quarta-feira, agosto 25, 2010

A visão e a mão - Octávio Ribeiro

Depois de ver e rever os muitos lances em que Roberto já falhou de forma clamorosa na baliza do Benfica – e vários não acabaram em golo –, questiono se o verdadeiro problema do guardião não estará numa acentuada e rápida perda de visão.

Não, caro leitor, não estou a fazer humor.

Os lances que comprometem Roberto têm quase todos em comum bolas altas. Na maioria dos casos, bolas projetadas de longe. Uma vez que os 8 milhões e meio já voaram, o Benfica não tem nada a perder se, discretamente, levar o seu guardião a um bom oftalmologista.

Ótimos guarda-redes já usaram lentes de contacto sem que lhes caíssem os parentes na lama ou as bolas da trave. No início de agosto, deixei escrito nesta página que Jesus passaria rapidamente Roberto de “terceiro melhor da Europa” a terceiro melhor do plantel. Os erros que Roberto acumulara já só deixavam como mistério os contornos da sua caríssima contratação.

Agora que o desastre está à vista de todos – mesmo dos mais míopes –, não sinto conforto no engrossar da turba que exige a cabeça do jogador. Claro que Roberto não pode voltar à baliza do Benfica nos jogos mais próximos. Mas a consulta num bom especialista poderá operar o milagre. Acredito a sério nesta hipótese!

É que, se o problema de Roberto não reside numa súbita quebra da capacidade para acertar com as mãos em bolas altas, então, das duas uma: ou foi Jorge Jesus que perdeu o golpe de vista para descobrir talentos e logo ficou diminuído para divisar vitórias; ou, se o caso Roberto não se resolve com lentes, é mesmo muito grave.

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