terça-feira, março 16, 2010

Artigo de Opinião de Luís Avelãs

Analisar, até à data, a boa temporada do Benfica passa, desde logo, por constatar o alto rendimento ofensivo de Cardozo. O paraguaio, ao invés do que sucedia no passado, convenceu técnico, dirigentes e adeptos e, com naturalidade, conquistou o estatuto de titular. Como é que isso foi possível? De forma simples: o avançado desatou a marcar golos com uma regularidade de fazer inveja a muitos "matadores" do futebol europeu.

Mas Cardozo, como qualquer futebolista, podia fazer ainda mais e melhor. E quando digo isto não estou a pensar no domínio da bola, no jogo aéreo, nos livres directos, na entrega às partidas, no auxílio às tarefas defensivas ou sequer nas combinações com Saviola e restantes elementos com características atacantes, embora tudo isso, é certo, possa ser sempre aprimorado. Estou a pensar em algo diferente: o sul-americano seria um jogador consideravelmente mais valioso se, pura e simplesmente, revelasse uma eficiência normal na marcação das grandes penalidades.

Por mais paradoxal que possa parecer... não considero Cardozo um mau marcador de penáltis (também não acho que seja um dos melhores especialistas do planeta, conforme um dia escutei a um "entendido" da Benfica Tv)! Ele tem força no remate, consegue - na maioria das vezes - iludir o posicionamento dos guarda-redes e, por isso mesmo, tecnicamente não pode ser incluído num qualquer lote de jogadores pouco talhados para a cobrança dos castigos máximos. O problema de Cardozo é outro, é psicológico.

Escrevi aqui, logo após o empate dos encarnados em Setúbal, um texto onde chamava a atenção para o bloqueio que Cardozo demonstra quando, em situações complicadas (com a equipa a precisar de marcar para anular desvantagens ou passar a liderar), está "obrigado" a converter a falta. O tema, pouco tempo depois, volta a suscitar discussão.

Falhar um penálti, seja com Cardozo ou outro qualquer jogador, acontece. E até é normal que suceda de tempos em tempos. No entanto, não deve ser apenas mera coincidência constatar que o avançado desperdiçou quatro penalidades no Campeonato (Marítimo, V. Guimarães, V. Setúbal e Nacional) quando a equipa precisava de marcar. Ao invés, não errou um único sempre que foi chamado a cobrar os castigos com as águias em vantagem.

Tal como defendi no texto anterior, parece-me claro que Jorge Jesus só deveria eleger Cardozo como marcador dos penáltis quando a equipa está na frente. Estatisticamente é essa a decisão lógica. Contudo, já se percebeu que o treinador não está para aí virado. Provavelmente porque pensa que, dessa forma, poderia minar a confiança de um atleta fulcral no conjunto. Compreendo a ideia. No entanto, se seguisse sempre essa linha de raciocínio, o técnico nunca faria uma alteração, pois por mais que ela se justificasse poderia sempre correr o risco de estar a desestabilizar um qualquer futebolista...

1 comentário:

vermelhosempre disse...

Por acaso alguém consegue arranjar bilhetes para o Benfica-Braga???