O jogo de domingo, com o Braga, para a Taça de Portugal, mostrou que Jorge Jesus... está vivo.
O técnico do Benfica voltou a ser aquele espectáculo à parte no acompanhamento do jogo e nas ordens à equipa, eléctrico como há algum tempo não se via, deixando a atitude conformada e quase passiva dos últimos encontros. Uma mudança de comportamento que se explica com o conjunto de factores que O JOGO a seguir decompõe, quando a posição de Jesus era insistentemente colocada em causa - havia até o rumor de que o treinador campeão nacional nem chegaria ao Natal, antecipando-se o fim de uma ligação válida até 2013.
Os votos de confiança de Luís Filipe Vieira, que pelo prisma do fatalismo até poderiam ser entendidos como prenúncio de despedimento, fortaleceram, porém, Jesus, uma vez que foram repetidos em curto espaço de tempo e com clareza por parte do presidente do Benfica. Começou aí a alteração de atitude do técnico de 56 anos, que segundo dizem a O JOGO mostra-se mais expansivo e exuberante precisamente quando se sente confiante - em contrapartida, os nervos é que o deixam quieto e escondido no banco. Depois, a promessa de contar com reforços de Inverno, já em Janeiro, deixou-o também mais optimista e com a convicção de que a segunda metade da época será melhor, até porque há atletas capazes de render mais com o passar do tempo.
O volte-face neste jogo da Taça, que garantiu o apuramento para os oitavos-de-final, foi ainda estimulado pelo facto de ser uma partida a eliminar e uma prova em aberto - o Benfica já foi eliminado da Champions e está longe do líder FC Porto -, tratando-se também de um sonho de Jesus. O treinador das águias já esteve numa decisão (em 2007), com o Belenenses, e nunca escondeu o desejo de triunfar no Jamor, enriquecendo o currículo e homenageando o avô.
A mudança de comportamento de Jesus entronca ainda numa nova estratégia de comunicação. Desde logo porque, pela primeira vez, o técnico fez um mea culpa, reconhecendo que pôs a fasquia demasiado alta quanto à Liga dos Campeões, exagero que acabou por ter influência no seio do grupo, à medida que as derrotas apareceram. Essa mesma instabilidade seria também assumida pelo treinador, que vê agora a equipa "menos ansiosa e mais confiante". E essa confiança é precisamente o combustível de um Jesus de regresso ao passado. Igual a si próprio.
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