Depois do país ter sido varrido por uma onda de escutas - em torno do futebol, mas também noutros quadrantes - agora parece que estamos na era dos vídeos. Se tudo isto não fosse demasiado absurdo, se calhar até dava vontade de rir. Bom, pelo menos dá para o Youtube ganhar mais uns clientes!
Confesso não ter a mínima paciência para perder tempo com sons ou imagens que, independentemente do conteúdo, acabam invariavelmente por não fazer prova de nada. Eu sei que existem leis e que estas, num estado de direito, devem ser respeitadas mas, assumo sem rodeios, não concordo com regulamentações que, de forma resumida, parecem talhadas para proteger quem erra. Sempre pensei que a justiça existia para punir os prevaricadores e/ou ressarcir quem é prejudicado. Hoje, não tenho tanta certeza.
Para mim, a lei mais justa que existe em todo o mundo é a do bom-senso. Essa, aqui ou em qualquer parte do planeta, é a que mais nos ajuda a enquadrar tudo o que se passa à nossa volta. E nestes casos de "Apitos" e cenas "hardcore" nos trajectos relvado-balneário, só por clubite exacerbada é que alguém pode considerar que, por causa da lei X ou Y, o material existente deve ser ignorado. Como se fosse possível "apagar" algo que é real...
Deixemos o futebol de lado. Imagine que as autoridades, andando a investigar um sujeito sobre quem recaem suspeitas de algo, acaba por apanhar uma conversa dessa pessoa com alguém que confessa ter cometido um crime. Será normal ignorar essa informação só porque o objecto da investigação era outro? Ou porque a lei diz que sons ou imagens, recolhidos de determinada forma, não podem ser aceites? É óbvio que não! O bom-senso exige que, sem prejuízo da investigação inicial, as autoridades não se esqueçam daquilo que apuraram. É isso que todos nós, cidadãos de um país dito normal, desejamos. "Caça às bruxas" é um disparate, mas fingir que as coisas não acontecem e assobiar para o lado... é mais do que errado, é deprimente!
Voltando ao futebol. Para mim, sons ou imagens que confirmem práticas irregulares por parte de dirigentes, técnicos, jogadores ou árbitros devem ser utilizadas para castigar quem errou. E isso deveria ser válido quando em causa estão FC Porto e Benfica ou o último classificado de um qualquer campeonato regional. A justiça tem de ser apenas uma e aplicada a todos da mesma forma.
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