Salvio não salvou ninguém. Mas deu o peito à bala pela salvação da equipa. Eu não ocupei o meu cativo, podia lá eu! Estava a sul, a mais de 300 quilómetros, ainda que o “Mancha Amarela” não estivesse à baliza. Nem Moreira no banco. E quem diria que Júlio César, quase pondo em causa o resultado aos 25’, seria o melhor amigo de Roberto e lhe traria uma espécie de redenção?
Aquele abraço pareceu tomar as vezes dos 36 mil que estavam na Luz, e dos outros 6 milhões e tal que andamos pelo Mundo. Transportar a fé, já desgraçada, dos benfiquistas numa vitória ao Vitória que não podia falhar. E Roberto, de cinzento e não de amarelo, defendeu o penálti que Júlio César e Maxi Pereira fizeram e ao primeiro valeu o vermelho. E defendeu mais duas ou três bolas, com os pés, pelo ar. Seria do equipamento? Não acredito. Tal como não acredito que Roberto tenha chegado à redenção e seja imune ao curto passado que transporta às nossas costas e que já é tão pesado. O ideal seria emprestar o guarda-redes, mas se Roberto ficar por cá com outra fibra e segurança, que volte, então, às gloriosas malhas. Como parece ter voltado Cardozo, que finalmente em tempo oficial fez o gosto ao golo e cabeceou para dentro da baliza do Setúbal. Jesus diz que o coletivo está a recuperar do cansaço dos regressados do Mundial. Mas quem fez o serviço no sábado foi Pablito Aimar, que serviu dois golos e marcou um. E Gaitán, que cruzou para Tacuara marcar. E Fabito, que parece capaz de fazer 20 Mundiais e voltar e defender, assumir o corredor e deliciar-nos com as suas “madeixas de bola”.
Para mim, ninguém passa de besta a bestial numa hora. Cá estaremos para assistir aos próximos capítulos da vida de Roberto. O futebol é paixão irracional. Enquanto o Benfica faz recuperação técnica e tática – a ver se nos soltamos para o 4x3x3, ó míster! –, aproveitando a pausa para os jogos da Seleção, tudo se vai concentrar agora na “saga Queiroz”. Ou na falta dele.
E parabéns ao Braga, que está merecedor.
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