terça-feira, janeiro 24, 2006

Á consideração de todos e de cada um

Mão amiga fez-me chegar hoje, via e-mail, este texto. Leiam-no e comentem-no, se quiserem.

Há precisamente dez anos atrás, Aníbal Cavaco Silva não foi querido pelos portugueses. Perdeu na corrida presidencial contra Jorge Sampaio. Foi derrotado.
E por uma boa razão...as pessoas naquela altura tinham Cavaco Silva mais presente na memória do que agora.
Dez anos dá para passar muita água debaixo da ponte e uma manipulação do silêncio, algo que o Aníbal Silva faz bem (quem o conhece sabe bemque nem abre o bico nas reuniões internacionais), apaga muitas memórias. As memórias de há dez anos foram, parece, esquecidas em grande parte e a década que passou elevou Aníbal Silva nas mentes de muitos ao nível do sebastianismo,um fenómeno que ocorre em Portugal de vez em quando nas alturas de crise.
Vamos lembrar aos portugueses e à comunidade internacional a razão porque Aníbal Silva não foi eleito há dez anos.
Depois de uma década como Primeiro-ministro, numa altura em que o dinheiro da Comunidade Europeia jorrava pelas fronteiras dentro, o quê é que fez Aníbal Silva para deixar Portugal numa posição de destaque? Onde foi esse dinheiro, onde foi empregue e quais as estruturas que Aníbal Silva construiu ao longo de dez longos anos para assegurar o futuro crescimento de Portugal na Comunidade?
Foram tão bem empregues, esses biliões, que Portugal depressa deslizou para 12º lugar na Europa dos 12, 15º dos 15 e agora ocupa o 19º dos 25. E está acair a pique.
As reacções acontecem alguns anos depois das acções.
Longe de ser competente como economista, Aníbal Silva provou ser o pior estrategista na história do país.
A segunda razão porque Aníbal Silva não foi eleito há dez anos foi a falta de coerência na promessa de melhorar a vida dos portugueses.
Piorou, e bastante e destruiu o tecido social do país para o próximo futuro, minando o terreno para os anos seguintes, de maneira que Cavaco Silva pudesse ficar nos bastidores, metendo o nariz quando entendesse e dizendo "Eu disse- lhes que isso iria acontecer".
A venda tresloucada de propriedades e firmas do Estado criaram todas as condições para um colapso do mercado do trabalho.
Aníbal Silva representou a geração dos yuppies, arrogantes novos-ricos que aplicavam a política da linha do fundo, sem qualquer respeito pela condição humana.
Daí que António Guterres pudesse vencer as eleições em 1995 com a simples frase: "Os portugueses não são um negócio. São pessoas".
Talvez a jóia na coroa de Aníbal Silva foi a propositada destruição da única firma portuguesa com peso no exterior - o IPE - Investimentos e Participações do Estado, SA, uma holding que agiu como o braço direito do estado, salvando empregos, criando postos de trabalho e criando riqueza.
O que é que fez o Aníbal Silva? Desmembrou-o.
E as pessoas dizem que é competente? Aníbal Silva foi, pois, o pai do desemprego em grande escala em Portugal.
A terceira razão porque Aníbal Silva não foi eleito foi o seu estilo arrogante em lidar com as pessoas - por isso ele sabe que quanto menos fala e aparece, melhor, porque começa a abrir a boca e estraga tudo.
Passou dez anos a carregar contra os portugueses, nas fábricas de Marinha Grande, na Ponte 25 de Abril, em Setúbal, na Praça do Comércio.
Até tivemos um belo espectáculo para os turistas verem em pleno coração de Lisboa, quando dois corpos da polícia efectuaram uma luta feroz, a polícia de intervenção carregando à Cavaco contra a PSP que fazia uma greve pacífica. Uma Cavacada autêntica.
A violência foi tanta que até os transeuntes foram espancados, eu próprio assisti uma senhora de cerca setenta anos que tinha sido violentamente agredida na cabeça com um bastão. Uma senhora de setenta anos. Pelo amor de Deus !
Aníbal Silva foi tão competente, tão capaz, que até teve de fugir do seu próprio partido e deixar Fernando Nogueira na liderança.
Tão popular foi Aníbal Silva que teve de se distanciar daquilo que ele tinha criado.
Tão hábil foi ele em dirigir seu partido, que os parlamentares do PSD foram rotulados na imprensa da altura como Rottweilers. Aníbal Silva deixou o PSD odiado. E é competente?
Nem Aníbal Silva tem o perfil para ser Presidente. Quem o conhece, e quem conhece pessoas que o conhecem, sabe a verdade que ele tenta esconder.
É péssimo nas relações pessoais e nas reuniões internacionais, toda a gente sabe que ele entra mudo e sai calado. Até se comentava isso na altura: "Quem é aquele, que olha para os papéis e nunca diz nada? É Aníbal Silva". "Quem?" E isso é o perfil de um Presidente?
Um Presidente precisa de saber quantos cânticos tem os Lusíadas - e a Maria Silva é tão boa professora de português que nem o marido sabia esse facto elementar da cultura do seu país.
Um Presidente tem de saber estar à mesa. Tem de falar com a boca vazia. Não pode usar o garfo como uma pá e encher a goela até ao ponto de ruptura.
Não pode falar com a boca cheia a cuspir gafanhotos para todos à sua volta, como uma espécie de Jabba, the Hutt.
Votar em Aníbal Silva não vai ser sinónimo de votar por um D. Sebastião.
Não há ninguém menos preparado para ser o Presidente de Portugal.
Aníbal Silva é o único candidato que irá desprestigiar o país, aumentar as tensões sociais e entrar em guerrilha com o governo numa altura em que o país precisa de muito trabalho e estabilidade.
Essa figura ríspida não tem o perfil de um Presidente. Não se deixem enganar.
Lembrem-se das razões porque esse senhor não foi querido em 1995.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

1 comentário:

Unknown disse...

Muita gente não gosta do Cavaco Silva.
Foi seguramente o primeiro-ministro mais atacado desde que se instaurou a Democracia em Portugal.
De todos os quadrantes: dentro do seu partido, na sua área de espectro político (centro/centro direita) e, obviamente, por toda a esquerda.
No entanto, foi o primeiro a ter duas maiorias absolutas seguidas
A sua competência é reconhecida internacionalmente.
Foi com ele, inegavelemtne, que o País mais se desenvolveu - lembram-se quem reduziu a inflação para um dígito, que permitiu a redução das taxas de juro de 21,5 % para também um dígito?
Foi com ele que acabaram os salários em atraso
E que a economia se começou a modernizar, quando deu iníco às privatizações, que acabaram com as nacionalizações que rebentaram com o País.
O crescimento económico, no seu tempo, atingiu sempre níveis que nunca mais foram repetidos.
E as pessoas lembram-se disso.
Não se lembram de um primeiro ministro tão mau como o que é descrito no artigo publicado.
Pois se ele tivesse sido assim tão mau, porque se teria agora o povo português lembrado dele?
Porque carga de água teriam agora votado nele, passados tantos anos, se não tivesse sido um bom primeiro-ministro?
Diz-se que perdeu quando foi a votos com o Sampaio.
Pois perdeu.
Mas é preciso lembrarmo-nos do que aconteceu à época:
ataques de todo o lado (leia-se o independente da altura), início da campanha eleitoral com apenas algumas semanas de antecedência do acto eleitoral (quando o Sampaio, Presidente da Cãmara de Lisboa, andava em campanha há pelo menos um ano!!!), divisões da Direita - lembram-se do Narana Coissoró, que apoiou o Sampaio, e do Manuel MOnteiro, que só à última hora lhe veio dar o seu apoio?
Por isso perdeu, porque o quadro criado à sua volta não permitia ganhar.
Agora dizer-se que não pode ser Presidente da República porque não sabe quantos cânticos tem o Lusíadas e que não sabe estar à mesa....
Ainda gostava de saber quantos políticos sabem os cânticos do Lusíadas....
Se calhar o Manuel Alegre e a Edite Estrela...
E se o que faz um bom presidente é saber comer à mesa, então punhamos lá a Paula Bobone!!!
Essa sim, deve dar um bom presidente.