Não é gralha: há “o” clube e há “a” sociedade desportiva (SAD). Ou melhor, havia. Porque a do Sporting está a caminho do fim da sua primeira vida, deixando um rasto de prejuízos.
Pedro Baltazar é, como muitos, doido pelo Sporting. Mas é, como poucos, acionista fundador da SAD. A sua empresa, a Nova Expressão, vai vender a posição de 11,7% ao próprio Sporting, para permitir ao clube continuar maioritário na SAD e, assim, viabilizar a reestruturação financeira. Vendeu com uma forte perda, o que chamou de demonstração do seu sportinguismo. Fica-lhe bem dizê-lo. Mas não é por sportinguismo que os bancos alinharam. É porque é assim que se age com as empresas incapazes de pagar o que devem. Na prática, o BCP e o BES darão um volumoso perdão de dívida ao Sporting.
A reestruturação passa pelo que se chama de “operação harmónio”: redução seguida de aumento de capital; integração do estádio e da academia; emissão de obrigações convertíveis. No fim da jigajoga, o Sporting ficará a controlar três quartos da SAD, o BCP e o BES ficarão com cerca de 15%, Joaquim Oliveira (que já teve 20%!) fica com cerca de 2% e os sempre maltratados pequenos investidores guardarão umas ações de baixo valor.
José Eduardo Bettencourt extingue, na prática, a participação de investidores na SAD. Talvez por opção, certamente por resignação: para manter o próprio clube. Depois disto, o Sporting não fica pronto para um ciclo de investimento, apenas liberto da pressão de tesouraria.
Não foi para isto que se criaram estas sociedades – foi para ter um modelo de gestão empresarial e de negócios. Acabar como veículo de ativos e passivos é o mesmo que nada. Todos perdem. Sobretudo os que acreditaram na SAD: os credores e os investidores, a quem agora dizem: “Para o ano é que é”. Mas será?
Sem comentários:
Enviar um comentário