Pinto da Costa:"Por qué no te callas?"
O que Pinto da Costa parece ainda não ter percebido, tal como alguns políticos não perceberam, é que existe uma diferença substancial entre ser-se inocentado por um tribunal e estar completamente inocente.
Um tribunal só condena alguém quando está certíssimo de que um crime foi cometido, de que todas as provas foram correctamente recolhidas, de que todos os direitos do acusado foram assegurados. ‘In dubio pro reo’, mandam os tribunais dos Estados de direito, e mandam muito bem. Só que há inocentes e inocentes. Há inocentes que são absolvidos porque houve um engano enorme ou uma manifesta injustiça, e há inocentes que escapam por erros processuais ou porque as provas, sendo abundantes, não eram suficientemente seguras.
Quer isto dizer que da presunção da inocência à virgem imaculada vai um passo de gigante, e convém ter algum cuidado quando se alça a perna. Ora, é esse cuidado que Pinto da Costa não tem tido, e que sobretudo não teve no já famoso discurso de homenagem a José Maria Pedroto. Puxando os galões da moral, da absolvição em toda a linha na Justiça e atirando uma série de farpas à 'verdade desportiva', o presidente do Futebol Clube do Porto pôs-se a jeito. Não se pode simultaneamente pregar os mais elevados valores e receber telefonemas de um presidente do Conselho de Arbitragem a saber se acha bem a escolha do árbitro A ou do árbitro B.
Com certeza que não é mera coincidência que as escutas do processo ‘Apito Dourado’ tenham ido parar à internet nesta altura. Pode discutir-se a legalidade dessa divulgação e o seu interesse público, já que nada daquilo é realmente novo. Só que a hipocrisia custa a digerir e é o pasto ideal para alimentar todos os demónios. Pinto da Costa foi absolvido? Foi. Mas gritá-lo em cima de um palanque não é a melhor opção.
1 comentário:
Toda a razão, caro Vermelho!
Essa "besta" ainda pensa que o tempo volta para trás.
Talvez ainda chegue o dia do juízo final (desportivo) dele.
Abraço glorioso.
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