segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Análise à Jornada

O Benfica bateu o Nacional com dois golos de Miccoli e voltou a ultrapassar o Sporting na classificação.
Fernando Santos apostou no seu já habitual 4x4x2 em losango, mas o onze apresentou uma novidade, qual seja a entrada de Miccoli.
Karagounis foi o sacrificado para a entrada de Miccoli que, a meio da semana, já tinha sido decisivo frente ao Dínamo Bucareste.
Fernando Santos manteve Simão na posição mais avançada do losango, desempenhando as funções de 10, surgindo Katsouranis e Rui Costa como médios de transição, o primeiro na meia-direita e o segundo na meia-esquerda.
A deslocação de Rui Costa para a meia-esquerda do losango fez a
equipa perder capacidade de exploração do jogo entre linhas, levando-a a uma maior exploração do jogo pelas alas, através de Nelson, Léo e Simão.
O Benfica procurou conquistar profundidade pelas alas, com Nelson e Léo a aproveitarem os corredores, apoiados por Katsouranis, Rui Costa e Simão, surgindo Petit no vértice mais recuado do losango, essencialmente preocupado com as compensações defensivas e a ocupação de espaços.
Por seu turno, Carlos Brito apostou num tridente de médios centros, Chainho,
Bruno e Bruno Amaro, povoando a zona central e procurando obter superioridade numérica a meio-campo.
À frente destes surgiu Juliano, colocado mais sobre a esquerda, mas com mobilidade suficiente para deambular por toda a frente de ataque.
Rodrigo, mais posicional ao centro, e Diego mais livre sobre a direita, compunham o ataque nacionalista.
Patacas e Alonso, apareciam no papel de “carrilleros”, procurando explorar as alas para a partir daí iniciarem a construção do processo ofensivo nacionalista.
Todavia, estes preocuparam-se sempre mais em fechar defensivamente do que em explorar ofensivamente o seu corredor.
Bruno, Bruno Amaro e Juliano seguiram-lhes as pisadas e, assim, o futebol do Nacional resumiu-se ao momento defensivo durante toda a primeira parte.
Os madeirenses conseguiram acertar rapidamente com as marcações, exercendo uma forte pressão sobre o detentor da bola, assim manietando o processo ofensivo do Benfica.
Seguia o jogo deste modo equilibrado, com as equipas perfeitamente encaixadas uma na outra, quando, aos 12 minutos, Rui Costa se lesionou e teve de sair.
Para o seu lugar entrou Karagounis e o futebol do Benfica beneficiou com a troca.
Karagounis conseguiu emprestar maior dinâmica e, em rápidas combinações com Léo e Simão, foi abrindo algumas brechas nas apertadas marcações insulares.
Paulatinamente o Benfica foi-se assenhorando do comando da partida e construindo algumas boas oportunidades de golo.
No final da primeira parte, a melhor ocasião de golo encarnada.
Petit desferiu um potente remate sobre a meia-direita e Diego, em voo, desviou a bola com a ponta dos dedos para o poste.
Ao intervalo, 0-0, com sinal mais a pertencer ao Benfica.
Na segunda metade, o Benfica acentuou o seu domínio sobre a partida, apertando o cerco à área madeirense e criando perigo em lances sucessivos.
Se no primeiro tempo, havia sido o flanco esquerdo o eleito como o preferencial para conduzir o processo ofensivo encarnado, na segunda parte coube a Nelson assumir essa responsabilidade.
Se na primeira metade, Nelson se havia exibido em plano pouco mais do que medíocre, no segundo tempo subiu, claramente, de produção.
Ainda assim, demorou a arrancar um cruzamento bem medido.
A primeira vez que o conseguiu, aos 61 minutos, Nuno Gomes, em luta com Ávalos, ajeitou a bola para o remate cruzado e imparável de Miccoli.
O mais difícil estava alcançado.
O Nacional tentou reagir, subiu as suas linhas, mas expôs-se às rápidas transições encarnadas.
É consabida a lentidão de Ávalos e Ricardo Fernandes, pelo que actuando com 40 metros nas suas costas, aumentavam extraordinariamente os riscos de serem surpreendidos em contra-ataque.
O Nacional procurava pressionar mais alto, mas sem qualquer consequência.
Ao invés, ia “criando” cada vez mais espaço nas costas da sua defesa.
Aliás, a sua melhor ocasião no jogo aconteceu ainda antes do primeiro golo benfiquista, num fortíssimo remate de fora da área da autoria de Juliano.
Aos 70 minutos, Miccoli ganhou a bola a meio-campo, ultrapassou Ávalos e isolou-se para à saída de Diego lhe picar a bola sobre a cabeça, fazendo o 0-2.
Pese embora faltassem ainda vinte minutos para jogar, o Benfica não mais perdeu o controlo e o domínio do desafio, limitando-se a gerir até final.
Vitória justa e incontestada do Benfica.
O Benfica alcançou uma importantíssima vitória num terreno tradicionalmente difícil, conservando, deste modo, intactas as suas aspirações ao título.
No Dragão, o Porto regressou às vitórias, mantendo incólume o seu registo frente à Naval.
O Porto regressou as vitórias caseiras aplicando a mesma «chapa 4» com que havia presenteado o P. Ferreira, há dois meses.
Sem Quaresma, Jesualdo Ferreira converteu-se ao 4x4x2 em losango.
Um ano depois, o confronto com a Naval serviu para nova inovação táctica.
Com Adriaanse, um desaire na Amadora motivou a implementação de um sistema de três defesas.
Agora, Jesualdo também inovou e estruturou a sua equipa num 4x4x2, que, pelo menos, promete diminuir a quota de dependência de Ricardo Quaresma.
Com Pepe de regresso à defesa, Cech surgiu como médio interior esquerdo, Lucho González fez o mesmo na direita e Bruno Moraes foi um falso 10 com liberdade para apoiar Postiga e Lisandro López.
A Naval abdicou do “autocarro” e manteve o seu modelo usual.
Criou algumas oportunidades na fase inicial do encontro, mas o primeiro golo do Porto dizimou as suas pretensões.
Bruno Moraes recuperou a bola a meio-campo e descobriu a movimentação-tipo de Lisandro, que numa diagonal da direita para o centro e fez o 1-0.
Pouco depois, Lucho González marcou o seu sexto golo após incursão de Pepe pelo flanco direito e, no início da segunda parte, Lisandro fotocopiou o seu primeiro golo ao receber um passe de Hélder Postiga.
A Naval reflectiu, na segunda metade do encontro, a imagem de um derrotado absolutamente conformado.
Até final, o Porto limitou-se a gerir o resultado, o ritmo de jogo e, essencialmente, a rotação de jogadores, tendo em vista a recepção ao Chelsea, não sem que ainda obtivesse o quarto golo, por intermédio de Adriano, correspondendo de cabeça a cruzamento de Marek Cech.
Houve, ainda, tempo para a estreia de Rentería.
Estreia apenas que o escasso período em que foi utilizado não permitiu qualquer juízo avaliativo das suas capacidades.
Vitória justa e incontestada dos portistas.
Na Mata Real, mantiveram-se as invencibilidades.
O desfecho estatisticamente previsível. Se os pacenses não perdem em casa há mais de um ano e os leões não são batidos enquanto visitantes há igual período, só podia mesmo dar nisto: empate (1-1).
Paulo Bento preteriu o esquema de três defesas, que havia redundado em goleadas frente a Nacional e Pinhalnovense, e regressou ao 4x4x2 em losango.
Com Miguel Veloso no vértice mais recuado do losango, no lugar de Custódio, João Moutinho e Nani ocuparam-se dos desequilíbrios nos flancos, residindo nestas movimentações os principais focos de perigo para Peçanha.
Por seu turno, Djaló pareceu sempre desenquadrado do sistema e da dinâmica da equipa, tendo passado grande parte do tempo de jogo à procura do seu espaço
O Paços de Ferreira apresentou o seu esquema habitual, com o estreante Ricardinho a entrar directamente para o onze.
Todavia, o entrosamento e a ligação entre os sectores não foi o melhor.
Com três elementos no meio-campo com excessivas preocupações defensivas, criou-se um fosso enorme entre a intermediária e a linha atacante.
Como consequência desta ausência de ligação, Ricardo acabou por ser um mero espectador, na primeira parte.
Do lado leonino, o caudal ofensivo resultou na criação de algumas oportunidades de golo, mas a desinspiração de Bueno e a inspiração de Peçanha conjugaram-se na manutenção do nulo no marcador.
Na segunda parte, navegava o jogo em águas equilibradas, quando Liedson decidiu sair dos “braços de Morfeu” e fazer o seu primeiro remate à baliza contrária.
Aos 51 minutos, excelente abertura de Miguel Veloso, desde a linha de meio-campo, permitindo a Liedson dominar a bola e rematar com o pé esquerdo para o poste mais distante, fazendo o primeiro golo da partida.
O domínio do Sporting encontrava reflexo no marcador.
Com o golo leonino, surgiu o melhor período pacense.
Num assomo de orgulho, os castores foram à procura da igualdade.
José Mota fez entrar Cristiano e este na primeira vez que tocou na bola, restabeleceu a igualdade.
Cristiano ganhou a bola a meio-campo, foi mais lesto e forte que Caneira e à entrada da área desferiu um potente remate que bateu Ricardo.
Falhou o Sporting naquilo em que costuma ser mais forte - a transição defensiva.
Apelando à sua tradicional “alma” guerreira, mesmo exibindo-se uns furos abaixo do habitual, o Paços conseguia chegar à igualdade.
Faltavam ainda cerca de 20 minutos para jogar e Paulo Bento decidiu lançar mão do plano B que tão bons resultados dera frente a Nacional e Pinhalnovo.
Tirou Caneira e fez entrar Romagnoli.
O Sporting asfixiou o adversário, criou excelentes oportunidades de golo, mas a ansiedade havia tomado conta dos jogadores leoninos.
Os remates leoninos não mais encontraram os caminhos da baliza pacense.
Liedson, sem oposição, atirou de forma incompreensível ao poste, Alecsandro, a poucos metros da baliza, atirou por cima, Peçanha executou algumas defesas e a “floresta” de pernas que se ergueu à frente da baliza pacense fez o resto.
Partida em que o Paços beneficiou da sorte do jogo, tal como acontecera frente ao Benfica, e em que a vitória leonina seria o resultado mais justo.
Nos restantes jogos, destaque para o nono jogo a pontuar do Estrela e para o empate do Setúbal no Bessa, com um golo de Ayew a meias com William.

3 comentários:

Cuto disse...

Todos os que estamos neste espaço dizemos ou queremos fazer paracer, que gostamos de futebol quando do que realmente gostamos é que a nossa equipe ganhe.Ganhe de qualquer maneira.Como nós, eu quasi que apostava que a mioaria do Portugal futebolistico não gosta de futebol, gosta sim da sua equipe.É por isso, por ver o jogo unicamente com a paixão clubistica e não com paixão sim ,mas bem temperada com a dose de racionalidade q.b. que o nosso futebol é o que é.Sem qualidade , sem ética e principalmente um futebol onde o importante não é o jogo, mas sim tudo aquilo que os dirigentes e a sua "entourage" faz querer que é importante. É por tudo isto que eu que muito gosto de futebol temo que qulquer dia o nosso futebol não tenha mais viabilidade.

Vermelho disse...

amigo jc:
o lance do antunes é um daqueles típicos casos de bola na mão.
O jogador pacense está todo encolhido, com o braço junto à barriga e a escassos metros do Djálo.
Aliás, todos os comentadores se mostram unânimes na afirmação da inexistência de penalty!
se houve falta a que Pedro Proença fez vista grossa,foi à entrada violentíssima do Liedson sobre o Luiz Carlos.
Aguarda-se o sumaríssimo.
abraço.

amigo Cuto:
extremamente interessante o teu comentário.
é um tema que dá pano para mangas e sobre o qual espero, brevemente, me debruçar.
dizer, por fim, que concordo genericamente contigo.
abraço.

VermelhoNunca disse...

Lance tipico de bola na mão...deve ser da época carnavalesca, só pode ser!!
Pedro Proença prejudicou o Sporting, e não foi só na penalidade que não assinalou. Na 1ª parte marcou faltas atacantes aos avançados do Sporting e fez vista grossa a faltas dos pacenses. Digamos que foi uma arbitragem à medida dos...lampiões!