Se no Benfica-FC Porto do Campeonato a superioridade encarnada foi evidente, na final da Taça da Liga foi... ainda mais.
Logo, ninguém que tenha assistido à partida pode ter ficado admirado com o desfecho. Admito que, em relação aos números, não se justificaria um terceiro golo dos benfiquistas ao cair do pano.
Mas, perante um opositor tão débil, incapaz de se defender em condições e muito menos de procurar levar perigo à baliza contrária (com excepção dos primeiros minutos), a única dúvida existente a partir do 2-0 era exactamente a que dizia respeito ao "score" final.
E sem pretender tirar mérito algum aos pupilos de Jorge Jesus, fiquei com a ideia que no Algarve houve "FC Porto a menos" e nem tanto "Benfica a mais".
É verdade que os portistas, devido a vários factores (castigos, lesões, quebra de confiança, etc, etc), apareceram num fraco momento de forma, enquanto as águias - moralizadas com o triunfo europeu em Marselha -, como diz o técnico, respiram confiança por todos os poros. Mas, para mim, o Benfica de França, por exemplo, foi de outra dimensão.
Acredito que o jogo podia ter sido diferente se, logo a abrir, Rodríguez tivesse conseguido bater Quim ou, ainda mais evidente, se Nuno não tivesse sofrido o primeiro golo na competição daquela forma inusitada.
Mas, naturalmente, essas (como todas as outras) incidências fazem parte do futebol. Por mais desequilibrada que seja uma partida é sempre possível levantar uma série de dúvidas se isto ou aquilo tivesse sucedido ou se, ao invés, não ocorresse determinada situação.
Mas, entrar por aí, é preferir o subjectivo ao factual. E objectivamente, repito, ganhou quem foi melhor. Muito melhor, mesmo em gestão dos recursos existentes.
Faço questão de destacar a prestação de três elementos na formação benfiquista. Ruben Amorim, Carlos Martins e Airton, pese não serem escolhas habituais no onze, formaram um núcleo fortíssimo no centro do campo. Os dois primeiros estiveram sempre muito bem a construir, enquanto o jovem brasileiro mostrou que, não sendo um tecnicista de encher o olho, sabe como travar o jogo contrário, recuperar a bola e iniciar as transições.
O bom desempenho de alguns habituais reservas encarnados, confirma também aquilo que sempre me pareceu claro: o Benfica tem uma profundidade de plantel como há muito não se via (algo que foi, durante anos, um dos trunfos mais evidentes da superioridade portista). Para conseguir competir, com propriedade, em várias frentes é preciso ter várias soluções. Difícil, claro, é ter olho (e dinheiro) para recrutar tanta gente com qualidade e, depois, conseguir ter os atletas motivados, nomeadamente os que, por opção do treinador, pouco jogam. E nesta final, saliento que as águias ainda tiveram como "excedentários" elementos como Sidnei, Javi Garcia, Nuno Gomes ou Éder Luís. Feliz do treinador que se pode dar a estes luxos...
Mas, se até à data o Benfica continua a "limpar" o mês de Março, o desafio mais importante ainda não está ultrapassado.
Bater o Sporting de Braga, no próximo sábado, na Luz, para ganhar 6 pontos de vantagem na liderança da Liga constitui, seguramente, o momento mais esperado pela equipa de Jesus.
Se tal for alcançado, as águias ficarão bem perto de cumprir o objectivo delineado. Contudo, um deslize (mesmo o empate) pode deitar tudo a perder.
Vamos esperar para ver...
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