimiga de uma boa decisão e sabe-se como no campo de uma batalha jurídica muitas vezes ganha-se à custa de erros processuais. Num país que paga 7,5 milhões de euros por leis mal feitas - como o "Expresso" titulava em manchete na última edição -, tenho para mim que a justiça desportiva, nos dias que correm, até é exemplar.
domingo, janeiro 24, 2010
sábado, janeiro 23, 2010
Artigo de Opinião de Ricardo Araújo Pereira
Subtilezas do futebol português
Há antijogo bom e antijogo mau. Pela segunda jornada consecutiva, um adversário do Porto é expulso por mão na bola sem ter tocado com a mão na bola. Julgo que se trata de uma estratégia para prejudicar o Porto. O tempo que se perde a assinalar uma falta que não existe, a expulsar um jogador que não merece ser expulso e a esperar que ele saia de campo enquanto tenta fazer ver a toda a gente que o que acaba de acontecer é uma vergonha, são minutos preciosos que o Porto não pode aplicar a marcar golos com a mão. É certo que, na primeira parte, o Porto marcou um golo que foi mal invalidado. Falcao, que ironicamente dessa vez até optou por marcar com o pé, estava em jogo. Mas, ainda assim, não tão em jogo como estava o jogador do Paços no último minuto do Paços de Ferreira-Porto da primeira jornada, quando se isolou à frente do guarda-redes.
Há ilegalidades boas e ilegalidades más. As escutas, as nunca desmentidas escutas, foram agora colocadas no YouTube — facto que, como é evidente, vai levantar muitas e importantes questões. A quem interessa que tenham aparecido? Que leis viola a sua publicação? Quem as publicou? Porquê agora? Porquê no YouTube? Porquê cerca das dez da noite? Porquê com legendas brancas sobre fundo negro? Enfim, vai discutir-se tudo sobre as escutas. Tudo menos o que lá é dito, bem entendido. Há sempre quem tenha a caridade de nos explicar que isso é um pormenor que não interessa nada. Pela minha parte, tenho a certeza de que se trata de mais uma urdidura centralista e critico sobretudo o YouTube: um sítio que proíbe a divulgação de pornografia mas não coloca objecções à difusão de obscenidade moral não merece respeito. A outra obscenidade vale muito mais a pena. Se o incidente tiver alguma consequência, que seja nas escolhas literárias de Pinto da Costa. O presidente do Porto declama José Régio sempre que pode. Mas os diálogos que interpreta nas escutas também são muito ricos. Podia passar a declamá-los nas festas, em substituição do Régio. Em vez do Cântico Negro, passa a declamar o Cântico ao Homem Que Veste de Negro. Em vez do verso «Não vou por aí!», o também bonito «Não vá por aí, que a minha casa fica na segunda à direita, depois da rotunda». É tudo tão subtil, tão cheio de subentendidos... Que faz um árbitro que quer ir a casa de um dirigente desportivo pedir-lhe que preste aconselhamento matrimonial ao pai? Primeiro, não pede para ir lá a casa, nunca fala no pai, não diz uma palavra sobre aconselhamento matrimonial, e jamais refere o nome do dirigente. É contactado por um empresário e combinam um encontro com um engenheiro máximo que é gerente de caixa. Que faz um dirigente que é surpreendido pela visita de um árbitro? Combina a visita com um intermediário, com alguns dias de antecedência, e fornece indicações sobre o melhor caminho para chegar a sua casa — a mesma em que vai ser surpreendido. Depois da publicação em jornal e na Internet, aguardo a edição destes diálogos em livro. O tribunal não liga nenhuma às escutas, mas o público interessa-se muito por elas.
Há milhões suspeitos e milhões insuspeitos. Quando Benfica e Sporting começaram a fazer contratações de Inverno, Pinto da Costa disse que o seu clube não contrataria ninguém porque no Porto não havia petróleo. Duas semanas depois, o Porto contratou Rúben Micael. Antigamente, era preciso perfurar o solo para encontrar petróleo. Agora, basta empatar em casa com o Paços de Ferreira. Deve ser uma tecnologia nova. Se o Paços quiser fazer o favor de vir empatar ao meu quintal, eu agradeço.
Há violência boa e violência má. Os elementos da equipa do Porto vão para o balneário e agridem seguranças. Os elementos da equipa do Sporting vão para o balneário e agridem-se uns aos outros. Trata-se do tipo de agressão que prefiro. É o lado bonito da violência — e Sá Pinto sempre foi o melhor a mostrá-lo. É um homem que, antes de ser director desportivo do Sporting, fez um curso de direcção desportiva. Chegou dez minutos atrasado à primeira aula, e perdeu aquela parte em que o professor explica: «Bom, isto nem é preciso dizer, mas evitem agredir o melhor jogador da vossa equipa. É a regra básica de um dirigente. Pronto, vamos então começar a dar matéria mais complicada…» Enfim, o destino prega partidas destas. Liedson recuperou de uma lesão em tempo recorde e, nos primeiros 20 minutos que jogou, marcou dois golos. Sá Pinto decidiu premiá-lo com dois bananos nas ventas. Hélder Postiga deve ter suspirado de alívio por não marcar golos desde o Paleolítico Inferior. Apesar de tudo, não concordo que a escolha de Sá Pinto para aquele lugar tenha sido disparatada. Sá Pinto tem perfil para dirigente. Infelizmente, é para dirigente do Porto.
Há antijogo bom e antijogo mau. Pela segunda jornada consecutiva, um adversário do Porto é expulso por mão na bola sem ter tocado com a mão na bola. Julgo que se trata de uma estratégia para prejudicar o Porto. O tempo que se perde a assinalar uma falta que não existe, a expulsar um jogador que não merece ser expulso e a esperar que ele saia de campo enquanto tenta fazer ver a toda a gente que o que acaba de acontecer é uma vergonha, são minutos preciosos que o Porto não pode aplicar a marcar golos com a mão. É certo que, na primeira parte, o Porto marcou um golo que foi mal invalidado. Falcao, que ironicamente dessa vez até optou por marcar com o pé, estava em jogo. Mas, ainda assim, não tão em jogo como estava o jogador do Paços no último minuto do Paços de Ferreira-Porto da primeira jornada, quando se isolou à frente do guarda-redes.
Há ilegalidades boas e ilegalidades más. As escutas, as nunca desmentidas escutas, foram agora colocadas no YouTube — facto que, como é evidente, vai levantar muitas e importantes questões. A quem interessa que tenham aparecido? Que leis viola a sua publicação? Quem as publicou? Porquê agora? Porquê no YouTube? Porquê cerca das dez da noite? Porquê com legendas brancas sobre fundo negro? Enfim, vai discutir-se tudo sobre as escutas. Tudo menos o que lá é dito, bem entendido. Há sempre quem tenha a caridade de nos explicar que isso é um pormenor que não interessa nada. Pela minha parte, tenho a certeza de que se trata de mais uma urdidura centralista e critico sobretudo o YouTube: um sítio que proíbe a divulgação de pornografia mas não coloca objecções à difusão de obscenidade moral não merece respeito. A outra obscenidade vale muito mais a pena. Se o incidente tiver alguma consequência, que seja nas escolhas literárias de Pinto da Costa. O presidente do Porto declama José Régio sempre que pode. Mas os diálogos que interpreta nas escutas também são muito ricos. Podia passar a declamá-los nas festas, em substituição do Régio. Em vez do Cântico Negro, passa a declamar o Cântico ao Homem Que Veste de Negro. Em vez do verso «Não vou por aí!», o também bonito «Não vá por aí, que a minha casa fica na segunda à direita, depois da rotunda». É tudo tão subtil, tão cheio de subentendidos... Que faz um árbitro que quer ir a casa de um dirigente desportivo pedir-lhe que preste aconselhamento matrimonial ao pai? Primeiro, não pede para ir lá a casa, nunca fala no pai, não diz uma palavra sobre aconselhamento matrimonial, e jamais refere o nome do dirigente. É contactado por um empresário e combinam um encontro com um engenheiro máximo que é gerente de caixa. Que faz um dirigente que é surpreendido pela visita de um árbitro? Combina a visita com um intermediário, com alguns dias de antecedência, e fornece indicações sobre o melhor caminho para chegar a sua casa — a mesma em que vai ser surpreendido. Depois da publicação em jornal e na Internet, aguardo a edição destes diálogos em livro. O tribunal não liga nenhuma às escutas, mas o público interessa-se muito por elas.
Há milhões suspeitos e milhões insuspeitos. Quando Benfica e Sporting começaram a fazer contratações de Inverno, Pinto da Costa disse que o seu clube não contrataria ninguém porque no Porto não havia petróleo. Duas semanas depois, o Porto contratou Rúben Micael. Antigamente, era preciso perfurar o solo para encontrar petróleo. Agora, basta empatar em casa com o Paços de Ferreira. Deve ser uma tecnologia nova. Se o Paços quiser fazer o favor de vir empatar ao meu quintal, eu agradeço.
Há violência boa e violência má. Os elementos da equipa do Porto vão para o balneário e agridem seguranças. Os elementos da equipa do Sporting vão para o balneário e agridem-se uns aos outros. Trata-se do tipo de agressão que prefiro. É o lado bonito da violência — e Sá Pinto sempre foi o melhor a mostrá-lo. É um homem que, antes de ser director desportivo do Sporting, fez um curso de direcção desportiva. Chegou dez minutos atrasado à primeira aula, e perdeu aquela parte em que o professor explica: «Bom, isto nem é preciso dizer, mas evitem agredir o melhor jogador da vossa equipa. É a regra básica de um dirigente. Pronto, vamos então começar a dar matéria mais complicada…» Enfim, o destino prega partidas destas. Liedson recuperou de uma lesão em tempo recorde e, nos primeiros 20 minutos que jogou, marcou dois golos. Sá Pinto decidiu premiá-lo com dois bananos nas ventas. Hélder Postiga deve ter suspirado de alívio por não marcar golos desde o Paleolítico Inferior. Apesar de tudo, não concordo que a escolha de Sá Pinto para aquele lugar tenha sido disparatada. Sá Pinto tem perfil para dirigente. Infelizmente, é para dirigente do Porto.
O Cronista Indelicado
Pinto da Costa:"Por qué no te callas?"
O que Pinto da Costa parece ainda não ter percebido, tal como alguns políticos não perceberam, é que existe uma diferença substancial entre ser-se inocentado por um tribunal e estar completamente inocente.
Um tribunal só condena alguém quando está certíssimo de que um crime foi cometido, de que todas as provas foram correctamente recolhidas, de que todos os direitos do acusado foram assegurados. ‘In dubio pro reo’, mandam os tribunais dos Estados de direito, e mandam muito bem. Só que há inocentes e inocentes. Há inocentes que são absolvidos porque houve um engano enorme ou uma manifesta injustiça, e há inocentes que escapam por erros processuais ou porque as provas, sendo abundantes, não eram suficientemente seguras.
Quer isto dizer que da presunção da inocência à virgem imaculada vai um passo de gigante, e convém ter algum cuidado quando se alça a perna. Ora, é esse cuidado que Pinto da Costa não tem tido, e que sobretudo não teve no já famoso discurso de homenagem a José Maria Pedroto. Puxando os galões da moral, da absolvição em toda a linha na Justiça e atirando uma série de farpas à 'verdade desportiva', o presidente do Futebol Clube do Porto pôs-se a jeito. Não se pode simultaneamente pregar os mais elevados valores e receber telefonemas de um presidente do Conselho de Arbitragem a saber se acha bem a escolha do árbitro A ou do árbitro B.
Com certeza que não é mera coincidência que as escutas do processo ‘Apito Dourado’ tenham ido parar à internet nesta altura. Pode discutir-se a legalidade dessa divulgação e o seu interesse público, já que nada daquilo é realmente novo. Só que a hipocrisia custa a digerir e é o pasto ideal para alimentar todos os demónios. Pinto da Costa foi absolvido? Foi. Mas gritá-lo em cima de um palanque não é a melhor opção.
O que Pinto da Costa parece ainda não ter percebido, tal como alguns políticos não perceberam, é que existe uma diferença substancial entre ser-se inocentado por um tribunal e estar completamente inocente.
Um tribunal só condena alguém quando está certíssimo de que um crime foi cometido, de que todas as provas foram correctamente recolhidas, de que todos os direitos do acusado foram assegurados. ‘In dubio pro reo’, mandam os tribunais dos Estados de direito, e mandam muito bem. Só que há inocentes e inocentes. Há inocentes que são absolvidos porque houve um engano enorme ou uma manifesta injustiça, e há inocentes que escapam por erros processuais ou porque as provas, sendo abundantes, não eram suficientemente seguras.
Quer isto dizer que da presunção da inocência à virgem imaculada vai um passo de gigante, e convém ter algum cuidado quando se alça a perna. Ora, é esse cuidado que Pinto da Costa não tem tido, e que sobretudo não teve no já famoso discurso de homenagem a José Maria Pedroto. Puxando os galões da moral, da absolvição em toda a linha na Justiça e atirando uma série de farpas à 'verdade desportiva', o presidente do Futebol Clube do Porto pôs-se a jeito. Não se pode simultaneamente pregar os mais elevados valores e receber telefonemas de um presidente do Conselho de Arbitragem a saber se acha bem a escolha do árbitro A ou do árbitro B.
Com certeza que não é mera coincidência que as escutas do processo ‘Apito Dourado’ tenham ido parar à internet nesta altura. Pode discutir-se a legalidade dessa divulgação e o seu interesse público, já que nada daquilo é realmente novo. Só que a hipocrisia custa a digerir e é o pasto ideal para alimentar todos os demónios. Pinto da Costa foi absolvido? Foi. Mas gritá-lo em cima de um palanque não é a melhor opção.
quinta-feira, janeiro 21, 2010
Artigo de Opinião de Leonor de Pinhão
Da importância dos episódios colaterais
NO futebol ganhar não é tudo. É a única coisa. Normalmente, há sempre uns que ganham mais vezes do que os outros. E é mesmo normalmente. Acontece por todos os cantos do nosso planeta redondo onde se joga futebol. E sem que nada de anormal se possa apontar ao fenómeno. Estamos a falar de títulos nacionais, entenda-se bem.
Por exemplo, em Itália, pátria dos campeões do mundo, Milan, Inter e Juventus são os históricos que entre si mais títulos dividem deixando para os demais apenas as sobras, muito poucas, da glória máxima.
Em Inglaterra, pátria dos inventores do futebol, Manchester United e Chelsea são os grandes vencedores da última década e para os outros pouca coisa boa restou.
Em Espanha, pátria de Javi García e de Juan Barnabé, treinador da águia Vitória, são os grandes Real Madrid e Barcelona os que, desde sempre, melhor têm dado conta do recado e raramente deixaram brilhar os restantes candidatos.
É por isto que nos países onde o futebol é levado muito a sério acabam sempre por nascer grandes desamores entre os clubes que, historicamente, disputam entre si os ceptros, as taças, as honrarias e, finalmente, o poder. Concluindo, não se podem ver nem pintados.
E porquê?
Porque no final de cada temporada, não há nada de mais deprimente para os adeptos de um grande emblema do que observar de longe os adeptos do grande emblema rival a comemorar rijamente um triunfo que, indecentemente, se lhes escapou.
E, a meio de cada temporada, não há nada mais angustiante para os dirigentes de um grande emblema do que olhar para a tabela classificativa e ver o grande emblema rival bem lançado lá no topo e com mais uma meia dúzia de pontos somados.
Quando isto acontece — e acontece sempre ou a uns ou a outros, porque só um pode ganhar — entram os responsáveis naquela fase de procurar responsabilidades em episódios colaterais e de menor importância que entretenham e satisfaçam as massas de adeptos descontentes a quem são apontados culpados, normalmente sem culpa rigorosamente nenhuma.
É, precisamente, o que se está a passar neste momento com os responsáveis do Real Madrid.
Segundo a imprensa espanhola, os dirigentes do Real Madrid e os responsáveis pelo departamento de marketing do gigante de Chamartín «não vêm com bons olhos» a fulgurante participação de Cristiano Ronaldo na última campanha publicitária de roupa interior masculina para a Armani.
Ora aqui está um belo exemplo de episódio colateral!
Protestam os dirigentes contra Cristiano Ronaldo porque o clube que o contratou por uma grande fortuna, investiu também, no Verão passado, uma pequena fortuna para lançar no mercado uma linha de roupa interior masculina e feminina exclusiva para os sócios e adeptos do Real Madrid. E, agora, com Cristiano Ronaldo, em todo o seu esplendor, a vender pelo mundo inteiro cuecas assinadas por Giorgio Armani torna-se evidente, para os incautos, que o português está a prejudicar o negócio do seu patrão, ou seja, o merchandising da casa que lhe paga o salário.
Grande logro, não concordam?
Porque o que está a prejudicar o negócio do patrão Florentino Pérez e os lucros do merchandising da casa blanca não são as cuecas Armani de Cristiano Ronaldo. São os 5 pontos de atraso que o Real Madrid leva, nesta altura do campeonato, do seu grande rival Barcelona, bem lançado no topo da tabela e, uma vez mais, a jogar o mais entusiasmante futebol.
Depois de, na temporada passada, ter visto o Barcelona ganhar literalmente tudo o que havia para ganhar, o presidente do Real Madrid fez aquilo que a sua bolsa mais o seu crédito na banca lhe permitiram fazer. Gastou milhões, milhões e milhões e, de uma assentada, levou para a capital espanhola o português Cristiano Ronaldo, comprado ao Manchester United, e o brasileiro Kaká, comprado ao Milan, que provavelmente são dois dos melhores jogadores do mundo. Chegada a época a Janeiro, e olhando para a classificação do campeonato espanhol, parece que o investimento não resultou da forma aritmeticamente simples em que Florentino Pérez confiava: dinheiro mais dinheiro, igual a vitórias.
Para os adeptos de futebol de todo o mundo, as contratações de Ronaldo e de Kaká pelo Real Madrid não são contratações falhadas porque, mesmo quando o Real Madrid perde ou empata, é sempre um gosto enorme vê-los jogar. No entanto, para os adeptos do Real Madrid (e é neles que pensa o presidente Pérez), apesar de Ronaldo e de Kaká, a intolerável distância para o Barcelona (e é em Camp Nou que os adeptos de Chamartín pensam) não só não diminuiu como parece estar a aumentar.
Foram, portanto, contratações falhadas. Ou estão a ser. Daí a necessidade de fornecer aos adeptos do Real, com carácter de urgência, o episódio colateral da roupa interior Armani. É normal.
EM Portugal também há grandes emblemas que, desde os primórdios, discutem entre si os títulos. Quando um se adianta logo significa que os outros se atrasam. E a depressão dos adeptos e a angústia dos dirigentes de quem ficou para trás é também facilmente compreensível. É uma grande normalidade, pelo menos para muita gente.
Mas não é normal para toda a gente.
Raul Meireles, o excelente centrocampista do FC Porto, foi o primeiro a assinalar os desvarios da corrente época. Depois da derrota com o Benfica, na Luz, Meireles, o autor do golo que, na Bósnia, selou a qualificação portuguesa para o Mundial deste ano, disse com toda a razão: «Não é normal o FC Porto estar em terceiro lugar.» Já Jesualdo Ferreira confessou que «não é normal» a sua equipa sofrer golos como os que sofreu frente ao União de Leiria.
São, como se depreende, os 6 pontos de avanço que o Benfica e o Sporting (de Braga, note-se) levam sobre o FC Porto, ainda que recuperáveis, que explicam todas estas não-normalidades acrescidas da anormal inconsistência do lote de contratações latino-americanas que o FC Porto bancou: Bollatti, Guarín, Belluschi, Valeri e Prediger.
Para os adeptos do FC Porto serão, pragmaticamente, contratações falhadas.
E, por isso, há que inventar rapidamente um Armani qualquer! Mas como, se o Armani não conhece ninguém do pessoal daqui?
Bonito o chapéu de aba larga com que o esquerdino Lima desfeiteou Beto e abriu o marcador, no Restelo, para o Belenenses. Foi mesmo bonito embora não se compare ao chapéu que vimos todos Saviola fazer a Rui Nereu, na goleada do Benfica sobre a Académica. O toque de Saviola, na verdade, nem produziu um chapéu, produziu um arco-íris, tal a perfeição da curva desenhada.
O FC Porto e o Sporting começaram quase de forma idêntica a sua jornada de ontem na Taça. Aos 20 minutos de jogo estavam ambos empatados 1-1 com os respectivos adversários. Mas, depois, os rapazes do Mafra foram bem mais simpáticos do que os do Restelo que deram algum trabalho aos campeões nacionais.
No fim, enfim, tudo normal. Ou talvez não, dependendo do ponto de vista.
NO futebol ganhar não é tudo. É a única coisa. Normalmente, há sempre uns que ganham mais vezes do que os outros. E é mesmo normalmente. Acontece por todos os cantos do nosso planeta redondo onde se joga futebol. E sem que nada de anormal se possa apontar ao fenómeno. Estamos a falar de títulos nacionais, entenda-se bem.
Por exemplo, em Itália, pátria dos campeões do mundo, Milan, Inter e Juventus são os históricos que entre si mais títulos dividem deixando para os demais apenas as sobras, muito poucas, da glória máxima.
Em Inglaterra, pátria dos inventores do futebol, Manchester United e Chelsea são os grandes vencedores da última década e para os outros pouca coisa boa restou.
Em Espanha, pátria de Javi García e de Juan Barnabé, treinador da águia Vitória, são os grandes Real Madrid e Barcelona os que, desde sempre, melhor têm dado conta do recado e raramente deixaram brilhar os restantes candidatos.
É por isto que nos países onde o futebol é levado muito a sério acabam sempre por nascer grandes desamores entre os clubes que, historicamente, disputam entre si os ceptros, as taças, as honrarias e, finalmente, o poder. Concluindo, não se podem ver nem pintados.
E porquê?
Porque no final de cada temporada, não há nada de mais deprimente para os adeptos de um grande emblema do que observar de longe os adeptos do grande emblema rival a comemorar rijamente um triunfo que, indecentemente, se lhes escapou.
E, a meio de cada temporada, não há nada mais angustiante para os dirigentes de um grande emblema do que olhar para a tabela classificativa e ver o grande emblema rival bem lançado lá no topo e com mais uma meia dúzia de pontos somados.
Quando isto acontece — e acontece sempre ou a uns ou a outros, porque só um pode ganhar — entram os responsáveis naquela fase de procurar responsabilidades em episódios colaterais e de menor importância que entretenham e satisfaçam as massas de adeptos descontentes a quem são apontados culpados, normalmente sem culpa rigorosamente nenhuma.
É, precisamente, o que se está a passar neste momento com os responsáveis do Real Madrid.
Segundo a imprensa espanhola, os dirigentes do Real Madrid e os responsáveis pelo departamento de marketing do gigante de Chamartín «não vêm com bons olhos» a fulgurante participação de Cristiano Ronaldo na última campanha publicitária de roupa interior masculina para a Armani.
Ora aqui está um belo exemplo de episódio colateral!
Protestam os dirigentes contra Cristiano Ronaldo porque o clube que o contratou por uma grande fortuna, investiu também, no Verão passado, uma pequena fortuna para lançar no mercado uma linha de roupa interior masculina e feminina exclusiva para os sócios e adeptos do Real Madrid. E, agora, com Cristiano Ronaldo, em todo o seu esplendor, a vender pelo mundo inteiro cuecas assinadas por Giorgio Armani torna-se evidente, para os incautos, que o português está a prejudicar o negócio do seu patrão, ou seja, o merchandising da casa que lhe paga o salário.
Grande logro, não concordam?
Porque o que está a prejudicar o negócio do patrão Florentino Pérez e os lucros do merchandising da casa blanca não são as cuecas Armani de Cristiano Ronaldo. São os 5 pontos de atraso que o Real Madrid leva, nesta altura do campeonato, do seu grande rival Barcelona, bem lançado no topo da tabela e, uma vez mais, a jogar o mais entusiasmante futebol.
Depois de, na temporada passada, ter visto o Barcelona ganhar literalmente tudo o que havia para ganhar, o presidente do Real Madrid fez aquilo que a sua bolsa mais o seu crédito na banca lhe permitiram fazer. Gastou milhões, milhões e milhões e, de uma assentada, levou para a capital espanhola o português Cristiano Ronaldo, comprado ao Manchester United, e o brasileiro Kaká, comprado ao Milan, que provavelmente são dois dos melhores jogadores do mundo. Chegada a época a Janeiro, e olhando para a classificação do campeonato espanhol, parece que o investimento não resultou da forma aritmeticamente simples em que Florentino Pérez confiava: dinheiro mais dinheiro, igual a vitórias.
Para os adeptos de futebol de todo o mundo, as contratações de Ronaldo e de Kaká pelo Real Madrid não são contratações falhadas porque, mesmo quando o Real Madrid perde ou empata, é sempre um gosto enorme vê-los jogar. No entanto, para os adeptos do Real Madrid (e é neles que pensa o presidente Pérez), apesar de Ronaldo e de Kaká, a intolerável distância para o Barcelona (e é em Camp Nou que os adeptos de Chamartín pensam) não só não diminuiu como parece estar a aumentar.
Foram, portanto, contratações falhadas. Ou estão a ser. Daí a necessidade de fornecer aos adeptos do Real, com carácter de urgência, o episódio colateral da roupa interior Armani. É normal.
EM Portugal também há grandes emblemas que, desde os primórdios, discutem entre si os títulos. Quando um se adianta logo significa que os outros se atrasam. E a depressão dos adeptos e a angústia dos dirigentes de quem ficou para trás é também facilmente compreensível. É uma grande normalidade, pelo menos para muita gente.
Mas não é normal para toda a gente.
Raul Meireles, o excelente centrocampista do FC Porto, foi o primeiro a assinalar os desvarios da corrente época. Depois da derrota com o Benfica, na Luz, Meireles, o autor do golo que, na Bósnia, selou a qualificação portuguesa para o Mundial deste ano, disse com toda a razão: «Não é normal o FC Porto estar em terceiro lugar.» Já Jesualdo Ferreira confessou que «não é normal» a sua equipa sofrer golos como os que sofreu frente ao União de Leiria.
São, como se depreende, os 6 pontos de avanço que o Benfica e o Sporting (de Braga, note-se) levam sobre o FC Porto, ainda que recuperáveis, que explicam todas estas não-normalidades acrescidas da anormal inconsistência do lote de contratações latino-americanas que o FC Porto bancou: Bollatti, Guarín, Belluschi, Valeri e Prediger.
Para os adeptos do FC Porto serão, pragmaticamente, contratações falhadas.
E, por isso, há que inventar rapidamente um Armani qualquer! Mas como, se o Armani não conhece ninguém do pessoal daqui?
Bonito o chapéu de aba larga com que o esquerdino Lima desfeiteou Beto e abriu o marcador, no Restelo, para o Belenenses. Foi mesmo bonito embora não se compare ao chapéu que vimos todos Saviola fazer a Rui Nereu, na goleada do Benfica sobre a Académica. O toque de Saviola, na verdade, nem produziu um chapéu, produziu um arco-íris, tal a perfeição da curva desenhada.
O FC Porto e o Sporting começaram quase de forma idêntica a sua jornada de ontem na Taça. Aos 20 minutos de jogo estavam ambos empatados 1-1 com os respectivos adversários. Mas, depois, os rapazes do Mafra foram bem mais simpáticos do que os do Restelo que deram algum trabalho aos campeões nacionais.
No fim, enfim, tudo normal. Ou talvez não, dependendo do ponto de vista.
C´ um Caneco (outro passatempo)
Face ao reduzido número de condóminos que apresentaram os seus palpites, a pretérita jornada do passatempo C´ um Caneco (outro passatempo)não será considerada para a classificação final.
quarta-feira, janeiro 20, 2010
Lembram-se o que se disse de Ronny? Há Silêncios Muito Reveladores!
"Com uma falta idêntica neste fim-de-semana, o portista Falcão conseguiu iludir o justicialismo mediático, devido à parcimónia da realização televisiva no Estádio Dragão, bem menos exaustiva e escrutinadora do que noutros recintos, e tudo indica que vai deixar a nódoa por lavar, preferindo manter a dúvida do que admitir a trapaça e apostando no esquecimento e na sobreposição quotidiana por novas pequenas e médias batotas, em vez de se sujeitar voluntariamente à alçada de instâncias suspeitas de não quererem decidir em tempo útil." João Querido Manha
C´ um Caneco (outro passatempo)
Aliados Lordelo vs Naval
Nacional vs P. Ferreira
Rio Ave vs V. Guimarães
Freamunde vs Sp. Braga
Belenenses vs FC Porto
Sporting vs Mafra
Nacional vs P. Ferreira
Rio Ave vs V. Guimarães
Freamunde vs Sp. Braga
Belenenses vs FC Porto
Sporting vs Mafra
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C´ um Caneco (outro passatempo)
terça-feira, janeiro 19, 2010
segunda-feira, janeiro 18, 2010
Mais um Flato de Coerência...
"O FC Porto não vai reforçar-se em Janeiro. Quem o diz é o presidente do clube, Pinto da Costa, que ontem elogiou a boa gestão do emblema azul e branco, dizendo que ela "deixa descansado o FC Porto, que não precisa de ir ao mercado para reforçar a equipa, que foi pensada para toda a época desportiva".
“A Futebol Clube do Porto, SAD vem comunicar, nos termos e para os efeitos do art. 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, ter chegado a acordo com o C.D. Nacional, para a aquisição dos direitos de inscrição desportiva do jogador Rúben Micael.Esta aquisição foi realizada pelo montante de 3.000.000 € (três milhões de euros) sendo que a Futebol Clube do Porto ¿ Futebol, SAD adquiriu 60% dos direitos económicos do jogador. Informa-se ainda que o jogador acordou com a sociedade um contrato válido até 30 de Junho de 2014. A cláusula de rescisão prevista é de 30.000.000 € (trinta milhões de euros).”
“A Futebol Clube do Porto, SAD vem comunicar, nos termos e para os efeitos do art. 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, ter chegado a acordo com o C.D. Nacional, para a aquisição dos direitos de inscrição desportiva do jogador Rúben Micael.Esta aquisição foi realizada pelo montante de 3.000.000 € (três milhões de euros) sendo que a Futebol Clube do Porto ¿ Futebol, SAD adquiriu 60% dos direitos económicos do jogador. Informa-se ainda que o jogador acordou com a sociedade um contrato válido até 30 de Junho de 2014. A cláusula de rescisão prevista é de 30.000.000 € (trinta milhões de euros).”
domingo, janeiro 17, 2010
Espaço Prof. Karamba - Classificação Geral
1º Lugar: Jimmy Jump - 390 pontos
2º Lugar: Vermelho Sempre - 375 pontos
3º Lugar: Kaiserlicheagle - 350 pontos
4º Lugar: Vermelho - 330 pontos
5º Lugar: J. Lobo - 325 pontos
6º Lugar: JC - 320 pontos
7º Lugar: Gui - 300 pontos
8º Lugar: Samsalameh - 290 pontos
9º Lugar: Sócio - 280 pontos
10º Lugar: Fura-Redes - 265 pontos
11º Lugar: Chico - 245 pontos
12º Lugar: Vermelho Nunca - 225 pontos
13º Lugar: Cuto - 210 pontos
14º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos
15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos
16º Lugar: Pachulico - 35 pontos
2º Lugar: Vermelho Sempre - 375 pontos
3º Lugar: Kaiserlicheagle - 350 pontos
4º Lugar: Vermelho - 330 pontos
5º Lugar: J. Lobo - 325 pontos
6º Lugar: JC - 320 pontos
7º Lugar: Gui - 300 pontos
8º Lugar: Samsalameh - 290 pontos
9º Lugar: Sócio - 280 pontos
10º Lugar: Fura-Redes - 265 pontos
11º Lugar: Chico - 245 pontos
12º Lugar: Vermelho Nunca - 225 pontos
13º Lugar: Cuto - 210 pontos
14º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos
15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos
16º Lugar: Pachulico - 35 pontos
sábado, janeiro 16, 2010
Artigo de Opinião de Ricardo Araújo Pereira
AINDA ninguém sabe o que mostram as imagens do túnel da Luz, mas os portistas já decretaram que as provocações são «indiscutíveis». Pronto, está decidido. A Liga que tome nota e as imagens que se arranjem lá como quiserem: é bom que mostrem provocações, caso contrário estarão a alinhar no centralismo. Todos sabemos que as imagens de vídeo, quando querem, conseguem ser muito centralistas. Enfim, só quem não se lembra das escutas, das nunca desmentidas escutas, pode estranhar esta insistência portista nas provocações. Como o leitor decerto saberá, esta não é a primeira vez que a equipa do Porto causa tumulto num túnel de Lisboa. Em Junho de 2004, por exemplo, a Comissão Disciplinar da Liga de Clubes deu como provado que, no final de certo Sporting-Porto, que acabou empatado, o treinador do Porto rasgou uma camisola do Sporting e desejou que Rui Jorge tivesse morrido em campo. A história é conhecida: no fim do jogo, Paulinho, roupeiro do Sporting, foi ao balneário do Porto tentar trocar uma camisola do Rui Jorge pela do Vítor Baía. O treinador portista, sem ser provocado por qualquer steward, esfarrapou a camisola e formulou o ternurento desejo. Foi justamente no dia seguinte que a PJ captou esta conversa telefónica entre Pinto da Costa e um administrador da SAD:
Antero Luís (A) - F******! Não dormi um c******! Estou com uma enxaqueca, pá.
Pinto da Costa (PC) - F***** da p****.... [...] Tínhamos morto esta m**** ontem [...]
A - Embora eu ache que o Mourinho, no final, também se exaltou muito!
PC - É, um bocado.
A - É! Aquela história de dizer que o Rui Jorge morreu em campo e...
PC - Ele disse aonde?
A - Ele diz que disse cá em baixo, disse cá em baixo, junto a... quando estava a malta toda ali! Mas eu liguei para a Bola e para o Jogo a desmentir! A dizer que ele estava a dizer que era mentira!
PC - Não, não! Não... não é desmentir! A gente tem é de processar o gajo que diz! [...]
A - É... e em relação à camisola, também tem de se arranjar ali uma tanga, presidente!
PC - Arranjar que ele foi provocar para a porta do balneário!
A - É. E que o Mourinho disse que: 'Esta camisola é indigna de ser trocada. Porque se a tivesse rasgado não a mandava outra vez para o balneário do Sporting.' [...] É! Temos de arranjar aí uma tanga, senão saímos por baixo desta m**** toda.
Como penso ser óbvio, a escuta tem tanto valor literário como substrato informativo. Lá está a estratégia de desmentir factos reais, a intenção de processar quem diz a verdade e a ideia de «arranjar uma tanga» — tanga essa que, pouco surpreendentemente, consiste em alegar a existência de uma provocação. Seis anos depois, mudam os túneis mas a tanga é a mesma. É interessante constatar que o Porto produz mais tangas do que a Triumph. É bem verdade: tocou a reunir no Porto. E a reunião faz-se, uma vez mais, ao redor da tanga.
Segundo a opinião insuspeita e prestigiada de Cruz dos Santos, no Porto-Leiria o guarda-redes dos visitantes foi expulso injustamente, uma vez que, como toda a gente viu, a bola lhe bateu na cabeça, e não na mão. Além disso, segundo o mesmo insuspeito e prestigiado especialista, o penalty falhado por Ronny deveria ter sido repetido, uma vez que Helton se adiantou antes de a bola partir. Helton cometeu, portanto, uma ilegalidade. Como é evidente, foi o herói na noite no Dragão. Tendo em conta que, ao que me dizem, está tudo feito para que o Benfica seja campeão, calculo que as equipas que vão jogar ao Dragão tenham o topete de, à cautela, passar a apresentar-se com guarda-redes desprovidos de cabeça, para ver se aguentam mais tempo em campo. Vale tudo para beneficiar o Glorioso.
No início da época, Domingos Paciência disse que, no ano anterior, o Braga tinha obrigação de ter feito melhor no campeonato, Taça e Taça da Liga. Na UEFA, competição em que o Braga tinha vencido a Taça Intertoto, Domingos não conseguiu passar da pré-eliminatória, frente ao poderoso Elfsborg. Na Taça da Liga, acaba de ser eliminado exactamente na mesma fase em que havia sido eliminado na época anterior. Falta o campeonato e a Taça. Mas, reduzido a duas competições, de facto tem mesmo obrigação de fazer melhor.
Antero Luís (A) - F******! Não dormi um c******! Estou com uma enxaqueca, pá.
Pinto da Costa (PC) - F***** da p****.... [...] Tínhamos morto esta m**** ontem [...]
A - Embora eu ache que o Mourinho, no final, também se exaltou muito!
PC - É, um bocado.
A - É! Aquela história de dizer que o Rui Jorge morreu em campo e...
PC - Ele disse aonde?
A - Ele diz que disse cá em baixo, disse cá em baixo, junto a... quando estava a malta toda ali! Mas eu liguei para a Bola e para o Jogo a desmentir! A dizer que ele estava a dizer que era mentira!
PC - Não, não! Não... não é desmentir! A gente tem é de processar o gajo que diz! [...]
A - É... e em relação à camisola, também tem de se arranjar ali uma tanga, presidente!
PC - Arranjar que ele foi provocar para a porta do balneário!
A - É. E que o Mourinho disse que: 'Esta camisola é indigna de ser trocada. Porque se a tivesse rasgado não a mandava outra vez para o balneário do Sporting.' [...] É! Temos de arranjar aí uma tanga, senão saímos por baixo desta m**** toda.
Como penso ser óbvio, a escuta tem tanto valor literário como substrato informativo. Lá está a estratégia de desmentir factos reais, a intenção de processar quem diz a verdade e a ideia de «arranjar uma tanga» — tanga essa que, pouco surpreendentemente, consiste em alegar a existência de uma provocação. Seis anos depois, mudam os túneis mas a tanga é a mesma. É interessante constatar que o Porto produz mais tangas do que a Triumph. É bem verdade: tocou a reunir no Porto. E a reunião faz-se, uma vez mais, ao redor da tanga.
Segundo a opinião insuspeita e prestigiada de Cruz dos Santos, no Porto-Leiria o guarda-redes dos visitantes foi expulso injustamente, uma vez que, como toda a gente viu, a bola lhe bateu na cabeça, e não na mão. Além disso, segundo o mesmo insuspeito e prestigiado especialista, o penalty falhado por Ronny deveria ter sido repetido, uma vez que Helton se adiantou antes de a bola partir. Helton cometeu, portanto, uma ilegalidade. Como é evidente, foi o herói na noite no Dragão. Tendo em conta que, ao que me dizem, está tudo feito para que o Benfica seja campeão, calculo que as equipas que vão jogar ao Dragão tenham o topete de, à cautela, passar a apresentar-se com guarda-redes desprovidos de cabeça, para ver se aguentam mais tempo em campo. Vale tudo para beneficiar o Glorioso.
No início da época, Domingos Paciência disse que, no ano anterior, o Braga tinha obrigação de ter feito melhor no campeonato, Taça e Taça da Liga. Na UEFA, competição em que o Braga tinha vencido a Taça Intertoto, Domingos não conseguiu passar da pré-eliminatória, frente ao poderoso Elfsborg. Na Taça da Liga, acaba de ser eliminado exactamente na mesma fase em que havia sido eliminado na época anterior. Falta o campeonato e a Taça. Mas, reduzido a duas competições, de facto tem mesmo obrigação de fazer melhor.
quinta-feira, janeiro 14, 2010
Artigo de Opinião de Leonor Pinhão
Da Lei da Tripa à Lei Cantona
NO domingo, o guarda-redes da União de Leiria foi injustamente expulso mas o treinador do Porto continua a lamentar-se da perseguição dos árbitros à sua equipa. Mas há mais lamentos. Até hoje continuam sem resolução os procedimentos disciplinares a aplicar aos jogadores do Porto que agrediram dois stewards no túnel do Estádio da Luz mas o Porto, através de quem tem autoridade para falar, continua a negar a evidência e a lamentar-se da legislação em vigor sendo que a dita legislação é da autoria de um legislador da sua própria casa.As duas situações não são sequer absurdas. São apenas ridículas, sendo que o absurdo é a serôdia indulgência com que estas conversas continuam a ser escutadas. Por comodidade, preguiça e receio, poucos são os que lhe fazem frente de forma superior e livre de inclinações.
Um aparentemente insignificante episódio paralelo é a grande aposta para a resolução do caso do túnel da Luz de forma a que a Lei da Tripa vingue uma vez mais para eterno brilho do postulado «manda quem pode, obedece quem tem juízo» que, embora público e transcrito, não tem validade jurídica dadas as «tecnicalidades» dos processos.
O Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol ralhou com a Comissão Disciplinar da Liga por causa da pena de três meses de suspensão aplicada a Rui Cerqueira, director de comunicação do FC Porto, na sequência dos insultos dirigidos por Cerqueira a um jornalista da RTP em serviço no Estádio do Mar, em Matosinhos, na ocasião da visita do Porto ao reduto leixonense.
Não é que os insultos não tenham existido e não tenham sido escutados. Simplesmente não são… tecnicamente válidos. Para o Conselho de Justiça da FPF, um jornalista, de acordo com o artigo 107.º do regulamento, não faz parte do jogo, não é nem árbitro, nem jogador, nem dirigente, nem massagista, nem público pagante. Enfim, um jornalista de serviço não é «agente desportivo» mesmo que esteja num recinto desportivo a trabalhar.
Vai daí, o Conselho de Justiça da FPF desautorizou a Comissão de Disciplina da Liga por se atrever a considerar um jornalista como alguém a quem não se pode tocar, insultar, ameaçar. É a esta noticiazinha, que parece não ter grande importância, que se vão agarrar os legisladores da Lei da Tripa. Não é que a preocupação do momento sejam os jornalistas. A preocupação do momento são os malditos stewards…
Estão a perceber, não estão? Estão a perceber onde é que isto vai chegar?
É que, vão concluir, para o CJ da FPF, um jornalista é tecnicamente igual a um steward, praticamente não existe e não está ali a fazer nada, ainda que os jornalistas recebam as suas creditações profissionais dos organismos que superintendem as organizações das provas e ainda que os stewards recebam instruções e estejam directamente dependentes dos delegados da Liga na organização dos jogos.
Há uma coisa um bocadinho patética neste novelo. São aqueles lamentáveis opinantes, civis e militares, que atribuem ao «país» todas as culpas como se o «país» fosse uma entidade abstracta, uma espécie de invólucro sem responsabilidades para o recheio. Como se a culpa fosse do país, o nosso, e logo por azar cheio de portugueses, naturalmente. Ah! E como eles gostam de dizer: «Só em Portugal é que isto acontece. Se isto acontecesse na velha Inglaterra…» E babam-se.
Ora na velha Inglaterra, em 1995, o melhor jogador do mundo, Eric Cantona, do mais sonante clube do mundo, o Manchester United, foi expulso pelo árbitro no decorrer de um jogo com o Crystal Palace. Cantona, muito a custo, aceitou a decisão do árbitro, e quando se encaminhava para a cabina foi provocado por um adepto — ou seja, um não-agente desportivo — do Crystal Palace e respondeu a soco e a pontapé, num momento de kung-fu que ficou globalmente célebre e fotografado.
O Manchester United nem hesitou. O provocador não era nem jornalista nem steward, era um anónimo pagante, sentado na bancada, no segundo errado, momento errado. Mas o Manchester United, sem esperar pelas decisões disciplinares oficiais, suspendeu o seu próprio e mais caro jogador, Cantona, God, com 4-meses-4 de castigo.
E quando chegou a penalidade da F.A. — isto é da Federação Inglesa de Futebol — que estendeu para 9 meses a suspensão, o Manchester United limitou-se a concordar, a pedir desculpa e a concluir, publicamente, que Eric, estando «profundamente arrependido», nunca lhe passou pela cabeça «justificar o seu lamentável acto com culpas alheias».
Toda a argumentação dos defensores públicos de Hulk, Sapunaru e companhia, que pretendem ver os agressores como vítimas de provocações por não-agentes desportivos, é, sem querer ofender o chamado Terceiro Mundo, um exemplo de terceiro-mundismo mental e, pior ainda, querendo fazer dos outros estúpidos.
Se os dirigentes do Porto tivessem a dimensão social e a classe inata e secular dos dirigentes ingleses, teriam sido eles os primeiros a suspender os seus jogadores e a aguardar, com pedidos de desculpa, as decisões das instâncias disciplinares do futebol.
Mas para isto acontecer era preciso que tivessem bebido muito chá em pequeninos.
OS próximos adversários europeus do Porto e do Sporting jogaram um contra o outro e empataram. Ficou num 2-2 o resultado e pode-se dizer que foi bem melhor para o Everton, equipa visitante e que vem de um início de época medíocre, do que para o anfitrião Arsenal, candidato ao título em Inglaterra e com sólidos argumentos para a grande discussão com o Chelsea e com o Manchester United.
Sorte, portanto, do Benfica em ter apanhado o Everton quando a equipa parecia não se entender no jogo colectivo e quando as suas melhores individualidades se apresentavam perras e pouco ou nada inspiradas.
Sorte do Porto se, no próximo mês, para a Liga dos Campeões, encontrar um Arsenal tão fácil de manietar como aquele que o mediano Everton foi seriamente incomodar a Londres.
Sorte para o Sporting, no seu processo de reafirmação nacional e internacional, em apanhar um Everton mais compacto e decidido porque só assim saboreará convenientemente o triunfo na eliminatória da Liga Europa.
É que, no ano passado, nos dois jogos com o Benfica, o Everton foi tão fraquinho e tão facilmente goleado que, praticamente, nem deu gozo nenhum ao pessoal.
FEZ bem Jorge Jesus em poupar Saviola no terreno pesado de Guimarães. E em poupá-lo a ter de fazer o seu sétimo golo em sete jogos consecutivos. Era demais. Também fez bem Jorge Jesus em lançar Éder Luís naquele temporal. A partir de agora, para o brasileiro não haverá jogo nem piso pior do que o de ontem. Serão só facilidades.
É incrível como ainda haja quem defenda que as raparigas que trabalham em bares não têm «credibilidade» nenhuma, ao contrário dos homens pios, e a abarrotar de «credibilidade», que frequentam alegremente os mesmos bares. No século XX muito ouvimos falar sobre estas coisinhas dos machos latinos. No século XXI, é mais uma coisinha de machos cretinos.
P.S. — Tal como Valentim Loureiro, num jantar de festa, apelou ao presidente do Supremo Tribunal Administrativo (que, corrija-se, estava ausente) para trazer a justiça do Estado para o Apito Dourado, também Pinto da Costa, noutro jantar de festa, apelou ao Secretário de Estado dos Desportos «ou a alguém do Governo» (que estava todo ausente) para «fazer um apito encarnado» contra a corrupção no futebol.
Valentim Loureiro usou da palavra na hora do café.
Pinto da Costa terá usado da palavra na hora da fruta.
NO domingo, o guarda-redes da União de Leiria foi injustamente expulso mas o treinador do Porto continua a lamentar-se da perseguição dos árbitros à sua equipa. Mas há mais lamentos. Até hoje continuam sem resolução os procedimentos disciplinares a aplicar aos jogadores do Porto que agrediram dois stewards no túnel do Estádio da Luz mas o Porto, através de quem tem autoridade para falar, continua a negar a evidência e a lamentar-se da legislação em vigor sendo que a dita legislação é da autoria de um legislador da sua própria casa.As duas situações não são sequer absurdas. São apenas ridículas, sendo que o absurdo é a serôdia indulgência com que estas conversas continuam a ser escutadas. Por comodidade, preguiça e receio, poucos são os que lhe fazem frente de forma superior e livre de inclinações.
Um aparentemente insignificante episódio paralelo é a grande aposta para a resolução do caso do túnel da Luz de forma a que a Lei da Tripa vingue uma vez mais para eterno brilho do postulado «manda quem pode, obedece quem tem juízo» que, embora público e transcrito, não tem validade jurídica dadas as «tecnicalidades» dos processos.
O Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol ralhou com a Comissão Disciplinar da Liga por causa da pena de três meses de suspensão aplicada a Rui Cerqueira, director de comunicação do FC Porto, na sequência dos insultos dirigidos por Cerqueira a um jornalista da RTP em serviço no Estádio do Mar, em Matosinhos, na ocasião da visita do Porto ao reduto leixonense.
Não é que os insultos não tenham existido e não tenham sido escutados. Simplesmente não são… tecnicamente válidos. Para o Conselho de Justiça da FPF, um jornalista, de acordo com o artigo 107.º do regulamento, não faz parte do jogo, não é nem árbitro, nem jogador, nem dirigente, nem massagista, nem público pagante. Enfim, um jornalista de serviço não é «agente desportivo» mesmo que esteja num recinto desportivo a trabalhar.
Vai daí, o Conselho de Justiça da FPF desautorizou a Comissão de Disciplina da Liga por se atrever a considerar um jornalista como alguém a quem não se pode tocar, insultar, ameaçar. É a esta noticiazinha, que parece não ter grande importância, que se vão agarrar os legisladores da Lei da Tripa. Não é que a preocupação do momento sejam os jornalistas. A preocupação do momento são os malditos stewards…
Estão a perceber, não estão? Estão a perceber onde é que isto vai chegar?
É que, vão concluir, para o CJ da FPF, um jornalista é tecnicamente igual a um steward, praticamente não existe e não está ali a fazer nada, ainda que os jornalistas recebam as suas creditações profissionais dos organismos que superintendem as organizações das provas e ainda que os stewards recebam instruções e estejam directamente dependentes dos delegados da Liga na organização dos jogos.
Há uma coisa um bocadinho patética neste novelo. São aqueles lamentáveis opinantes, civis e militares, que atribuem ao «país» todas as culpas como se o «país» fosse uma entidade abstracta, uma espécie de invólucro sem responsabilidades para o recheio. Como se a culpa fosse do país, o nosso, e logo por azar cheio de portugueses, naturalmente. Ah! E como eles gostam de dizer: «Só em Portugal é que isto acontece. Se isto acontecesse na velha Inglaterra…» E babam-se.
Ora na velha Inglaterra, em 1995, o melhor jogador do mundo, Eric Cantona, do mais sonante clube do mundo, o Manchester United, foi expulso pelo árbitro no decorrer de um jogo com o Crystal Palace. Cantona, muito a custo, aceitou a decisão do árbitro, e quando se encaminhava para a cabina foi provocado por um adepto — ou seja, um não-agente desportivo — do Crystal Palace e respondeu a soco e a pontapé, num momento de kung-fu que ficou globalmente célebre e fotografado.
O Manchester United nem hesitou. O provocador não era nem jornalista nem steward, era um anónimo pagante, sentado na bancada, no segundo errado, momento errado. Mas o Manchester United, sem esperar pelas decisões disciplinares oficiais, suspendeu o seu próprio e mais caro jogador, Cantona, God, com 4-meses-4 de castigo.
E quando chegou a penalidade da F.A. — isto é da Federação Inglesa de Futebol — que estendeu para 9 meses a suspensão, o Manchester United limitou-se a concordar, a pedir desculpa e a concluir, publicamente, que Eric, estando «profundamente arrependido», nunca lhe passou pela cabeça «justificar o seu lamentável acto com culpas alheias».
Toda a argumentação dos defensores públicos de Hulk, Sapunaru e companhia, que pretendem ver os agressores como vítimas de provocações por não-agentes desportivos, é, sem querer ofender o chamado Terceiro Mundo, um exemplo de terceiro-mundismo mental e, pior ainda, querendo fazer dos outros estúpidos.
Se os dirigentes do Porto tivessem a dimensão social e a classe inata e secular dos dirigentes ingleses, teriam sido eles os primeiros a suspender os seus jogadores e a aguardar, com pedidos de desculpa, as decisões das instâncias disciplinares do futebol.
Mas para isto acontecer era preciso que tivessem bebido muito chá em pequeninos.
OS próximos adversários europeus do Porto e do Sporting jogaram um contra o outro e empataram. Ficou num 2-2 o resultado e pode-se dizer que foi bem melhor para o Everton, equipa visitante e que vem de um início de época medíocre, do que para o anfitrião Arsenal, candidato ao título em Inglaterra e com sólidos argumentos para a grande discussão com o Chelsea e com o Manchester United.
Sorte, portanto, do Benfica em ter apanhado o Everton quando a equipa parecia não se entender no jogo colectivo e quando as suas melhores individualidades se apresentavam perras e pouco ou nada inspiradas.
Sorte do Porto se, no próximo mês, para a Liga dos Campeões, encontrar um Arsenal tão fácil de manietar como aquele que o mediano Everton foi seriamente incomodar a Londres.
Sorte para o Sporting, no seu processo de reafirmação nacional e internacional, em apanhar um Everton mais compacto e decidido porque só assim saboreará convenientemente o triunfo na eliminatória da Liga Europa.
É que, no ano passado, nos dois jogos com o Benfica, o Everton foi tão fraquinho e tão facilmente goleado que, praticamente, nem deu gozo nenhum ao pessoal.
FEZ bem Jorge Jesus em poupar Saviola no terreno pesado de Guimarães. E em poupá-lo a ter de fazer o seu sétimo golo em sete jogos consecutivos. Era demais. Também fez bem Jorge Jesus em lançar Éder Luís naquele temporal. A partir de agora, para o brasileiro não haverá jogo nem piso pior do que o de ontem. Serão só facilidades.
É incrível como ainda haja quem defenda que as raparigas que trabalham em bares não têm «credibilidade» nenhuma, ao contrário dos homens pios, e a abarrotar de «credibilidade», que frequentam alegremente os mesmos bares. No século XX muito ouvimos falar sobre estas coisinhas dos machos latinos. No século XXI, é mais uma coisinha de machos cretinos.
P.S. — Tal como Valentim Loureiro, num jantar de festa, apelou ao presidente do Supremo Tribunal Administrativo (que, corrija-se, estava ausente) para trazer a justiça do Estado para o Apito Dourado, também Pinto da Costa, noutro jantar de festa, apelou ao Secretário de Estado dos Desportos «ou a alguém do Governo» (que estava todo ausente) para «fazer um apito encarnado» contra a corrupção no futebol.
Valentim Loureiro usou da palavra na hora do café.
Pinto da Costa terá usado da palavra na hora da fruta.
quarta-feira, janeiro 13, 2010
Espaço Prof. Karamba
FC Porto - P. Ferreira
Sporting - Nacional
V. Guimarães - V. Setúbal
Académica - Sp. Braga
Marítimo - Benfica
Rio Ave - U. Leiria
Belenenses - Leixões
Olhanense - Naval
Sporting - Nacional
V. Guimarães - V. Setúbal
Académica - Sp. Braga
Marítimo - Benfica
Rio Ave - U. Leiria
Belenenses - Leixões
Olhanense - Naval
Artigo de Opinião de Manuel Queiroz
Há vários jogadores que superaram claramente as expectativas que eu tinha quando os vi chegar ao futebol português ou a grandes clubes. Mas de todos confesso que Saviola, nesta primeira volta, ficou muito à frente de todos os outros: 9 golos no campeonato, mais um na Taça da Liga, mais seis na Liga Europa (contando com o play-off) é uma grande ajuda para a equipa.
Creio que nem Jorge Jesus acreditava que Saviola era capaz de tanto nesta fase da sua carreira. Mas por um lado, Saviola é favorecido pelo esquema francamente atacante do Benfica, que exalta os jogadores de ataque e tecnicamente mais evoluídos. Dá-lhes o conforto de terem muita bola, muito tempo perto da baliza adversária e, assim, sempre próximos do golo. Não é coisa pouca para quem vinha do Real Madrid sem honra nem glória. Por outro lado, Saviola reencontrou o prazer de jogar e, aos 28 anos, é capaz de anda estar a tempo de ter outra carreira, ele que chegou bem cedo (cedo de mais, se calhar) ao Barcelona por uma grande quantidade de dinheiro.
Ou seja, Saviola encontrou no Benfica um treinador que lhe deu confiança, equipa e jogo. E assim o seu talento natural para marcar golos e para ter peso na equipa voltou a sentir-se e a ver-se.
Se apesar de tudo me parece que Luisão continua a ser o jogador mais importante da equipa - só com ele na boa forma em que está é que o Benfica pode correr os riscos que corre - Saviola faz muito bem a ligação entre o meio e o ataque, jogando entre linhas com a sua velocidade breve e o seu remate certeiro.
Em Vila do Conde deu um bom sinal (com o golo) e dois maus, ao procurar faltas na área ou próximo com simulações evidentes que lhe podiam ter custado caro e que mesmo em nota artística ficam próximas da nulidade. Mas isso não tira tudo o resto, como o facto de ter resolvido os três últimos jogos do Benfica. E não foram jogos quaisquer, foram quase três finais. E isso é a melhor prova do seu compromisso com a equipa, o treinador e o clube. E ter um Saviola assim focado no que é importante é uma bênção para Jorge Jesus.
Creio que nem Jorge Jesus acreditava que Saviola era capaz de tanto nesta fase da sua carreira. Mas por um lado, Saviola é favorecido pelo esquema francamente atacante do Benfica, que exalta os jogadores de ataque e tecnicamente mais evoluídos. Dá-lhes o conforto de terem muita bola, muito tempo perto da baliza adversária e, assim, sempre próximos do golo. Não é coisa pouca para quem vinha do Real Madrid sem honra nem glória. Por outro lado, Saviola reencontrou o prazer de jogar e, aos 28 anos, é capaz de anda estar a tempo de ter outra carreira, ele que chegou bem cedo (cedo de mais, se calhar) ao Barcelona por uma grande quantidade de dinheiro.
Ou seja, Saviola encontrou no Benfica um treinador que lhe deu confiança, equipa e jogo. E assim o seu talento natural para marcar golos e para ter peso na equipa voltou a sentir-se e a ver-se.
Se apesar de tudo me parece que Luisão continua a ser o jogador mais importante da equipa - só com ele na boa forma em que está é que o Benfica pode correr os riscos que corre - Saviola faz muito bem a ligação entre o meio e o ataque, jogando entre linhas com a sua velocidade breve e o seu remate certeiro.
Em Vila do Conde deu um bom sinal (com o golo) e dois maus, ao procurar faltas na área ou próximo com simulações evidentes que lhe podiam ter custado caro e que mesmo em nota artística ficam próximas da nulidade. Mas isso não tira tudo o resto, como o facto de ter resolvido os três últimos jogos do Benfica. E não foram jogos quaisquer, foram quase três finais. E isso é a melhor prova do seu compromisso com a equipa, o treinador e o clube. E ter um Saviola assim focado no que é importante é uma bênção para Jorge Jesus.
terça-feira, janeiro 12, 2010
Singularidades do nosso futebol...
"O Sporting de Braga e o avançado Wason Rentería chegaram a acordo para o ingresso do colombiano por empréstimo até ao final da temporada.
Os arsenalistas e o FC Porto, clube detentor dos direitos desportivos do jogador sul-americano, já tinham tudo acordo, faltando apenas o “sim” do atleta, que foi conseguido durante esta terça-feira."
Arrisco dizer que só em Portugal é que o terceiro classificado empresta um jogador ao primeiro classificado!
Os arsenalistas e o FC Porto, clube detentor dos direitos desportivos do jogador sul-americano, já tinham tudo acordo, faltando apenas o “sim” do atleta, que foi conseguido durante esta terça-feira."
Arrisco dizer que só em Portugal é que o terceiro classificado empresta um jogador ao primeiro classificado!
segunda-feira, janeiro 11, 2010
Espaço Prof. Karamba - Classificação Geral
1º Lugar: Jimmy Jump - 380 pontos
2º Lugar: Vermelho Sempre - 355 pontos
3º Lugar: Kaiserlicheagle - 330 pontos
4º Lugar: Vermelho - 320 pontos
5º Lugar: J. Lobo - 315 pontos
6º Lugar: JC - 310 pontos
7º Lugar: Samsalameh - 290 pontos
8º Lugar: Gui - 270 pontos
9º Lugar: Fura-Redes - 260 pontos
10º Lugar: Sócio - 255 pontos
11º Lugar: Chico - 245 pontos
12º Lugar: Vermelho Nunca - 210 pontos
13º Lugar: Cuto - 180 pontos
14º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos
15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos
16º Lugar: Pachulico - 35 pontos
2º Lugar: Vermelho Sempre - 355 pontos
3º Lugar: Kaiserlicheagle - 330 pontos
4º Lugar: Vermelho - 320 pontos
5º Lugar: J. Lobo - 315 pontos
6º Lugar: JC - 310 pontos
7º Lugar: Samsalameh - 290 pontos
8º Lugar: Gui - 270 pontos
9º Lugar: Fura-Redes - 260 pontos
10º Lugar: Sócio - 255 pontos
11º Lugar: Chico - 245 pontos
12º Lugar: Vermelho Nunca - 210 pontos
13º Lugar: Cuto - 180 pontos
14º Lugar: Agarredinhos e Filipe - 70 pontos
15º Lugar: Lion Heart - 50 pontos
16º Lugar: Pachulico - 35 pontos
Artigo de Opinião de José Diogo Quintela
Uma verdade, lá por ser repetida muitas vezes, não se transforma em mentira
Por Zé Diogo Quintela (A Bola)
NA terça-feira, Miguel Sousa Tavares escreveu: «Desde que esta época se iniciou, eu tinha feito a mim mesmo uma promessa: aguentar-me até ao limite para não dar alento nestas crónicas ao clima habitual de facciosismo cego que alimenta ódios e suspeições sem fim e impede de ver e reconhecer o mérito alheio onde ele existe. Já lá vai decorrido meio campeonato e nunca, uma só vez que fosse, me pronunciei sobre arbitragens: quer as do meu clube, quer as dos outros; elogiei, mais do que uma vez, os progressos evidentes do futebol do Benfica, escrevendo que era a equipa que mais e melhor estava a jogar, e não tive uma dúvida em reconhecer como mais do que justa a sua vitória recente sobre o FC Porto. Fiz o que pude para a sanidade do ambiente. E aguentei-me até onde consegui. Mas, às tantas, as coisas começam a ficar difíceis de encaixar sem reagir. Anteontem, por exemplo, ao ler o texto, pretensamente engraçadinho, do Diogo Quintela, achei que a direcção do FC Porto deveria abandonar a sua tradicional passividade litigante e colocar-lhe um processo-crime por difamação, como o seu texto amplamente merece. Talvez ele prefira a justiça popular à justiça democrática, talvez prefira a verdade popular à verdade apurada como tal; talvez as sentenças da justiça comum (e não a da populaça futebolística) lhe não mereçam respeito algum, talvez mesmo nem sequer se dê ao trabalho de as conhecer. Mas certamente sabe que insistir em mentiras desmascaradas pela justiça é uma calúnia e sabe que ofende, não apenas o presidente do FC Porto, mas todos os portistas, quando se diverte a escrever pretensos diálogos em que Pinto da Costa compra um árbitro por 2.500 euros. Goebells [sic] dizia que uma mentira repetidamente dita transforma-se em verdade. Mas Goebells [sic] perdeu e as democracias triunfaram. Talvez Diogo Quintela não goste, mas é assim: há regras no jogo.»
O leitor deve estar a perguntar-se qual a diferença entre a verdade popular e a verdade apurada como tal. Eu sei que estou. Existirão várias verdades para o mesmo facto? Por exemplo, MST diz: «Já lá vai decorrido meio campeonato e nunca, uma só vez que fosse, me pronunciei sobre arbitragens». Mas na sua crónica de 15/12/09, já tinha escrito «o que valeu ao Benfica em Olhão foi, como é habitual também, os últimos minutos do jogo, um fiscal de linha desatento à posição de Nuno Gomes no golo do empate e um árbitro atento ao facto de domingo haver um Benfica-Porto, quando se encaminhou para Cardozo, depois de expulsar Djalmir, e pelo caminho mudou o vermelho a Cardozo para amarelo». (Entretanto, peço ao leitor que memorize o facto de MST achar que, ao não expulsar Cardozo, o árbitro beneficiou o Benfica. Vai-nos ser útil mais à frente).
Esta afirmação em que MST se vangloria de «nunca, uma vez que fosse» ter falado de arbitragens, nem repetida muitas vezes passava a verdadeira. Mesmo pelo tal Goebells. Ou pelo próprio Goebbels. A não ser que eu e MST tenhamos um entendimento diferente do que é: nunca, uma vez que fosse. Ou, se calhar, temos um conceito diferente de verdade. MST acha que é verdade que esta época não se tinha ainda pronunciado sobre arbitragens. Já eu acho que é mentira. Os factos, curiosamente, também acham que é mentira. E o que dizem os factos da noite que deu origem ao Caso do Envelope, no qual me baseei para imaginar o tal diálogo pelo qual MST quer que eu responda em tribunal?
Dias antes do Beira-Mar – Porto, Pinto da Costa recebeu em casa Augusto Duarte, o árbitro desse jogo. Este é verdade. Pinto da Costa disse ter sido surpreendido, mas há escutas em que combina a visita com António Araújo, o intermediário do encontro, e outras em que lhe dá indicações sobre o caminho para sua casa. A mesma casa onde não esperava receber a visita que tinha acabado de lhe dizer que estava a chegar. Este também é verdade. Pinto da Costa disse que Carolina Salgado estava doente e não se cruzou com as visitas. As visitas e a própria Carolina dizem que é falso. Até agora, uma das pessoas que habitava naquela casa da Madalena está a mentir. Uma pista: não é a Carolina Salgado. Bom, isto está provado.
O que não está provado é outra coisa. Digo: não está provado, que é muito diferente de: está provado que não aconteceu. E a coisa são duas versões contraditórias. MST prefere acreditar na de Pinto da Costa, quando este diz que serviu de conselheiro matrimonial ao pai de um árbitro, do que acreditar na de Carolina Salgado. Entre essas duas pessoas, eu prefiro acreditar na que não é presidente de um clube que, por exemplo, pagou uma viagem ao Brasil a um árbitro.
O que também está provado é que, aos 15 minutos desse jogo, Augusto Duarte perdoou a expulsão a um jogador do Porto. A juíza achou que uma expulsão perdoada não é suficiente para uma equipa ser beneficiada? Eu não concordo. E, pelos vistos, MST também não. (Agora é a altura em que peço ao leitor que se recorde que MST considera que o Benfica foi beneficiado por o árbitro não ter expulso Cardozo. Valeu ou não valeu a pena guardar a informação?)
Na mesma crónica de 15-12-09, MST tinha-se referido ao tal Beira-Mar – Porto como «um jogo que já não contava para nada». Uma peta que MST e outros portistas gostam de repetir e que, lamento, não se vai tornar verdade.
Antes desse jogo, o Sporting estava em 2.º lugar, a 5 pontos do Porto. Havia 12 pontos em disputa. O Porto alinhou em Aveiro sem muitos titulares, pois 3 dias depois ia jogar a 1.ª mão da meia-final da Liga dos Campeões. Na mesma jornada o Sporting foi prejudicado no Bessa, quando Bruno Paixão expulsou Rui Jorge e assinalou fora-de-jogo antes do meio-campo a um Liedson isolado. O Sporting (que estava a ganhar) ficou injustamente reduzido a dez e perdeu. O Porto permaneceu injustamente com 11 e não perdeu.
Se o Sporting tivesse ganho e o Porto tivesse perdido, o Sporting ficava a 2 pontos e o Mourinho já não podia descansar outra vez a equipa, na 33.ª jornada, antes da 2.ª mão da Champions, na Corunha. Como fez, já campeão, perdendo com o Rio Ave. Alinhou nesse jogo com Pedro Ribeiro, Pedro Emanuel, Mário Silva e Ricardo Costa na defesa, em vez dos habituais titulares Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Jorge Costa e Paulo Ferreira.
Eu cuido que este Beira-Mar – Porto ainda contava para alguma coisa. Por mais que o MST, pensando no Goebbels, repita que não.
Recapitulemos, então. O presidente do FC do Porto recebe em casa o árbitro que vai apitar o próximo jogo do seu clube. Mente sobre estar à espera dele e sobre a presença de Carolina Salgado. Carolina Salgado diz que foi passado um envelope com 2500 euros, Pinto da Costa e o árbitro dizem que não foi. No entanto, contra o Beira-Mar, o Porto é beneficiado ao não ser expulso um seu jogador logo aos 15 minutos, num jogo que era importante para o campeonato e para a Liga dos Campeões. A justiça desportiva castiga o Porto por corrupção, o Porto não recorre. A justiça comum não desmascarou nada disto.
É isto que Miguel Sousa Tavares quer que eu vá dizer a tribunal? Por mim, tudo bem.
Por Zé Diogo Quintela (A Bola)
NA terça-feira, Miguel Sousa Tavares escreveu: «Desde que esta época se iniciou, eu tinha feito a mim mesmo uma promessa: aguentar-me até ao limite para não dar alento nestas crónicas ao clima habitual de facciosismo cego que alimenta ódios e suspeições sem fim e impede de ver e reconhecer o mérito alheio onde ele existe. Já lá vai decorrido meio campeonato e nunca, uma só vez que fosse, me pronunciei sobre arbitragens: quer as do meu clube, quer as dos outros; elogiei, mais do que uma vez, os progressos evidentes do futebol do Benfica, escrevendo que era a equipa que mais e melhor estava a jogar, e não tive uma dúvida em reconhecer como mais do que justa a sua vitória recente sobre o FC Porto. Fiz o que pude para a sanidade do ambiente. E aguentei-me até onde consegui. Mas, às tantas, as coisas começam a ficar difíceis de encaixar sem reagir. Anteontem, por exemplo, ao ler o texto, pretensamente engraçadinho, do Diogo Quintela, achei que a direcção do FC Porto deveria abandonar a sua tradicional passividade litigante e colocar-lhe um processo-crime por difamação, como o seu texto amplamente merece. Talvez ele prefira a justiça popular à justiça democrática, talvez prefira a verdade popular à verdade apurada como tal; talvez as sentenças da justiça comum (e não a da populaça futebolística) lhe não mereçam respeito algum, talvez mesmo nem sequer se dê ao trabalho de as conhecer. Mas certamente sabe que insistir em mentiras desmascaradas pela justiça é uma calúnia e sabe que ofende, não apenas o presidente do FC Porto, mas todos os portistas, quando se diverte a escrever pretensos diálogos em que Pinto da Costa compra um árbitro por 2.500 euros. Goebells [sic] dizia que uma mentira repetidamente dita transforma-se em verdade. Mas Goebells [sic] perdeu e as democracias triunfaram. Talvez Diogo Quintela não goste, mas é assim: há regras no jogo.»
O leitor deve estar a perguntar-se qual a diferença entre a verdade popular e a verdade apurada como tal. Eu sei que estou. Existirão várias verdades para o mesmo facto? Por exemplo, MST diz: «Já lá vai decorrido meio campeonato e nunca, uma só vez que fosse, me pronunciei sobre arbitragens». Mas na sua crónica de 15/12/09, já tinha escrito «o que valeu ao Benfica em Olhão foi, como é habitual também, os últimos minutos do jogo, um fiscal de linha desatento à posição de Nuno Gomes no golo do empate e um árbitro atento ao facto de domingo haver um Benfica-Porto, quando se encaminhou para Cardozo, depois de expulsar Djalmir, e pelo caminho mudou o vermelho a Cardozo para amarelo». (Entretanto, peço ao leitor que memorize o facto de MST achar que, ao não expulsar Cardozo, o árbitro beneficiou o Benfica. Vai-nos ser útil mais à frente).
Esta afirmação em que MST se vangloria de «nunca, uma vez que fosse» ter falado de arbitragens, nem repetida muitas vezes passava a verdadeira. Mesmo pelo tal Goebells. Ou pelo próprio Goebbels. A não ser que eu e MST tenhamos um entendimento diferente do que é: nunca, uma vez que fosse. Ou, se calhar, temos um conceito diferente de verdade. MST acha que é verdade que esta época não se tinha ainda pronunciado sobre arbitragens. Já eu acho que é mentira. Os factos, curiosamente, também acham que é mentira. E o que dizem os factos da noite que deu origem ao Caso do Envelope, no qual me baseei para imaginar o tal diálogo pelo qual MST quer que eu responda em tribunal?
Dias antes do Beira-Mar – Porto, Pinto da Costa recebeu em casa Augusto Duarte, o árbitro desse jogo. Este é verdade. Pinto da Costa disse ter sido surpreendido, mas há escutas em que combina a visita com António Araújo, o intermediário do encontro, e outras em que lhe dá indicações sobre o caminho para sua casa. A mesma casa onde não esperava receber a visita que tinha acabado de lhe dizer que estava a chegar. Este também é verdade. Pinto da Costa disse que Carolina Salgado estava doente e não se cruzou com as visitas. As visitas e a própria Carolina dizem que é falso. Até agora, uma das pessoas que habitava naquela casa da Madalena está a mentir. Uma pista: não é a Carolina Salgado. Bom, isto está provado.
O que não está provado é outra coisa. Digo: não está provado, que é muito diferente de: está provado que não aconteceu. E a coisa são duas versões contraditórias. MST prefere acreditar na de Pinto da Costa, quando este diz que serviu de conselheiro matrimonial ao pai de um árbitro, do que acreditar na de Carolina Salgado. Entre essas duas pessoas, eu prefiro acreditar na que não é presidente de um clube que, por exemplo, pagou uma viagem ao Brasil a um árbitro.
O que também está provado é que, aos 15 minutos desse jogo, Augusto Duarte perdoou a expulsão a um jogador do Porto. A juíza achou que uma expulsão perdoada não é suficiente para uma equipa ser beneficiada? Eu não concordo. E, pelos vistos, MST também não. (Agora é a altura em que peço ao leitor que se recorde que MST considera que o Benfica foi beneficiado por o árbitro não ter expulso Cardozo. Valeu ou não valeu a pena guardar a informação?)
Na mesma crónica de 15-12-09, MST tinha-se referido ao tal Beira-Mar – Porto como «um jogo que já não contava para nada». Uma peta que MST e outros portistas gostam de repetir e que, lamento, não se vai tornar verdade.
Antes desse jogo, o Sporting estava em 2.º lugar, a 5 pontos do Porto. Havia 12 pontos em disputa. O Porto alinhou em Aveiro sem muitos titulares, pois 3 dias depois ia jogar a 1.ª mão da meia-final da Liga dos Campeões. Na mesma jornada o Sporting foi prejudicado no Bessa, quando Bruno Paixão expulsou Rui Jorge e assinalou fora-de-jogo antes do meio-campo a um Liedson isolado. O Sporting (que estava a ganhar) ficou injustamente reduzido a dez e perdeu. O Porto permaneceu injustamente com 11 e não perdeu.
Se o Sporting tivesse ganho e o Porto tivesse perdido, o Sporting ficava a 2 pontos e o Mourinho já não podia descansar outra vez a equipa, na 33.ª jornada, antes da 2.ª mão da Champions, na Corunha. Como fez, já campeão, perdendo com o Rio Ave. Alinhou nesse jogo com Pedro Ribeiro, Pedro Emanuel, Mário Silva e Ricardo Costa na defesa, em vez dos habituais titulares Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Jorge Costa e Paulo Ferreira.
Eu cuido que este Beira-Mar – Porto ainda contava para alguma coisa. Por mais que o MST, pensando no Goebbels, repita que não.
Recapitulemos, então. O presidente do FC do Porto recebe em casa o árbitro que vai apitar o próximo jogo do seu clube. Mente sobre estar à espera dele e sobre a presença de Carolina Salgado. Carolina Salgado diz que foi passado um envelope com 2500 euros, Pinto da Costa e o árbitro dizem que não foi. No entanto, contra o Beira-Mar, o Porto é beneficiado ao não ser expulso um seu jogador logo aos 15 minutos, num jogo que era importante para o campeonato e para a Liga dos Campeões. A justiça desportiva castiga o Porto por corrupção, o Porto não recorre. A justiça comum não desmascarou nada disto.
É isto que Miguel Sousa Tavares quer que eu vá dizer a tribunal? Por mim, tudo bem.
Artigo de Opinião de Nuno Madureira
Seis jogos seguidos a marcar, com pausa para descanso no jogo com o AEK, para o qual não foi convocado. Depois de F.C. Porto e Nacional, Saviola tirou o Benfica de apuros pela terceira vez consecutiva, vincando a sua importância na equipa.
Se a qualidade técnica do argentino tinha ficado bem expressa desde os primeiros jogos, a sua influência esteve, até certa altura, encoberta pela exuberância dos números de Cardozo. Claro que houve sempre muito mérito de Saviola na eficácia do seu parceiro de ataque, mas para quem se habitua a avaliar o impacto através dos números, quatro golos nas primeiras 11 jornadas transformavam a sua primeira temporada na Luz numa sinfonia incompleta.
Agora invertem-se os papéis: Cardozo até joga bem, mas anda divorciado dos golos. E é o baixinho a resolver, conciliando talento e eficácia com uma facilidade que não se lhe via há largos anos. A manter este rendimento até à Primavera, nem o sonho do Mundial parece excessivo para a antiga coqueluche do futebol argentino. E quem gosta de futebol, independentemente das simpatias clubistas, não pode deixar de aplaudir o renascimento de um grande jogador nos relvados portugueses.
Se a qualidade técnica do argentino tinha ficado bem expressa desde os primeiros jogos, a sua influência esteve, até certa altura, encoberta pela exuberância dos números de Cardozo. Claro que houve sempre muito mérito de Saviola na eficácia do seu parceiro de ataque, mas para quem se habitua a avaliar o impacto através dos números, quatro golos nas primeiras 11 jornadas transformavam a sua primeira temporada na Luz numa sinfonia incompleta.
Agora invertem-se os papéis: Cardozo até joga bem, mas anda divorciado dos golos. E é o baixinho a resolver, conciliando talento e eficácia com uma facilidade que não se lhe via há largos anos. A manter este rendimento até à Primavera, nem o sonho do Mundial parece excessivo para a antiga coqueluche do futebol argentino. E quem gosta de futebol, independentemente das simpatias clubistas, não pode deixar de aplaudir o renascimento de um grande jogador nos relvados portugueses.
domingo, janeiro 10, 2010
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Com Serenidade...
Ao que revelou, ontem, o Presidente do Valladolid Sereno será jogador do Porto na próxima época.
Segundo os regulamentos em vigor, um jogador só pode ser contactado directamente por um clube a seis meses do terminus do seu contrato de trabalho desportivo.
Ou o Porto foi excepcionalmente rápido a celebrar contrato com o jogador ou impõe-se que a CD da Liga instaure, de imediato, um processo de averiguações.
Artigo de Opinião de Leonor Pinhão
- BNR.Blogspot.com
ENTRE rivais é normal que estas coisas aconteçam. Sofre-se com as vitórias dos outros e nenhum mal vem ao mundo. Tem a ver, simplesmente, com o espírito da competição. Seja qual for a competição. Mesmo em competições menores, como a Taça da Liga, coisas destas acontecem.
O presidente do FC Porto, por exemplo, é um bom exemplo.
Pinto da Costa manifestou-se sofrido nos dias que se seguiram à difícil vitória do Benfica sobre o Nacional. Sem se referir directamente ao trabalho do árbitro Olegário Benquerença no final da tarde de domingo, na Luz, e a propósito da efeméride do 25.º aniversário da morte de José Maria Pedroto, Pinto da Costa relembrou o mestre e os tempos em que, segundo Pedroto, o FC Porto era vítima de «roubos de igreja» sempre que vinha jogar a Lisboa, para concluir que «infelizmente, ainda hoje há roubos de igreja».
Restará saber se Pinto da Costa sofreu mais com a vitória do Benfica se com a má arbitragem de Olegário Benquerença.
Tendo em conta que a Taça da Liga não tem, de modo algum, o peso das grandes competições importantes e tendo em conta que o Benfica ainda se pode perder nas duas difíceis deslocações — a Guimarães e a Vila do Conde — que tem de cumprir de acordo com o calendário do seu grupo, é de admitir que o que mais fez sofrer o presidente do FC Porto foi, precisamente, a actuação notavelmente caseira de Olegário Benquerença.
Compreende-se que assim seja. Sempre que um árbitro apita e erra a favor do Benfica, o presidente do FC Porto sente-se muito desautorizado. E tem razão.
Sempre foram 25 anos de luta contra o centralismo e em favor da verdade desportiva que fizeram de Pinto da Costa uma autoridade única, sem par, quando se fala de árbitros e de arbitragem. E se um erro de um árbitro fá-lo sofrer pelo muito que batalhou pela independência dos apitos nacionais, dois erros de Olegário Benquerença deixam-no em estado de choque. E com razão.
No tempo, que já lá vai, dos «roubos de igreja», Olegário Benquerença teria certamente validado como golo aquele tiro de Petit que, para os benfiquistas, Vítor Baía só conseguiu travar para lá da linha de golo num inesquecível Benfica-FC Porto, na Luz. Mas não, Benquerença foi valente e não foi golo coisa nenhuma.
E, imagine-se, vem agora o mesmo Benquerença, armado em carapau de corrida, desautorizar o elegante regime de verdade desportiva e do fair play instaurado ao fim de tantos anos de guerra contra o centralismo…
Isto do futebol quando mete «igrejas», de facto, é um problema. É que já nem vale a pena querer ensinar o Padre Nosso ao Vigário.
Ofutebol inglês reclama Nuno Gomes. E há mais. Luiz Felipe Scolari é o treinador do FC Bunyodkor e quer levar Nuno Gomes para o mirabolante Usbequistão. É o que se lê nos jornais. O jogador já não é um jovenzinho, está, objectivamente, em final de carreira e poderá ser tentado pelo desafio. Nuno Gomes está triste no Benfica por não ser opção válida para Jorge Jesus. Compreende-se a sua tristeza.
No entanto, muito, mas mesmo muito, válidas têm sido as presenças fugazes do avançado na equipa da Luz.
Em Olhão, quando já ninguém acreditava que tal pudesse acontecer — não acreditavam os benfiquistas e, muito menos, não queriam acreditar os seus adversários directos —, Nuno Gomes marcou o tal golo que valeu o empate e um precioso ponto ao Benfica na sua épica saída ao Algarve.
No último domingo, na Luz, para a Taça da Liga, quando os jogadores do Nacional viam o tempo passar a seu favor e se interrogavam sobre a explicação para que, desta vez, não tivessem sofrido já seis golos como lhes aconteceu da última vez, lá voltou Nuno Gomes a brilhar ao seu jeito. Viram? Com um toque de primeira, isolou Saviola que haveria de culminar a jogada com o bonito golo que garantiu a vitória ao Benfica.
Compreende-se, pois, a melancolia do jogador mais antigo da casa e, por essa mesma razão, sem lugar garantido no onze de Jorge Jesus.
Há coisas muito estranhas nesta vida. Está triste Nuno Gomes. E logo agora que os benfiquistas estão tão contentes com ele…
NO futebol há de tudo, felizmente.Há treinadores que não gostam da paragem de Inverno. Jorge Jesus é um deles e explicou recente porquê: as folgas no treino e na competição fazem com que o calendário fique muito «apertado» até final da época. «Agora, é tudo em cima, quase jogamos dia sim, dia não», afirmou temendo pelo esgotamento dos seus jogadores.
Há dirigentes que não gostam da reabertura do mercado em Janeiro. Pinto da Costa, este ano, parece ser um deles e explicou porquê: no Porto, ao contrário do que acontece em Lisboa, não há «poços de petróleo».
Lá está, no futebol, havendo de tudo, é sempre uma questão de mais esgotados ou menos esgotados. Até os poços de petróleo.
O juiz-conselheiro Lúcio Barbosa, é o novo presidente do Supremo Tribunal Administrativo desde o princípio de Dezembro. É um órgão do Estado português. Surpreendentemente, o juiz passou um mau bocado no jantar de Natal dos funcionários e colaboradores da Liga de clubes, segundo relatava A BOLA no sábado passado.
Lúcio Barbosa, que ocupou cargos jurisdicionais da FPF e que foi vice-presidente do FC Porto, teve de ouvir de Valentim Loureiro, perante uma extensa plateia, referir-se aos processos do Apito Dourado com contagiante optimismo. Valentim Loureiro, dirigindo-se ao actual presidente do Supremo Tribunal Administrativo do Estado português manifestou-se «confiante na vitória da Justiça agora que Lúcio Barbosa preside ao Supremo Tribunal Administrativo».
Perante este desplante não faltará quem acuse Valentim Loureiro de falta de bom senso (… ou de muito bom senso), de falta de maneiras (…ou de muitas maneiras) e de abuso das circunstâncias. Não devemos alinhar nesse coro. A situação não foi criada pelo major. O major foi simplesmente igual a si próprio.
A situação foi criada pelo juiz-conselheiro Lúcio Barbosa, com a sua incauta presença na festa da Liga. É verdade que o juiz-conselheiro já foi um homem do futebol. Mas a que propósito é que o presidente do Supremo Tribunal Administrativo do país se presta a desempenhar o papel de figurante na mesa do repasto natalício da Liga de Clubes? É mesmo estar a pedi-las…
ENTRE rivais é normal que estas coisas aconteçam. Sofre-se com as vitórias dos outros e nenhum mal vem ao mundo. Tem a ver, simplesmente, com o espírito da competição. Seja qual for a competição. Mesmo em competições menores, como a Taça da Liga, coisas destas acontecem.
O presidente do FC Porto, por exemplo, é um bom exemplo.
Pinto da Costa manifestou-se sofrido nos dias que se seguiram à difícil vitória do Benfica sobre o Nacional. Sem se referir directamente ao trabalho do árbitro Olegário Benquerença no final da tarde de domingo, na Luz, e a propósito da efeméride do 25.º aniversário da morte de José Maria Pedroto, Pinto da Costa relembrou o mestre e os tempos em que, segundo Pedroto, o FC Porto era vítima de «roubos de igreja» sempre que vinha jogar a Lisboa, para concluir que «infelizmente, ainda hoje há roubos de igreja».
Restará saber se Pinto da Costa sofreu mais com a vitória do Benfica se com a má arbitragem de Olegário Benquerença.
Tendo em conta que a Taça da Liga não tem, de modo algum, o peso das grandes competições importantes e tendo em conta que o Benfica ainda se pode perder nas duas difíceis deslocações — a Guimarães e a Vila do Conde — que tem de cumprir de acordo com o calendário do seu grupo, é de admitir que o que mais fez sofrer o presidente do FC Porto foi, precisamente, a actuação notavelmente caseira de Olegário Benquerença.
Compreende-se que assim seja. Sempre que um árbitro apita e erra a favor do Benfica, o presidente do FC Porto sente-se muito desautorizado. E tem razão.
Sempre foram 25 anos de luta contra o centralismo e em favor da verdade desportiva que fizeram de Pinto da Costa uma autoridade única, sem par, quando se fala de árbitros e de arbitragem. E se um erro de um árbitro fá-lo sofrer pelo muito que batalhou pela independência dos apitos nacionais, dois erros de Olegário Benquerença deixam-no em estado de choque. E com razão.
No tempo, que já lá vai, dos «roubos de igreja», Olegário Benquerença teria certamente validado como golo aquele tiro de Petit que, para os benfiquistas, Vítor Baía só conseguiu travar para lá da linha de golo num inesquecível Benfica-FC Porto, na Luz. Mas não, Benquerença foi valente e não foi golo coisa nenhuma.
E, imagine-se, vem agora o mesmo Benquerença, armado em carapau de corrida, desautorizar o elegante regime de verdade desportiva e do fair play instaurado ao fim de tantos anos de guerra contra o centralismo…
Isto do futebol quando mete «igrejas», de facto, é um problema. É que já nem vale a pena querer ensinar o Padre Nosso ao Vigário.
Ofutebol inglês reclama Nuno Gomes. E há mais. Luiz Felipe Scolari é o treinador do FC Bunyodkor e quer levar Nuno Gomes para o mirabolante Usbequistão. É o que se lê nos jornais. O jogador já não é um jovenzinho, está, objectivamente, em final de carreira e poderá ser tentado pelo desafio. Nuno Gomes está triste no Benfica por não ser opção válida para Jorge Jesus. Compreende-se a sua tristeza.
No entanto, muito, mas mesmo muito, válidas têm sido as presenças fugazes do avançado na equipa da Luz.
Em Olhão, quando já ninguém acreditava que tal pudesse acontecer — não acreditavam os benfiquistas e, muito menos, não queriam acreditar os seus adversários directos —, Nuno Gomes marcou o tal golo que valeu o empate e um precioso ponto ao Benfica na sua épica saída ao Algarve.
No último domingo, na Luz, para a Taça da Liga, quando os jogadores do Nacional viam o tempo passar a seu favor e se interrogavam sobre a explicação para que, desta vez, não tivessem sofrido já seis golos como lhes aconteceu da última vez, lá voltou Nuno Gomes a brilhar ao seu jeito. Viram? Com um toque de primeira, isolou Saviola que haveria de culminar a jogada com o bonito golo que garantiu a vitória ao Benfica.
Compreende-se, pois, a melancolia do jogador mais antigo da casa e, por essa mesma razão, sem lugar garantido no onze de Jorge Jesus.
Há coisas muito estranhas nesta vida. Está triste Nuno Gomes. E logo agora que os benfiquistas estão tão contentes com ele…
NO futebol há de tudo, felizmente.Há treinadores que não gostam da paragem de Inverno. Jorge Jesus é um deles e explicou recente porquê: as folgas no treino e na competição fazem com que o calendário fique muito «apertado» até final da época. «Agora, é tudo em cima, quase jogamos dia sim, dia não», afirmou temendo pelo esgotamento dos seus jogadores.
Há dirigentes que não gostam da reabertura do mercado em Janeiro. Pinto da Costa, este ano, parece ser um deles e explicou porquê: no Porto, ao contrário do que acontece em Lisboa, não há «poços de petróleo».
Lá está, no futebol, havendo de tudo, é sempre uma questão de mais esgotados ou menos esgotados. Até os poços de petróleo.
O juiz-conselheiro Lúcio Barbosa, é o novo presidente do Supremo Tribunal Administrativo desde o princípio de Dezembro. É um órgão do Estado português. Surpreendentemente, o juiz passou um mau bocado no jantar de Natal dos funcionários e colaboradores da Liga de clubes, segundo relatava A BOLA no sábado passado.
Lúcio Barbosa, que ocupou cargos jurisdicionais da FPF e que foi vice-presidente do FC Porto, teve de ouvir de Valentim Loureiro, perante uma extensa plateia, referir-se aos processos do Apito Dourado com contagiante optimismo. Valentim Loureiro, dirigindo-se ao actual presidente do Supremo Tribunal Administrativo do Estado português manifestou-se «confiante na vitória da Justiça agora que Lúcio Barbosa preside ao Supremo Tribunal Administrativo».
Perante este desplante não faltará quem acuse Valentim Loureiro de falta de bom senso (… ou de muito bom senso), de falta de maneiras (…ou de muitas maneiras) e de abuso das circunstâncias. Não devemos alinhar nesse coro. A situação não foi criada pelo major. O major foi simplesmente igual a si próprio.
A situação foi criada pelo juiz-conselheiro Lúcio Barbosa, com a sua incauta presença na festa da Liga. É verdade que o juiz-conselheiro já foi um homem do futebol. Mas a que propósito é que o presidente do Supremo Tribunal Administrativo do país se presta a desempenhar o papel de figurante na mesa do repasto natalício da Liga de Clubes? É mesmo estar a pedi-las…
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