O Benfica despediu-se da Liga dos Campeões, em 2010, com uma derrota pouco habitual com uma equipa alemã na Luz. Entrará, em 2011, na Liga Europa graças aos bons ofícios do Lyon, que em França salvou a equipa portuguesa da vergonha de ser afastado das competições europeias por um clube israelita. Mesmo sobre a hora.
Jorge Jesus começou por falar em ganhar a Liga dos Campeões. Terminou, seis jogos depois, à espera de ouvir uma boa notícia vinda de França. Em poucas palavras, o essencial sobre esta campanha europeia: acho que o treinador do Benfica avaliou mal o grupo, demonstrou excesso de confiança e, enfim, faltou-lhe competência para estar entre os melhores, quanto mais ganhar.
Dito isto, amanhã já ninguém na Europa lembrará a forma como o Benfica se manteve na UEFA.
As questões são outras, até porque o Benfica está distante do líder no campeonato português. Eis algumas:
1. Jesus é o treinador certo para guiar a equipa na Europa?
2. Jesus ainda mantém o relacionamento certo com jogadores e dirigentes?
3. A direcção deseja o quê na segunda metade da época? Lutar pela competição europeia? Lutar pelo Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga e garantir pelo menos o apuramento para a Liga dos Campeões?
4. Para o objectivo definido para os primeiros seis meses de 2011, este plantel é suficiente?
Os próximos dias ajudarão a esclarecer estas e outras dúvidas. Fica a minha opinião, como observador externo.
1. É pelo menos o treinador que existe e já ficou evidente (em Liverpool e nesta Liga dos Campeões) que lhe falta qualquer coisa quando anda na Europa. Mas isso não é razão para mudar. É esperar que, humildemente, aprenda as lições.
2. Esta é a pergunta essencial. E a mais difícil de responder para quem está de fora. Os sinais que a equipa passa não são saudáveis e isso costuma ser sintoma de que falta química. Algo que não se resolve com discursos em defesa do grupo ou do treinador. Resolve-se deixando a alma em campo, coisa que não sucede esta época da forma que se via em 2009/10. Quanto à direcção, a única maneira de demonstrar apoio seria renovar com Jesus. Estará Luís Filipe Vieira em condições de o fazer?
3. A Europa, por estranho que pareça, é a aposta certa. Em Portugal, garantir a Liga dos Campeões, cumprir os serviços mínimos e colocar a pressão possível sobre o F.C. Porto. Na Liga Europa, com a aproximação correcta, intensidade e sorteios favoráveis, o Benfica tem plantel para deixar a sua marca. Apesar da lamentável prestação na Liga dos Campeões. Sim, apesar disso.
4. O melhor «onze» possível com este plantel só inclui futebolistas que já estavam no clube, exceptuando o guarda-redes: Roberto; Maxi, Luisão, David Luiz e Coentrão; Javi Garcia, Ruben Amorim, Aimar e Carlos Martins; Saviola e Cardozo. Mas como não se joga apenas com onze, sim, se puder o Benfica deverá ir ao mercado procurar outros alas.
Resumindo: esta noite o Benfica apurou-se para a Liga Europa. Mas a forma como tudo sucedeu trouxe novas perguntas e nenhum motivo para festejar.
Sem comentários:
Enviar um comentário