quinta-feira, janeiro 28, 2010

Artigo de Opinião de Miguel Góis

Amiguinhos

Antes de mais, peço antecipadamente desculpa pelo tipo de linguagem que utilizarei nesta coluna. É que passei os últimos dias a ouvir as escutas do Apito Dourado no YouTube, e agora estou com alguma dificuldade em, portanto - como dizer? -, coiso e tal sobre o dito cujo, no que diz respeito, claro está, àquela problemática. Como se vê, fiquei viciado. Por um lado, parecem cenas retiradas de um filme de espionagem passado durante a guerra fria, mas se tanto os espiões ingleses como os russos não tivessem conseguido completar a quarta classe. Só por nítida falta de talento dos intervenientes é que se explica, aliás, que o significado do que está a ser dito nas escutas seja muito mais claro do que muitas conferências de imprensa ao longo da história do futebol português. Respeito para Octávio Machado.

De qualquer forma, tem sido muito comentado o facto de ler a transcrição das escutas ser muito diferente de as ouvir - tudo porque as gravações permitem perceber o tom autoritário e paternalista de uns intervenientes, e o tom justificativo e subserviente de outros. É, por essa razão, irónico que a absolvição de Pinto da Costa tenha surgido pelas mãos de uma juíza - são as mulheres que têm mais tendência para se queixarem no seio conjugal, não do que é dito, mas do tom com que é dito.

Mas como até das situações mais escabrosas surgem ideias luminosas, ocorreu-me a seguinte hipótese enquanto ouvia a escuta do Pinto da Costa a dar indicações sobre o caminho até sua casa: porque não aproveitar esta gravação para lançar no mercado um GPS com a voz do presidente do FC Porto, especialmente dirigido ao segmento dos árbitros de futebol? "Sempre em frente!" De futuro, poupar-se-ia muito em telefonemas dispendiosos e desnecessários.

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