Pedro Mendes devia ter sido 'naturalizado' muito mais cedo
Liedson, o mais recente naturalizado do futebol português, foi ontem substituído a um quarto de hora do fim do jogo de Guimarães e o público que enchia a casa tributou-lhe uma afectuosa salva de palmas. Já tinha acontecido o mesmo no sábado no jogo com a Hungria, tendo Liedson experimentado, pela primeira vez em toda a sua carreira, a sensação de ter o Estádio da Luz a render-lhe homenagem. E parece que gostou.
A naturalização de Liedson, que tanto deu que falar, provou a sua utilidade nestes últimos quatro jogos da Selecção. O brasileiro-português marcou dois golos e, em momentos de aperto, todos os golos são importantes.
Para evitar tanto sofrimento e tantas contas, outro jogador houve que devia ter sido naturalizado mais cedo. Muito mais cedo. Trata-se de Pedro Mendes, um escocês nascido e criado em Guimarães e que joga no Glasgow Rangers, campeonato que não desperta grande atenção em Portugal, o que só por si explica a ignorância lusa no que diz respeito às capacidades deste escocês que tanto jeito nos deu nos dois únicos jogos que fez, precisamente os dois últimos.
Pedro Mendes foi naturalizado à pressa, em coisa de meia hora, quando foi preciso ir repescar um jogador para substituir Pepe, impedido de jogar contra a Hungria. Foi uma grande surpresa para a generalidade do público e da crítica o valioso nível de empenho e de talento sem arrebiques que o escocês emprestou à Selecção Nacional. Ontem, contra Malta, só conseguiu errar um primeiro passe aos 71 minutos do jogo.
A naturalização-relâmpago de Pedro Mendes foi uma decisão brilhante. Mérito para quem a tomou.
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De um modo peculiar e mal compreendido, provocando um efeito cuja visibilidade não é de imediata apreensão para os sofredores nacionais, o Real Madrid deu um muito precioso contributo para o bom nome da Selecção Nacional ao impedir que Cristiano Ronaldo se prestasse ao papel de Santa Mascote e que o sentassem, porventura, nalgum nicho de flores improvisado no estádio de Guimarães para que do seu lugar benzido por tanto fervor patriótico pudesse ele benzer, só com os olhos, as exibições dos companheiros que tinham de levar de vencida os pobres malteses.
O jogo era importante, era. Decisivo, sim. No intuito de mobilizar os adeptos em nome de uma supostamente indispensável belicosidade que há-de atemorizar a outra equipa, ao ponto de não a deixar dormir, é uma tradição do futebol-baixeza , inventar guerras extra-bola com os adversários nas vésperas de jogos importantes e decisivos. Mas ontem o adversário era Malta. Que espécie de guerra poderíamos ter com os malteses? Nenhuma.
Resolveu-se, então, que o melhor era declarar guerra ao Real Madrid.
Muito amavelmente, o Real Madrid consentiu que Cristiano Ronaldo, lesionado no tornozelo direito, se juntasse aos seus compatriotas na preparação para o jogo com a Hungria. E se foi com espanto e preocupação que os espanhóis viram o seu investimento de 94 milhões de euros entrar em campo, na Luz, foi com indescritível horror que o viram sair de campo, aos 27 minutos do jogo, a coxear.
O resto é óbvio. O Real Madrid quer Cristiano Ronaldo em Madrid entregue aos médicos sabendo-se já, em Chamartin, que o seu camisa n.º 9 vai falhar os dois jogos com AC Milan, para a Liga dos Campeões, mais outros quatro jogos na Liga espanhola e dois na Taça do Rei. Se o Real Madrid não deixou, felizmente, Cristiano Ronaldo estar em Guimarães é porque não brinca com coisas sérias.
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Na temporada passada, o Benfica de Quique Flores produziu um jogo de grande categoria contra o Nápoles, no Estádio da Luz. E fez também um belíssimo jogo contra o Sporting, no Estádio da Luz. Foram prometedores esses fogachos que, ainda que muito precocemente, alumiaram a esperança benfiquista.
Era, portanto, muito cedo.
Corria o mês de Setembro de 2008 quando Nápoles e Sporting se vergaram ao bonito e eficaz futebol benfiquista e, depois disso, o que se viu foi um Benfica igual ao Benfica dos últimos anos no campeonato nacional, perdendo em casa todos os pontos que não podia perder, um Benfica medíocre na Taça de Portugal, não sabendo nem podendo fazer melhor do que o Leixões no Estádio do Mar e, finalmente, um Benfica francamente lamentável na extinta Taça UEFA.
E tão lamentável foi esse percurso europeu de 2008/2009 que, fanatismos à parte, há quem, entre nós, considere que a própria Taça UEFA exigiu mudar de nome por causa do mau aspecto que lhe foi outorgado pela incrível série de exibições e de resultados da equipa de Quique Flores.
No entanto, o treinador espanhol não voltou ao seu país de mãos a abanar. Poderá sempre dizer e pôr no currículo que venceu uma competição interna, a Taça da Liga, o que não deixa de ser verdade.
Dirão os nossos adversários vencidos nessa final que quem ganhou a Taça da Liga não foi nada Quique Flores mas sim Lucílio Baptista, por ter assinalado uma grande penalidade de origem duvidosa e que permitiu ao Benfica disputar a decisão no desempate por grandes penalidades.
Ripostarão os pragmáticos, mais ou menos benfiquistas, garantindo que quem ganhou a Taça da Liga para o Benfica foi o seu guarda-redes, Quim, que defendeu quatro chutos de onze metros pelo que Quique Flores, o treinador, nada teve a ver com aquele brilhantíssimo sucesso.
Posto isto, nas últimas semanas da época passada foi sendo óbvio que Quique Flores não era mais o treinador pretendido pelos responsáveis da Luz e que os seus dias, em Lisboa, estavam contados. Não foi Quique o primeiro treinador a sair do Benfica antes de terminar o contrato mas, pelo menos, conseguiu cumprir até ao fim o seu primeiro e único ano, e, coisa rara de se ver, sempre com o apoio dos adeptos, que o estimavam, e que lhe proporcionaram uma emotiva despedida no último jogo em que se sentou no banco no Estádio da Luz.
Em Maio, Quique, sabendo já que era pela derradeira vez que ocupava o assento, primou em dar uma volta ao campo e em receber palmadinhas nas costas, abraços e outros cumprimentos afectuosos da afición que se mostrava contrária à sua partida. Conhecendo o grau de exigência — frequentemente absurda — da massa adepta do Benfica, a situação foi, no mínimo, misteriosa. Difícil de explicar.
Tivemos de esperar cinco meses pela explicação devida. E foi o próprio Quique Flores a dá-la. Esta semana, numa entrevista ao jornal desportivo espanhol Superdeporte, o treinador fez, em curtas palavras, o seu balanço pessoal da passagem pela Luz. «No Benfica, centrei-me no meu trabalho e em fazer com que os adeptos gostassem do treinador», disse. E conseguiu, sim senhor. À campeão.
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Campeão, mas campeão a sério, de futebol, é Giovanni Trapattoni, como sabemos por experiência própria. Trapattoni é o treinador da selecção da República da Irlanda que poderá ser nossa adversária nos play-offs de qualificação para o Mundial. De um modo geral, convencionou-se que a Ucrânia seria o adversário mais difícil para Portugal. Há quem discorde. Eu, por exemplo. E já que Portugal tem a sorte de escapar à França e à Grécia, que tenha mais um bocadinho de sorte e que consiga fugir ao temível sortilégio de Trapattoni, sempre a velha raposa, com irlandeses e tudo…
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