Esta semana, Sousa Tavares escreveu na sua crónica que Jorge Araújo foi um “treinador de basquetebol, que deu ao Benfica vários títulos nacionais, antes de rumar ao FC Porto”. Como é evidente, Jorge Araújo nunca treinou o Benfica, não cumprindo assim um dos requisitos necessários para se vencer vários títulos por esse clube. Sousa Tavares escreveu isto, mas - salvo uma única exceção (cuidadinho, Leonor!) - ninguém o desmentiu.
Esta semana, Sousa Tavares escreveu também: “Insisto: o futebol é um jogo simples de entender. Basta um mínimo de conhecimento do assunto e um mínimo de experiência de observação para distinguir um bom jogador dum mau jogador.” No entanto, a 9 de março não era “preciso ser nenhuma luminária para perceber que o Belluschi tem pose de pavão mas a eficácia em voo de uma avestruz”, e até que o jogador é “uma fonte de despesas e frustrações sem fim”; e, a 30 de novembro, já era um dos “bons jogadores” do plantel portista, e o único “médio de ataque à altura das necessidades”. Sousa Tavares escreveu isto, mas ninguém o confrontou.
Esta semana, Sousa Tavares escreveu ainda, referindo-se ao jogo contra o Setúbal, que “o FC Porto ganhou, de facto, com um penálti que não terá existido, mas só ganhou porque o Vitória, que dispôs da mesma oferta, a desperdiçou e o FC Porto não”. Posta a questão nestes termos, há quase, no desfecho da partida, um sabor a justiça, e quase nos esquecemos que justo, mas mesmo justo, seria que nenhum dos penáltis tivesse sido assinalado e o jogo acabasse 0-0. Sousa Tavares escreveu isto, mas ninguém o desmascarou. Assim é que é bonito.
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