quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Antevisão do Porto/Chelsea

Perguntava-se, ontem, no Programa da RTPN “Trio d´Ataque” se o Porto tem capacidade para vencer o Chelsea.
A resposta é, para mim, óbvia: Claro que sim!
Qualquer um dos três grandes portugueses tem capacidade para derrotar qualquer equipa mundial, mormente se actuarem na condição de visitados.
Num jogo e em casa, Benfica, Porto e Sporting podem e devem aspirar sempre à vitória independentemente do adversário.
Numa eliminatória, é diferente e a certeza transforma-se em dúvida perante determinados oponentes.
É o caso do Porto frente ao Chelsea.
Não me assaltam dúvidas no que tange à susceptibilidade do Porto vencer o Chelsea no Dragão.
Ao invés, duvido que o Porto consiga eliminar o Chelsea.
Para a partida de hoje à noite, esperam os portistas que a tradição ainda seja o que foi, pois que o Porto nunca perdeu em casa com equipas inglesas.
Em oito confrontos cedeu quatro empates e a última das vitórias foi, precisamente, diante do Chelsea.
Não há petróleo em Londres, mas dinheiro, muito dinheiro é coisa que não falta.
O Chelsea foi, durante muito anos, apenas mais um clube de Londres. E, mesmo no contexto londrino, um clube relativamente obscuro e sombrio, sempre ofuscado pelo brilho dos renomados e tradicionais Arsenal e Tottenham.
Faltava-lhe uma identidade definida.
A abertura bolsista da década de 80, para a qual os clubes menos conservadores e tradicionais partiram com avanço, transformou o Chelsea.
Primeiro, tornou-o no clube “chic” do futebol inglês, imagem da nova era mercantilista.
Edificou um novo estádio e assumiu-se como o principal ícone do futebol enquanto negócio e espectáculo.
A ascensão do Chelsea significava o triunfo do sonho capitalista do pobre que se transforma em rico e o fim do império dos clubes com forte implementação social.
A especulação bolsista trouxe Abramovich e com ele a sua fortuna mais ou menos obscura.
Pessoalmente, Abramovich procurava reconhecimento social e financeiramente, procurava lavar os capitais que acumulara, precisamente, aquilo que a nova ordem mundial saída da transformação do futebol num mero negócio e dos clubes em sociedades anónimas como quaisquer outras lhe podia proporcionar.
Assim, não se estranhou que tão rápida e meteoricamente como tinha chegado, haja desatado a comprar jogadores por valores inimagináveis, ainda para mais num mercado mergulhado numa profunda crise recessiva.
Numa época de recessão, foram aquisições milionárias umas atrás das outras, procurando conquistar um espaço, criar uma imagem, calar os críticos tradicionalistas, revitalizar o mercado e branquear a sua fortuna.
Num cenário de falência ou pré-falência generalizado, Abramovich marcava, claramente, a diferença.
Num curto espaço de tempo, Abramovich construiu uma equipa de estrelas.
Todavia, as vitórias só chegariam com o advento de Mourinho em Stanford Bridge.
Mourinho veni, vidi, vici.
Contudo, apenas e tão só, ao nível interno.
Falta-lhe o mais ambicionado dos troféus europeus – A Champions.
Esse é o grande desafio que, hoje, verdadeiramente, estimula Mourinho no Chelsea.
Mourinho ainda não o disse aberta e frontalmente, mas deixou já pistas claras que nos permitem assim concluir.
Numa temporada menos bem sucedida internamente, na qual viveu uma contestação para si, de todo em todo, desconhecida, a fasquia das expectativas encontra-se muito alta.
A vitória ou a “morte”, ou seja, a conquista da Champions ou a saída no final da época.
Abramovich pretende ser recordado não só como o homem que devolveu as glórias internas ao Chelsea, mas também e principalmente como o homem que deu verdadeira dimensão europeia ao clube.
É nesta encruzilhada que vive Mourinho esta época.
Esta temporada, a inconstância exibicional e de resultados do Chelsea resulta muito da instabilidade no sistema de jogo a adoptar.
Mourinho tem oscilado entre o 4x3x3 e o 4x4x2 em losango e a equipa tem oscilado na exacta medida das sucessivas hesitações de Mourinho entre um e outro sistema.
Ao Chelsea tem faltado os dois pilares fundamentais na construção de uma equipa: confiança (mentalidade) e identidade (táctica).
Mourinho que sempre assentou as suas equipas nestas premissas, tem vacilado de uma forma incompreensível com as naturais consequências ao nível dos resultados e das exibições.
Para o jogo no Dragão, a recuperação de Ballack permite antever que Mourinho irá, de novo, privilegiar o 4x4x2 em losango.
Depois de falhar os dois últimos encontros devido a um problema muscular, Michael Ballack está recuperado e, assim, Mourinho deverá optar por um onze composto por Cech, Geremi, Ricardo Carvalho, Terry e Wayne Bridge, Claude Makelele, Michael Essien, Frank Lampard e Michael Ballack, Didier Drogba e Andrei Shevchenko.
Coloco uma interrogação na titularidade de Andrei Shevchenko, pois que as dificuldades de adaptação que tem vindo a revelar ao sistema e ao modelo de jogo do Chelsea, poderão abrir as portas da titularidade a Arjen Robben, o que, aliás, aportaria outra versatilidade e mobilidade à frente de ataque do Chelsea.
A par das hesitações tácticas de Mourinho, as sucessivas lesões que apoquentaram elementos nucleares do plantel em diferentes momentos da temporada, também, contribuíram para o menor fulgor evidenciado pelo Chelsea na presente época.
Todavia, após vários meses em que as lesões teimaram em não largar a equipa inglesa, o panorama clínico é agora bem mais animador para Mourinho, que apenas não pode contar com Ashley e Joe Cole e com o holandês Bouhlarouz.
Um dos principais argumentos do Chelsea, como, de resto, de qualquer uma das equipas que Mourinho já treinou, são os lances de bola parada.
O Chelsea é, hoje por hoje, a melhor equipa do Mundo nas bolas paradas, quer sejam cantos, quer sejam livres.
Neste particular, um jogador tem sobressaído dos demais – Didier Drogba.
Em super forma, Drogba têm-se evidenciado na marcação de livres, predicado até agora na penumbra do imenso manancial de outras qualidades que possui.
Aliás, Drogba tem sido o coração e a alma da equipa, marcando golos, assistindo os companheiros e auxiliando em tarefas defensivas.
Com Lampard e Terry menos exuberantes do que o habitual, Drogba assumiu-se como o líder da equipa.
Marcá-lo é uma das prioridades para o Porto.
Pepe parece ser o homem ideal para tal.
Mourinho mostrou-se menos afirmativo e mais assertivo na conferência de imprensa que antecedeu o jogo.
Mestre nos “mind games”, Mourinho abdicou da comparação entre o Porto e a Sicília que havia feito no passado e procurou baixar o nível de hostilidade.
Mourinho sabe que muitas das vitórias portistas foram construídas sobre a potenciação psicológica do inimigo externo que urgia derrubar.
Assim, procurou baixar os níveis de confrontação por forma a retirar do jogo um dos clássicos trunfos portistas.
Jesualdo, por seu turno, não explorou este aspecto do jogo.
Mostrou-se sempre titubeante e hesitante, proferindo declarações de circunstância.
Jesualdo que surpreendeu ao preterir Ibson da convocatória, optando por chamar Ricardo Costa.
Primeiro sinal de temor, que não augura nada de bom para os portistas.
O Porto só terá verdadeiras chances de vencer se não se atemorizar perante o Chelsea.
Se se encolher, poucas hipóteses de sucesso terá.
Pelo contrário, se entrar destemido, enfrentando o adversário olhos nos olhos, as suas probabilidades de êxito sobem exponencialmente.
Fidelidade aos princípios de jogo já assimilados, conservação do sistema e modelo de jogo, audácia e concentração serão as qualidades que o Porto terá que apresentar para ganhar.
Jesualdo deverá regressar ao 4x3x3 em detrimento do 4x4x2 em losango da partida com a Naval.
E, por uma razão simples: para este jogo há Quaresma.
A utilização de Quaresma é sempre um imperativo, mas para este encontro ainda o é mais.
A principal debilidade do Chelsea são os seus laterais e Quaresma surge como o jogador mais apto a explorar tais fraquezas.
A principal força portista reside nos flancos, quer no virtuosismo, criatividade e “magia” de Quaresma, quer nas diagonais de Lisandro.
Deste modo, o melhor do Porto encaixa no pior do Chelsea, circunstância que constitui uma vantagem relativa que poderá ser determinante para o desfecho da eliminatória.
Apostar no jogo flanqueado como matriz essencial do processo ofensivo deve ser uma das prioridades do Porto.
Por outro lado, ao nível dos onze eleitos por Jesualdo, é grande a probabilidade de Raul Meireles voltar a integrar a equipa titular.
Meireles não defrontou a Naval, mas o regresso ao 4x3x3 deverá devolver-lhe a titularidade.
Assim, o Porto deverá alinhar com Hélton, Bosingwa, Pepe, Bruno Alves e Fucile, Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho, Quaresma, Postiga e Lisandro.
O Porto deverá optar por baixar a intensidade e o ritmo de jogo para deste forma aumentar as dificuldades do Chelsea.
Será um jogo de paciência, que se decidirá nos pormenores.
Será um jogo mentalmente desgastante para os jogadores portistas, pois que sabem que qualquer erro poderá acarretar a derrota.
Pese embora, o Chelsea pareça atravessar um dos seus melhores períodos na temporada e o Porto aparente viver realidade oposta, o certo é que o momento interno costuma ser pouco relevante na Europa.
A motivação que estes jogos usualmente aportam aos jogadores atenua ou apaga mesmo um eventual pior momento interno das equipas.
Jogo de prognóstico reservado, repartindo-se a quota parte de favoritismo de forma igualitária pelas duas equipas.

12 comentários:

samsalameh disse...

Let's go Lampard!!!!

Vermelho disse...

vernáculo:
essa versão posta a correr por um comentador não passa de uma mentira suez.
Serviu-se do conhecimento que tem dos hobbies do meu Tio para inventar uma história.
A história é outra e bem diferente, mas não serei eu a revelá-la.
Os envolvidos que o façam.
A filiação clubística do meu Tio é por demais conhecida e basta deslocar-se ao Estádio do Dragão em dia de jogo para a constatar in loco.
Se quiser e puder, aproveite o dia de hoje para confirmar o que lhe digo.
Quanto aos sumaríssimos da Mata Real, a existir algum só vejo razão para ser instaurado a Liedson pela sua entrada violenta sobre Luiz Carlos.
No lance que refere não há qualquer intenção do jogador do Paços em atingir Moutinho.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Também vi essa insinuação ao jogo de bridge. Como não sabemos da história, nem ficaremos a saber pelo nosso administrador, o que eu entendo perfeitamente, a suspeita paira no ar. Agora, a ser mentira, o que afirmou Guilherme Aguiar, penso que o tio do nosso administrador deveria dar uma resposta para esclarecer a situação.

Vermelho disse...

vernáculo:
num jogo de futebol são inúmeros os lances nos quais os jogadores se podem lesionar de forma grave.
todavia, tal não significa que todos resultem de faltas cometidas pelos adversários.
Elias pontapeia a bola e atinge Moutinho como consequência natural do seu movimento e dada a proximidade do jogador do Sporting.
Não teve qualquer intenção em atingir Moutinho.
Não houve sequer falta naquele lance, daí que inexista qualquer fundamento para sumaríssimo.
Ao invés, Liedson atinge Luiz Carlos de forma propositada, pondo em risco a sua integridade física.
como nem sequer falta foi assinalada (o lance prosseguiu com uma jogada de perigo do Sporting na qual foi interveniente Bueno), existe fundamento para sumaríssimo.
abraço.

amigo nunca:
concordo contigo, mas vejo com dificuldade que o meu Tio o faça.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Não vejo nenhuma razão para qualquer sumarissimo a Liedson, nem ao jogador que atinge Moutinho. Talvez o que deixou os pitons no peito de Caneira... .
Liedson fez-se ao lance, atingindo o adversário na canela. Não o agrediu, embora o tenha atingido. Falta merecedora de cartão amarelo.

Vermelho disse...

amigo nunca:
lembra-te do que disseste aqui de um lance em que foi interveniente o Simão contra o Beira-mar.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Lembro-me dessa entrada de Simão. Nada comparável ao que Liedson fez. Liedson foi impetuoso na entrada, como aliás é habitual, pela entrega ao jogo que demostra. Não foi nada maldoso. Fez falta. Merecia ser admoestado com cartão amarelo. O facto que ter atingido o adversário na canela, não significa que vamos ter um sumarissimo. Era só o que faltava.

Vermelho disse...

amigo nunca:
concordo contigo.
realmente não se pode comparar uma e outra situação.
enquanto que o simão ainda tentou disputar a bola, o liedson não.
o liedson entrou duro e com intencionalidade.
atinge o luiz carlos de forma propositada, sem bola.
abraço.

Vermelho disse...

amigo nunca:
o Tribunal de "O Jogo" fala, ainda, de outro lance envolvendo Tonel por agressão a Antunes.
Veremos o que irá fazer a CD da Liga.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Amigo Vermelho, viu o jogo do Sporting? Viu esse lance? Ou só o viu nas várias repetições dadas pela TV?

Vermelho disse...

amigo nunca:
qual lance?
o do Tonel?
abraço.

Mestrecavungi disse...

Amigos Nunca,
Vruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmm!!!!!!